segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Natália, a agente imobiliária que nos intervalos da chuva treina para o Ironman

Triatleta brasileira fez o primeiro Ironman 70.3 em 2015
Natália Nascimento Guilherme é agente imobiliária em Lisboa, mas se há algo pela qual a sua vida se tem pautado é a mobilidade. Nascida há 34 anos em Caratinga, no estado brasileiro de Minas Gerais, estudou direito na cidade natal, viveu em Quito, capital do Equador, mas há quase três anos que reside em Portugal.

Essa mobilidade também se aplica no dia-a-dia. "Acordo às 6.00, passeio a cadela, vou fazer a corrida ou ciclismo. Saio para trabalhar um pouco antes das 9.00, trabalho o dia todo, saio à hora de almoço para fazer algum tipo de atividade e ao final do dia faço a natação, por volta das 19.00. Chego a casa às 21.00, preparo o jantar e estou com o meu namorado [Miguel Carneiro], que também é triatleta. Treinamos juntos, especialmente a natação. Não dá tempo para mais. Adormeço cedo, entre as 22.30 e as 23.00", começou por contar ao DN a triatleta que reside em Almada. Ou seja, tem que atravessar a ponte 25 de abril todos os dias.

Da estranheza à curiosidade e apoio no trabalho

A próxima meta é o Ironman Cascais 70.3, que se realiza no domingo e a vai colocar à prova em 1900 metros de natação, 90 quilómetros de ciclismo e 21,1 km de corrida. Diz que não tem tempo para muita vida social, mas conta com o apoio do namorado, também triatleta, e a compreensão dos colegas e superiores hierárquicos do trabalho, que ao início lhe chamavam louca, mas que já se renderam à persistência da mineira. "No início, toda a gente me dizia: 'menina, você vai quebrar uma perna'. Estranhavam muito. Mas com o tempo, viam-me chegar ao trabalho com a mochila e começou a surgir interesse em saber o que eu fazia e quanto corria por dia e como é que eram as provas. Há pessoas que não conhecem muito bem, sabem só que são três modalidades. Entretanto, alguns já começaram a fazer ginásio ou caminhadas", prosseguiu, sempre bem-disposta, confessando que também há dias em que não lhe apetece treinar.

Natália conquistou de tal forma com quem trabalha que na sua agência decidiram fazer um vídeo promocional com paralelismos entre a rotina de um triatleta e de um consultor imobiliário. "Há muitas similaridades. É necessária muito eficiência, determinação e persistência. Surgiu a possibilidade de fazer o vídeo juntamente com a minha chefe Ana Gomes, três dias antes da prova de Cascais do ano passado. É simples, passa a mensagem e a ideia é motivar as pessoas a realizarem os seus sonhos", considera a atleta amadora, que utiliza o nome da agência no equipamento.


Do crossfit no Equador ao Mundial

Não vai ser a primeira vez de Natália nestas andanças. É a quinta. Mas a triatleta mineira apenas pratica triatlo há três anos, mas logo numa prova histórica, o primeiro Ironman 70.3 do Equador. "Sempre pratiquei muito desporto na escola e na minha cidade. Pratiquei crossfit no Equador e comecei no triatlo em 2015. E logo em 2015 fiz logo o meu primeiro triatlo longo, experimentei logo o Half Ironman. Foi o primeiro Half Ironman do Equador. Correu muito bem, vim para Portugal no final desse ano e passado um ano dei continuidade ao triatlo aqui. Comecei a procurar pessoas para treinar e participei no Ironman 70.3 de Cascais", que no ano passado concluiu a prova em 6 horas e 26 minutos, um tempo que pretende superar, mas sem pressão.

"O meu objetivo é baixar o tempo e divertir-me, sem olhar para o relógio. Vai ser o meu quinto Half Ironman. Não posso dizer que tenho experiência, mas pelo menos vou mais tranquila. No ano passado fiz 6 horas e 26 minutos. Este ano não sei quanto vou conseguir baixar, mas acho que vou conseguir baixar um bocadinho esse tempo, até porque melhorei na corrida e no ciclismo", perspetivou a triatleta amadora de 34 anos, que já prepara a prova de domingo há cerca de nove meses.
Natural de Minas Gerais, vive em Portugal há quase três anos

"Comecei a temporada deste ano já no ano passado. Comecei a treinar para esta prova em dezembro ou janeiro, só que tive duas provas semelhantes antes desta: o triatlo de Setúbal, em abril, e o Challenge de Lisboa, no final de maio. É uma rotina que vem desde o início do ano, com treinos bidiários ou até tridiários, treinos longos ao fim de semana, dias de descanso com uma corridinha leve de 40 minutos ou então natação, só para soltar. Por muito que eu tenha liberdade de horário, tento não atrapalhar o meu plano de negócios e o meu compromisso com a agência com que trabalho. Tenho um treinador, Nuno Barradas, que me faz o plano de treinos de ciclismo e corrida, e treino natação no Jamor com o Clube de Triatlo de Almada", contou Natália, que procura "comer de forma saudável" e não descurar "as bebidas de recuperação após o treino, para no dia seguinte continuar com o plano". "Mas na próxima temporada conto ter acompanhamento nutricional, até para estar mais levezinha e poder baixar mais os tempos", acrescentou, sempre simpática.

A próxima temporada será marcada pela presença no Campeonato do Mundo que vai decorrer em junho na cidade eslovaca de Samorin, depois de se ter qualificado através do Challenge de Lisboa. "Havia seis vagas por escalão e eu fui a sexta. Obtive o meu recorde pessoal: cinco horas e 35 minutos", recordou a mineira, que conta participar na Maratona de Sevilha, em fevereiro. Nada detém esta triatleta que tem pedalada para aguentar a correria do dia-a-dia.








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