quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

O problemático craque argentino que foi feliz no Benfica. Quem se lembra de Caniggia?

Caniggia somou 16 golos em 34 jogos pelo Benfica em 1994-95
Um craque de dimensão mundial, daqueles que parecem fora da órbita do futebol português, mas que jogou no Benfica na flor da idade, aos 27, 28 anos, acabadinho de disputar o Mundial 1994 ao serviço de uma das seleções mais recheadas de talento em todo o planeta, a Argentina. A sua rapidez valeu-lhe as alcunhas de El Hijo del Viento (filho do vento) e de El Pájaro (o pássaro).
 
Claudio Caniggia despontou no River Plate, venceu campeonato argentino, Libertadores e Taça Intercontinental em 1986 e não tardou a dar o salto para o futebol europeu, mais precisamente para a Serie A italiana.
 
Primeiro representou o Hellas Verona (1988-89), depois a Atalanta (1989 a 1992) e AS Roma (1992 a 1994), exibindo qualidade técnica e velocidade e apresentando sempre um número digno de golos por temporada. Os anos que passou em Bérgamo foram, segundo o próprio, “os melhores” da carreira.
 
 
Durante esta passagem pelo calcio foi uma das figuras da seleção albiceleste que atingiu a final do Mundial 1990, tendo marcado o golo que eliminou o Brasil nos oitavos de final e também o que levou a meia-final com a Itália para penáltis. Paralelamente, ajudou a Argentina a vencer a Copa América em 1991 e a Taça das Confederações em 1992.
 
Em março de 1993, porém, acusou cocaína num controlo antidoping e foi punido com 13 meses de suspensão. Quando o castigo terminou, foi convocado para o Mundial 1994 mesmo estando há mais de um ano sem jogar, e mesmo assim mostrou rendimento nos Estados Unidos, com dois golos em três jogos.
 
A seguir ao Campeonato do Mundo, assinou pelo Benfica por empréstimo da AS Roma com o patrocínio da Parmalat, que financiou a sua passagem pela Luz. Durante a única época em que jogou de águia ao peito, 1994-95, foi mais utilizado como ponta de lança do que como extremo, sua posição natural, tendo apontado 16 golos em 34 jogos em todas as competições.
 
 
Em Portugal esteve envolvido num caso bastante polémico, ao ver um cartão amarelo seguido de um vermelho num dérbi diante do Sporting, a 30 de abril de 1995. Na altura, julgava-se que o árbitro Jorge Coroado se teria enganado ao pensar que era o segundo amarelo para Caniggia, que ainda não tinha visto nenhum, o que levou as águias a avançar com o protesto do jogo. Contudo, o juiz da partida garantiu que foi um vermelho direto por insultos, versão entretanto contrariada por um inquérito da Federação Portuguesa de Futebol, que mandou repetir o dérbi. No jogo de repetição, o Benfica venceu por 2-0, mas o encontro ficou sem efeito poucos dias depois, uma vez que a FIFA decidiu contrariar a decisão da FPF e anulou o encontro, voltando a ser válido o dérbi que o Sporting venceu e no qual o atacante argentino foi expulso por Coroado.
 
Após esse ano em Lisboa regressou à Argentina para defender as cores do principal rival do clube em que despontou, o Boca Juniors, no qual jogou ao lado do amigo Diego Armando Maradona. O bromance entre ambos conheceu o ponto alto a 14 de julho de 1996, quando se abraçaram e beijaram na boca nos festejos de um golo ao River Plate.
 
 
Poucas semanas depois do famoso beijo, em setembro, sofreu talvez o maior desgosto da sua vida, a morte da sua mãe, que se suicidou ao saltar do quinto andar do seu prédio. Abalado, Caniggia não disputou um único jogo em 1996-97 e atuou apenas esporadicamente na época seguinte, o que juntamente com a recusa em cortar o cabelo, uma exigência do selecionador Daniel Passarella, o levou a falhar o Mundial 1998.
 
Em 1999-00 regressou à Atalanta, ajudando o emblema de Bérgamo a subir à Serie A, mas incompatibilizou-se com o treinador Giovanni Vavassori e prosseguiu a carreira na Escócia, primeiro ao serviço do Dundee FC e depois com a camisola do Rangers, clube pelo qual venceu um campeonato (2002-03), duas taças (2001-02 e 2002-03) e duas taças da liga (2001-02 e 2002-03).
 
 
As boas atuações no campeonato escocês convenceram o selecionador Marcelo Bielsa a convocá-lo para o Mundial 2002. Caniggia não chegou a jogar no torneio disputado na Coreia do Sul e no Japão, mas ainda assim viu um cartão vermelho no jogo diante da Suécia, devido a protestos para com a equipa de arbitragem, tornando-se o primeiro jogador a ser expulso a partir do banco num Campeonato do Mundo.
 
O último clube que representou foi o Qatar SC, em 2003-04, no qual foi orientado pelo português Carlos Alhinho e teve Akwá como companheiro de equipa. “Acabámos por fazer uma grande dupla”, afirmou o antigo avançado internacional angolano em entrevista a O Blog do David em julho de 2021.
 
 
Em 2012-13 saiu da reforma para disputar um jogo pelos amadores ingleses do Wembley FC na Taça de Inglaterra, numa jogada financeira por um dos patrocinadores da competição, a cervejeira Budweiser, tendo atuado ao lado de outos antigos futebolistas internacionais como Daniel Dichio, Martin Keown, Ray Parlour, Graeme Le Saux, Jaime Moreno ou Brian McBride.




 

 





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