UD Oliveirense e Vitória FC medem forças na Liga 3 |
Dois clubes que já andaram entre
a elite do futebol português, embora com dimensões históricas bem distintas, Vitória
Futebol Clube e União
Desportiva Oliveirense coincidiram apenas numa temporada num mesmo
campeonato, o da I
Divisão, em 1945-46. Mais de sete décadas depois, os dois conjuntos
defrontaram-se numa meia-final da Taça
da Liga, em janeiro de 2008.
Em três jogos entre as duas
equipas até este reencontro na Liga 3, os sadinos
venceram dois e perderam um.
Ao longo da história, os setubalenses
têm tido nos seus quadros jogadores que já tinham pertencido aos unionistas
e vice-versa. Vale por isso a pena conferir o nosso onze ideal de futebolistas
que passaram pelos dois clubes, distribuídos em campo num 4x3x3.
Bruno Vale (guarda-redes)
Bruno Vale |
Bruno Vale é um caso raríssimo na
história da seleção nacional, pois conseguiu ser convocado e estrear-se quando
se encontrava numa equipa B, no caso a do FC
Porto, e antes de se estrear numa I
Liga. Na altura, o selecionador era Luiz Felipe Scolari, que curiosamente
ateimava em não chamar o guarda-redes titular da equipa principal dos portistas,
Vítor Baía. Se a chamada de Vale foi uma provocação ou não, só apenas Felipão poderá desvendar.
O que é certo é que Bruno Vale
nunca conseguiu afirmar-se no Dragão,
tendo sido sucessivamente emprestado a Estrela
da Amadora, União
de Leiria, Varzim, Vitória
de Setúbal e Belenenses.
Ao serviço dos sadinos,
em 2008-09, disputou 12 jogos e sofreu 16 golos em todas as competições. Embora
tenha começado a época como titular, acabou por perder espaço para Pedro Alves
e Pawel Kieszek com o decorrer da temporada.
Após terminar a ligação ao FC
Porto, representou a Oliveirense
entre 2010 e 2012, tendo feito parte da equipa que em 2011-12 chegou às
meias-finais da Taça
de Portugal. Seguiram-se sete anos nos cipriotas do Apollon Limassol antes
de encerrar a carreira em 2019-20 em Oliveira de Azeméis. Ao longo das duas
passagens pelos unionistas
amealhou 73 jogos e 96 golos sofridos.
“Neste último ano tive o honra de
voltar a uma casa que também foi muito especial para mim e um prazer muito
grande puder terminar a minha carreia aqui, um obrigado especial à União
Desportiva Oliveirense”, escreveu nas redes sociais, quando anunciou que ia
pendurar as luvas.
Nuno Afonso (defesa central)
Nuno Afonso |
Imponente defesa central (1,90 m)
formado no Benfica
e internacional jovem por Portugal, passou por Belenenses,
Campomaiorense
e Salamanca antes de ingressar no Vitória
de Setúbal em 1997-98, época em que não foi além de dez jogos pelos sadinos
em todas as provas.
Entretanto representou Marítimo, Paços
de Ferreira e Desp.
Aves, tendo assinado pela Oliveirense,
então recém-promovida à II
Liga, no início da época 2001-02. Nessa temporada atuou em 16 partidas em
todas as competições e marcou um golo ao Desp.
Chaves.
João Serrão (defesa central)
João Serrão |
Defesa central que passou pelas
camadas jovens de FC
Porto e Juventus,
ingressou no Vitória
de Setúbal em 2019-20, época em que jogou apenas pela equipa de sub-23.
No entanto, no final dessa
temporada os sadinos
foram despromovidos administrativamente ao Campeonato
de Portugal e João Serrão aproveitou para se fixar como titular no eixo
defensivo, tendo atuado em 23 jogos e apontado dois golos em todas as provas,
ajudando os setubalenses
a chegar à fase de promoção à II
Liga.
No verão de 2021 trocou o emblema
do Bonfim
pela Oliveirense,
pelo que este domingo poderá reencontrar em campo alguns ex-companheiros de
equipa.
Pedro Queirós (lateral direito)
Pedro Queirós |
Lateral direito formado no Tirsense,
clube em que também iniciou o seu percurso enquanto sénior, passou por Sp.
Braga B, Torre Moncorvo e pelos romenos Gloria Bistrita antes de entrar na I
Liga pela porta do Paços
de Ferreira em 2008-09.
No entanto, não se impôs na
Capital do Móvel e foi cedido à Oliveirense
na época seguinte, tendo atuado em 30 partidas numa campanha em que os unionistas
não estiveram muito longe da subida ao primeiro
escalão.
Entretanto voltou ao Paços
de Ferreira e passou pelo Feirense
antes de assinar pelo Vitória
de Setúbal no verão de 2012.
Em três anos no Bonfim
amealhou 105 encontros, apenas um na condição de suplente utilizado,
contribuindo para a obtenção de um honroso 7.º lugar na I
Liga em 2013-14. “Foram três anos bons, numa cidade lindíssima”, afirmou ao
jornal O Setubalense em maio de 2016.
Diogo Sousa (lateral esquerdo)
Diogo Sousa |
Duas pequenas batotas em relação
a este jogador: é lateral direito, mas neste onze é adaptado ao lado esquerdo
por uma questão de conveniência; esteve vinculado ao Vitória
de Setúbal, mas não chegou a disputar jogos oficiais.
Diogo Sousa deu um salto de
gigante na carreira no verão de 2017, quando deixou o Infesta, na altura a
militar no segundo escalão distrital da AF
Porto, para assinar pelo Vitória
de Setúbal, então na I
Liga.
Embora tenha ido uma vez para o
banco numa visita ao Portimonense,
não chegou a estrear-se pelos sadinos,
tendo sido emprestado à Oliveirense
em janeiro de 2018 e assinado em definitivo pelos unionistas
cerca de seis meses depois. Num ano e meio em Oliveira de Azeméis disputou um
total de 22 jogos oficiais, a maior parte na II
Liga.
Fábio Pacheco (médio defensivo)
Fábio Pacheco |
Médio de características
defensivas formado no Paços
de Ferreira, foi sucessivamente emprestado pelos pacenses
assim que subiu a sénior.
Após três anos no clube-satélite
Rebordosa, foi cedido à Oliveirense
em 2010-11, época em que disputou apenas dez jogos (oito como suplente
utilizado).
Seguiram-se quatro temporadas no
Tondela até assinar pelo Vitória
de Setúbal no verão de 2015, precisamente após ter contribuído para a
inédita promoção dos beirões à I
Liga – em 2011-12 já tinha ajudado os auriverdes a subir à II
Liga.
Em dois anos à beira-Sado
amealhou 50 partidas e marcou dois golos. “Gostaria de agradecer ao Vitória
Futebol Clube e todo o staff diretivo por estes dois anos neste clube
histórico, assim como aos adeptos deste Enorme clube que foram sempre incansáveis
no apoio aos jogadores. Quero agradecer também ao mister Quim
Machado e à sua equipa técnica pela aposta em mim na I
Liga e ao mister Couceiro
e sua equipa técnica por terem continuado a acreditar no meu valor. Um obrigado
muito especial a todo o plantel destes dois anos pela amizade e pelos bons
momentos passados”, escreveu no Facebook
aquando da despedida.
Filipe Gonçalves (médio defensivo)
Filipe Gonçalves |
Médio de características
defensivas natural de Espinho e internacional jovem português, despontou no Sp.
Espinho antes de dar o salto para o Sp.
Braga, clube que o emprestou ao Leixões
em 2006-07 e ao Vitória
de Setúbal na época seguinte.
Ao serviço dos sadinos
atuou em 35 partidas oficiais (13 a titular) e marcou dois golos, diante do Leixões
no campeonato e frente ao Sporting
na fase de grupos da Taça
da Liga, competição que ajudou os setubalenses
a conquistar.
Entretanto terminou contrato com
os bracarenses,
tendo passado por Trofense,
Moreirense,
Estoril
Praia, pelos polacos do Slask Wroclaw e pelo Nacional
antes de ingressar na Oliveirense
no verão de 2017, numa fase em que já tinha 33 anos.
Em quatro temporadas em Oliveira
de Azeméis amealhou 114 encontros e quatro golos em todas as competições. Em
2017-18 ajudou os unionistas
a chegar às meias-finais da Taça
da Liga, mas em 2020-21 mostrou-se impotente para evitar a despromoção à
Liga 3.
Rui Lima (médio ofensivo)
Rui Lima |
Médio ofensivo/extremo bastante
dotado tecnicamente, prometeu muito e fez um trajeto bastante razoável nas
ligas profissionais, mas teve uma carreira que não conseguiu ser proporcional
ao talento que possuía. Internacional
jovem português em mais de 40 ocasiões e formado no Boavista,
nunca conseguiu afirmar-se no clube que o formou nem apresentou números dignos
de registo quando jogou na I
Liga, mas sempre grande qualidade.
Após passagens por Gondomar, Desp.
Aves, Desp.
Chaves e Boavista,
ingressou no Vitória
de Setúbal em 2002-03, por empréstimo dos axadrezados, tendo atuado em 33
jogos e apontado dois golos, diante de Marítimo e Beira-Mar,
numa campanha que culminou na despromoção dos sadinos
à II
Liga.
“Esse empréstimo surge porque o Boavista
quis um jogador do Vitória,
o Ico, e uma das exigências que o treinador do Vitória,
Luís Campos – um dos treinadores com quem mais gostei de trabalhar –, fez para
libertar o Ico, era eu ir para lá emprestado e assim foi. Ia procurar reforçar
o meu espaço no Boavista,
mas o clube aceitou emprestar-me quase como moeda de troca e fui para Setúbal.
Foi mais uma temporada que, coletivamente, não correu como desejávamos, mas fiz
parte de uma equipa tremenda e representei um clube com um historial tremendo e
adeptos fantásticos. Tínhamos jogadores como Jorginho, Sandro, Chipenda,
Nélson, Meyong,
Pedro Espinha, Hélio,
Costa… era uma equipa fantástica mesmo, mas o clube estava com muitos
problemas, teve mais do que um treinador, e depois chega-se a uma altura em que
começas a cair lá em baixo e fica complicado de dar a volta. Mas a nível
pessoal, mais uma vez, tirei ilações, cresci muito com mais um ano a viver fora
e numa realidade diferente, no Sul, outra forma de estar, e gostei muito. Fui
muito bem acolhido, era acarinhado pelos adeptos e recordo-me até de um momento
complicado em que perdemos com o Moreirense
em casa e estavam 300 ou 400 pessoas à espera para nos enxovalhar, digamos
assim. Eu saí do balneário e as pessoas bateram-me palmas e diziam que eu não
sendo do clube era um exemplo e isso, para mim, dentro de um momento mau da
equipa, receber palavras de encorajamento, foi um aspeto positivo. Cheguei,
inclusive, a jogar a defesa esquerdo nessa época”, recordou ao portal Conversas
Redondas em maio de 2020.
Após dois regressos ao Bessa, uma
passagem pelo Beira-Mar
e experiências em Chipre e Israel, reforçou a Oliveirense
no verão de 2010. Ao longo de cinco anos em Oliveira de Azeméis totalizou 192
encontros e 53 golos, tendo contribuído para a obtenção do quarto lugar na II
Liga em 2010-11 e para a caminhada até às meias-finais da Taça
de Portugal na época seguinte.
“Fiz das melhores épocas da minha
carreira na Oliveirense
e até já me disseram, eu não tenho a certeza, de que sou o melhor marcador do
clube em campeonatos profissionais. Foram mesmo anos fantásticos. Numa dessas
épocas que falas, até venci o prémio de melhor jogador do campeonato dado pelo
jornal Record, isto já com 35 ou 36
anos. Fizemos épocas muito boas, estivemos três ou quatro anos às portas da
subida, fizemos um 4.º e um 6.º lugar e chegámos às meias-finais da Taça,
já a duas mãos, com a Académica,
em que, se calhar, podíamos ter chegado mais longe. No primeiro jogo, em
Coimbra, prefiro dizer que não fomos muito ajudados. Talvez tenha pesado o
histórico dos clubes. Todos sabemos que a Académica
é um clube admirado no país e isso talvez tenha pesado um bocadinho, mas,
atenção, não quero com isto tirar-lhes mérito. Isso não está em causa. Tinham
uma excelente equipa, com Adrien,
Cédric, Diogo Valente, entre outros, comandada pelo meu amigo Pedro Emanuel.
Mas não querendo tirar mérito, sentimos que era uma luta desigual. Fizemos uma
boa eliminatória, batemo-nos de igual para igual nos dois jogos, e isto a duas
mãos já se sabe que uma equipa teoricamente mais forte pode ter um mau jogo e
recuperar no outro. Mas fizemos um excelente percurso na Taça
desse ano. Também é preciso ter sorte no sorteio e nós tivemos, a primeira
equipa da I
Liga que defrontámos foi o Olhanense,
nos quartos-de-final, e ganhámos 2-1, mas também eliminámos equipas fortes da
II Divisão, como o Tondela, e em Mirandela só passámos nos penáltis e até
falhámos os dois primeiros. A verdade é que a coisa foi andando e quando demos
por ela estávamos numa fase decisiva”, lembrou.
No verão de 2015 deixou a Oliveirense
e as ligas profissionais, aos 37 anos, continuou a jogar a um nível elevado
durante mais cinco anos, no Campeonato
de Portugal. “As pessoas entenderam que o meu ciclo tinha chegado ao fim. O
presidente disse-me que queria rejuvenescer a equipa e a sua dinâmica, e, com
muita pena minha, saí da Oliveirense.
Tínhamos uma base e uma mística muito boas, assentes em entrega, luta, raça,
nunca desistíamos e chegámos a ganhar alguns jogos nos descontos à custa dessa
mística. Lembro-me de um com o Arouca, que era um rival, em que estivemos a
perder 0-2, ganhámos 3-2 e eu fiz o golo da vitória aos 90+4′. Os adeptos
identificavam-se com aquela equipa porque tínhamos um grupo de jogadores que dava
a vida em campo. Na última época fiz 10 golos em 43 jogos, e não marcava os
penaltis todos porque queriam valorizar outro jogador, mas entenderam que era a
hora de eu sair, eu vim embora e o clube perdeu essa mística que falei.
Infelizmente, depois, as coisas não foram bem geridas, o clube desceu, mas teve
a felicidade de regressar rapidamente à II
Liga, e ainda bem, porque é complicado subir à II
Liga logo no ano seguinte a uma descida”, contou.
“Ainda hoje sinto um carinho
grande por parte das pessoas de Oliveira de Azeméis e muitas delas mandam-me
mensagens com regularidade. Tornei-me numa referência e dois anos depois de
sair voltei lá para jogar pelo Salgueiros,
saí a dez minutos do fim e as pessoas levantaram-se para me aplaudir. São
coisas que marcam. Alguns colegas meus do Salgueiros
não sabiam que eu tinha jogado lá e depois até me perguntaram o porquê daquela
homenagem”, concluiu.
Jorginho (avançado)
Jorginho |
Avançado formado no Paços
de Ferreira, sentiu dificuldades em afirmar-se na equipa principal dos
pacenses, tendo sido emprestado ao Rebordosa em 2008-09 e à Oliveirense
na época seguinte.
Em Oliveira de Azeméis atuou em
18 jogos (apenas dois como suplente utilizado) em todas as provas, numa
campanha em que os unionistas
concluíram a II
Liga em 5.º lugar.
Seguiu-se novo empréstimo, desta
feita ao Tirsense,
e uma passagem pelo Aliados Lordelo, antes de, no verão de 2012, dar o salto
para o Vitória
de Setúbal, então orientado pelo sogro José Mota.
A primeira época no Bonfim
foi bastante razoável, tendo atuado em 32 jogos (17 a titular) e apontado três
golos em todas as provas. No entanto, em 2013-14 não foi além de quatro
partidas, todas como suplente utilizado no arranque da temporada.
Pascal (avançado)
Pascal |
Avançado nigeriano proveniente do
Nacional,
reforçou o Vitória
de Setúbal em janeiro de 2003, tendo na primeira meia época no Bonfim
apontado quatro golos em 13 jogos oficiais que se revelaram insuficientes para
impedir a despromoção à II
Liga.
Na temporada seguinte disputou o
dobro dos encontros, mas somou apenas três remates certeiros. No entanto,
ajudou os sadinos
a regressar à I
Liga.
Seguiram-se passagens por Penafiel,
Bnei Sakhnin (Israel), Portimonense,
Desp.
Aves, Ljungskile (Suécia) e Qingdao Jonoon (China) antes de ingressar na Oliveirense
no verão de 2009, tendo atuado em 14 jogos e marcado um golo ao Penafiel
em pouco mais de quatro meses em Oliveira de Azeméis.
Diogo Fonseca (avançado)
Diogo Fonseca |
Ponta de lança açoriano
internacional jovem português, trocou o Santa
Clara pela Vitória
de Setúbal no verão de 2005.
Ao longo de ano e meio no Bonfim
participou em 21 jogos oficiais e marcou um golo ao Fafe
em partida da Taça
de Portugal, tendo ajudado os sadinos
a chegar ao Jamor em 2005-06, embora tivesse jogado mais pela equipa B. “Foi
bom poder contribuir para que o Vitória
nesse ano, chegasse outra vez ao Jamor. Se calhar, gostaria de ter ajudado mais
o clube noutras frentes, mas na realidade, não era dos jogadores mais
utilizados”, contou ao portal Conversas
Redondas em setembro de 2010.
Após essa aventura não muito
bem-sucedida pelo emblema
vitoriano, passou por Maiorca (Espanha), Granada (Espanha), Boavista,
Feirense,
Desp.
Aves, Tondela, Brasov (Roménia) e Académico Viseu antes de ingressar na Oliveirense
no verão de 2016, quando já tinha 31 anos e os unionistas
estavam no Campeonato
de Portugal.
Em pouco mais de três meses em
Oliveira de Azeméis atuou em onze partidas e faturou por quatro vezes, três
diante do Sousense e uma frente ao Moimenta da Beira.
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