Vitória e Casa Pia vão defrontar-se para a Taça de Portugal |
Um histórico com pergaminhos
na I
Divisão, taças e provas europeias, o Vitória
Futebol Clube, e um outro emblema centenário que se autointitula o fundador
do desporto em Portugal, o Casa
Pia, coincidiram no Campeonato de Lisboa durante a década de 1920 e na II
Divisão Nacional em 1942-43 e 1951-52, mas esta quinta-feira vão defrontar-se
pela segunda vez na Taça
de Portugal.
Ao longo de cerca de um século,
os sadinos
estiveram quase sempre por cima dos casapianos
na hierarquia do futebol português, mas essa tendência inverteu-se em 2020. Na
altura, os setubalenses
foram despromovidos da I
Liga ao Campeonato
de Portugal devido a decisão administrativa, o que levou a que os gansos,
que haviam descido ao Campeonato
de Portugal depois do término antecipado da II
Liga devido à pandemia de covid-19, fossem repescados para o segundo
escalão.
Depois desse verão tumultuoso no
futebol português, o Casa
Pia conseguiu reorganizar-se e preparar-se melhor para a exigência das
ligas profissionais, ao ponto de ter conseguido subir à II
Liga em 2022. Por outro lado, o Vitória
tem estado perto, mas ainda não almejou o desejado regresso às provas sob a
égide da Liga Portugal.
Ao longo desse mais de 100 anos,
o Vitória teve
nos seus quadros jogadores que já tinham pertencido ao Casa
Pia e vice-versa.
Vale por isso a pena conferir o
nosso onze ideal de futebolistas que passaram pelos dois clubes, distribuídos
em campo num 3x5x2.
Ricardo Batista (guarda-redes)
Ricardo Batista |
Guarda-redes natural de Setúbal e
formado no Vitória,
tornou-se internacional sub-19 em setembro de 2004, numa altura em que atuava
pelos juniores vitorianos.
No verão seguinte mudou-se para
os ingleses do Fulham, tendo ainda passado por Sporting,
Olhanense
e Nacional
antes de ingressar na equipa principal dos sadinos
em 2014-15, temporada em que participou em 19 jogos e sofreu 28 golos. “O Vitória
sempre foi uma prioridade para a minha carreira, porque fiz aqui a minha
formação, enquanto homem e profissional. Por isso, é naturalmente um regresso a
casa”, afirmou aos jornalistas quando foi anunciado como reforço dos setubalenses,
em junho de 2014.
Após passagens pelos angolanos do
Recreativo Desportivo do Libolo e pelos romenos do Gaz Metan, assinou pelo Casa
Pia no verão de 2020 e afirmou-se como um dos esteios da equipa que
alcançou a subida à I
Liga em 2022.
Em 2022-23 defende a baliza dos gansos
no primeiro
escalão.
Pité (defesa)
Pité |
Defesa de posição, teve duas
passagens pelo Casa
Pia, primeiro entre 1928 e 1931 e depois entre 1936 e 1941, tendo feito
parte da primeira equipa dos casapianos
a participar na I
Divisão, em 1938-39, depois de contribuir para a obtenção do quarto lugar
no Campeonato de Lisboa.
Pelo meio, entre 1933 e 1936,
representou o Vitória
de Setúbal, clube que em 1934-35 lhe deu a possibilidade de se estrear no primeiro
escalão do futebol português.
Miguel Lourenço (defesa)
Miguel Lourenço |
Defesa natural do concelho de
Sesimbra, ingressou nos iniciados do Vitória
de Setúbal em 2006-07 e ao fim de pouco mais de um ano, em dezembro de
2007, tornou-se internacional sub-16, conseguindo a primeira de 13
internacionalizações que haveria de somar pelas jovens seleções lusas.
Na temporada seguinte regressou
aos sadinos,
pelos quais haveria de somar 51 jogos e três golos em todas as provas até 2016
– pelo meio esteve cedido ao Santa
Clara em 2013-14
Após passagens pelos azeris do
Zira, por União da Madeira e Mafra,
regressou ao Vitória
em 2021-22 para competir na Liga 3, numa época em que atuou em dez partidas.
Vasco Fernandes (defesa)
Vasco Fernandes |
Defesa polivalente, que atua
preferencialmente no eixo defensivo, mas que já jogou nas laterais, nasceu em
Olhão e fez toda a formação e iniciou o percurso como sénior no Olhanense,
tendo por essa altura somado as primeiras de 24 internacionalizações pelas
seleções jovens de Portugal.
Depois de passagens pelo Leixões,
pelos espanhóis do Salamanca, do Celta
de Vigo e do Elche, pelos gregos do Platanias Chania e do Aris e pelos
romenos do Pandurii, assinou pelo Vitória
de Setúbal no verão de 2016.
Em três temporadas no Bonfim,
as duas últimas na condição de capitão de equipa, amealhou um total de 102
jogos e cinco golos em todas as competições, tendo ajudado os sadinos
a atingir a final da Taça
da Liga em 2017-18. “Vitória
é um clube enorme, que me catapultou para um nível superior a nível nacional e
por isso tenho de estar eternamente grato”, afirmou aquando da despedida do
clube, em agosto de 2019, quando se transferiu para os turcos do Umraniyespor.
O defesa algarvio haveria de
reentrar no futebol português pela porta do Desp.
Chaves em janeiro de 2021, tendo rumado ao Casa
Pia meio ano depois. Um dos esteios da equipa dos gansos
que subiu à I
Liga em 2021-22, está a ser um dos indiscutíveis para Filipe Martins neste
regresso do emblema lisboeta ao primeiro
escalão, numa altura em que já tem 36 anos.
Semedo (médio defensivo)
José Semedo |
Defesa central de origem, deu o
salto para o Sporting aos
13 anos, após ter deslumbrado num torneio na Costa da Caparica ao serviço
de Os
Pelezinhos. Em Alvalade fez
quase toda a formação, ainda que pelo meio o grande amigo Cristiano
Ronaldo tivesse de intervir para não o mandarem embora do centro de
estágio.
Em 2004-05, quando subiu a sénior
e já era internacional jovem português, foi emprestado ao Casa
Pia, emblema pelo qual atuou em 33 jogos e apontou três golos na II Divisão
B.
Na época seguinte voltou ao Sporting,
chegou a integrar a pré-época às ordens de José
Peseiro e a ser convocado para jogos do campeonato e da Taça
UEFA, mas não conseguiu almejar a desejada estreia em encontros oficiais,
tendo sido emprestado ao Feirense
em janeiro.
Entretanto prosseguiu a carreira
em Itália e
sobretudo em Inglaterra e
tornou-se médio defensivo, tendo regressado em Portugal no verão de 2017 pela
porta do Vitória
de Setúbal, realizando assim um sonho antigo. “Se eu pudesse escolher, para
o ano estaria no Vitória.
Porque é difícil? Porque saí de Portugal muito cedo e aqui não conhecem muito a
minha história a nível profissional, porque nunca fiz uma época regular
na I
Liga portuguesa. Se aparecer uma oportunidade para vir para o Vitória,
não vou pensar duas vezes. Seria um grande orgulho jogar perante a minha
família e no clube da minha cidade. Já não pedia mais nada a Deus”, afirmou ao
jornal O
Setubalense em outubro de 2016, quando ainda era jogador do
Sheffield Wednesday.
Desde então no Bonfim,
tornou-se capitão de equipa, permaneceu no plantel após a despromoção
administrativa ao Campeonato
de Portugal e leva já 149 jogos e sete golos pelo emblema
sadino.
Zeca (médio centro)
Zeca |
Médio lisboeta com toda a
formação feita no Casa
Pia, transitou para a equipa principal dos gansos
em 2007-08, época marcada pela conquista do título distrital da AF
Lisboa. Duas temporadas depois, em 2009-10, ajudou os casapianos
a sagrarem-se campeões da Série E da III Divisão Nacional e a conseguirem a
consequente promoção à II Divisão B. “Comecei aos nove e saí com 21 anos do Casa
Pia, também estive na escola da Casa
Pia. É um clube que me diz muito como jogador e como pessoa. Tenho um
grande carinho por eles”, disse à Rádio
Renascença em agosto de 2022.
Foi precisamente após a subida à
II B que deu o salto para o Vitória
de Setúbal, no verão de 2010. “O interesse do Vitória
de Setúbal aparece num jogo contra o Alcochetense, onde jogava o Tiago
Fernandes, filho do Manuel
Fernandes. O Manuel
Fernandes estava na bancada nesse jogo e, se não me engano, fiz um golo e
duas assistências, também fiz um penálti contra nós. No final do jogo o Tiago
Fernandes veio falar comigo, disse que o pai tinha gostado muito de mim e
perguntou se eu tinha empresário, porque gostavam de falar com ele”, contou à Tribuna
Expresso em março de 2021.
Na única época que passou no Bonfim,
em 2010-11, foi uma das revelações da I
Liga, tendo atuado em 32 jogos e apontado dois golos em todas as
competições. Pelo meio, em março de 2011, tornou-se internacional sub-23 por
Portugal.
No verão de 2011 transferiu-se
para o Panathinaikos e seis anos depois tornou-se internacional A… pela Grécia.
Pedro Santos (médio ofensivo)
Pedro Santos |
Médio ofensivo/extremo lisboeta
que jogou nas camadas jovens do Sporting
ao lado de Rui
Patrício, Daniel Carriço e Fábio Paím, concluiu a formação e iniciou o
percurso como sénior no Casa
Pia… ao lado de Zeca, tendo vivido a promoção à III Divisão em 2008 e a
subida à II Divisão B. “Quem passa no Casa
Pia, não esquece”, afirmou ao Maisfutebol,
em dezembro de 2019.
Tal como o companheiro de equipa,
também deu o salto após a promoção à II B, mas não um salto tão alto, tendo
ingressado no Leixões,
então na II
Liga.
Depois de duas épocas em
Matosinhos assinou pelo Vitória
de Setúbal em 2012-13, temporada em que atuou em 34 encontros e apontou
quatro golos em todas as provas.
Varela (extremo)
Silvestre Varela |
Extremo natural de Almada e que
concluiu a formação no Sporting,
foi emprestado pelos leões ao Casa
Pia em 2004-05, tendo brilhado na II Divisão B ao apontar onze golos em 36
jogos. “Não foi fácil [aceitar o empréstimo]. Era júnior, ia subir a sénior e
tinha feito uma grande época nos juniores; tinha feito muitos golos e pensei
que poderia ter a oportunidade de fazer a pré-época na equipa principal. Tinham
acabado com a equipa B e dispensaram todos os jogadores dos juniores, menos eu
e o José
Semedo. Fizeram-nos um contrato de um ano mais opção e emprestaram-nos ao Casa
Pia, com quem tinham um protocolo. Na altura não havia muita alternativa,
foi a solução que o clube me apresentou. Não fiquei muito feliz. Fiquei a
pensar no que se iria passar. Tinha 19 anos. Era uma realidade completamente
diferente, mas quando comecei no Casa
Pia encontrei uma família. Fui muito bem recebido, adorei o tempo que lá
passei, correu muito bem individualmente e coletivamente”, contou à Tribuna
Expresso em novembro de 2018.
A temporada correu-lhe tão bem
que em outubro de 2004 somou a primeira internacionalização pelas camadas
jovens, no caso a seleção de sub-21, em pleno… Estádio do Bonfim,
num Portugal-Rússia (2-0).
Na época seguinte voltou ao Sporting
(tal como Semedo),
mas não conseguiu afirmar-se na equipa principal, tendo sido emprestado ao Vitória
de Setúbal entre janeiro de 2006 e maio de 2007. Nesse período amealhou 53
jogos e seis golos pelo emblema
sadino. Paralelamente, marcou presença nos Campeonatos da Europa de sub-21
em 2006 e 2007.
Alex Freitas (extremo)
Alex Freitas |
Extremo madeirense internacional
jovem português e vice-campeão mundial de sub-20 em 2011, concluiu a formação
no FC
Porto, mas quando transitou para o futebol sénior viu-se obrigado a
procurar a sorte noutras paragens, tendo passado por Santa
Clara, Vitória
de Guimarães, Moreirense
e pelos italianos do Salernitana e do Pro Vercelli antes de assinar pelo Vitória
de Setúbal no verão de 2018.
No Bonfim
deu sequência a uma carreira bastante marcada por lesões – somente uma vez mais
de uma década enquanto sénior é que atingiu os 30 jogos numa temporada –, não
indo além de 19 jogos e um golo pela equipa principal dos sadinos
ao longo de dois anos. Paralelamente, jogou por seis ocasiões e marcou um golo
pelos sub-23 vitorianos.
No verão de 2020 deixou o Vitória,
após a despromoção administrativa dos setubalenses
ao Campeonato
de Portugal, e assinou pelo Casa
Pia, mas não foi além de onze jogos e um golo durante a primeira metade da
temporada, tendo depois rumado ao Cova
da Piedade.
Yannick Djaló (avançado)
Entretanto, o Sporting extinguiu
a equipa B e por isso Yannick
Djaló voltou aos juniores e foi emprestado ao Casa
Pia em 2005-06, temporada em que atuou em 26 jogos e apontou 16 golos
apesar da despromoção à III Divisão Nacional.
Entretanto ingressou na equipa
principal dos leões,
onde permaneceu entre 2006 e 2011, quando se transferiu para os franceses do
Nice. Contudo, a inscrição não foi aceite pela FIFA, em virtude de a
documentação ter entrado alguns minutos depois da hora do fecho do mercado, o
que o levou a um imbróglio que deixou o jogador inativo e… livre, tendo
assinado pelo Benfica em
janeiro de 2012.
Após passagens pelos franceses do
Toulouse, os norte-americanos do San Jose Earthquakes, os russos do Mordovia
Saransk e os tailandeses do Ratchaburi, voltou a Portugal pela porta do Vitória
de Setúbal no verão de 2017. “Um dos meus companheiros de quarto na
formação do Sporting era
o Semedo,
que é de Setúbal. O sonho dele era jogar no Vitória e
cresci a ouvir falar do clube. Em conversa recente, disse-me que estava a
treinar no Vitória para
manter a forma, e como o mister [José
Couceiro] já me tinha telefonado, juntou-se o útil ao agradável. Doze anos
depois, tínhamos uma oportunidade de nos reunir. O facto de o treinador me
conhecer bem, pesou bastante. Também foi determinante a minha vontade de jogar
no campeonato nacional, onde cresci e sonhava jogar quando estava nas camadas
jovens. E o Vitória é
um clube muito acarinhado, com adeptos espetaculares”, explicou na altura, em
entrevista ao Diário
de Notícias.
No entanto, Yannick
Djaló lesionou-se antes do início do campeonato e acabou por disputar
apenas dois jogos com a camisola sadina.
Rafael Martins (avançado)
Rafael Martins |
Avançado móvel brasileiro que
passou pelas camadas jovens do Internacional
de Porto Alegre e chegou a jogar pela equipa principal do Grêmio
ao lado de Jonas, entrou no futebol português pela porta do Vitória
de Setúbal no verão de 2013, por empréstimo do modesto Osasco Audax.
Na única temporada que passou no Bonfim
somou 34 jogos e 15 golos em todas as competições, o que lhe permitiu dar o
salto para a I
Liga Espanhola, mais precisamente para o Levante.
Entretanto regressou a Portugal,
passou pelo futebol chinês e voltou ao campeonato
luso, sempre com um registo interessante de golos. No verão de 2022 assinou
pelo Casa
Pia e leva já quatro golos em 16 partidas em todas as provas.
Filipe Moreira (treinador)
Quinze anos depois, em 2021-22,
comando o Vitória
de Setúbal na reta final da temporada, tendo somado duas vitórias, dois
empates e quatro derrotas, falhando o objetivo de subir à II
Liga.
Apesar das passagens negativas pelos
dois clubes, Filipe Moreira tem feito uma carreira marcada por várias subidas
de divisão.
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