O Sporting conseguiu hoje vencer pela primeira em casa esta temporada para o campeonato naquela que foi a exibição mais consistente até agora, batendo o Vitória de Setúbal por expressivos 3-0.
Eis a constituição das equipas:
Sporting
Domingos Paciência volta a apostar nos mesmos onze que começou o jogo com o Rio Ave. Pereirinha, Jeffren e Izmailov estão lesionados, e no meu entender esta é a melhor equipa do Sporting de entre os jogadores que estão disponíveis.
Sobre este jogo, há três curiosidades: se Rui Patrício se iria apresentar mais tranquilo, se Wolfswinkel ía conseguir a sua melhor sequência de sempre e marcar em quatro jogos consecutivos (conseguindo também o seu primeiro em Alvalade) e se a equipa leonina ía conseguir derrotar uma formação com que no ano passado perdeu duas vezes em três encontros disputados, incluindo um jogo que valeu a eliminação da Taça de Portugal.
Vitória de Setúbal
Do Vitória, só tinha assistido a um jogo esta temporada, quando me desloquei ao Bonfim para ver o jogo frente ao Sporting de Braga.
Parece-me melhor que a generalidade do ano passado, manteve as peças nucleares (Diego, Neca e Pitbull), reforçou-se bem e acredito que possa fazer um campeonato tranquilo.
A grande surpresa no “onze” na minha opinião é a ausência de Neca, no entanto, mais pelo que tenho lido nos jornais, parece que Zé Pedro está a fazer um bom inicio de temporada e por isso é o ex-Belenenses a merecer a confiança de Bruno Ribeiro.
O Sporting mais uma vez entrou a vencer no jogo, logo aos 2’, numa grande arrancada de Carrillo começada ainda antes da linha de meio-campo, o peruano foi progredindo no terreno, rematou perante a passividade de Anderson do Ó que (para não libertar João Pereira que estava na direita) não abordou o lance, Diego defende para a frente e Schaars na recarga empurra a bola para dentro da baliza sadina.
Poucos minutos depois, foi o Vitória a quase marcar, após um mau alívio de Rui Patrício (que começou nervoso mas que foi ganhando confiança no decorrer da primeira parte), a bola bate no braço de João Silva, o árbitro nada assinala, no entanto na sequência do lance Rinaudo consegue interceptar a bola perto da linha de baliza. Após esse lance, os homens de Setúbal voltaram a criar perigo, novamente por João Silva, mas desta vez Patrício respondeu com uma grande defesa.
No minuto seguinte, João Pereira faz um grande passe em profundidade para Wolfswinkel, que completamente desmarcado e sem oposição de nenhum defesa, rematou forte e fez o 2-0, estavam decorridos 7 minutos.
O Vitória entretanto respondeu num livre directo de Pitbull que enviou a bola à trave, aos 10’, estávamos a assistir a um grande jogo.
Aos 14’, o Sporting voltaria a marcar! Canto marcado na direita para o centro da área, a bola vai para Elias que subtilmente a endossa para Wolfswinkel que num remate colocado, consegue o 3-0 ainda que o esférico tenha acertado na trave antes de bater nas redes de Diego.
A partir daí, mesmo mantendo um ritmo muito forte, a equipa leonina arrefeceu um pouco o jogo, mas desta vez, jogando muito mais longe da sua baliza, praticando um futebol nada passivo, mas sim muito vistoso, com algumas jogadas bonitas e ao primeiro toque. Em jeito de brincadeira, posso dizer que o Sporting jogou com “Nota Artística”, como diria Jorge Jesus.
Mas há que dizer que também o fez devido à passividade dos setubalenses a defender, pois houve lentidão e pouca agressividade na abordagem dos lances, provavelmente efeitos da veterania de muitos dos seus jogadores.
Na segunda parte, o mesmo filme. O Sporting aprendeu com os erros de Vila do Conde e tentou a ampliar um resultado em vez de jogar de forma passiva, e por diversas vezes esteve perto do 4-0. Wolfswinkel esteve diversas vezes perto do “hat-trick”, no entanto, nunca o conseguiu, por algum demérito é verdade, mas sobretudo por mérito de Diego, grande guarda-redes do Vitória, que esteja a equipa bem ou mal, é sempre dos melhores, é raro falhar e é um caso curioso um “goleiro” desta categoria, com a idade que tem, estar a jogar num clube sem grandes ambições. É dos melhores desta Liga, senão mesmo o melhor, tem reflexos extraordinários e é muito completo!
Os leões só acabaram por abrandar nos últimos 15 minutos, quando já pouco tempo havia para jogar, os jogadores vitorianos estavam desgastados e pouco acreditavam num resultado que lhes pudesse dar pontos. Foi nesse período de jogo que a qualidade técnica de homens como Zé Pedro e Neca (entrou ao intervalo) se fez mais notar, no entanto, nada a fazer, nem um golo sequer. Vitória justíssima do Sporting, que só pecou por escassa.
Analisando as equipas, começando pelo Sporting, penso que dentro dos disponíveis foi apresentado o melhor “onze”. São jogadores que já começam a ganhar algum entrosamento e que têm muita qualidade. Izmailov e Jeffren estão lesionados, no entanto, Carrillo e Schaars melhoram de jogo para jogo, é impressionante! Hoje o peruano esteve muito bem, mostra que tem qualidade técnica, que certamente acrescentará muito mais do que Yannick Djaló e que vai fazer Jeffren esforçar-se muito para recuperar o seu lugar na equipa.
Rui Patrício foi ganhando confiança ao longo deste jogo, os centrais estiveram bem, Insúa esteve ao nível que nos tem habituado e João Pereira esteve endiabrado.
Rinaudo é uma autêntica “dona de casa”, varre todas as jogadas ofensivas dos adversários que passam perto de si. Elias na minha opinião, fez o seu melhor jogo de leão ao peito, com momentos fantásticos e erros muito escassos. Schaars está cada vez melhor e está a formar uma dupla terrível no lado esquerdo do meio-campo com Capel que continuou com o nível exibido frente ao Rio Ave, ainda que se note algum desespero para marcar golos, eles hão-de aparecer! A falar em golos, Wolfswinkel é o novo “homem-golo” do Sporting, bateu o seu recorde de jogos consecutivos a marcar (4), leva um registo que faz lembrar Liedson e parece posicionar-se melhor e conseguir melhores oportunidades de jogo para jogo, procurou o “hat-trick” a todo o custo, mas infelizmente para ele, não conseguiu.
Quanto aos suplentes que entraram, Polga fez esquecer que Rodríguez tinha jogado na primeira parte (saiu devido a lesão ao intervalo), Matías mostra ser uma alternativa no meio-campo e estou convicto de que será titular diante da Lazio (Elias não pode jogar nas competições europeias e Bojinov precisa de golos para ganhar confiança, um pouco à imagem do que se sucedeu com Wolfswinkel.
No que diz respeito ao Vitória de Setúbal, penso que a linha defensiva é muito lenta, fruto da idade avançada que os seus jogadores têm. Dos 11 titulares, 7 são trintões (!) e os outros quatro são atletas de características mais ofensivas. Apenas João Silva tem menos de 27 anos na equipa sadina. Foram diversas as vezes que os defesas do Vitória foram ultrapassados em velocidade, e face a esse “handicap” muitas vezes adoptaram por alguma violência, especialmente Ricardo Silva, que coloca o chamado agressivo Bruno Alves a um canto nesse aspecto. O meio-campo também foi pouco pressionante, até porque os seus jogadores tinham características mais ofensivas, e não haja dúvidas que ofensivamente os sadinos têm qualidade, fizeram muitos remates, têm jogadores com muito bom toque de bola, com muita qualidade de passe e facilidade de remate, certamente que apesar dos números de hoje e do jogo há duas semanas no Dragão farão um campeonato tranquilo.
Com esta vitória, o Sporting fica a três pontos de FC Porto, Benfica e Braga (que hoje venceu o Nacional), as três equipas que partilham a liderança da Liga.
Já o Vitória de Setúbal, tem sete pontos e vai ocupando uma posição folgada na tabela classificativa.