Rúben Micael volta à Madeira após um ano como peixe fora de água

Rúben Micael assinou por uma temporada pelo Nacional

Quando Rúben Micael foi contratado pelo Vitória de Setúbal, já se sabia que o pragmático Lito Vidigal seria o treinador, mas quem está na disposição de contratar um jogador como o médio madeirense normalmente é porque pensa (ou devia pensar…) em ter bola e num estilo de jogo mais apoiado, técnico e elaborado. Porém, a verdade é que os sadinos sempre privilegiaram um futebol mais direto, físico e combativo.

No 4x3x3 ou no 4x2x3x1 de Vidigal, Rúben Micael ocupou a posição de n.º 10, mas raramente assumiu as funções de organizador de jogo, algo que ele é por excelência. O internacional português de 32 anos tem muita qualidade nos momentos de definição das jogadas, nomeadamente no último passe, mas quando o modelo de jogo de uma equipa passa por bolas bombeadas pelos defesas para os avançados, não esperem combatividade da parte dele para ganhar as segundas bolas. Para isso estão lá outros, como Éber Bessa no caso dos setubalenses, e por isso o veterano madeirense teve tremendas dificuldades de afirmação no Bonfim, tendo apenas sido titular por 20 vezes (em 26 jogos realizados) no campeonato.

Quem não esteve muito atento à época do Vitória e apenas tivesse olhado para as estatísticas, certamente que se apressará a justificar que o pobre registo com que saiu dos sadinos se tivesse devido ao avançar da idade e ao período decadente da carreira. Não é mentira que raramente cumpriu os 90 minutos de cada partida, mas não raras as vezes passou os jogos com os olhos no céu a ver a bola fazer o seu trajeto desde os defesas até aos poderosos avançados Mendy e Cádiz.

 

A chegada de Sandro ao comando técnico dotou a equipa de um futebol ligeiramente mais elaborado, o que taticamente se expressou na utilização de apenas um trinco – Semedo, que com Lito Vidigal jogava ao lado de Mikel – e da implementação de um 4x4x2 losango que serviu para colmatar a falta de extremos puros no plantel, mas a falta de confiança que advém da escassez de resultados positivos e o perfil físico com que a equipa foi construída nunca deixaram o antigo centrocampista FC Porto e Sp. Braga ter grande brilho.

Após um ano como um peixe fora de água no Sado, regressa ao Nacional quase dez anos depois de ter deixado marca na Choupana com a missão de ajudar os alvinegros a voltarem à I Liga e a oportunidade de mostrar que não perdeu a qualidade técnica, o critério e a visão de jogo que sempre o caracterizaram. A contratação de Luís Freire (ex-Estoril), um treinador que privilegia um futebol mais elaborado, é em teoria uma boa notícia para ele.