domingo, 25 de junho de 2023

Os 10 internacionais moçambicanos com mais jogos na I Liga portuguesa

Dez moçambicanos que deixaram a sua marca em Portugal
Desde que o campeonato português num sistema de pontos foi instituído em 1934-35 que dezenas e dezenas de jogadores nascidos em Moçambique ou com origem moçambicana têm disputado a competição.
 
Uns ainda no tempo do colonialismo, outros após a independência do país africano. Uns nasceram em Moçambique, mas nunca quiseram jogar pelos mambas, outros até nasceram noutros países, mas optaram por representar o país de pais e/ou avós. Por isso, contabilizamos neste ranking apenas os internacionais moçambicanos que jogaram na I Liga portuguesa.
 
Neste top 10, em que todos superaram as duas dezenas de encontros no primeiro escalão do futebol luso, não se encontra nenhum futebolista que se tenha sagrado campeão.
 
No dia em que Moçambique festeja a independência, vale a pena conhecer esta lista.
 

10. Bruno Langa (29 jogos)

Bruno Langa
Lateral esquerdo natural de Maputo, representou Maxaquene e Black Bulls antes de se mudar para Portugal no verão de 2018, tendo representado o Amora e a equipa de sub-23 do Vitória de Setúbal antes de se mudar para o Desp. Chaves no verão de 2021.
Na primeira época em Trás-os-Montes ajudou a equipa a subir à I Liga, patamar em que disputou 29 jogos em 2022-23. Antes, quando esteve vinculado os sadinos, chegou a estar na ficha de jogo num encontro da equipa principal no primeiro escalão, mas não foi utilizado.
Paralelamente, contabiliza já dez internacionalizações por Moçambique, a primeira das quais em junho de 2016, quando tinha apenas 18 anos.
 
 
 

9. Paíto (44 jogos)

Paíto
Lateral esquerdo natural de Maputo, começou a jogar futebol no Maxaquene, "o antigo Sporting de Maputo, um clube com ligação ao Sporting", que o projetou para os leões de Portugal.
“O Sporting enviou o Hilário para nos vir treinar. Eu era júnior, mas ele chamou-me aos seniores. Depois, ele foi demitido, voltou para o Sporting e indicou o meu nome. Entretanto, o Sporting B foi fazer um torneio a Moçambique, com jogadores como Carlos Martins e Quaresma, e como eu joguei bem contra eles, disseram logo que estava preparado. Contudo, o processo burocrático ainda durou alguns meses”, recordou ao Diário de Notícias o antigo lateral, que começou pelos juniores dos verde e brancos e passou duas temporadas na equipa B antes de integrar a tempo inteiro o plantel principal do emblema de Alvalade, entre 2003 e 2005. Ao longo desse período atuou em 24 partidas (18 a titular) na I Liga. Antes, em 2001-02, disputou um jogo na caminhada leonina até à conquista da Taça de Portugal.
Sem espaço no Sporting, onde passou grande parte do tempo na sombra de Rui Jorge, Paíto foi cedido ao Vitória de Guimarães, clube que o marcou. "Quem passa por aquele clube não o esquece. Não conhecia aquela realidade, tem gente muito apaixonada. Foram seis meses fantásticos. Descemos de divisão, mas não me recordo de um plantel do Vitória de Guimarães tão bom como o que tínhamos. Nunca pensei que pudéssemos descer, porque os jogadores eram fantásticos e davam garantias", considerou, em alusão à temporada 2005-06, na qual somou 16 encontros (todos como titular) ao serviço dos vimaranenses na I Liga.
Depois da aventura no Minho, o defesa terminou contrato com o Sporting e recebeu uma proposta do FC Porto e outra dos espanhóis do Maiorca. Aceitou a segunda. "O Maiorca oferecia-me o dobro, e olhei para o dinheiro em vez do projeto. Pinto da Costa queria-me muito. Mais à frente, apercebi-me de que cometi um erro", lamentou, até porque não chegou a estrear-se pelos maiorquinos, que o emprestaram ao Sp. Braga, pelo qual jogou disputou apenas quatro jogos na I Liga.
Seguiram-se aventuras nos suíços do Sion e do Neuchâtel Xamax, nos romenos do Vaslui e nos gregos do Xanthi, antes de encerrar a carreira no país natal em 2016.
Paralelamente, somou 36 internacionalizações por Moçambique, tendo marcado presença no CAN 2010.
 
 
 

8. Witi Quembo (82 jogos)

Witi Quembo
Extremo natural da Beira revelado pela Liga Desportiva de Maputo, foi recrutado pelo Nacional no verão de 2014, inicialmente para a equipa de juniores, mas rapidamente subiu à equipa principal, pela qual jogou uma vez na I Liga, em janeiro de 2015, antes de ser cedido aos juniores do Benfica.
Daí para cá somou já mais 81 partidas (52 a titular) e três golos pelos madeirenses na I Liga, patamar no qual competiu também em 2015-16, 2016-17, 2018-19 e 2020-21, sendo que nas três últimas mostrou-se impotente para impedir a descida de divisão.
Em 2017-18 sagrou-se campeão da II Liga e duas épocas depois contribuiu para mais uma subida ao primeiro escalão.
Presentemente ainda ao serviço do Nacional, soma 30 internacionalizações e dois golos pela seleção de Moçambique.
 
 
 

7. Mário Artur (95 jogos)

Mário Artur
Polivalente jogador nascido em Maputo capaz de cobrir várias posições da defesa e do meio-campo, emigrou para Portugal ainda em tenra idade e passou por Vialonga e Campomaiorense antes de chegar ao clube que o haveria de catapultar para a I Liga portuguesa, a União de Leiria, no verão de 1991.
Além de ter contribuído para as promoções ao primeiro escalão em 1993-94 e 1997-98, esta última aliada ao título de campeão da II Liga, totalizou 95 encontros (77 a titular) no patamar maior do futebol português no somatório das temporadas 1994-95, 1995-96, 1997-97 e 1998-99.
Paralelamente, somou 17 internacionalizações e um golo (apontado a… Portugal) pela seleção de Moçambique, tendo marcado presença no CAN 1998.
 
 
 

6. Mexer (110 jogos)

Mexer
Defesa central nascido em Maputo que despontou no Desportivo de Maputo, mudou-se para o Sporting em janeiro de 2010, após ter participado na Taça das Nações Africanas, e chegou a ser convocado para vários jogos, mas não conseguiu estrear-se.
Seguiu-se um empréstimo de duas épocas ao Olhanense, clube pelo qual somou 39 jogos (27 a titular) na I Liga entre 2010 e 2012.
Depois mudou-se para o Nacional, emblema que representou em 57 encontros (todos como titular) entre 2012 e 2014, antes de dar o salto para o campeonato francês, onde vestiu as camisolas de Rennes e Bordéus.
Após oito anos em França, voltou a Portugal pela porta do Estoril, tendo participado em 14 partidas (onze a titular) em 2022-23.
Paralelamente, soma já 58 internacionalizações e três golos pela seleção de Moçambique.
 
 
 

5. Armando Sá (111 jogos)

Armando Sá
Lateral direito natural de Maputo, mas radicado em Portugal desde tenra idade, concluiu a formação no Belenenses e passou por Vilafranquense, Bragança e Vila Real antes de entrar na I Liga pela porta do Rio Ave no verão de 1998.
Nas duas primeiras épocas em Vila do Conde amealhou 48 partidas (todas como titular) no primeiro escalão, mostrando-se impotente para impedir a despromoção à II Liga em 1999-00.
No verão de 2001 assinou pelo Sp. Braga, clube pelo qual foi utilizado em apenas 16 encontros (todos como titular) antes de dar o salto para o Benfica em janeiro do ano seguinte. “Foi uma chegada complicada. O Drulovic, melhor do que ninguém, sabe que o balneário do Benfica não era muito coeso e forte. Lembro-me quando eu e o Tiago chegámos ao balneário, notámos um ambiente pesado e uma certa falta de organização. Fomo-nos equipar e equipávamo-nos de costas uns para os outros”, recordou ao Bola na Rede em junho de 2020.
Em dois anos e meio na Luz totalizou 47 partidas (36 a titular) na I Liga, tendo ainda conquistado a Taça de Portugal em 2003-04, antes de se transferir para o Villarreal.
Paralelamente, somou 21 internacionalizações pela seleção de Moçambique.
 
 
 

4. Dário (136 jogos)

Dário
Se perguntarem a qualquer adepto da Académica qual o jogador mais marcante do clube durante os anos adjacentes à viragem do milénio, a resposta deverá ser unânime: Dário.
Natural de Maputo e proveniente do Desportivo de Maputo, ingressou na Académica no início de 1997 e foi a tempo de contribuir para a promoção à I Liga, patamar em que amealhou 36 jogos (26 a titular) e dez golos entre 1997 e 1999, mostrando-se impotente para impedir a despromoção à II Liga em 1998-99.
Após a descida de divisão permaneceu no clube e brilhou alto no segundo escalão entre 1999 e 2002, tendo ajudado a briosa a garantir a subida à I Liga em 2001-02.
Nos três anos que se seguiram passou dois anos e meio na Académica na I Liga – o restante meio ano foi passado no Al Jazira, dos Emirados Árabes Unidos –, tendo nesse período somado mais 61 encontros (53 a titular) e 21 remates certeiros no patamar maior do futebol português.
Em 2005-06 participou em 24 partidas (12 a titular) e marcou um golo pelo Vitória de Guimarães na I Liga, numa época em que até desceu de divisão (ao lado de Paíto), e na temporada seguinte disputou 15 jogos (13 a titular) e apontou três golos com a camisola do Estrela da Amadora.
Depois mudou-se para Chipre e não voltou a jogar em Portugal.
Paralelamente, somou 88 internacionalizações e 21 golos pela seleção de Moçambique, tendo marcado presença nas edições de 1998 e 2010 da Taça das Nações Africanas.
 
    
 
 

3. Sérgio Lomba (187 jogos)

Sérgio Lomba
Defesa central nascido na Beira, mas radicado no norte de Portugal desde tenra idade, fez praticamente toda a carreira no norte de Portugal. Após concluir a formação no Vitória de Guimarães e ver fechada a porta da equipa principal, passou por Vila Real, Vianense e Freamunde até chegar às ligas profissionais para reforçar o Gil Vicente.
Após se sagrar campeão da II Liga em 1998-99, amealhou 85 jogos (83 a titular) e quatro golos ao serviço dos gilistas na I Liga entre 1999 e 2002.
Seguiram-se três épocas com camisola do Moreirense, clube pelo qual totalizou 83 encontros (81 a titular) e três remates certeiros no primeiro escalão entre 2002 e 2005, despedindo-se com a despromoção à II Liga em 2004-05.
Depois da descida de divisão mudou-se para o Penafiel, tendo atuado em 19 partidas (13 a titular) pelos durienses no patamar maior do futebol português, voltando a descer de divisão.
Após essa aventura nos penafidelenses somou a única internacionalização (e golo) que tem por Moçambique, diante do Maláui, e emigrou para Espanha para representar o Zamora.
 
 
 

2. Zainadine Júnior (262 jogos)

Zainadine Júnior
Defesa central internacional central natural de Maputo, entrou no futebol português em 2013-14, pela porta do Nacional, proveniente do Liga Desportiva de Maputo, numa altura em que já tinha marcado presença no CAN 2010.
Em dois anos e meio na Choupana amealhou 72 jogos (todos como titular) e dois golos na I Liga, tendo aos chineses do Tianjin Teda em janeiro de 2016.
Um ano depois regressou ao futebol português e à ilha da Madeira para reforçar o Marítimo, inicialmente por empréstimo do conjunto asiático, mas a partir de meados de 2018 a título definitivo. Desde que chegou aos Barreiros que já amealhou 190 encontros (185 a titular) e seis golos no primeiro escalão.
Paralelamente, soma 56 internacionalizações e um golo por Moçambique.
 
 
 
 

1. Chiquinho Conde (310 jogos)

Chiquinho Conde
Avançado natural da Beira, começou a carreira no Maxaquene, o mesmo clube que revelou Eusébio quando ainda se chamava Sporting de Lourenço Marques, e de lá saiu para o Belenenses em 1987, tendo ajudado o emblema do Restelo a conquistar a Taça de Portugal em 1988-89 e a alcançar um honroso 3.º lugar na I Divisão na época anterior. Foi o primeiro moçambicano a jogar legalmente em Portugal após a independência do país.
Após 29 golos em 114 jogos (95 a titular) ao serviço dos azuis no patamar maior do futebol português, numa altura em que o Belenenses tinha descido à II Liga e o avançado estava em rota de colisão com a direção, Chiquinho Conde transferiu-se para o Sp. Braga no verão de 1991.
Ao serviço dos bracarenses disputou 24 encontros (18 a titular) e apontou cinco golos no primeiro escalão.
Após um ano no Minho mudou-se para o  Vitória de Setúbal, tendo formado uma dupla diabólica no ataque com Yekini durante as temporadas 1992-93 e 1993-94. “Com ele era tudo fácil. Não parecia tecnicista, mas era muito poderoso. Muitas vezes ele sozinho amarrava os dois centrais e libertava-me. Marquei muitos golos assim. Foi um jogador fantástico, o melhor parceiro que tive. Dávamos muitas assistências um ao outro. Enfim, foi um período muito bom”, confessou o moçambicano, autor de 15 remates certeiros em 30 partidas (28 a titular) na I Liga em 1993-94, depois de contribuído para a subida ao patamar maior do futebol português na temporada anterior.
Valorizado pelas boas campanhas no Bonfim, deu o salto para o Sporting, onde não foi feliz, tendo apenas atuado em 27 encontros (onze a titular) e apontou três golos entre agosto de 1994 e dezembro de 1995.
A segunda metade de 1995-96 foi passada no Belenenses, mas não foi além de quatro jogos (dois a titular) no campeonato, regressando depois aos sadinos em 1996-97 para redescobrir a felicidade, apontando sete golos em 20 partidas na I Liga. “Era o meu clube talismã e fica na minha história. O Belenenses acolheu-me muito bem, mas em Setúbal vivi sete anos fantásticos”, contou.
Entretanto transferiu-se para os Estados Unidos, mas retornou a Setúbal em dezembro de 1997, para apontar 27 golos em 75 partidas (72 a titular) no primeiro escalão em dois anos e meio. Foi uma das figuras do 5.º lugar de 1998-99 que marcou o regresso às competições europeias 25 anos depois, mas na época que se seguiu não conseguiu impedir a despromoção à II Liga.
Após a descida de divisão mudou-se para o Alverca. No Ribatejo, numa altura em que já tinha 35 anos de idade, não foi além de 16 jogos (seis a titular) e um golo na I Liga. A concorrência, que dava pelo nome de Pedro Mantorras, não lhe deu grandes hipóteses.
A partir daí prosseguiu a carreira em divisões secundárias.
Paralelamente, somou 98 internacionalizações e quatro golos pela seleção nacional de Moçambique, segundo o portal zerozero, tendo marcado presença nas edições de 1986, 1996 e 1998 da Taça das Nações Africanas.
 
 
 
 
  
 





 
 

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