Dez futebolistas importantes na história do Leça |
Fundado a 21 de março de 1912, o Leça
Futebol Clube viveu o seu período áureo na segunda metade da década de
1990, quando se sagrou campeão da II
Liga e somou três presenças consecutivas na I
Liga, tendo apenas descida de divisão por via administrativa, devido ao
Caso Guímaro.
Na altura, o árbitro José Guímaro
foi condenado por corrupção passiva após ter sido encontrado em sua casa um
cheque de 500 contos passado pelo presidente leceiro,
Manuel Rodrigues. Em causa terá estado um jogo frente ao Académico de Viseu em
1993, para o apuramento do campeão nacional da II Divisão B, que terá sido
falseado através da intervenção do juiz da partida. No entanto, a história
centenária do Leça
está longe de se esgotar nesse acontecimento menos feliz.
Em 1941-42 o emblema
do concelho de Matosinhos participou pela primeira vez na I
Divisão após ter terminado o Campeonato do Porto na segunda posição,
atrás do Académico
do Porto e à frente do FC
Porto. Porém, os verde
e brancos não foram além do 12.º e último lugar.
Nas cinco décadas que se seguiram
o Leça
competiu quase sempre nos campeonatos nacionais, mas afastado das luzes da
ribalta. Porém, viria a voltar ao convívio
dos grandes entre 1995 e 1998, no culminar de uma ascensão meteórica
iniciada em 1991-92 com a subida da III à II Divisão B. Em 1997-98 alcançou a
melhor classificação da sua história, o 12.º lugar, mas acabou por descer de
divisão na secretaria.
A partir dessa despromoção, os leceiros
entraram numa espiral negativa que os haveria de levar em 2013 e depois em 2023 até aos
distritais da AF
Porto, onde presentemente competem.
Paralelamente, o melhor que o
clube conseguiu na Taça
de Portugal foi atingir os quartos de final em 1994-95, época em que
se sagrou campeão da II
Liga, prova em que somam sete presenças (1993 a 1995 e 1998 a 2003).
10. Orlando (60 jogos)
Orlando |
Disputou o mesmo número de jogos de Welder, mas amealhou mais 1135
minutos em campo – 5046 contra 3911.
Defesa direito natural de Coimbra, passou por União
de Coimbra, Académica,
União
de Leiria, Moreirense
e Sp. Espinho antes de ingressar no Leça
no verão de 1993.
Em duas épocas de verde
e branco amealhou 60 partidas (todas como titular) e dois golos na II
Liga, tendo contribuído para a conquista do título do segundo
escalão e para a caminhada até aos quartos de final da Taça
de Portugal em 1994-95.
Consumada a promoção à I
Liga, regressou ao Moreirense.
9. Fran (61 jogos)
Fran |
Atacante espanhol que no seu país tinha representado o modesto Racing de
Ferrol e a equipa B do Celta
de Vigo, ingresso no Leça
na fase final da temporada 1996-97, tendo na época seguinte marcado o golo de
uma vitória caseira e histórica sobre o Sporting
e contribuído para a obtenção do 12.º lugar, a melhor classificação de sempre
do clube no primeiro escalão.
Após a despromoção administrativa dos leceiros
à II
Liga, Fran permaneceu no clube, tendo amealhado 61 partidas (48 a titular)
e 25 golos no segundo
escalão entre 1998 e 2000.
Depois de três anos e meio no futebol português, regressou ao Racing de
Ferrol.
8. Nando (62 jogos)
Na primeira época no emblema
do concelho de Matosinhos, este internacional jovem português sagrou-se
campeão da II Liga, numa campanha em que atuou em 33 encontros (todos como titular) e
apontou três golos na competição, e atingiu os quartos de final da Taça de Portugal.
Seguiram-se três temporadas na I
Liga, tendo contribuído em 1997-98 para a obtenção do 12.º lugar, a melhor
classificação de sempre do clube no primeiro escalão.
Depois da descida administrada causada pelo Caso Guímaro continuou mais
um ano no clube, tendo participado em 29 partidas (25 a titular) e apontado
dois golos na II
Liga em 1998-99, rumando depois ao Marco.
7. Noverça (64 jogos)
Avançado nascido no Porto e que começou a jogar futebol no Leixões,
passou por Tirsense
e Desp.
Aves antes de assinar pela ingressar pela primeira vez no Leça
em 1997-98, época em que contribuiu para a do 12.º lugar na I
Liga, a melhor classificação da história do clube.
Depois da descida administrada causada pelo Caso Guímaro permaneceu mais um
ano no clube, tendo atuado em 31 partidas (27 a titular) e apontado 15 golos,
diante de Desp.
Aves (três), Feirense,
Estoril
(dois), Penafiel,
Esposende,
Paços
de Ferreira, Gil
Vicente, Belenenses,
União da Madeira, Moreirense
(dois) e Sp. Espinho, na II
Liga em 1998-99.
No verão de 1999 transferiu-se para o Penafiel,
tendo ainda passado por Gil
Vicente e Desp.
Aves antes de regressar ao Leça
em 2001-02, temporada em que participou em 33 encontros (26 a titular) no segundo
escalão e somou onze remates certeiros, frente a Rio
Ave, União de Lamas, Penafiel,
Ovarense,
Oliveirense
(dois), Campomaiorense
(dois), Estrela
da Amadora, Desp.
Chaves e Desp.
Aves.
No final dessa época voltou ao Penafiel.
6. Constantino (73 jogos)
Constantino |
Também conhecido por Tino Bala, é, de longe, o melhor marcador de sempre do
Leça
na I Divisão, com 42 golos, e provavelmente o primeiro nome que vem à cabeça de
qualquer adepto quando se fala no clube
do concelho de Matosinhos. “Eu nunca vi ninguém como o Tino
Bala. Fazia golos de todas as formas e feitios. Esperava, desaparecia,
fugia para espaços estranhos e surgia a finalizar. Nasceu mesmo para fazer
golos”, confessou Serifo ao Maisfutebol.
Avançado goleador de baixa estatura (1,70), foi formado e revelado
pelo Salgueiros, mas não encontrou muito espaço na equipa principal e por isso foi rodar
para as divisões secundárias, tendo passado por Recreio de Águeda, Desp. Aves e União de Lamas antes de reforçar o Leça
no verão de 1993 por indicação de... Reinaldo Teles.
"Quem me diz para ir para o Leça
foi o Reinaldo Teles, do FC
Porto, que teve uma reunião comigo e me aconselhou a ir para o Leça,
mas com contrato apenas com o Leça,
porque o treinador desse primeiro ano na II
Liga era o Frasco, antiga glória do FC
Porto. Fui muito bem-recebido por todos, o Leça tinha um relvado fantástico,
boas instalações e os adeptos sempre gostaram de mim", recordou a O Blog do David.
Nas duas primeiras épocas no clube amealhou 49 jogos (34 a titular) e 15
golos na II
Liga, tendo em 1994-95 conquistado o título nacional do segundo
escalão e atingido os quartos de final da Taça
de Portugal. “Massacrámos quase todas as equipas e fomos promovidos com
mérito. Essa equipa era fantástica, há quem diga que é a melhor da história do Leça.
Tínhamos uma união enorme. Lembro-me que íamos jantar todos tantas e tantas
vezes. Tudo começava nesses jantares. Aliás, o Leça
sempre foi conhecido pela união das suas equipas. Por isso, conseguia fazer
pequenos milagres”, recordou ao Maisfutebol em maio de 2019.
Seguiram-se três temporadas na I
Liga em que superou sempre a dúzia de golos, ajudando a formação
do concelho de Matosinhos a alcançar em 1997-98 a melhor classificação da
sua história, o 12.º lugar.
Entretanto rebentou o Caso Guímaro e os leceiros
foram despromovidos na secretaria. "O Caso Guímaro foi uma injustiça para
o Leça
numa altura em que o Leça
estava estabilizado na I
Liga. Isso quase que acabou com o clube, que caiu para os distritais",
lamentou.
Após a descida de divisão, Constantino mudou-se para os espanhóis do Levante,
tendo ajudado o emblema
de Valência a subir à II
Liga.
Depois de passagens por Campomaiorense
e União de Lamas, regressou ao Leça
em 2001 para mais três temporadas no clube, as duas primeiras na II
Liga – e a última na II
Divisão B –, durante as quais totalizou
24 partidas (sete a titular) e quatro golos.
Após encerrar a carreira iniciou
a de treinador, tendo desempenhado as funções de adjunto na equipa principal
dos leceiros
entre 2006 e 2009.
"Sinto-me uma referência do Leça.
Ainda hoje falam dos meus golos no clube, os adeptos no Facebook dizem-me
sempre que fui o goleador Tino
Bala, mas foi com a ajuda de todos os meus companheiros que atingi o
estatuto de goleador", afirmou ao nosso blogue.
Atualmente é funcionário de uma
empresa municipal responsável pela gestão das infraestruturas desportivas em
Matosinhos.
5. Armando (79 jogos)
Armando |
Defesa lateral de baixa estatura (1,69 m) capaz de jogar à direita e à
esquerda, começou a jogar futebol no clube da terra que o viu nascer, o Paços de Ferreira, mas em 1992 mudou-se para o Leça,
então a militar na II Divisão B.
Na primeira época no emblema
do concelho de Matosinhos alcançou a promoção à II Liga, patamar em que amealhou 47 partidas (46 a titular) e dois golos entre
1993 e 1995. Em 1994-95 sagrou-se campeão do segundo escalão e atingiu os quartos de final da Taça de Portugal.
Seguiram-se três temporadas na I
Liga, revelando-se um jogador importante para a obtenção do 12.º lugar em
1997-98, a melhor classificação de sempre dos verde
e brancos no patamar maior do futebol português.
Após a despromoção administrativa causada pelo Caso Guímaro, permaneceu
mais duas temporadas no Leça,
na II Liga, nas quais totalizou 32 jogos (30 a titular) no campeonato, tendo
encerrado a carreira em 2000-01 ao serviço do vizinho e rival Leixões.
4. Mesquita (81 jogos)
Após se sagrar campeão da II
Liga ao serviço do Gil
Vicente, Mesquita regressou aos leceiros
no verão de 1999 para amealhar 81 partidas (77 a titular) ao longo de três
temporadas no segundo
escalão.
Em meados de 2002 transferiu-se para a Naval.
Após encerrar a carreira de futebolista iniciou a de treinador, tendo
desempenhado no Leça
as funções de treinador-adjunto em 2008-09 e de técnico principal na época
seguinte.
3. Alfaia (98 jogos)
Alfaia |
Defesa central timorense, mas desde tenra idade radicado no Alto
Alentejo, passou por clubes como Estrela de Portalegre, Campomaiorense, O
Elvas, Académica e Rio
Ave antes de assinar pelo Leça
no verão de 1993.
Nas primeiras duas temporadas no emblema
do concelho de Matosinhos amealhou 51 jogos (50 a titular) e dois golos na II
Liga, tendo contribuído para a conquista do título do segundo
escalão e para a caminhada até aos quartos de final da Taça
de Portugal em 1994-95.
Seguiram-se três épocas na I
Liga, ajudando os leceiros
a alcançar em 1997-98 a sua melhor classificação de sempre, o 12.º lugar, apesar
da despromoção administrativa que viria a acontecer.
Após a descida à II
Liga permaneceu mais dois anos no clube, nos quais totalizou 47 encontros
(todos como titular) e quatro golos no campeonato, regressando depois ao O
Elvas.
2. Zé da Rocha (101 jogos)
Zé da Rocha |
Médio cabo-verdiano,
entrou no futebol português pela porta do Académico Viseu em 1990, tendo ainda
passado por Gil
Vicente, Académica e Rio
Ave antes de ingressar no Leça
no verão de 1995.
Nas primeiras três épocas nos leceiros
jogou na I
Liga, tendo contribuído para a obtenção da melhor classificação de sempre
do clube no primeiro
escalão, o 12.º lugar.
Após a descida de divisão administrativa permaneceu mais quatro anos no
clube, até 2002. Ao longo desse período amealhou 101 encontros (95 a titular)
na II
Liga, rumando depois ao Feirense.
Paralelamente, tornou-se internacional A por Cabo
Verde em abril de 2000.
1. Serifo (106 jogos)
Quando chegou a Leça da Palmeira, foi para jogar na III Divisão, e após
ter subido à II Divisão B em 1990, descido à III no ano seguinte, subiu duas
divisões até chegar à II
Liga, patamar em que amealhou 42 jogos (31 a titular) e seis
golos entre 1993 e 1995, tendo conquistado o título nacional do segundo
escalão e atingido os quartos de final da Taça
de Portugal em 1994-95. “Foi fantástico. O Leça
tinha poucos adeptos, mas toda a gente vivia intensamente o clube. É um sítio
pequeno, mas muito bonito. Habituei-me a esse ambiente, a andar na rua e a
falar com todos”, recordou ao Maisfutebol em
maio de 2019. “Não me esqueço do jogo da subida à I
Liga, em Paços
de Ferreira. Tivemos dois jogadores expulsos na primeira parte e vencemos
1-0. O Sérgio
[Conceição] fez um jogo brilhante, fez o corredor direito de cima a baixo”,
acrescentou.
Pelo meio brilhou numa eliminatória da prova rainha em Alvalade,
em dezembro de 1993, marcando um bonito golo, com um chapéu a Lemajic.
Seguiram-se três épocas muito bem conseguidas na I
Liga, tendo contribuído para a obtenção da melhor classificação de sempre
do clube na I
Liga, o 12.º lugar, apesar de depois ter surgido o Caso Guímaro. “Nem gosto
de falar disso. Já estávamos na I
Liga, acabámos essa terceira época no 12º lugar e andámos perto dos lugares
europeus. O nosso treinador, o grande Vítor Manuel, via passar um avião no
treino e dizia ‘meus meninos, para o ano somos nós a andar nas nuvens da UEFA’.
E depois… acontece esse escândalo e o Leça
desce”, confessou ao portal desportivo. “Não queria acreditar. Vi a notícia na
televisão, mas inicialmente não liguei. Nós ainda fizemos a pré-época para
jogar na I
Liga. Fomos surpreendidos, foi um choque. Estávamos a estagiar na Urgeiriça
e de repente aconteceu aquilo. Uma tristeza”, aditou.
Após a despromoção administrativa continuou no clube até 2003, encerrando
a carreira após a descida à II Divisão B. Nesse período totalizou 64 encontros
(48 a titular) e 16 remates certeiros na II
Liga. “Apaixonei-me pelo Leça
e fiquei preso a essa emoção. Sempre fui assim. Cheguei a Portugal com 18 ou 19
anos, e fui acolhido pelo Leça.
Depois… sim, tive várias abordagens de outros clubes, inclusivamente dos três
grandes, mas as direções do Leça
tentaram sempre que eu ficasse. E eu fui ficando. Foram 16 anos em Leça da
Palmeira, centenas de jogos”, contou.
Em 2009 voltou ao clube para ser adjunto de Pedro Mesquita. “Correu bem,
mas o clube continuava com os problemas financeiros do costume. Gostei da
experiência”, assumiu.
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