quinta-feira, 21 de março de 2024

Os 10 jogadores com mais jogos pelo Leça na II Liga

Dez futebolistas importantes na história do Leça
Fundado a 21 de março de 1912, o Leça Futebol Clube viveu o seu período áureo na segunda metade da década de 1990, quando se sagrou campeão da II Liga e somou três presenças consecutivas na I Liga, tendo apenas descida de divisão por via administrativa, devido ao Caso Guímaro.
 
Na altura, o árbitro José Guímaro foi condenado por corrupção passiva após ter sido encontrado em sua casa um cheque de 500 contos passado pelo presidente leceiro, Manuel Rodrigues. Em causa terá estado um jogo frente ao Académico de Viseu em 1993, para o apuramento do campeão nacional da II Divisão B, que terá sido falseado através da intervenção do juiz da partida. No entanto, a história centenária do Leça está longe de se esgotar nesse acontecimento menos feliz.
 
Em 1941-42 o emblema do concelho de Matosinhos participou pela primeira vez na I Divisão após ter terminado o Campeonato do Porto na segunda posição, atrás do Académico do Porto e à frente do FC Porto. Porém, os verde e brancos não foram além do 12.º e último lugar.
 
Nas cinco décadas que se seguiram o Leça competiu quase sempre nos campeonatos nacionais, mas afastado das luzes da ribalta. Porém, viria a voltar ao convívio dos grandes entre 1995 e 1998, no culminar de uma ascensão meteórica iniciada em 1991-92 com a subida da III à II Divisão B. Em 1997-98 alcançou a melhor classificação da sua história, o 12.º lugar, mas acabou por descer de divisão na secretaria.
 
A partir dessa despromoção, os leceiros entraram numa espiral negativa que os haveria de levar em 2013 e depois em 2023 até aos distritais da AF Porto, onde presentemente competem.
 
Paralelamente, o melhor que o clube conseguiu na Taça de Portugal foi atingir os quartos de final em 1994-95, época em que se sagrou campeão da II Liga, prova em que somam sete presenças (1993 a 1995 e 1998 a 2003).
 
Vale por isso a pena recordar os dez jogadores com mais jogos pelo Leça na II Liga.
 

10. Orlando (60 jogos)

Orlando
Disputou o mesmo número de jogos de Welder, mas amealhou mais 1135 minutos em campo – 5046 contra 3911.
Defesa direito natural de Coimbra, passou por União de Coimbra, Académica, União de Leiria, Moreirense e Sp. Espinho antes de ingressar no Leça no verão de 1993.
Em duas épocas de verde e branco amealhou 60 partidas (todas como titular) e dois golos na II Liga, tendo contribuído para a conquista do título do segundo escalão e para a caminhada até aos quartos de final da Taça de Portugal em 1994-95.
Consumada a promoção à I Liga, regressou ao Moreirense.
 
 

9. Fran (61 jogos)

Fran
Atacante espanhol que no seu país tinha representado o modesto Racing de Ferrol e a equipa B do Celta de Vigo, ingresso no Leça na fase final da temporada 1996-97, tendo na época seguinte marcado o golo de uma vitória caseira e histórica sobre o Sporting e contribuído para a obtenção do 12.º lugar, a melhor classificação de sempre do clube no primeiro escalão.
Após a despromoção administrativa dos leceiros à II Liga, Fran permaneceu no clube, tendo amealhado 61 partidas (48 a titular) e 25 golos no segundo escalão entre 1998 e 2000.
Depois de três anos e meio no futebol português, regressou ao Racing de Ferrol.
 
 
 

8. Nando (62 jogos)

Nando
Lateral esquerdo nascido na cidade angolana de Calulo, mas radicado no Algarve desde tenra idade, despontou no Torralta, estreou-se na I Liga com a camisola do Rio Ave e jogou ainda por Vitória de SetúbalPenafiel e Ovarense na II Liga antes de reforçar o Leça no verão de 1994.
Na primeira época no emblema do concelho de Matosinhos, este internacional jovem português sagrou-se campeão da II Liga, numa campanha em que atuou em 33 encontros (todos como titular) e apontou três golos na competição, e atingiu os quartos de final da Taça de Portugal.
Seguiram-se três temporadas na I Liga, tendo contribuído em 1997-98 para a obtenção do 12.º lugar, a melhor classificação de sempre do clube no primeiro escalão.
Depois da descida administrada causada pelo Caso Guímaro continuou mais um ano no clube, tendo participado em 29 partidas (25 a titular) e apontado dois golos na II Liga em 1998-99, rumando depois ao Marco.
 
 

7. Noverça (64 jogos)

Noverça
O melhor marcador de sempre do Leça na II Liga, com 26 golos.
Avançado nascido no Porto e que começou a jogar futebol no Leixões, passou por Tirsense e Desp. Aves antes de assinar pela ingressar pela primeira vez no Leça em 1997-98, época em que contribuiu para a do 12.º lugar na I Liga, a melhor classificação da história do clube.
Depois da descida administrada causada pelo Caso Guímaro permaneceu mais um ano no clube, tendo atuado em 31 partidas (27 a titular) e apontado 15 golos, diante de Desp. Aves (três), Feirense, Estoril (dois), Penafiel, Esposende, Paços de Ferreira, Gil Vicente, Belenenses, União da Madeira, Moreirense (dois) e Sp. Espinho, na II Liga em 1998-99.
No verão de 1999 transferiu-se para o Penafiel, tendo ainda passado por Gil Vicente e Desp. Aves antes de regressar ao Leça em 2001-02, temporada em que participou em 33 encontros (26 a titular) no segundo escalão e somou onze remates certeiros, frente a Rio Ave, União de Lamas, Penafiel, Ovarense, Oliveirense (dois), Campomaiorense (dois), Estrela da Amadora, Desp. Chaves e Desp. Aves.
No final dessa época voltou ao Penafiel.
 
 

6. Constantino (73 jogos)

Constantino
Também conhecido por Tino Bala, é, de longe, o melhor marcador de sempre do Leça na I Divisão, com 42 golos, e provavelmente o primeiro nome que vem à cabeça de qualquer adepto quando se fala no clube do concelho de Matosinhos. “Eu nunca vi ninguém como o Tino Bala. Fazia golos de todas as formas e feitios. Esperava, desaparecia, fugia para espaços estranhos e surgia a finalizar. Nasceu mesmo para fazer golos”, confessou Serifo ao Maisfutebol.
Avançado goleador de baixa estatura (1,70), foi formado e revelado pelo Salgueiros, mas não encontrou muito espaço na equipa principal e por isso foi rodar para as divisões secundárias, tendo passado por Recreio de ÁguedaDesp. Aves e União de Lamas antes de reforçar o Leça no verão de 1993 por indicação de... Reinaldo Teles. 
"Quem me diz para ir para o Leça foi o Reinaldo Teles, do FC Porto, que teve uma reunião comigo e me aconselhou a ir para o Leça, mas com contrato apenas com o Leça, porque o treinador desse primeiro ano na II Liga era o Frasco, antiga glória do FC Porto. Fui muito bem-recebido por todos, o Leça tinha um relvado fantástico, boas instalações e os adeptos sempre gostaram de mim", recordou a O Blog do David.
Nas duas primeiras épocas no clube amealhou 49 jogos (34 a titular) e 15 golos na II Liga, tendo em 1994-95 conquistado o título nacional do segundo escalão e atingido os quartos de final da Taça de Portugal. “Massacrámos quase todas as equipas e fomos promovidos com mérito. Essa equipa era fantástica, há quem diga que é a melhor da história do Leça. Tínhamos uma união enorme. Lembro-me que íamos jantar todos tantas e tantas vezes. Tudo começava nesses jantares. Aliás, o Leça sempre foi conhecido pela união das suas equipas. Por isso, conseguia fazer pequenos milagres”, recordou ao Maisfutebol em maio de 2019.
Seguiram-se três temporadas na I Liga em que superou sempre a dúzia de golos, ajudando a formação do concelho de Matosinhos a alcançar em 1997-98 a melhor classificação da sua história, o 12.º lugar.
Entretanto rebentou o Caso Guímaro e os leceiros foram despromovidos na secretaria. "O Caso Guímaro foi uma injustiça para o Leça numa altura em que o Leça estava estabilizado na I Liga. Isso quase que acabou com o clube, que caiu para os distritais", lamentou.
Após a descida de divisão, Constantino mudou-se para os espanhóis do Levante, tendo ajudado o emblema de Valência a subir à II Liga.
Depois de passagens por Campomaiorense e União de Lamas, regressou ao Leça em 2001 para mais três temporadas no clube, as duas primeiras na II Liga – e a última na II Divisão B –, durante as quais totalizou 24 partidas (sete a titular) e quatro golos.
Após encerrar a carreira iniciou a de treinador, tendo desempenhado as funções de adjunto na equipa principal dos leceiros entre 2006 e 2009. 
"Sinto-me uma referência do Leça. Ainda hoje falam dos meus golos no clube, os adeptos no Facebook dizem-me sempre que fui o goleador Tino Bala, mas foi com a ajuda de todos os meus companheiros que atingi o estatuto de goleador", afirmou ao nosso blogue.
Atualmente é funcionário de uma empresa municipal responsável pela gestão das infraestruturas desportivas em Matosinhos.
 
 
 

5. Armando (79 jogos)

Armando
Defesa lateral de baixa estatura (1,69 m) capaz de jogar à direita e à esquerda, começou a jogar futebol no clube da terra que o viu nascer, o Paços de Ferreira, mas em 1992 mudou-se para o Leça, então a militar na II Divisão B.
Na primeira época no emblema do concelho de Matosinhos alcançou a promoção à II Liga, patamar em que amealhou 47 partidas (46 a titular) e dois golos entre 1993 e 1995. Em 1994-95 sagrou-se campeão do segundo escalão e atingiu os quartos de final da Taça de Portugal.
Seguiram-se três temporadas na I Liga, revelando-se um jogador importante para a obtenção do 12.º lugar em 1997-98, a melhor classificação de sempre dos verde e brancos no patamar maior do futebol português.
Após a despromoção administrativa causada pelo Caso Guímaro, permaneceu mais duas temporadas no Leça, na II Liga, nas quais totalizou 32 jogos (30 a titular) no campeonato, tendo encerrado a carreira em 2000-01 ao serviço do vizinho e rival Leixões.
 
 

4. Mesquita (81 jogos)

Mesquita
Lateral natural de Leça da Palmeira, jogou por Leixões e Rio Ave em ambas as ligas profissionais antes de ingressar pela primeira vez no Leça em janeiro de 1997, numa aventura que viria a durar um ano e meio, sempre na I Liga.
Após se sagrar campeão da II Liga ao serviço do Gil Vicente, Mesquita regressou aos leceiros no verão de 1999 para amealhar 81 partidas (77 a titular) ao longo de três temporadas no segundo escalão.
Em meados de 2002 transferiu-se para a Naval.
Após encerrar a carreira de futebolista iniciou a de treinador, tendo desempenhado no Leça as funções de treinador-adjunto em 2008-09 e de técnico principal na época seguinte.
 
 

3. Alfaia (98 jogos)

Alfaia
Defesa central timorense, mas desde tenra idade radicado no Alto Alentejo, passou por clubes como Estrela de Portalegre, CampomaiorenseO ElvasAcadémica e Rio Ave antes de assinar pelo Leça no verão de 1993.
Nas primeiras duas temporadas no emblema do concelho de Matosinhos amealhou 51 jogos (50 a titular) e dois golos na II Liga, tendo contribuído para a conquista do título do segundo escalão e para a caminhada até aos quartos de final da Taça de Portugal em 1994-95.
Seguiram-se três épocas na I Liga, ajudando os leceiros a alcançar em 1997-98 a sua melhor classificação de sempre, o 12.º lugar, apesar da despromoção administrativa que viria a acontecer.
Após a descida à II Liga permaneceu mais dois anos no clube, nos quais totalizou 47 encontros (todos como titular) e quatro golos no campeonato, regressando depois ao O Elvas.
 
 

2. Zé da Rocha (101 jogos)

Zé da Rocha
Médio cabo-verdiano, entrou no futebol português pela porta do Académico Viseu em 1990, tendo ainda passado por Gil VicenteAcadémica e Rio Ave antes de ingressar no Leça no verão de 1995.
Nas primeiras três épocas nos leceiros jogou na I Liga, tendo contribuído para a obtenção da melhor classificação de sempre do clube no primeiro escalão, o 12.º lugar.
Após a descida de divisão administrativa permaneceu mais quatro anos no clube, até 2002. Ao longo desse período amealhou 101 encontros (95 a titular) na II Liga, rumando depois ao Feirense. Paralelamente, tornou-se internacional A por Cabo Verde em abril de 2000.
 
 

1. Serifo (106 jogos)

Serifo
Extremo guineense bastante veloz, ingressou no Leça em 1987, proveniente do Benfica de Bissau, e por lá ficou durante uma década e meia, tornando-se num dos jogadores mais carismáticos e acarinhados do clube.
Quando chegou a Leça da Palmeira, foi para jogar na III Divisão, e após ter subido à II Divisão B em 1990, descido à III no ano seguinte, subiu duas divisões até chegar à II Liga, patamar em que  amealhou 42 jogos (31 a titular) e seis golos entre 1993 e 1995, tendo conquistado o título nacional do segundo escalão e atingido os quartos de final da Taça de Portugal em 1994-95. “Foi fantástico. O Leça tinha poucos adeptos, mas toda a gente vivia intensamente o clube. É um sítio pequeno, mas muito bonito. Habituei-me a esse ambiente, a andar na rua e a falar com todos”, recordou ao Maisfutebol em maio de 2019. “Não me esqueço do jogo da subida à I Liga, em Paços de Ferreira. Tivemos dois jogadores expulsos na primeira parte e vencemos 1-0. O Sérgio [Conceição] fez um jogo brilhante, fez o corredor direito de cima a baixo”, acrescentou.
Pelo meio brilhou numa eliminatória da prova rainha em Alvalade, em dezembro de 1993, marcando um bonito golo, com um chapéu a Lemajic.
Seguiram-se três épocas muito bem conseguidas na I Liga, tendo contribuído para a obtenção da melhor classificação de sempre do clube na I Liga, o 12.º lugar, apesar de depois ter surgido o Caso Guímaro. “Nem gosto de falar disso. Já estávamos na I Liga, acabámos essa terceira época no 12º lugar e andámos perto dos lugares europeus. O nosso treinador, o grande Vítor Manuel, via passar um avião no treino e dizia ‘meus meninos, para o ano somos nós a andar nas nuvens da UEFA’. E depois… acontece esse escândalo e o Leça desce”, confessou ao portal desportivo. “Não queria acreditar. Vi a notícia na televisão, mas inicialmente não liguei. Nós ainda fizemos a pré-época para jogar na I Liga. Fomos surpreendidos, foi um choque. Estávamos a estagiar na Urgeiriça e de repente aconteceu aquilo. Uma tristeza”, aditou.
Após a despromoção administrativa continuou no clube até 2003, encerrando a carreira após a descida à II Divisão B. Nesse período totalizou 64 encontros (48 a titular) e 16 remates certeiros na II Liga. “Apaixonei-me pelo Leça e fiquei preso a essa emoção. Sempre fui assim. Cheguei a Portugal com 18 ou 19 anos, e fui acolhido pelo Leça. Depois… sim, tive várias abordagens de outros clubes, inclusivamente dos três grandes, mas as direções do Leça tentaram sempre que eu ficasse. E eu fui ficando. Foram 16 anos em Leça da Palmeira, centenas de jogos”, contou.
Em 2009 voltou ao clube para ser adjunto de Pedro Mesquita. “Correu bem, mas o clube continuava com os problemas financeiros do costume. Gostei da experiência”, assumiu.
 











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