Kvaratskhelia deverá ganhar prémio de melhor jogador da Série A em 2022-23 |
Feche os olhos e experimente
escrever o nome da grande revelação do futebol mundial em 2022-23: Khvicha
Kvaratskhelia. É difícil, não é? Tanto quanto travá-lo em campo. Do anonimato,
o extremo georgiano contratado pelo Nápoles
ao Dínamo Batumi há menos de um ano deverá com toda a certeza saltar para a
lista de nomeados à Bola de Ouro.
Titular indiscutível para Luciano
Spalletti desde o início da temporada, o talentoso, irrequieto e imprevisível
atacante de 22 anos é um dos raros futebolistas das principais ligas europeias
que esta época já superou a marca dos dois dígitos tanto em golos (14) como
assistências (14) em todas as competições e é um dos principais responsáveis
pela boa campanha que o conjunto
do sul de Itália tem estado a fazer: chegou aos quartos de final da Liga
dos Campeões e está prestes a conquistar o seu primeiro título nacional
desde 1990.
Nos últimos meses, tenho
procurado conhecer melhor este fenómeno e aquilo que mais me tem impressionado
é que “Kvaradona", como já lhe chamam em alusão ao ídolo
maior do futebol napolitano, ainda tem uma enorme margem de progressão.
Apesar da gigantesca influência que tem na dinâmica ofensiva dos azzurri,
com uma participação em golos que roça a média de um golo por jogo (0,76) entre remates
certeiros e assistências, trata-se de um jogador que ainda pode crescer
bastante na definição das jogadas.
Possivelmente já um dos melhores
do mundo ao nível do drible curto, Kvaratskhelia consegue desmontar sozinho a
organização defensiva de uma equipa, pois tem mostrado capacidade para sair de
uma cabine telefónica com a bola dominada. Ainda no recente encontro da segunda
mão dos quartos de final da Liga
dos Campeões, frente ao AC
Milan, vi-o por várias vezes a desenvencilhar-se de dois adversários – o lateral
direito Davide Calabria e o extremo Brahim Díaz ou o médio interior Rade Krunic,
que alternadamente acudiam o companheiro – que o vigiavam de perto, desfazendo
por completo a inferioridade numéria que a sua equipa tinha na zona da bola.
No entanto, quando chegava às
imediações da pequena área, talvez por lhe faltar algum discernimento depois de
tanto esforço no decorrer da jogada, definia mal. Essa lacuna também se nota
nas estatísticas, pois na presente edição da Champions
é o jogador com maior diferença negativa entre golos esperados (5,78) e golos
marcados (2).
Foi precisamente esse defeito o
que mais me impressionou no georgiano. Imaginem quando este extremo, que já tem
uma elevadíssima participação em golos, conseguir aliar todo aquele futebol de
rua com mais discernimento, mais critério e melhor definição. Será dos melhores
do mundo. É verdade que já tem fabricado vários golos que não eram esperados,
mas também define muitas vezes mal lances em que os adeptos já se preparavam
para festejar.
Tendo em conta o que já vale nos
dias de hoje, imagino-o a jogar em qualquer uma das melhores equipas do mundo,
talvez apenas à exceção do Real
Madrid, que já tem um Vinícius
Júnior que alia um fantástico drible curto com grande maturidade na definição
das jogadas na ala esquerda do ataque. Curiosamente, estão ambos no top 3 de futebolistas
com mais dribles bem-sucedidos na Liga
dos Campeões nesta época: o brasileiro
soma 42, o georgiano 35 e pelo meio há Rafael Leão com 37.
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