quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Onze ideal de jogadores que passaram por Vitória FC e Casa Pia

Vitória e Casa Pia vão defrontar-se para a Taça de Portugal
Um histórico com pergaminhos na I Divisão, taças e provas europeias, o Vitória Futebol Clube, e um outro emblema centenário que se autointitula o fundador do desporto em Portugal, o Casa Pia, coincidiram no Campeonato de Lisboa durante a década de 1920 e na II Divisão Nacional em 1942-43 e 1951-52, mas esta quinta-feira vão defrontar-se pela segunda vez na Taça de Portugal.
 
Ao longo de cerca de um século, os sadinos estiveram quase sempre por cima dos casapianos na hierarquia do futebol português, mas essa tendência inverteu-se em 2020. Na altura, os setubalenses foram despromovidos da I Liga ao Campeonato de Portugal devido a decisão administrativa, o que levou a que os gansos, que haviam descido ao Campeonato de Portugal depois do término antecipado da II Liga devido à pandemia de covid-19, fossem repescados para o segundo escalão.
 
Depois desse verão tumultuoso no futebol português, o Casa Pia conseguiu reorganizar-se e preparar-se melhor para a exigência das ligas profissionais, ao ponto de ter conseguido subir à II Liga em 2022. Por outro lado, o Vitória tem estado perto, mas ainda não almejou o desejado regresso às provas sob a égide da Liga Portugal.
 
Ao longo desse mais de 100 anos, o Vitória teve nos seus quadros jogadores que já tinham pertencido ao Casa Pia e vice-versa.
 
Vale por isso a pena conferir o nosso onze ideal de futebolistas que passaram pelos dois clubes, distribuídos em campo num 3x5x2.
 

Ricardo Batista (guarda-redes)

Ricardo Batista
Guarda-redes natural de Setúbal e formado no Vitória, tornou-se internacional sub-19 em setembro de 2004, numa altura em que atuava pelos juniores vitorianos.
No verão seguinte mudou-se para os ingleses do Fulham, tendo ainda passado por Sporting, Olhanense e Nacional antes de ingressar na equipa principal dos sadinos em 2014-15, temporada em que participou em 19 jogos e sofreu 28 golos. “O Vitória sempre foi uma prioridade para a minha carreira, porque fiz aqui a minha formação, enquanto homem e profissional. Por isso, é naturalmente um regresso a casa”, afirmou aos jornalistas quando foi anunciado como reforço dos setubalenses, em junho de 2014.
Após passagens pelos angolanos do Recreativo Desportivo do Libolo e pelos romenos do Gaz Metan, assinou pelo Casa Pia no verão de 2020 e afirmou-se como um dos esteios da equipa que alcançou a subida à I Liga em 2022.
Em 2022-23 defende a baliza dos gansos no primeiro escalão.
 
 
 

Pité (defesa)

Pité
Defesa de posição, teve duas passagens pelo Casa Pia, primeiro entre 1928 e 1931 e depois entre 1936 e 1941, tendo feito parte da primeira equipa dos casapianos a participar na I Divisão, em 1938-39, depois de contribuir para a obtenção do quarto lugar no Campeonato de Lisboa.
Pelo meio, entre 1933 e 1936, representou o Vitória de Setúbal, clube que em 1934-35 lhe deu a possibilidade de se estrear no primeiro escalão do futebol português.
 
 

Miguel Lourenço (defesa)

Miguel Lourenço
Defesa natural do concelho de Sesimbra, ingressou nos iniciados do Vitória de Setúbal em 2006-07 e ao fim de pouco mais de um ano, em dezembro de 2007, tornou-se internacional sub-16, conseguindo a primeira de 13 internacionalizações que haveria de somar pelas jovens seleções lusas.
Na primeira época de sénior, em 2011-12, foi emprestado ao Casa Pia, numa altura em que os gansos militavam na III Divisão Nacional.
Na temporada seguinte regressou aos sadinos, pelos quais haveria de somar 51 jogos e três golos em todas as provas até 2016 – pelo meio esteve cedido ao Santa Clara em 2013-14
Após passagens pelos azeris do Zira, por União da Madeira e Mafra, regressou ao Vitória em 2021-22 para competir na Liga 3, numa época em que atuou em dez partidas.
 
 
 

Vasco Fernandes (defesa)

Vasco Fernandes
Defesa polivalente, que atua preferencialmente no eixo defensivo, mas que já jogou nas laterais, nasceu em Olhão e fez toda a formação e iniciou o percurso como sénior no Olhanense, tendo por essa altura somado as primeiras de 24 internacionalizações pelas seleções jovens de Portugal.
Depois de passagens pelo Leixões, pelos espanhóis do Salamanca, do Celta de Vigo e do Elche, pelos gregos do Platanias Chania e do Aris e pelos romenos do Pandurii, assinou pelo Vitória de Setúbal no verão de 2016.
Em três temporadas no Bonfim, as duas últimas na condição de capitão de equipa, amealhou um total de 102 jogos e cinco golos em todas as competições, tendo ajudado os sadinos a atingir a final da Taça da Liga em 2017-18. “Vitória é um clube enorme, que me catapultou para um nível superior a nível nacional e por isso tenho de estar eternamente grato”, afirmou aquando da despedida do clube, em agosto de 2019, quando se transferiu para os turcos do Umraniyespor.
O defesa algarvio haveria de reentrar no futebol português pela porta do Desp. Chaves em janeiro de 2021, tendo rumado ao Casa Pia meio ano depois. Um dos esteios da equipa dos gansos que subiu à I Liga em 2021-22, está a ser um dos indiscutíveis para Filipe Martins neste regresso do emblema lisboeta ao primeiro escalão, numa altura em que já tem 36 anos.
 
 
 

Semedo (médio defensivo)

José Semedo
Defesa central de origem, deu o salto para o Sporting aos 13 anos, após ter deslumbrado num torneio na Costa da Caparica ao serviço de Os Pelezinhos. Em Alvalade fez quase toda a formação, ainda que pelo meio o grande amigo Cristiano Ronaldo tivesse de intervir para não o mandarem embora do centro de estágio.
Em 2004-05, quando subiu a sénior e já era internacional jovem português, foi emprestado ao Casa Pia, emblema pelo qual atuou em 33 jogos e apontou três golos na II Divisão B.
Na época seguinte voltou ao Sporting, chegou a integrar a pré-época às ordens de José Peseiro e a ser convocado para jogos do campeonato e da Taça UEFA, mas não conseguiu almejar a desejada estreia em encontros oficiais, tendo sido emprestado ao Feirense em janeiro.
Entretanto prosseguiu a carreira em Itália e sobretudo em Inglaterra e tornou-se médio defensivo, tendo regressado em Portugal no verão de 2017 pela porta do Vitória de Setúbal, realizando assim um sonho antigo. “Se eu pudesse escolher, para o ano estaria no Vitória. Porque é difícil? Porque saí de Portugal muito cedo e aqui não conhecem muito a minha história a nível profissional, porque nunca fiz uma época regular na I Liga portuguesa. Se aparecer uma oportunidade para vir para o Vitória, não vou pensar duas vezes. Seria um grande orgulho jogar perante a minha família e no clube da minha cidade. Já não pedia mais nada a Deus”, afirmou ao jornal O Setubalense em outubro de 2016, quando ainda era jogador do Sheffield Wednesday.
Desde então no Bonfim, tornou-se capitão de equipa, permaneceu no plantel após a despromoção administrativa ao Campeonato de Portugal e leva já 149 jogos e sete golos pelo emblema sadino.
 
 
 

Zeca (médio centro)

Zeca
Médio lisboeta com toda a formação feita no Casa Pia, transitou para a equipa principal dos gansos em 2007-08, época marcada pela conquista do título distrital da AF Lisboa. Duas temporadas depois, em 2009-10, ajudou os casapianos a sagrarem-se campeões da Série E da III Divisão Nacional e a conseguirem a consequente promoção à II Divisão B. “Comecei aos nove e saí com 21 anos do Casa Pia, também estive na escola da Casa Pia. É um clube que me diz muito como jogador e como pessoa. Tenho um grande carinho por eles”, disse à Rádio Renascença em agosto de 2022.
Foi precisamente após a subida à II B que deu o salto para o Vitória de Setúbal, no verão de 2010. “O interesse do Vitória de Setúbal aparece num jogo contra o Alcochetense, onde jogava o Tiago Fernandes, filho do Manuel Fernandes. O Manuel Fernandes estava na bancada nesse jogo e, se não me engano, fiz um golo e duas assistências, também fiz um penálti contra nós. No final do jogo o Tiago Fernandes veio falar comigo, disse que o pai tinha gostado muito de mim e perguntou se eu tinha empresário, porque gostavam de falar com ele”, contou à Tribuna Expresso em março de 2021.
Na única época que passou no Bonfim, em 2010-11, foi uma das revelações da I Liga, tendo atuado em 32 jogos e apontado dois golos em todas as competições. Pelo meio, em março de 2011, tornou-se internacional sub-23 por Portugal.
No verão de 2011 transferiu-se para o Panathinaikos e seis anos depois tornou-se internacional A… pela Grécia.
 
 
 

Pedro Santos (médio ofensivo)

Pedro Santos
Médio ofensivo/extremo lisboeta que jogou nas camadas jovens do Sporting ao lado de Rui Patrício, Daniel Carriço e Fábio Paím, concluiu a formação e iniciou o percurso como sénior no Casa Pia… ao lado de Zeca, tendo vivido a promoção à III Divisão em 2008 e a subida à II Divisão B. “Quem passa no Casa Pia, não esquece”, afirmou ao Maisfutebol, em dezembro de 2019.
Tal como o companheiro de equipa, também deu o salto após a promoção à II B, mas não um salto tão alto, tendo ingressado no Leixões, então na II Liga.
Depois de duas épocas em Matosinhos assinou pelo Vitória de Setúbal em 2012-13, temporada em que atuou em 34 encontros e apontou quatro golos em todas as provas.
Após um ano no Bonfim, transferiu-se para o Sp. Braga.
 
 
 

Varela (extremo)

Silvestre Varela
Extremo natural de Almada e que concluiu a formação no Sporting, foi emprestado pelos leões ao Casa Pia em 2004-05, tendo brilhado na II Divisão B ao apontar onze golos em 36 jogos. “Não foi fácil [aceitar o empréstimo]. Era júnior, ia subir a sénior e tinha feito uma grande época nos juniores; tinha feito muitos golos e pensei que poderia ter a oportunidade de fazer a pré-época na equipa principal. Tinham acabado com a equipa B e dispensaram todos os jogadores dos juniores, menos eu e o José Semedo. Fizeram-nos um contrato de um ano mais opção e emprestaram-nos ao Casa Pia, com quem tinham um protocolo. Na altura não havia muita alternativa, foi a solução que o clube me apresentou. Não fiquei muito feliz. Fiquei a pensar no que se iria passar. Tinha 19 anos. Era uma realidade completamente diferente, mas quando comecei no Casa Pia encontrei uma família. Fui muito bem recebido, adorei o tempo que lá passei, correu muito bem individualmente e coletivamente”, contou à Tribuna Expresso em novembro de 2018.
A temporada correu-lhe tão bem que em outubro de 2004 somou a primeira internacionalização pelas camadas jovens, no caso a seleção de sub-21, em pleno… Estádio do Bonfim, num Portugal-Rússia (2-0).
Na época seguinte voltou ao Sporting (tal como Semedo), mas não conseguiu afirmar-se na equipa principal, tendo sido emprestado ao Vitória de Setúbal entre janeiro de 2006 e maio de 2007. Nesse período amealhou 53 jogos e seis golos pelo emblema sadino. Paralelamente, marcou presença nos Campeonatos da Europa de sub-21 em 2006 e 2007.
 
 
 

Alex Freitas (extremo)

Alex Freitas
Extremo madeirense internacional jovem português e vice-campeão mundial de sub-20 em 2011, concluiu a formação no FC Porto, mas quando transitou para o futebol sénior viu-se obrigado a procurar a sorte noutras paragens, tendo passado por Santa Clara, Vitória de Guimarães, Moreirense e pelos italianos do Salernitana e do Pro Vercelli antes de assinar pelo Vitória de Setúbal no verão de 2018.
No Bonfim deu sequência a uma carreira bastante marcada por lesões – somente uma vez mais de uma década enquanto sénior é que atingiu os 30 jogos numa temporada –, não indo além de 19 jogos e um golo pela equipa principal dos sadinos ao longo de dois anos. Paralelamente, jogou por seis ocasiões e marcou um golo pelos sub-23 vitorianos.
No verão de 2020 deixou o Vitória, após a despromoção administrativa dos setubalenses ao Campeonato de Portugal, e assinou pelo Casa Pia, mas não foi além de onze jogos e um golo durante a primeira metade da temporada, tendo depois rumado ao Cova da Piedade.
 
 
 

Yannick Djaló (avançado)

Yannick Djaló
Avançado móvel com quase toda a formação feita no Sporting, estreou-se pelos bês leoninos quando ainda era júnior de primeiro ano, em 2003-04, tendo atuado em dez partidas e apontado um golo na II Divisão B.
Entretanto, o Sporting extinguiu a equipa B e por isso Yannick Djaló voltou aos juniores e foi emprestado ao Casa Pia em 2005-06, temporada em que atuou em 26 jogos e apontou 16 golos apesar da despromoção à III Divisão Nacional.
Entretanto ingressou na equipa principal dos leões, onde permaneceu entre 2006 e 2011, quando se transferiu para os franceses do Nice. Contudo, a inscrição não foi aceite pela FIFA, em virtude de a documentação ter entrado alguns minutos depois da hora do fecho do mercado, o que o levou a um imbróglio que deixou o jogador inativo e… livre, tendo assinado pelo Benfica em janeiro de 2012.
Após passagens pelos franceses do Toulouse, os norte-americanos do San Jose Earthquakes, os russos do Mordovia Saransk e os tailandeses do Ratchaburi, voltou a Portugal pela porta do Vitória de Setúbal no verão de 2017. “Um dos meus companheiros de quarto na formação do Sporting era o Semedo, que é de Setúbal. O sonho dele era jogar no Vitória e cresci a ouvir falar do clube. Em conversa recente, disse-me que estava a treinar no Vitória para manter a forma, e como o mister [José Couceiro] já me tinha telefonado, juntou-se o útil ao agradável. Doze anos depois, tínhamos uma oportunidade de nos reunir. O facto de o treinador me conhecer bem, pesou bastante. Também foi determinante a minha vontade de jogar no campeonato nacional, onde cresci e sonhava jogar quando estava nas camadas jovens. E o Vitória é um clube muito acarinhado, com adeptos espetaculares”, explicou na altura, em entrevista ao Diário de Notícias.
No entanto, Yannick Djaló lesionou-se antes do início do campeonato e acabou por disputar apenas dois jogos com a camisola sadina.
 
 

Rafael Martins (avançado)

Rafael Martins
Avançado móvel brasileiro que passou pelas camadas jovens do Internacional de Porto Alegre e chegou a jogar pela equipa principal do Grêmio ao lado de Jonas, entrou no futebol português pela porta do Vitória de Setúbal no verão de 2013, por empréstimo do modesto Osasco Audax.
Na única temporada que passou no Bonfim somou 34 jogos e 15 golos em todas as competições, o que lhe permitiu dar o salto para a I Liga Espanhola, mais precisamente para o Levante.
Entretanto regressou a Portugal, passou pelo futebol chinês e voltou ao campeonato luso, sempre com um registo interessante de golos. No verão de 2022 assinou pelo Casa Pia e leva já quatro golos em 16 partidas em todas as provas.
 
 
 

Filipe Moreira (treinador)

Filipe Moreira
Treinador com um longo trajeto nas divisões secundárias do futebol português, passou pelo Casa Pia em 2006-07, numa época em que registo dez vitórias, dez empates e 12 derrotas, tendo ficado associado à despromoção aos distritais da AF Lisboa.
Quinze anos depois, em 2021-22, comando o Vitória de Setúbal na reta final da temporada, tendo somado duas vitórias, dois empates e quatro derrotas, falhando o objetivo de subir à II Liga.
Apesar das passagens negativas pelos dois clubes, Filipe Moreira tem feito uma carreira marcada por várias subidas de divisão.








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