Do hóquei no gelo a Robocop do futebol português. Quem se lembra de Fernando Aguiar?
Fernando Aguiar somou 45 jogos e três golos pelo Benfica
Nasceu em Chaves, emigrou para o
Toronto com apenas dois anos e chegou a jogar hóquei no gelo, mas foi o futebol
que fez dele um jogador internacional (canadiano) e que o fez regressar a
Portugal.
Fernando
Aguiar era um desconhecido que jogava no Toronto Wizard, na Canadian Soccer
League e na American Professional Soccer League, quando, em 1994, teve a
hipótese de ir à experiência para o Marítimo
através de… Joe Berardo. “Não sei se tinha negócios também em Toronto. O meu
pai tem um amigo que o conhece, esse amigo falou com ele, acho que ele tinha
ligações ao Marítimo
na altura, e disse: ‘Diz ao Carlos para levar o filho dele à Madeira à
experiência, a ver se ele fica’. E foi assim que surgiu a minha primeira
experiência em Portugal”, recordou à Tribuna
Expresso em outubro de 2019, contando ainda que, antes de assinar contrato
com os insulares,
voltou para Toronto por não querer sair de lá e chegou a estar à experiência no
Belenenses. Seguiram-se passagens por Nacional
e Maia antes de se começar a afirmar na I
Liga com a camisola do Beira-Mar,
dando nas vistas pela combatividade que dava ao meio-campo aveirense.
Foi também ao serviço dos aurinegros
que ganhou a alcunha de Robocop. “Estava no Beira-Mar,
a treinar com um joelho ligado, e um jornalista que estava a assistir à sessão
chamou-me isso e ficou”, contou ao Diário
de Notícias em junho de 2017. Em setembro de 2001, teve o jogo
que lhe mudou a vida. “Jogava pelo Beira-Mar
e empatámos 3-3 com o Benfica.
No final do encontro, o Toni, que era o treinador do Benfica
na altura, disse-me que eu tinha passado ao lado de uma grande carreira. Em
janeiro fui contratado. Não estava à espera”, lembrou, realizando assim um
sonho de criança, uma vez que era benfiquista.
De águia ao peito somou 45 jogos
e três golos, tendo faturado no jogo
em Guimarães marcado pela morte de Fehér e conquistado a Taça
de Portugal em 2003-04. “Os meus pais eram benfiquistas e assistíamos aos
jogos por satélite. Daí que ir para o Benfica
com quase 30 anos e ganhar a Taça
de Portugal tenha sido um sonho tornado realidade”, confessou. Outro sonho poderia ter sido
realizado na temporada seguinte, o de se sagrar campeão nacional, mas o Benfica
demorou a avançar para a renovação, devido à troca de treinador – saiu Camacho,
entrou Trapattoni – e Fernando
Aguiar fartou-se de esperar. “Tinha sido o 12.º jogador mais utilizado, fiz
muitos jogos e acho que fui importante no trajeto da equipa. Mas o Camacho saiu
para o Real
Madrid e disseram-me para esperar pela opinião do novo treinador. Só que
não pude esperar e fui jogar para a Suécia. Depois fiquei a saber que o
Trapattoni queria ter ficado comigo. Agora nada há a fazer”, rematou.
Paralelamente, somou 13
internacionalizações pelo Canadá, um número que poderia ter sido bem superior
caso não se tivesse desentendido com o selecionador Holger Osieck, em 1999. “O
selecionador era alemão e impunha regras muito rígidas. Não me dei muito bem
com ele e acabei por não ser chamado a uns jogos particulares. Acabou por me
voltar a convocar quando fui transferido para o Benfica,
mas aí fui eu a dizer que não. Queria que fosse à Gold Cup, mas nunca mais fui
à seleção. Acho que tomei a decisão certa, pois estando no Benfica
era complicado, devido às longas viagens até à América do Norte, Central e
Caraíbas", explicou o ex-futebolista, puxando a cassete atrás.
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