quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

A minha primeira memória de… um dérbi entre Barreirense e Fabril

Dérbi de dezembro de 2007 foi o primeiro em mais de 24 anos
Natural (embora não nascido…) e criado no Barreiro – onde, aliás, ainda resido -, desde a viragem do milénio que boa parte das minhas tardes de domingo foram passadas no Estádio Alfredo da Silva, casa do Grupo Desportivo Fabril, antes conhecido como CUF e Quimigal. E em alguns casos, quando os fabrilistas jogavam fora, ia ao D. Manuel de Mello e mais tarde à Verderena assistir aos encontros do Barreirense.

Vivenciei vitórias suadas, goleadas, derrotas inesperadas, empates comprometedores e até subidas e descidas de divisão dos dois históricos clubes da minha cidade. Habituei-me a ver o Fabril a deambular entre a antiga III Divisão e a I Distrital da AF Setúbal e o Barreirense como uma das principais equipas da então II Divisão B – Zona Sul.


A 28 de maio de 2005, com os fabrilistas mergulhados nos distritais, estive no saudoso Campo D. Manuel de Mello a assistir a uma vitória do Barreirense sobre o União Micaelense (2-1) que assegurou a promoção à II Liga para os alvirrubros, num dia de enorme festa para as gentes da concelho.

Na pré-época seguinte, os dois vizinhos defrontaram-se num dérbi não oficial, um jogo particular em que a lei do mais forte imperou e o Barreirense goleou por 4-1. O resultado esperado num duelo entre uma formação da II Liga e outra dos distritais. O que eu não esperava era que só precisava de esperar mais dois anos para assistir a um dérbi oficial, não só o meu primeiro, mas também o primeiro desde 1983.

Carlos Marques e Brito em disputa de bola na área do Fabril
À entrada para essa partida de 9 de dezembro de 2007, o Barreirense jogava em casa… no Alfredo da Silva, depois de se ter desfeito do D. Manuel de Mello e antes de voltar a ter um campo próprio. Apesar de vir de duas despromoções consecutivas e de jogar em casa emprestada, o conjunto orientado pelo antigo médio sportinguista Valter Costa estava na corrida pelos lugares cimeiros da Série F da III Divisão. Já o Fabril, comandado pelo antigo extremo leonino e benfiquista Jorge Amaral, ocupava a lanterna vermelha antes do arranque da 12.ª jornada.

Como não poderia deixar de ser, desloquei-me ao estádio para assistir ao encontro. Segundo algumas estimativas, estavam mais do que dois mil espetadores presentes – entre os quais ex-figuras dos dois clubes como Manuel Fernandes, Jorge Martins e Manuel Oliveira e o então jogador do Sporting João Moutinho -, num encontro que tinha entrada livre.

Desde o início do encontro que notei um sentimento de dérbi nos jogadores do Fabril, com uma motivação superior à de outras partidas, aplicando-se o mesmo aos adeptos. No entanto, notava-se que o Barreirense era superior, com jogadores mais experientes e com mais qualidade.

À passagem do minuto 16, o guarda-redes alvirrubro Valter derruba o avançado fabrilista Luís Costa, tendo o árbitro Tiago Cerqueira (Lisboa) assinalado uma grande penalidade que o próprio Luís Costa converteu em golo.

O Barreirense fez pela vida na segunda parte, encostou o Fabril à sua zona defensiva e acabou por chegar ao empate aos 82 minutos, na sequência de um pontapé de canto apontado na direita por Vasco Campos, com Mário a cabecear para o fundo das redes.


Tudo dava a entender que, tendo em conta o desenrolar de acontecimentos, a haver um vencedor seria o Barreirense, a julgar pelo domínio asfixiador que estava a exercer. No entanto, quem acabou por chegar ao segundo golo foi o Fabril, por Tralhão, que galgou metros no meio-campo ofensivo, isolou-se e fez golo, aos 90+2’. A bancada onde estava a massa associativa do emblema do Lavradio explodiu de alegria. Ainda hoje, passados onze anos, continuo-o a considerar o festejo mais efusivo que presenciei no Estádio Alfredo da Silva. Pela primeira vez, nessa tarde fria de dezembro, ouvi adeptos a gritar pelo nome do clube.













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