domingo, 12 de novembro de 2023

Onze ideal de jogadores que passaram por Vitória FC e Juventude de Évora

Juventude e Vitória competem no Campeonato de Portugal
Dois clubes com dimensões bem distintas, Vitória Futebol Clube e Juventude Sport Clube estão localizados em cidades que distam cerca de 100 quilómetros entre si e são presenças assíduas nos campeonatos nacionais. A relativa proximidade geográfica entre as capitais de distritos vizinhos e o nível competitivo em que competem ambos os emblemas têm potenciado o salto de jogadores dos eborenses para os sadinos ou, por outro lado, a passagem em Évora na fase descendente de uma carreira que teve como um dos pontos altos a estadia em Setúbal.
 
Ainda assim, Vitória e Juventude estão a coincidir apenas pela terceira vez num mesmo campeonato, depois de terem ficado alojadas na Zona Sul da II Divisão Nacional em 1960-61 e na Série H do Campeonato de Portugal em 2020-21.
 
Vale por isso a pena conferir o nosso onze ideal de futebolistas que passaram pelos dois clubes, distribuídos em campo num 4x3x3.
 

Dinis Vital (guarda-redes)

Dinis Vital
Guarda-redes internacional A e B por Portugal, nasceu em Grândola, começou a jogar no Grandolense e foi de lá que saltou para o Lusitano de Évora no verão de 1951, tendo contribuído para a conquista do título nacional da II Divisão e ficado nos lusitanistas durante as 14 temporadas consecutivas que os eborenses ficaram na I Divisão.
Após a despromoção à II Divisão continuou a jogar ao mais alto nível no Vitória de Setúbal, clube pelo qual venceu uma Taça de Portugal (1966-67), foi a outra final (1967-68) e jogou nas competições europeias, tendo amealhado 124 encontros e 126 golos sofridos pelos sadinos em todas as provas entre 1966 e 1970.
Em 1970-71 representou pela primeira vez o Juventude de Évora, aos 38 anos, conseguindo subir à II Divisão na função de jogador-treinador.
Depois de três anos no União de Montemor, encerrou a carreira de futebolista em 1974-75 no Estádio Sanches de Miranda, mais uma vez numa época em que assumiu a função de jogador-treinador, desta feita na II Divisão Nacional.
Entretanto tornou-se treinador a tempo inteiro, tendo voltado a orientar o Juventude entre 1979 e 1981, em 1984-85 e entre 1986 e 1989. Posteriormente, foi técnico de guarda-redes da equipa principal do Vitória entre 1997 e 1999.
Viria a falecer em setembro de 2014, aos 82 anos. Em jeito de homenagem, a Associação de Futebol de Évora batizou a sua Taça de futebol sénior de Taça Dinis Vital.
 
 
 

Sabú (defesa central)

Sabú
Defesa central nascido em Angola, iniciou a carreira no Vitória de Setúbal durante a era dourada do clube, em 1969-70. Embora nem sempre uma primeira opção na equipa sadina, participou em mais de quatro dezenas de encontros entre 1969 e 1978, sempre na I Divisão.
Seguiram-se dois anos no Beira-Mar antes de representar o Juventude de Évora em 1980-81, uma temporada em que os eborenses ficaram a um pequeno passo de subir ao primeiro escalão do futebol português.
 
 

Cardoso (defesa central)

Cardoso
Defesa central natural de Setúbal, ingressou na equipa principal do Vitória em 1970-71, tendo somado cerca de 20 jogos oficiais pelos sadinos ao longo de três temporadas, tendo contribuído para a obtenção do histórico 2.º lugar na I Divisão em 1971-72 e para a caminhada até à final da Taça de Portugal na época que se seguiu.
Em 1973-74 representou o Montijo, mas depois regressou ao Bonfim para amealhar mais de 40 partidas em mais três temporadas.
Entre 1977 e 1981 vestiu a camisola do Portimonense e nos dois anos que se seguiram somou mais 36 jogos pelo Vitória.
Depois de passagens por Benfica Castelo Branco, Recreio de Águeda e Olhanense, vestiu a camisola do Juventude de Évora na III Divisão.
 
 

Conceição (lateral direito)

Conceição
Lateral direito nascido em Luanda, apareceu a jogar no Vitória de Setúbal em 1962-63, dando o pontapé de saída a um ciclo de dez anos ao serviço do clube que só não foi ininterrupto porque representou o Farense em 1971-72 antes de uma última temporada no Bonfim.
Não só integrou as equipas que venceram a Taça de Portugal em 1964-65 e 1966-67 como atuou nas duas finais, tendo sido um dos jogadores que acompanhou o clube em praticamente todo o seu período áureo, tendo amealhado pelo menos 208 jogos e dois golos pelos sadinos em todas as provas.
As boas campanhas com a camisola verde e branca valeram ao defesa cinco internacionalizações por Portugal, todas em 1969.
No verão de 1973 transferiu-se para o Juventude de Évora, tendo contribuído para a promoção à II Divisão Nacional em 1973-74 e para a permanência no segundo escalão na época seguinte, a última da carreira.
 
 
 

José Luís (lateral esquerdo)

José Luís
Lateral/extremo nascido em Cabo Verde, baixo (1,73 m), mas bastante potente e capaz de jogar nas duas alas, entrou em Portugal como voluntário para a Marinha e começou a jogar futebol ao serviço do União de Montemor, de onde saltou para o Juventude de Évora em 1975.
Ao serviço das águias azuis fez parte da equipa que 1977-78 esteve a um pequeno passo da promoção à I Divisão.
Valorizado, deu o salto para o Vitória de Setúbal. Em duas temporadas no Bonfim, nas quais atuou quase sempre como lateral esquerdo, amealhou mais de 50 encontros e um golo em todas as competições.
As boas exibições catapultaram-no para o FC Porto, mas não vingou nas Antas, tendo ainda passado por SanjoanenseLusitano de Évora e Farense antes de voltar a vestir a camisola do Juventude de Évora entre 1984 e 1986, tendo contribuído para a subida à II Divisão Nacional em 1984-85, ainda que não tivesse conseguido impedir a despromoção à III Divisão na temporada seguinte.
Em 1987-88, já depois de uma passagem pelo Barreirense, representou pela última vez pelo Juventude, contribuindo para mais uma promoção à II Divisão.

 
 

Barrinha (médio defensivo)

Barrinha
Defesa central/médio natural de Alcochete, concluiu a formação no Belenenses e começou o percurso como sénior a jogar na I Divisão com a camisola do União de Tomar, tendo ingressado no Juventude de Évora em 1978.
Na única temporada que passou no Estádio Sanches de Miranda esteve a um pequeno passo de ajudar os eborenses a assegurar uma inédita subida à I Divisão.
Seguiu-se passagens por União de Leiria e Vitória de Guimarães antes de dois anos no Vitória de Setúbal, entre 1984 e 1986, despedindo-se com a despromoção à II Divisão em 1985-86.
 
 

Mamede (médio centro)

Mamede
Médio natural de Alcácer do Sal, chegou aos juvenis do Vitória de Setúbal em 1989-90, depois de ter começado a jogar futebol num clube do seu concelho, o Torino Torranense.
Em 1991-92 transitou para a equipa principal dos sadinos, mas depois de três anos em que raramente jogou foi ganhar rodagem para o Juventude de Évora às ordens de Carlos Cardoso (já lá vamos…) em 1994-95, época marcada pela despromoção à III Divisão.
No verão de 1995 regressou ao Bonfim para se ir afirmando paulatinamente, tendo somado 114 jogos e seis golos no espaço de cinco temporadas, tendo contribuído para a promoção à I Liga em 1995-96 e para o apuramento para a Taça UEFA em 1998-99. No entanto, despediu-se da pior forma, com uma descida à II Liga.
No verão de 2000 transferiu-se para o Reggina, da Série A italiana, protagonizando na altura a maior transferência de sempre dos setubalenses: 265 mil contos (cerca de 1,3 milhões de euros).
“Sempre sofri muito pelo Vitória e, por isso, não é fácil sair com a equipa no segundo escalão. Porém, aos 26 anos, não podia rejeitar uma proposta tentadora para jogar em Itália, onde alinham a maioria dos craques mundiais e onde se disputa o campeonato considerado o melhor da Europa. A minha transferência também foi boa para o Vitória”, afirmou ao Record na hora da despedida.
 
 

Jorge Jesus (médio ofensivo)

Jorge Jesus
Bem mais conhecido pela carreira que tem feito enquanto treinador, Jorge Jesus foi um médio de características ofensivas que, após concluir a sua formação no Sporting, procurou o seu espaço na I Divisão. Após ter estado emprestado ao Olhanense, regressado sem sucesso a Alvalade e passado por Belenenses e Riopele, regressou à II Divisão para jogar pelo Juventude de Évora em 1978-79.
Nessa que foi a única temporada que passou no Estádio Sanches de Miranda esteve a um pequeno passo de ajudar os eborenses a assegurar uma inédita subida à I Divisão.
Seguiu-se uma época na União de Leiria antes de ingressar no Vitória de Setúbal durante o verão de 1980, quando tinha 26 anos. Embora não fosse propriamente um titular indiscutível, amealhou mais de 38 jogos e quatro golos ao serviço dos sadinos ao longo de três temporadas.
Mais tarde, foi treinador dos setubalenses entre outubro de 2000 e janeiro de 2002. Quando chegou ao Bonfim para suceder a Rui Águas, o Vitória era 7.º classificado na II Liga, tendo ainda perdido os dois primeiros jogos no campeonato. No entanto, a partir daí a equipa desatou a ganhar e conseguiu a promoção à I Liga nos minutos finais da última jornada, numa receção à Naval. “Queria dedicar esta vitória a esta massa associativa. Esta cidade tem uma paixão pelo futebol que, tirando BenficaSporting e FC Porto, mais ninguém tem. Ninguém consegue arrastar tanta gente atrás como o Vitória arrastou aqui hoje, 30 mil pessoas, todos eles vitorianos. Esta subida à I Liga vai inteiramente para os sócios e simpatizantes”, afirmou Jorge Jesus após o encontro decisivo.
Na época seguinte até nem começou mal, tendo amealhado três vitórias nas primeiras cinco jornadas. No entanto, depois não conseguiu evitar uma queda a pique que atirou a equipa para o 17.º lugar e acabou por não resistir aos maus resultados, tendo sido substituído por Luís Campos.
 
 
 

Dário (avançado)

Dário
Extremo esquerdo brasileiro com praticamente toda a carreira feita no futebol português, representou Olhanense, Feirense e Estrela de Portalegre antes de vestir a camisola do Juventude de Évora em 1978-79.
Nessa que foi a única temporada que passou no Estádio Sanches de Miranda esteve a um pequeno passo de ajudar os eborenses a assegurar uma inédita subida à I Divisão.
Seguiram-se três épocas no Vitória, clube pelo qual somou pelo menos 93 jogos e 22 golos entre 1979 e 1982.
 
 


Pinto de Almeida (avançado)

Pinto de Almeida
Médio/interior lisboeta que começou a jogar futebol nos juniores do Belenenses, não vingou no Restelo e por isso tentou melhor sorte no Juventude de Évora, clube que representou em 1951-52 na II Divisão Nacional, tendo contribuído para a caminhada até aos quartos de final da Taça de Portugal.
Após essa temporada mudou-se para o Vitória de Setúbal, clube que representou ao longo de meia dúzia de épocas, nas quais amealhou pelo menos 114 encontros, muitos dos quais na condição de capitão de equipa, e nove golos. Em 1953-54 fez parte da equipa que chegou à final da Taça de Portugal perdida de forma polémica para o Sporting, recompensada com a Taça Recompensa, oferecida pela população de Setúbal.
 
 

João Mendonça (avançado)

João Mendonça
Avançado nascido em Luanda e irmão dos também avançados Fernando Mendonça, que jogou no Sporting e no Sp. Braga, e Jorge Mendonça, que passou por Sp. BragaAtlético Madrid e Barcelona, chegou a Portugal com 16 anos para jogar nos juniores do Sporting, mas não vingou e, por isso, mudou-se para o Juventude de Évora quando transitou para sénior.
Depois de quatro temporadas a jogar pelos eborenses nas divisões secundárias do futebol português, nas quais contribuiu para a conquista do título nacional da III Divisão em 1950-51 e para a caminhada até aos quartos de final da Taça de Portugal em 1951-52, mudou-se para o Vitória de Setúbal no verão de 1953.
Na única temporada que passou no emblema sadino causou boa impressão ao apontar 15 golos em 21 jogos e participar na caminhada até à final da Taça de Portugal.
Após três anos no Torreense e um no Sp. Braga, voltou a representar o Vitória entre 1958 e 1960 no patamar maior do futebol nacional, não conseguindo evitar a descida à II Divisão em 1959-60 apesar dos 12 golos em 31 jogos ao longo desses dois anos.
 
 

Carlos Cardoso (treinador)

Carlos Cardoso
Antigo defesa central setubalense que somou mais de 320 jogos pelo Vitória, único clube que conheceu durante a carreira de futebolista (entre 1964 e 1977), enquanto treinador ficou conhecido por ser o “bombeiro” de serviço dos sadinos, por ter assumido em várias ocasiões o comando técnico nas fases finais das épocas, quando os vitorianos estavam em apuros na tabela classificativa. Salvou o Vitória da despromoção por três vezes, em 1997-98, 2006-07 e 2008-09, tendo descido apenas em 2002-03. Na única época completa à frente da equipa, em 1998-99, colocou os vitorianos em 5.º lugar e devolveu a Europa a Setúbal 25 anos depois. “Como treinador estive 15 anos. Por inteiro, residente, como adjunto, fiz esses papéis todos”, resumiu numa entrevista ao jornal O Jogo.
Paralelamente, teve uma passagem pouco feliz pelo Juventude de Évora em 1994-95, não conseguindo impedir a despromoção à III Divisão. 













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