Dez brasileiros que passaram pelo Campomaiorense entre 1995 e 2001 |
O Campomaiorense, hoje já sem
futebol sénior, competiu na I Liga durante cinco temporadas e em todas teve no
plantel jogadores brasileiros. No total, foram 14 os que representaram a
formação alentejana
no primeiro escalão, o que corresponde a quase 15% do total dos futebolistas
que vestiram a camisola dos galgos no patamar maior do futebol português.
Logo em 1995-96, na primeira
presença na I Liga, os treinadores Manuel Fernandes e Diamantino Miranda
fizeram alinhar dois futebolistas canarinhos (Joel e Tarcísio). Três épocas
depois, quando a formação de Campo Maior chegou à final da Taça
de Portugal, o técnico José Pereira apresentou no Jamor um onze com cinco
nativos de terras de Vera Cruz (Renê Rivas, Mauro Soares, Laélson, Demétrius e
Isaías) e ainda fez outro saltar do banco (Welington).
Posto isto, vale a pena recordar
os dez futebolistas brasileiros com mais jogos pelo Campomaiorense na I Liga.
10. Telmo (8 jogos)
Telmo |
Lateral esquerdo contratado ao
Madureira em janeiro de 1998, não foi além de oito jogos (seis a titular) pelo
Campomaiorense na I Liga, todos obtidos na segunda metade da temporada 1997-98.
A estreia foi numa derrota caseira com o Benfica
(1-2) e a despedida num desaire com o Sporting
em Campo Maior (3-5). O concorrente direto, Basílio, deu-lhe poucas hipóteses.
Porém, prosseguiu a carreira em
Portugal, tendo sido mais feliz ao serviço de Santa
Clara – clube pelo qual subiu por duas vezes à I Liga -, Sp.
Braga e Varzim.
9. Mauro Soares (27 jogos)
Mauro Soares |
Médio de características
defensivas, mas dotado de um remate forte e colocado, notabilizou-se ao serviço
do Belenenses
entre 1992 e 1995 e passou por Sporting
e Farense,
mas foi o Campomaiorense que lhe deu a possibilidade de disputar uma final da Taça
de Portugal.
Apenas passou a época de 1998-99
em Campo Maior, mas foi quase sempre titular, sobretudo desde que José Pereira
sucedeu a João Alves no comando técnico, no final de novembro de 1998, tendo
disputado 27 jogos (23 a titular) e apontado dois golos, ao Estrela
da Amadora e ao Sp.
Braga. Paralelamente disputou sete partidas na Taça
de Portugal, todos como titular, incluindo a final do Jamor.
Após ter recebido a medalha de
finalista vencido da prova rainha do futebol português pendurou as botas, aos
30 anos.
8. Detinho (29 jogos)
Detinho |
Possante avançado brasileiro com
grande parte da carreira em Portugal, representou Paços
de Ferreira, Vianense, Oliveirense e Marco antes de chegar a Campo Maior,
no verão de 2000.
Nem sempre titular, mas quase
sempre utilizado, participou em 29 jogos (13 no onze inicial) e marcou oito
golos na última temporada dos galgos entre os grandes do futebol português.
Melhor marcador da equipa nessa época, marcou a Salgueiros, Desp. Aves, Paços
de Ferreira, Sp.
Braga, Farense,
Gil Vicente e Estrela
da Amadora (dois).
Apesar do registo bastante
razoável, começou 2001-02 em Campo Maior, mas ao fim de poucas semanas
transferiu-se para o Leixões, clube da II Divisão B que ajudaria a chegar à
final da Taça
de Portugal.
7. Joel (39 jogos)
Joel |
Médio defensivo, que também podia
atuar como defesa central, chegou a Portugal para reforçar o Sp. Espinho em
1992, mas foi com a camisola do Campomaiorense que se notabilizou entre 1993 e
1998.
As duas primeiras épocas em Campo
Maior foram passadas na II Liga, mas em 1994-95 foi um dos esteios da equipa
que conseguiu uma então inédita promoção ao patamar maior do futebol português.
Já no primeiro escalão, em
1995-96, foi utilizado em 17 jogos (todos como titular), mas foi impotente para
uma descida de divisão que já se fazia adivinhar, uma vez que os galgos
passaram toda a temporada em zona de despromoção.
No regresso à II Liga voltou a
ser importante não só para nova promoção como para a conquista do título
nacional do segundo escalão, conseguido com Diamantino Miranda no comando
técnico. Nessa campanha marcou três golos, todos no mesmo jogo, numa goleada
caseira sobre o Moreirense (4-1).
Na quinta e última temporada no Alentejo
foi importante para a obtenção da melhor classificação de sempre do clube na I Liga, o 11.º lugar, tendo participado em 22 jogos (17 a titular).
No final dessa época regressou ao
Brasil para representar o Náutico.
6. Renê Rivas (47 jogos)
Renê Rivas |
Defesa central/médio defensivo formado
no Flamengo
e revelado pelo Botafogo, reforçou o Campomaiorense no verão de 1993, um ano
depois de ter sido vice-campeão brasileiro pelo emblema alvinegro.
Utilizado em 23 jogos entre 1993
e 1995 na II Liga, deu um pequeno contributo para a promoção ao primeiro escalão. Entretanto aventurou-se no futebol dos Estados Unidos, onde
representou o Rochester Rhinos.
Porém, regressou a Campo Maior em
janeiro de 1998 e em meia época ainda foi a tempo de disputar 14 jogos (12 a
titular) no campeonato, tendo apontado cinco golos, a Salgueiros, Estrela
da Amadora, Vitória
de Setúbal, Farense
e Boavista.
Na temporada seguinte manteve a
influência e foi utilizado em 25 encontros (22 a titular), tendo somado três
remates certeiros na I Liga, a Sp.
Braga, Marítimo e Desp. Chaves. Paralelamente, desempenho um papel muito
ativo na caminhada até à final da Taça
de Portugal, tendo marcado nas eliminatórias com Alverca
e Marítimo. No Jamor foi titular, mas foi expulso por acumulação de amarelos
nos últimos minutos do encontro.
Em 1999-00 começou a época no
Capitão César Correia, mas, após oito jogos (sete a titular) e um golo ao Belenenses,
mudou-se no mercado de inverno para o Santa
Clara. Mais tarde representou também Leça, Vila Real e Imortal no futebol
português.
5. Demétrius (54 jogos)
Demétrius |
O melhor marcador de sempre dos
galgos na I Liga, com 23 golos. Ponta de lança com um currículo interessante,
que incluía passagens por clubes importantes no Brasil como Santos, Fluminense
e Bahia,
foi contratado pelo Campomaiorense no verão de 1997, no arranque de uma época
em que os alentejanos
tinham o estatuto de recém-promovidos à I Liga.
Em 17 jogos (seis a titular),
apontou sete golos – todos a partir de março -, incluindo um hat trick ao Sporting
numa derrota por 3-5 em Campo Maior, tendo também faturado diante de Belenenses,
Sp.
Braga, Farense
e Vitória
de Guimarães.
Em 1998-99 foi mais longe e
apontou 16 golos em 29 jogos (22 a titular) no campeonato – apenas o portista
Jardel (36) e o benfiquista
Nuno Gomes (24) fizeram melhor. Para esse registo contribuíram dois hat tricks - à Académica, ao Farense
e ao Desp. Chaves – e um bis, ao Beira-Mar. Na Taça
de Portugal também foi importante, ao marcar um dos golos que afastou o
Esposende nas meias-finais. No Jamor também esteve perto de faturar logo nos
primeiros minutos, mas ficou em branco e o Beira-Mar levou a troféu.
A temporada seguinte também foi
iniciada nos galgos, mas após oito jogos (cinco a titular) e nenhum golo deu o
salto para o Boavista, clube pelo qual se haveria de sagrar campeão nacional,
ainda que com uma participação diminuta.
4. Isaías (57 jogos)
Isaías |
Avançado móvel, chegou ao
Campomaiorense já na fase final da carreira, à beira de completar 37 anos, após
uma passagem bastante bem-sucedida pelo Benfica,
na qual conquistou dois campeonatos e uma Taça
de Portugal, e depois de, ao serviço do Coventry City, se ter tornado no primeiro
futebolista brasileiro a atuar na Premier League desde que o campeonato inglês
ganhou essa designação, em 1992.
Apesar da veterania, o profeta brilhou na primeira época em
Campo Maior, tendo apontado 14 golos em 26 jogos (23 a titular) no campeonato.
O FC
Porto foi uma das suas vítimas, num empate a dois golos no Estádio Capitão
César Correia. Porém, também apontou um hat
trick ao Sp.
Braga e bisou ao Farense
em jornadas consecutivas, o que ajudou o clube a obter a melhor classificação
de sempre da sua história, o 11.º lugar.
Em 1998-99 perdeu um pouco de
gás, tendo apenas apontado quatro golos em 31 encontros (26 a titular). Ainda
assim, brilhou nas eliminatórias da Taça
de Portugal, marcando quatro golos que ajudaram a colocar os alentejanos
no Jamor.
Após a final o pé-canhão regressou ao Brasil, onde
terminou a carreira.
3. Beke (64 jogos)
Beke |
Defesa central sem grande
currículo no Brasil, chegou pela primeira vez a Campo Maior em janeiro de 1998,
efetuou três jogos (dois a titular) no espaço de um mês e não mais foi
utilizado, tendo voltado ao Porto de Pernambuco.
Voltaria no verão de 1999, desta
vez para se fixar de pedra e cal no eixo defensivo dos alentejanos,
tendo disputado 29 encontros (todos a titular) e marcado três golos, frente a
Marítimo, Sp.
Braga e União
de Leiria.
Na temporada seguinte até
participou em mais encontros, 32 (sempre como titular), e marcou um golo ao Alverca
na última jornada, mas insuficiente para evitar a derrota e a descida de
divisão.
Haveria de continuar mais um ano
em Campo Maior, na II Liga, mas depois da extinção do futebol profissional nos alentejanos
continuou a jogar no segundo escalão com a camisola do Salgueiros. Entretanto
também representou o Olivais e Moscavide e depois voltou ao Brasil.
2. Welington (77 jogos)
Welington |
Avançado móvel, capaz de atuar
nas alas ou no eixo do ataque, reforçou o Campomaiorense no verão de 1997,
proveniente do Ferroviário, do Ceará.
Em Campo Maior nunca foi
propriamente um titular indiscutível, mas era quase sempre utilizado. Na época
de estreia disputou 25 encontros (15 a titular) e marcou dois golos, a Desp. Chaves e Boavista, ajudando os alentejanos
a obter a melhor classificação de sempre na I Liga, o 11.º lugar.
Em 1998-99 continuou a alternar
entre a titularidade (10 vezes) e o papel de suplente utilizado (19), tendo
apontado três golos - a Académica, Rio Ave e Benfica
– e participado na caminhada até à final da Taça
de Portugal. Na época seguinte foi utilizado em 24 encontros (11 a
titular), amealhando mais três remates certeiros, frente a Sp.
Braga, Santa
Clara e Belenenses.
Em 2000-01 representou o
Albacete, na II liga espanhola, mas temporada que se seguiu voltou ao Estádio Capitão
César Correia para a última época dos galgos no futebol profissional.
1. Laelson (126 jogos)
Laelson |
Extremo rápido e de baixa
estatura (1,62 m), foi uma das principais figuras dos tempos áureos do
Campomaiorense. Ao longo de quatro temporadas consecutivas, entre 1997 e 2001,
foi quase sempre titular indiscutível e apontou um total 21 golos no
campeonato. E, com 126 partidas disputadas, foi o jogador dos galgos com mais
jogos na I Liga.
Proveniente do Porto de
Pernambuco tal como Beke, logo na época de estreia somou quatro remates
certeiros em 31 jogos (24 a titular), ajudando os alentejanos
a obterem a melhor classificação de sempre do clube, o 11.º lugar.
Na temporada seguinte melhorou os
registos, tendo disputado 32 jogos (28 a titular) e marcado seis golos no
campeonato. Paralelamente contribuiu com três golos na caminhada até à final da
Taça
de Portugal, incluindo os que garantiram as vitórias sobre Sp.
Braga e Penafiel nas primeiras eliminatórias.
Em 1999-00 mostrou-se mais uma
vez ao seu nível, disputando 30 partidas (29 a titular) e apontando cinco
golos, entre os quais um que valeu a vitória sobre o FC
Porto em Campo Maior, no célebre jogo da marcação serrada de José Soares a
Mário Jardel.
Na quarta e última época no
Estádio Capitão César Correia voltou a faturar por cinco vezes, novamente com o
FC
Porto entre as vítimas, e participou em 33 encontros (31 a titular), mas
foi impotente para evitar a despromoção.
Embora o Campomaiorense tivesse
descido, Laelson manteve-se na I Liga com a camisola do Vitória
de Guimarães. Em Portugal passaria ainda por Moreirense, Varzim, Atlético e
Oliveira do Hospital antes de encerrar a carreira no futebol brasileiro.
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