Dez jogadores que fizeram história no Benfica |
Duas vezes campeão europeu, o Sport
Lisboa e Benfica vai esta época participar pela 38.ª vez na Taça/Liga
dos Campeões e reforçar o estatuto de uma das equipas com mais presenças na
prova, depois do Real
Madrid (52) e em igualdade com o Bayern
Munique.
Na estreia na competição, em 1957-58,
os encarnados
foram prontamente afastados logo na primeira eliminatória pelo Sevilha.
Na participação seguinte, em 1960-61, sagrou-se campeão europeu ao bater o Barcelona
na final por 3-2. E na temporada que se seguiu revalidou o título, ao levar a
melhor sobre o Real
Madrid no jogo decisivo (5-3).
Além desses triunfos, as águias
também atingiram a final em 1962-63, 1964-65, 1967-68, 1987-88 e 1989-90, tendo
ainda chegado às meias-finais em 1971-72 e aos quartos de final em 1965-66,
1968-69, 1975-76, 1977-78, 1983-84, 1994-95, 2005-06, 2011-12 e 2015-16.
Feitas as contas, o emblema da
Luz contabilizou 105 vitórias, 54 empates, 81 derrotas, 384 golos marcados e 279
sofridos em 240 encontros na Champions.
No total, 305 futebolistas
representaram o Benfica
na Taça/Liga
dos Campeões. Vale por isso a pena recordar os dez que o fizeram por mais
vezes.
10. Veloso (37 jogos)
A vida e a carreira de futebolista de António Veloso começou a quase 300
quilómetros de Lisboa, em São João da Madeira, tendo dado o salto do Beira-Mar para
o Benfica
no verão de 1980.
Conhecido pela polivalência e pelo espírito combativo, fez a estreia na Taça
dos Campeões Europeus em 1981-82. Seguiram-se mais cinco participações,
sendo que duas delas culminaram em caminhadas até à final, 1987-88 e 1989-90. Em
1988, falhou mesmo o penálti decisivo na derrota por grandes penalidades ante o
PSV
no jogo decisivo. “E se não fosse eu a decidir-me pela marcação do penálti a
esta hora ainda lá estávamos. "Discutimos entre nós até que eu como
capitão, tive de ir lá”, assumiu, em entrevista ao Expresso.
Paralelamente, conquistou sete campeonatos
(1980-81, 1982-83, 1983-84, 1986-87, 1988-89, 1990-91 e 1993-94), seis Taças
de Portugal (1980-81, 1982-83, 1984-85 a 1986-87 e 1992-93) e três Supertaças
(1980, 1985 e 1989) e esteve na caminhada até à final da Taça
UEFA em 1982-83. Também faz parte da seleção nacional que atingiu as
meias-finais do Euro 1984, tendo depois falhado o Mundial 1986 após ter acusado
positivo numa análise anti-doping.
Após pendurar as botas em 1995 experimentou a carreira de treinador. Em
2000-01 foi adjunto de Toni no plantel principal do Benfica
e na época seguinte dirigiu a equipa B, não evitando a despromoção à III
Divisão.
9. Costa Pereira (37 jogos)
Guarda-redes nascido na cidade moçambicana de Nacala, estreou-se pela
equipa principal do Benfica
em 1954-55, mas teve de esperar até 1960-61 para jogar pela primeira vez na Taça
dos Campeões Europeus. Valeu a pena à espera, uma vez que conquistou o
título europeu, tal como na época que se seguiu. Mais tarde, foi
finalista vencido em 1962-63 e 1964-65, tendo nesta última tido culpas no golo
que daria o triunfo ao Inter
de Milão.
No total, disputou 37 jogos na competição
e sofreu 46 golos.
Paralelamente, conquistou oito campeonatos
(1954-55, 1956-57, 1959-60, 1960-61, 1962-63, 1963-64, 1964-65 e 1966-67) e
cinco Taças
de Portugal (1954-55, 1956-57, 1958-59, 1961-62 e 1963-64). Também integrou
a seleção nacional que atingiu o 3.º lugar no Mundial 1966.
Haveria de falecer em outubro de
1990, aos 60 anos.
8. Nené (38 jogos)
Nené |
O homem que não sujava os calções. Um avançado móvel, elegante e
goleador. Curiosamente, mais uma figura benfiquista
que nasceu a norte, mais precisamente em Leça da Palmeira. Porém, cedo rumou a
Moçambique com os pais e foi lá que começou a jogar futebol, no Ferroviário da
Manga, tendo sido recrutado para as camadas jovens do Benfica
ainda com 16 anos, em 1966.
A estreia pela equipa principal
dos encarnados
ocorreu em novembro de 1968, pela mão de Otto Glória, numa receção ao Vitória
de Guimarães, mas o primeiro jogo na Taça
dos Campeões Europeus só aconteceu em 1971-72, tendo contribuído para a
caminhada até às meias-finais.
Foi apenas a primeira de nove
participações, que se traduziram num total de 38 jogos (33 a titular) e 15
golos, tendo chegado aos quartos de final em 1975-76, 1977-78 e 1983-84, numa
fase em que as águias
começavam a perder algum protagonismo na maior prova de clubes a nível europeu.
Infelizmente para Nené, não
chegou a tempo das gloriosas campanhas europeias da década de 1960 e encerrou a
carreira anos antes de o Benfica
ter atingido as finais da Taça
dos Campeões Europeus em 1987-88 e 1989-90.
Paralelamente, venceu dez campeonatos
(1968-69, 1970-71 a 1972-73, 1974-75 a 1976-77, 1980-81, 1982-83 e 1983-84),
sete Taças
de Portugal (1969-70, 1971-72, 1979-80, 1980-81, 1982-83, 1984-85 e
1985-86) e duas Supertaças
(1980 e 1985). Já depois de Mário Wilson ter convertido o então extremo em
ponta de lança, em 1975-76, tornou-se uma máquina de fazer golos ao ponto de se
ter sagrado o melhor marcador da I
Divisão em 1980-81 (20 golos) e 1983-84 (21 golos). Em 1982-83 esteve na caminhada
até à final da Taça
UEFA e, em termos internacional, ajudou Portugal a atingir as meias-finais
do Euro 1984.
Após encerrar a carreira ficou
ligado ao clube enquanto treinador nas camadas jovens e olheiro.
7. Cavém (44 jogos)
Cavém |
Jogador polivalente – jogou a extremo, médio e defesa, à esquerda e à
direita – natural de Vila Real de Santo António, foi contratado ao Sp.
Covilhã no verão de 1955, quando já tinha tudo acertado com o Vitória
de Setúbal.
Em termos de Taça
dos Campeões Europeus, estreou-se na prova ao mesmo tempo que o Benfica,
em 1957-58, numa eliminatória de má memória diante do Sevilha.
No entanto, seguiram-se épocas e recordações memoráveis, nomeadamente as
conquistas do título europeu em 1960-61 e 1961-62. Nos anos que se seguiram, foi
finalista vencido em 1962-63, 1964-65 e 1967-68 e atingiu os quartos de final
em 1965-66 e 1968-69.
No total, disputou 44 jogos (43 a
titular) e apontou quatro golos na competição, um dos quais no jogo decisivo de
1962, diante do Real
Madrid.
Paralelamente, conquistou nove campeonatos
(1956-57, 1959-60, 1960-61, 1962-63, 1963-64, 1964-65, 1966-67, 1967-68 e
1968-69) e cinco Taças
de Portugal (1956-57, 1958-59, 1961-62, 1963-64 e 1968-69).
Haveria de falecer em janeiro de
2005, aos 72 anos.
6. Cruz (53 jogos)
Fernando Cruz |
Lateral de esquerdo de baixa estatura (1,63 m) natural de Cabanas de
Viriato, concelho de Carregal do Sal, transitou para a equipa principal do Benfica
em 1959 e por lá ficou durante onze anos, o que coincidiu com o período áureo
do clube a nível internacional.
Ao longo de oito participações na
Taça
dos Campeões Europeus, disputou 53 jogos (todos a titular) na prova e
sagrou-se campeão continental por duas vezes, em 1960-61 e 1961-62. Nos anos
que se seguiram, foi finalista vencido em 1962-63, 1964-65 e 1967-68 e atingiu
os quartos de final em 1965-66 e 1968-69.
Paralelamente, conquistou oito campeonatos
(1959-60, 1960-61, 1962-63, 1963-64, 1964-65, 1966-67, 1967-68 e 1968-69) e
três Taças
de Portugal (1961-62, 1963-64 e 1968-69). Também integrou a seleção
nacional que alcançou o 3.º lugar no Mundial 1966, mas não chegou a jogar na
competição, pois o titular do lado esquerdo da defesa era o sportinguista
Hilário.
5. José Augusto (56 jogos)
José Augusto |
Virtuoso extremo direito contratado ao Barreirense
em 1959, foi um dos esteios de um Benfica
que teve a Europa a seus pés durante a década de 1960.
Também conhecido como o Garrincha português, sagrou-se campeão nas duas
primeiras ocasiões em que participou na Taça
dos Campeões Europeus, em 1960-61 e 1961-62. Depois foi três vezes
finalista vencido (1962-63, 1964-65 e 1967-68) e chegou por duas vezes aos
quartos de final (1965-66 e 1968-69).
No total, somou 56 encontros (51 a titular) e apontou 24 golos na prova,
registo que faz dele, ainda hoje, o segundo melhor marcador dos encarnados
na Champions,
sendo apenas superado pelo antigo companheiro de equipa Eusébio. José Augusto
nunca faturou em finais, mas foi decisivo para a qualificação para os jogos
decisivos com golos em meias-finais em 1962, diante do Tottenham;
em 1963, frente ao Feyenoord; e em 1965, ao Gyori ETO.
Paralelamente, conquistou oito campeonatos
(1959-60, 1960-61, 1962-63, 1963-64, 1964-65, 1966-67, 1967-68 e 1968-69) e
três Taças
de Portugal (1961-62, 1963-64 e 1968-69). Em 1966 foi um dos magriços que
ajudaram Portugal a alcançar um histórico 3.º lugar no Mundial de Inglaterra.
Em 1969-70 chegou a assumir o comando técnico da equipa principal do Benfica,
tendo sido depois adjunto de Jimmy Hagan e treinador na formação.
4. Simões (57 jogos)
António Simões |
Natural da Cruz de Pau, no concelho do Seixal, chegou ao Benfica
ainda idade de júnior, em 1960, proveniente do Almada, já depois de ter feito
testes no Belenenses
e de o Sporting
se ter mostrado interessado na sua contratação.
No final de 1961, este talentoso extremo esquerdo subiu à equipa
principal, à beira de completar 18 anos, e rapidamente se tornou uma peça
importante no plantel então às ordens do húngaro Béla Guttmann, tendo
inclusivamente jogado na final em que as águias
venceram o Real
Madrid (5-3) e conquistaram a sua segunda Taça
dos Campeões Europeus consecutiva.
“Quando entrámos em campo, lado a lado, olho para o Di Stéfano, Puskás,
Gento... Só dizia, mas vamos ganhar a estes gajos? Eram os nossos ídolos, que
tínhamos visto pela televisão vencer
uma final por 7-3 ao Eintracht Frankfurt. Há imagens minhas a festejar os
golos como uma criança... só dava pulos. Era como se fosse o meu primeiro
brinquedo”, recordou, em entrevista ao Diário
de Notícias em agosto de 2019.
“Quando chegámos aos 3-3, nessa altura viu-se que o Benfica
era mais forte, mais fresco e mais jovem. Ao intervalo o Bela Guttmann diz: ‘Real
Madrid velho, não ter força, nós ser mais fortes. Nós fazer golos, nós
ganhar.’ Acertou em tudo”, prosseguiu, lembrando a euforia dos adeptos após o
apito final: “Os adeptos quase chegaram à cabina. Alguém foi dar com o Ângelo
numa vala. Houve um descontrolo total... todos queriam tocar nos ídolos.
Ninguém dormiu... A chegada a Lisboa foi impressionante. Num país fragilizado,
fechado para o mundo, éramos bicampeões europeus contra os maiores monstros do Real
Madrid! Andámos por toda a Lisboa, com toda a gente a correr atrás do
autocarro e nós com as mãos fora da janela porque as pessoas queriam-nos tocar.
Foi um feito que teve um enorme peso político e social.”
Nas temporadas que se seguiram
foi finalista vencido por três vezes (1962-63, 1964-65 e 1967-68) e
semifinalista numa ocasião (1971-72), tendo ainda chegado aos quartos de final
em duas participações (1965-66 e 1968-69). No total, somou 57 encontros na
prova, todos na condição de titular, e apontou oito golos ao longo de onze
participações.
Paralelamente, conquistou dez campeonatos
(1962-63 a 1954-65, 1966-67 a 1968-69, 1970-71 a 1972-73 e 1974-75) e cinco Taças
de Portugal (1961-62, 1963-64, 1968-69, 1969-70 e 1971-72). Em 1966 foi uma
das peças fulcrais da seleção portuguesa que alcançou um histórico 3.º lugar no
Mundial do Brasil.
Após ter encerrado a carreira de
futebolistas e ter tido algumas experiências como treinador, foi diretor
desportivo do Benfica
entre 2001 e 2004.
3. Coluna (58 jogos)
Mário Coluna |
Centrocampista nascido na Ilha da Inhaca, em Moçambique, chegou ao Benfica
com 19 anos, proveniente do Desportivo de Lourenço Marques, e pela Luz ficou
durante 16 memoráveis temporadas, entre 1954 e 1970.
De águia
ao peito ficou conhecido por Monstro Sagrado. Em termos de Taça
dos Campeões Europeus, esteve na estreia benfiquista
da prova, em 1957-58; na conquista de ambos os títulos continentais, em 1960-61
e 1961-62; e nas caminhadas até às finais perdidas de 1962-63, 1964-65 e
1967-68. No total, participou em 58 partidas (todas a titular) na Champions
e apontou onze golos.
Paralelamente, conquistou dez campeonatos
(1954-55, 1956-57, 1959-60, 1960-61, 1962-63 a 1964-65 e 1966-67 a 1968-69) e
seis Taças
de Portugal. Se não fosse Eusébio, com quem partilhou o balneário,
possivelmente teria um estatuto ainda maior na história do clube. Basta dizer
que o Benfica
tinha menos dois títulos de campeão nacional do que o Sporting
quando chegou e mais quatro quando saiu. Fez também parte da equipa dos
magriços que alcançou o 3.º lugar no Campeonato do Mundo de Inglaterra, em
1966.
2. Luisão (61 jogos)
Luisão |
Defesa central brasileiro, chegou ao Benfica
proveniente do Cruzeiro
no verão de 2003, numa fase em que os encarnados
jogavam no Jamor enquanto terminavam as obras do novo estádio e estavam há dois
anos sem competir nas competições europeias.
Luisão precisou de dois anos para
se estrear na Liga
dos Campeões, mas logo na primeira participação, em 2005-06, ajudou as águias
a chegarem aos quartos de final, feito que já não conseguiam há onze anos.
Nos anos que se seguiram
contribuiu para a consolidação benfiquista
na Champions,
tendo somado mais dez participações e voltado a atingir os quartos de final em
2011-12 e 2015-16. No total, amealhou 61 partidas (todas como titular) e cinco
golos na prova
milionária.
Paralelamente, sagrou-se campeão
nacional por seis vezes (2004-05, 2009-10, 2013-14, 2014-15, 2015-16 e
2016-17), venceu três Taças
de Portugal (2003-04, 2013-14 e 2016-17), quatro Supertaças
(2005, 2014, 2016 e 2017) e sete Taças
da Liga (2008-09 a 2011-12 e 2013-14 a 2015-16). Esteve ainda nas campanhas
até às finais da Liga
Europa em 2012-13 e 2013-14.
Despediu-se da Luz e dos relvados
no final de 2018, aos 37 anos, depois de 15 no clube, grande parte deles
enquanto capitão. Depois passou a integrar a estrutura do clube.
1. Eusébio (64 jogos)
Embora tenha reforçado o Benfica
numa época em que os encarnados
se sagraram campeões europeus pela primeira vez, após ter fugido ao rival Sporting
e viajado de Moçambique para Portugal sob o nome de Ruth Malosso, o Pantera Negra só participou no título
continental conquistado na temporada seguinte, 1961-62, brilhando durante toda
a caminhada, mas sobretudo na final, quando marcou dois dos golos com que as águias
bateram o Real
Madrid por 5-3.
Eusébio não voltou a vencer a Taça
dos Campeões Europeus, mas continuou a brilhar: finalista vencido em 1962-63,
finalista vencido e melhor marcador da prova em 1964-65, melhor marcador em
1965-66 e finalista vencido e melhor marcador em 1967-68. No total, amealhou 64
encontros (63 a titular) e apontou 46 golos, registo que faz dele o
goleador-mor do Benfica
na competição.
Paralelamente, o King conquistou
um recorde de onze títulos nacionais (1960-61, 1962-63, 1963-64, 1964-65,
1966-67, 1967-68, 1968-69, 1970-71, 1971-72, 1972-73 e 1974-75) e cinco Taças
de Portugal (1961-62, 1963-64, 1968-69, 1969-70 e 1971-72).
Em 15 épocas de águia
ao peito, foi por sete vezes melhor marcador do campeonato
(1963-64 a 1967-68, 1969-70 e 1972-73), sendo que os seus 42 golos em 1967-68 e
os 40 em 1972-73 também lhe valeram a Bota de Ouro. No entanto, foi em 1964-65,
quando apontou (apenas) 28 golos na I
Divisão, que conquistou a Bola de Ouro da revista France Football. É ainda o melhor marcador de sempre dos encarnados
no primeiro
escalão, com 315 golos.
Após pendurar as botas, no final
da década de 1970, integrou as várias equipas técnicas benfiquistas
na qualidade de treinador de guarda-redes.
Haveria de falecer em janeiro de
2014, à beira de completar 72 anos.
Ora uma notícia importante....
ResponderEliminarTudo a preto e branco....