Dez jogadores que deixaram a sua marca no Santa Clara |
Fundado a 31 de janeiro de 1921,
o Clube Desportivo Santa Clara nasceu da fusão de dois “Santas Claras”, o Santa
Clara Foot-ball Club e o Sport Club Santa
Clara, tendo feito história em 1999 quando se tornou o primeiro clube
açoriano a disputar a I
Liga.
Filiado na Associação de Futebol
de São Miguel desde 1927 e hegemónico na ilha desde 1930, quando conquistou o
primeiro de sete campeonatos consecutivos, o emblema
de Ponta Delgada começou a figurar nos patamares nacionais a partir dos
anos 1980. Década e meia depois, conseguiu ascender desde a III Divisão ao primeiro
escalão no espaço de três anos, entre 1996 e 1999.
Após ter concluído a primeira
presença na I
Liga em 18.º e último lugar, em 1999-00, sagrou-se campeão do segundo
escalão na época seguinte, voltando a disputar o patamar
maior do futebol português em 2001-02 (14.º lugar) e 2002-03 (17.º).
Após mais quinze anos na II
Liga, o emblema
açoriano regressou à elite
do futebol português e 2018-19, tendo obtido a melhor classificação e a
melhor pontuação da sua história na temporada que se seguiu: 9.º lugar e 43
pontos.
Em seis participações, mais de
100 futebolistas jogaram pelo Santa
Clara na I
Liga. Vale por isso a pena recordar os dez que o fizeram por mais vezes.
10. Zé Manuel (54 jogos)
Zé Manuel |
Jogador de características
ofensivas capaz de cobrir várias posições do ataque, chegou ao Santa
Clara aquando do regresso dos açorianos
à I
Liga após década e meia de ausência, no verão de 2018, depois de ter jogado
no primeiro
escalão ao serviço de Sp.
Braga, Boavista,
Vitória
de Setúbal e Feirense.
Titular indiscutível na primeira
época, amealhou um total de 28 jogos (25 a titular) e oito golos, apontados
diante de Sp.
Braga, Sporting,
Moreirense,
FC
Porto, Feirense, Portimonense,
Vitória
de Guimarães e Belenenses
SAD.
Na temporada seguinte perdeu
algum espaço, mas ainda assim contribuiu com quatro golos (frente a Moreirense,
Benfica,
Desp.
Aves e Rio
Ave) em 26 jogos (10 a titular) para a obtenção da melhor classificação de
sempre do clube no patamar
maior do futebol português, o 9.º lugar.
Após dois anos em Ponta Delgada,
transferiu-se para os romenos do Gaz Metan no verão de 2020. “Dois anos a
representar mais que um clube, uma região. Muito orgulho em ter feito esta
caminhada neste grande clube, dois anos em que fui muito feliz, em que juntos
escrevemos história. Obrigado a todos que fizeram parte desta história. Obrigado
pela confiança desde o primeiro dia, levo o Santa
Clara no meu coração e serei mais um adepto a torcer para que o clube
continue a crescer”, escreveu nas redes sociais aquando da despedida.
9. Sérgio Nunes (55 jogos)
Sérgio Nunes |
Defesa central internacional
sub-21 português e com experiência de I
Liga adquirida ao serviço de União
de Leiria e Benfica,
trocou as águias pelo Santa
Clara no verão de 2001 e teve impacto imediato na equipa.
Na primeira época em Ponta
Delgada atuou em 29 partidas (todas a titular) e ajudou os açorianos
a assegurar pela primeira vez a permanência no primeiro
escalão. “Tínhamos uma excelente equipa, éramos todos unidos e a entreajuda
era muito grande”, recordou em dezembro de 2019 à Rádio Renascença.
Já em 2002-03 foi utilizado em 25
jogos (todos como titular) e marcou um golo ao Belenenses
no Restelo, mas foi impotente para evitar a despromoção.
Após a descida à II
Liga manteve-se no clube por mais meio ano, regressando depois ao Desp.
Aves, emblema que já tinha representado entre 1994 e 1997.
8. Telmo (56 jogos)
Telmo |
Lateral esquerdo recrutado ao
Campomaiorense no verão de 1998, foi peça fundamental para a que o Santa
Clara tivesse assegurado pela primeira vez a I
Liga em 1999.
Na temporada seguinte foi
utilizado em 28 jogos (todos a titular), mas não evitou a despromoção.
Após a descida à II
Liga continuou mais meio ano no clube, mas depois foi cedido aos
brasileiros do Sport Recife.
Em 2001-02 regressou ao emblema
açoriano, novamente no primeiro
escalão, tendo participado em 26 partidas (todas como titular) e marcado um
golo ao Vitória
de Setúbal, ajudando a equipa a assegurar pela primeira vez a permanência
entre a elite
do futebol português.
Valorizado pelas boas campanhas em
Ponta Delgada, transferiu-se depois para o Sp.
Braga.
7. Portela (58 jogos)
Portela |
Lateral direito natural de
Setúbal e formado no Vitória,
passou ainda pelo Portimonense
antes de virar um símbolo do Santa
Clara. Recrutado no verão de 1997,
alcançou duas promoções consecutivas nas primeiras épocas em Ponta Delgada,
ajudando a levar o clube desde a II Divisão B à I
Liga.
Na primeira época entre a elite
do futebol português, em 1999-00, disputou 19 jogos (15 a titular) e marcou
um golo ao Estrela
da Amadora, insuficiente para evitar a despromoção à II
Liga.
No entanto, na temporada seguinte conquistou o título do segundo
escalão e ajudou a recolocar os açorianos
na I
Liga, competição que disputou durante mais dois anos. Em 2001-02 atuou em
22 partidas (21 a titular), contribuindo para que os insulares conseguissem
pela primeira vez a permanência no patamar
maior do futebol português.
Na época que se seguiu foi utilizado em 17 encontros (16 a titular) e
marcou um golo ao Varzim na última jornada, mas não conseguiu evitar a
despromoção.
Portela haveria de permanecer no Santa
Clara até 2008, sempre na II
Liga, rumando depois ao vizinho Capelense. “Olhando para trás, reconheço
que não é fácil um jogador estar onze anos num clube de futebol. É praticamente
a carreira quase completa enquanto jogador de futebol. Fui capitão de equipa
com muito gosto e responsabilidade e sentia que o cumpria com o respeito que o
clube me merecia”, afirmou ao Correio
dos Açores em junho de
2018.
6. Paiva (64 jogos)
Paiva |
Médio defensivo madeirense uma
vez internacional AA por Portugal e com experiência de I
Liga adquirida ao serviço de Marítimo, Farense
e Vitória
de Guimarães, trocou os vimaranenses
pelo Santa
Clara no verão de 2001.
Na primeira época nos Açores foi
titularíssimo no meio-campo micaelense,
tendo atuado em 33 partidas (todas na condição de titular) e marcado um golo ao
Paços
de Ferreira, ajudando a assegurar a permanência.
Já em 2002-03 foi utilizado em 31
encontros (sempre a titular) e apontou um golo ao Marítimo, insuficiente para
evitar a despromoção.
Após a descida à II
Liga permaneceu mais um ano no clube, rumando depois ao Maia.
5. Osama Rashid (66 jogos)
Osama Rashid |
Médio internacional iraquiano
desde tenra idade refugiado na Holanda com os dois irmãos, foi formado no
Feyenoord ao lado de Bruno Martins Indi, De Vrij e Clasie e entrou pelo futebol
português pela porta do Farense
em 2015-16.
Em janeiro de 2017 reforçou o Santa
Clara, depois de uma curta aventura nos búlgaros do Loko Plovdiv, e um ano
e meio depois contribuiu para a promoção à I
Liga, conquistando depois o estatuto de capitão de equipa.
Na primeira época entre a elite
do futebol português foi uma das revelações do campeonato, apesar de ter
estado na Taça da Ásia em janeiro, tendo disputado 25 jogos (23 a titular) e
apontado sete golos, diante de Boavista
(dois), Nacional,
Belenenses
SAD, Vitória
de Setúbal e Tondela
(dois). “O clube já deixou uma boa imagem no país todo e era isso que
queríamos. Sabemos que temos muita qualidade no plantel e nunca tínhamos dúvidas
de que íamos fazer uma boa época. É para continuar, para valorizar jogadores, o
clube e até os Açores”, afirmou à Tribuna Expresso em abril de 2019,
nunca altura em que permanência estava praticamente assegurada.
Em 2018-19 manteve o estatuto,
tendo participado em 27 partidas (23 a titular) e marcado dois golos, frente a Vitória
de Setúbal e Portimonense,
contribuindo para a obtenção da melhor classificação e pontuação de sempre dos açorianos
no primeiro
escalão: 9.º lugar e 43 pontos.
Na presente temporada totalizou 14
encontros (10 a titular) e um golo ao Nacional, mas em janeiro mudou-se para os turcos do Gazisehir Gaziantep.
4. Fábio Cardoso (71 jogos)
Fábio Cardoso |
Defesa central formado no Benfica, internacional jovem português e com experiência de I Liga adquirida ao serviço de Paços de Ferreira e Vitória de Setúbal, chegou aos Açores no verão de 2018 depois de uma aventura não muito bem-sucedida nos escoceses do Rangers.
Com impacto imediato na equipa, tornou-se uma das figuras do Santa Clara e um jogador bastante cobiçado. Na primeira época em Ponta Delgada foi titular nos 30 jogos que disputou e apontou cinco golos, diante de Sp. Braga, Portimonense (dois), Vitória de Setúbal e Rio Ave.
Em 2019-20 manteve o estatuto, tendo atuado em 30 partidas (sempre a titular) e somou dois remates certeiros, frente a Desp. Aves e Rio Ave, ajudando os açorianos a alcançarem a melhor classificação da sua história, o 9.º lugar.
Na presente temporada leva já onze encontros (todos como titular) e dois golos, marcados ao Portimonense e ao Benfica.
3. Marco Pereira (71 jogos)
Marco Pereira |
Disputou o mesmo número de jogos de Fábio Cardoso, mas amealhou mais três minutos em campo - 6332 contra 6329.
Guarda-redes formado no Boavista
e com larga experiência nas ligas profissionais adquirida ao serviço de
Trofense, Feirense e Freamunde, reforçou o Santa
Clara no verão de 2017, quando os açorianos
estavam na II
Liga.
Embora tivesse sido maioritariamente
suplente de Serginho, contribuiu para a promoção ao patamar
maior do futebol português na época de estreia em Ponta Delgada e
manteve-se no plantel na temporada seguinte. “O grupo que tínhamos aqui era
fantástico e foi por isso que subimos de divisão. Costumo dizer que subir de
divisão numa ilha é cinco vezes mais difícil do que subir de divisão no
Continente”, recordou ao zerozero em outubro de 2020.
Em 2018-19 afirmou-se como não só
na baliza santaclarense,
mas também como guarda-redes de I
Liga, tendo disputado 25 jogos no campeonato e sofrido 30 golos.
Na época seguinte manteve o
estatuto, tendo atuado em 31 partidas e encaixado 37 golos, ajudando uma vez
mais a formação então orientada por João Henriques a assegurar atempadamente a
permanência. Num desafio com o Tondela,
esteve especialmente em destaque ao defender dois penáltis. “Foi um dia normal.
Não era o pior até ao dia e também não passei a ser o melhor depois de defender
os penáltis. Sempre fui equilibrado e vou continuar a ser assim. Defender dois
penáltis é fantástico, mas continuo a ser o mesmo”, afirmou à agência Lusa.
Na presente temporada leva já 15
jogos e 19 golos sofridos, perfilando-se novamente como uma das figuras da
equipa de Ponta Delgada, contribuindo para a obtenção de um honroso 9.º lugar.
“É fácil gostar dos Açores. As
pessoas aqui são muito amigas. A minha família está sempre a arranjar férias e
fins-de-semana para vir aos Açores. Adoram. Quem nunca teve a oportunidade de
vir aos Açores que venha. Isto é muito lindo, come-se bem e o clima é
fantástico”, contou ao zerozero.
2. George (84 jogos)
George |
Avançado brasileiro de baixa
estatura (1,68 m) e capaz de cobrir várias posições do ataque, reforçou o Santa
Clara no verão de 1999, aquando da primeira subida à I
Liga, proveniente do América de Rio Grande do Norte.
Na primeira temporada foi um dos
destaques da equipa
açoriana, tendo apontado sete golos em 32 jogos (29 a titular), ainda assim
impotentes para evitar a despromoção. Rio
Ave (três), Alverca
(dois), Campomaiorense e Vitória
de Guimarães foram as vítimas de George.
Após a descida de divisão
permaneceu no clube e contribuiu para a conquista do título da II
Liga e consequente promoção à I
Liga.
No regresso ao primeiro
escalão, em 2001-02, participou em 24 encontros (onze como titular),
ajudando a formação
micaelense a assegurar pela primeira vez a permanência entre a elite
do futebol português.
Na temporada seguinte atuou em 28
partidas (20 a titular) e marcou dois golos, frente a Sp.
Braga e Gil Vicente, insuficientes para evitar nova despromoção.
O atacante brasileiro continuou
mais um ano em São Miguel, com escassa utilização na II
Liga, voltando depois ao Brasil para representar o Sport Recife.
1. Figueiredo (97 jogos)
Figueiredo |
Talvez a principal figura das
primeiras participações do Santa
Clara na I
Liga, até porque foi capitão de equipa, disputou 97 jogos (sempre a
titular) em 102 possíveis e tornou-se internacional por Angola
– país em que nasceu – durante a estadia nos Açores.
Formado no Belenenses,
passou por União
de Tomar, Desp.
Aves, O
Elvas e Camacha antes de reforçar o emblema
de Ponta Delgada no verão de 1996, quando o clube tinha acabado de ascender
à… II Divisão B. Dificilmente estaria a prever o que viria a acontecer: duas
promoções consecutivas que culminaram na chegada à I
Liga em 1999.
“As subidas de divisão foram
muito marcantes. Depois da primeira subida de divisão, São Miguel e os açorianos
estavam todos na rua para nos saudar. Era mesmo um mar de gente. No ano
seguinte, voltamos a subir de divisão quando nada o fazia prever. E, depois, a
última subida, quando ganhamos o campeonato (da II
Liga) foi igualmente marcante. Foram momentos inéditos e inesquecíveis na
história do clube e é difícil explicar aquilo que se viveu na altura”, recordou
em abril de 2020, ao site
do Santa Clara.
Se foi bastante influente para as
duas subidas, no primeiro
escalão continuou a ser uma pedra basilar. Em 1999-00 disputou 31 jogos e
marcou dois golos, um frente à União
de Leiria e outro diante do Sporting
em Alvalade,
numa execução notável de um livre direto que deixou Peter Schmeichel pregado ao
relvado.
Após a descida de divisão continuou
no clube e sagrou-se campeão da II
Liga, tendo regressado ao patamar
maior do futebol português em 2001-02, época em que marcou presença nas 34
jornadas do campeonato e apontou três golos, diante de Vitória
de Guimarães, Vitória
de Setúbal e Belenenses,
ajudando os açorianos
a assegurar a permanência.
Na época seguinte foi utilizado
em 32 partidas e faturou por três vezes, frente a FC
Porto, Boavista
e Varzim, mas foi impotente para evitar nova despromoção.
Após nova descida de divisão o ‘mágico
Figas’ ainda permaneceu no clube durante mais um ano, rumando depois aos
Dragões Sandinenses. “Sempre defendi as cores do Santa
Clara e dos Açores com muita vontade, muito crer. As pessoas naturalmente
que reconhecem essa minha atitude e retribuem-me com imenso carinho. Tenho
muito apreço, tanto pela instituição, como pelos Açores. Nunca me esquecerei
dos momentos que aí passei”, afirmou, 16 anos depois da despedida.
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