Dez moçambicanos que deixaram a sua marca em Portugal |
Desde que o campeonato português
num sistema de pontos foi instituído em 1934-35 que dezenas e dezenas de
jogadores nascidos em Moçambique ou com origem moçambicana têm disputado a competição.
10. Bruno Langa (29 jogos)
Bruno Langa |
Lateral esquerdo natural de Maputo,
representou Maxaquene e Black Bulls antes de se mudar para Portugal no verão de
2018, tendo representado o Amora
e a equipa de sub-23 do Vitória
de Setúbal antes de se mudar para o Desp.
Chaves no verão de 2021.
Na primeira época em Trás-os-Montes
ajudou a equipa a subir à I
Liga, patamar em que disputou 29 jogos em 2022-23. Antes, quando esteve
vinculado os sadinos, chegou a estar na ficha de jogo num encontro da equipa
principal no primeiro
escalão, mas não foi utilizado.Paralelamente, contabiliza já dez internacionalizações por Moçambique, a primeira das quais em junho de 2016, quando tinha apenas 18 anos.
9. Paíto (44 jogos)
Paíto |
Lateral esquerdo natural de
Maputo, começou a jogar futebol no Maxaquene, "o antigo Sporting de
Maputo, um clube com ligação ao Sporting",
que o projetou para os leões de Portugal.
“O Sporting
enviou o Hilário para nos vir treinar. Eu era júnior, mas ele chamou-me aos
seniores. Depois, ele foi demitido, voltou para o Sporting
e indicou o meu nome. Entretanto, o Sporting
B foi fazer um torneio a Moçambique, com jogadores como Carlos Martins e Quaresma,
e como eu joguei bem contra eles, disseram logo que estava preparado. Contudo,
o processo burocrático ainda durou alguns meses”, recordou ao Diário
de Notícias o antigo lateral, que começou pelos juniores dos verde
e brancos e passou duas temporadas na equipa B antes de integrar a tempo
inteiro o plantel principal do emblema
de Alvalade, entre 2003 e 2005. Ao longo desse período atuou em 24 partidas
(18 a titular) na I
Liga. Antes, em 2001-02, disputou um jogo na caminhada leonina
até à conquista da Taça
de Portugal.Sem espaço no Sporting, onde passou grande parte do tempo na sombra de Rui Jorge, Paíto foi cedido ao Vitória de Guimarães, clube que o marcou. "Quem passa por aquele clube não o esquece. Não conhecia aquela realidade, tem gente muito apaixonada. Foram seis meses fantásticos. Descemos de divisão, mas não me recordo de um plantel do Vitória de Guimarães tão bom como o que tínhamos. Nunca pensei que pudéssemos descer, porque os jogadores eram fantásticos e davam garantias", considerou, em alusão à temporada 2005-06, na qual somou 16 encontros (todos como titular) ao serviço dos vimaranenses na I Liga.
Depois da aventura no Minho, o defesa terminou contrato com o Sporting e recebeu uma proposta do FC Porto e outra dos espanhóis do Maiorca. Aceitou a segunda. "O Maiorca oferecia-me o dobro, e olhei para o dinheiro em vez do projeto. Pinto da Costa queria-me muito. Mais à frente, apercebi-me de que cometi um erro", lamentou, até porque não chegou a estrear-se pelos maiorquinos, que o emprestaram ao Sp. Braga, pelo qual jogou disputou apenas quatro jogos na I Liga.
Seguiram-se aventuras nos suíços do Sion e do Neuchâtel Xamax, nos romenos do Vaslui e nos gregos do Xanthi, antes de encerrar a carreira no país natal em 2016.
Paralelamente, somou 36 internacionalizações por Moçambique, tendo marcado presença no CAN 2010.
8. Witi Quembo (82 jogos)
Witi Quembo |
Extremo natural da Beira revelado
pela Liga Desportiva de Maputo, foi recrutado pelo Nacional
no verão de 2014, inicialmente para a equipa de juniores, mas rapidamente subiu
à equipa principal, pela qual jogou uma vez na I
Liga, em janeiro de 2015, antes de ser cedido aos juniores do Benfica.
Daí para cá somou já mais 81
partidas (52 a titular) e três golos pelos madeirenses
na I
Liga, patamar no qual competiu também em 2015-16, 2016-17, 2018-19 e
2020-21, sendo que nas três últimas mostrou-se impotente para impedir a descida
de divisão.Em 2017-18 sagrou-se campeão da II Liga e duas épocas depois contribuiu para mais uma subida ao primeiro escalão.
Presentemente ainda ao serviço do Nacional, soma 30 internacionalizações e dois golos pela seleção de Moçambique.
7. Mário Artur (95 jogos)
Mário Artur |
Polivalente jogador nascido em
Maputo capaz de cobrir várias posições da defesa e do meio-campo, emigrou para
Portugal ainda em tenra idade e passou por Vialonga e Campomaiorense
antes de chegar ao clube que o haveria de catapultar para a I
Liga portuguesa, a União
de Leiria, no verão de 1991.
Além de ter contribuído para as
promoções ao primeiro
escalão em 1993-94 e 1997-98, esta última aliada ao título de campeão da II
Liga, totalizou 95 encontros (77 a titular) no patamar
maior do futebol português no somatório das temporadas 1994-95, 1995-96,
1997-97 e 1998-99.Paralelamente, somou 17 internacionalizações e um golo (apontado a… Portugal) pela seleção de Moçambique, tendo marcado presença no CAN 1998.
6. Mexer (110 jogos)
Mexer |
Defesa central nascido em Maputo
que despontou no Desportivo de Maputo, mudou-se para o Sporting
em janeiro de 2010, após ter participado na Taça das Nações Africanas, e chegou
a ser convocado para vários jogos, mas não conseguiu estrear-se.
Seguiu-se um empréstimo de duas
épocas ao Olhanense,
clube pelo qual somou 39 jogos (27 a titular) na I
Liga entre 2010 e 2012.Depois mudou-se para o Nacional, emblema que representou em 57 encontros (todos como titular) entre 2012 e 2014, antes de dar o salto para o campeonato francês, onde vestiu as camisolas de Rennes e Bordéus.
Após oito anos em França, voltou a Portugal pela porta do Estoril, tendo participado em 14 partidas (onze a titular) em 2022-23.
Paralelamente, soma já 58 internacionalizações e três golos pela seleção de Moçambique.
5. Armando Sá (111 jogos)
Armando Sá |
Lateral direito natural de Maputo,
mas radicado em Portugal desde tenra idade, concluiu a formação no Belenenses
e passou por Vilafranquense,
Bragança
e Vila Real antes de entrar na I
Liga pela porta do Rio
Ave no verão de 1998.
Nas duas primeiras épocas em Vila
do Conde amealhou 48 partidas (todas como titular) no primeiro
escalão, mostrando-se impotente para impedir a despromoção à II
Liga em 1999-00.No verão de 2001 assinou pelo Sp. Braga, clube pelo qual foi utilizado em apenas 16 encontros (todos como titular) antes de dar o salto para o Benfica em janeiro do ano seguinte. “Foi uma chegada complicada. O Drulovic, melhor do que ninguém, sabe que o balneário do Benfica não era muito coeso e forte. Lembro-me quando eu e o Tiago chegámos ao balneário, notámos um ambiente pesado e uma certa falta de organização. Fomo-nos equipar e equipávamo-nos de costas uns para os outros”, recordou ao Bola na Rede em junho de 2020.
Em dois anos e meio na Luz totalizou 47 partidas (36 a titular) na I Liga, tendo ainda conquistado a Taça de Portugal em 2003-04, antes de se transferir para o Villarreal.
Paralelamente, somou 21 internacionalizações pela seleção de Moçambique.
4. Dário (136 jogos)
Dário |
Se perguntarem a qualquer adepto
da Académica
qual o jogador mais marcante do clube durante os anos adjacentes à viragem do
milénio, a resposta deverá ser unânime: Dário.
Natural de Maputo e proveniente
do Desportivo de Maputo, ingressou na Académica
no início de 1997 e foi a tempo de contribuir para a promoção à I
Liga, patamar em que amealhou 36 jogos (26 a titular) e dez golos entre
1997 e 1999, mostrando-se impotente para impedir a despromoção à II
Liga em 1998-99.Após a descida de divisão permaneceu no clube e brilhou alto no segundo escalão entre 1999 e 2002, tendo ajudado a briosa a garantir a subida à I Liga em 2001-02.
Nos três anos que se seguiram passou dois anos e meio na Académica na I Liga – o restante meio ano foi passado no Al Jazira, dos Emirados Árabes Unidos –, tendo nesse período somado mais 61 encontros (53 a titular) e 21 remates certeiros no patamar maior do futebol português.
Em 2005-06 participou em 24 partidas (12 a titular) e marcou um golo pelo Vitória de Guimarães na I Liga, numa época em que até desceu de divisão (ao lado de Paíto), e na temporada seguinte disputou 15 jogos (13 a titular) e apontou três golos com a camisola do Estrela da Amadora.
Depois mudou-se para Chipre e não voltou a jogar em Portugal.
Paralelamente, somou 88 internacionalizações e 21 golos pela seleção de Moçambique, tendo marcado presença nas edições de 1998 e 2010 da Taça das Nações Africanas.
3. Sérgio Lomba (187 jogos)
Sérgio Lomba |
Defesa central nascido na Beira,
mas radicado no norte de Portugal desde tenra idade, fez praticamente
toda a carreira no norte de Portugal. Após concluir a formação no Vitória
de Guimarães e ver fechada a porta da equipa principal, passou por
Vila Real, Vianense
e Freamunde
até chegar às ligas profissionais para reforçar o Gil
Vicente.
Após se sagrar campeão da II
Liga em 1998-99, amealhou 85 jogos (83 a titular) e quatro golos ao serviço
dos gilistas
na I
Liga entre 1999 e 2002.Seguiram-se três épocas com camisola do Moreirense, clube pelo qual totalizou 83 encontros (81 a titular) e três remates certeiros no primeiro escalão entre 2002 e 2005, despedindo-se com a despromoção à II Liga em 2004-05.
Depois da descida de divisão mudou-se para o Penafiel, tendo atuado em 19 partidas (13 a titular) pelos durienses no patamar maior do futebol português, voltando a descer de divisão.
Após essa aventura nos penafidelenses somou a única internacionalização (e golo) que tem por Moçambique, diante do Maláui, e emigrou para Espanha para representar o Zamora.
2. Zainadine Júnior (262 jogos)
Zainadine Júnior |
Defesa central internacional central
natural de Maputo, entrou no futebol português em 2013-14, pela porta do Nacional,
proveniente do Liga Desportiva de Maputo, numa altura em que já tinha marcado
presença no CAN 2010.
Em dois anos e meio na Choupana
amealhou 72 jogos (todos como titular) e dois golos na I
Liga, tendo aos chineses do Tianjin Teda em janeiro de 2016.Um ano depois regressou ao futebol português e à ilha da Madeira para reforçar o Marítimo, inicialmente por empréstimo do conjunto asiático, mas a partir de meados de 2018 a título definitivo. Desde que chegou aos Barreiros que já amealhou 190 encontros (185 a titular) e seis golos no primeiro escalão.
Paralelamente, soma 56 internacionalizações e um golo por Moçambique.
1. Chiquinho Conde (310 jogos)
Chiquinho Conde |
Avançado natural da Beira, começou
a carreira no Maxaquene, o mesmo clube que revelou Eusébio quando ainda se
chamava Sporting de Lourenço Marques, e de lá saiu para o Belenenses em
1987, tendo ajudado o emblema
do Restelo a conquistar a Taça
de Portugal em 1988-89 e a alcançar um honroso 3.º lugar na I
Divisão na época anterior. Foi o primeiro moçambicano a jogar
legalmente em Portugal após a independência do país.
Após 29 golos em 114 jogos (95 a
titular) ao serviço dos azuis
no patamar
maior do futebol português, numa altura em que o Belenenses
tinha descido à II
Liga e o avançado estava em rota de colisão com a direção, Chiquinho Conde
transferiu-se para o Sp.
Braga no verão de 1991.Ao serviço dos bracarenses disputou 24 encontros (18 a titular) e apontou cinco golos no primeiro escalão.
Após um ano no Minho mudou-se para o Vitória de Setúbal, tendo formado uma dupla diabólica no ataque com Yekini durante as temporadas 1992-93 e 1993-94. “Com ele era tudo fácil. Não parecia tecnicista, mas era muito poderoso. Muitas vezes ele sozinho amarrava os dois centrais e libertava-me. Marquei muitos golos assim. Foi um jogador fantástico, o melhor parceiro que tive. Dávamos muitas assistências um ao outro. Enfim, foi um período muito bom”, confessou o moçambicano, autor de 15 remates certeiros em 30 partidas (28 a titular) na I Liga em 1993-94, depois de contribuído para a subida ao patamar maior do futebol português na temporada anterior.
Valorizado pelas boas campanhas no Bonfim, deu o salto para o Sporting, onde não foi feliz, tendo apenas atuado em 27 encontros (onze a titular) e apontou três golos entre agosto de 1994 e dezembro de 1995.
A segunda metade de 1995-96 foi passada no Belenenses, mas não foi além de quatro jogos (dois a titular) no campeonato, regressando depois aos sadinos em 1996-97 para redescobrir a felicidade, apontando sete golos em 20 partidas na I Liga. “Era o meu clube talismã e fica na minha história. O Belenenses acolheu-me muito bem, mas em Setúbal vivi sete anos fantásticos”, contou.
Entretanto transferiu-se para os Estados Unidos, mas retornou a Setúbal em dezembro de 1997, para apontar 27 golos em 75 partidas (72 a titular) no primeiro escalão em dois anos e meio. Foi uma das figuras do 5.º lugar de 1998-99 que marcou o regresso às competições europeias 25 anos depois, mas na época que se seguiu não conseguiu impedir a despromoção à II Liga.
Após a descida de divisão mudou-se para o Alverca. No Ribatejo, numa altura em que já tinha 35 anos de idade, não foi além de 16 jogos (seis a titular) e um golo na I Liga. A concorrência, que dava pelo nome de Pedro Mantorras, não lhe deu grandes hipóteses.
A partir daí prosseguiu a carreira em divisões secundárias.
Paralelamente, somou 98 internacionalizações e quatro golos pela seleção nacional de Moçambique, segundo o portal zerozero, tendo marcado presença nas edições de 1986, 1996 e 1998 da Taça das Nações Africanas.
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