O Sporting foi esta noite a Vila do Conde vencer o Rio Ave por 3-2, num jogo em que mais uma vez teve que sofrer para conseguir o triunfo.
Eis a constituição das equipas:
Rio Ave
É o primeiro jogo que vejo do Rio Ave este ano, daí que não possa tecer grandes comentários sobre a táctica e jogadores escolhidos. Olhando para o «onze», vejo nomes com algum estatuto no futebol português, com alguns internacionais pela equipa das quinas, ainda que alguns apenas nas camadas jovens. Se por um lado à entrada para esta jornada eram a lanterna vermelha, por outro o único ponto que conquistaram, foram ao Sp. Braga, na única vez que os bracarenses perderam pontos nas primeiras quatro jornadas.
Sporting
O Sporting não apresentou grandes novidades, apenas fazendo entrar Elias e fazendo sair Pereirinha em relação à equipa que venceu em Zurique na quinta-feira.
Carrillo é um desequilibrador, acrescenta mais que Pereirinha, e precisa de ritmo de jogo e de se adaptar ao futebol português, e só se adapta jogando, e creio que com Izmailov e Jeffren indisponíveis, esta oportunidade para o peruano vem na altura ideal.
O Sporting entrou praticamente a ganhar no jogo, logo aos 2’, canto de Elias marcado rasteiro para a entrada da área, onde Schaars desviou com um remate forte e colocado para dentro da baliza vila-condense.
No minuto seguinte, veio o 0-2, num cruzamento de Capel na esquerda que foi concluído por Wolfswinkel à ponta-de-lança. Vantagem tranquila, bem cedo no jogo, como os leões precisavam.
Bem cedo no jogo também, o Rio Ave ficou privado do seu matador, João Tomás, que provavelmente partiu o nariz após ter levado com o pé de Onyewu, num lance casual. Para o seu lugar entrou Christian Atsu, emprestado pelo FC Porto.
A partir do 0-2, o jogo foi equilibrado, sempre com o Sporting a ter mais posse de bola, no entanto, a não ser muito perigoso com ela, embora atacasse e chegasse algumas vezes à área contrária. A equipa, especialmente nos minutos seguintes ao segundo golo, fez boas trocas de bola, mostrou grande confiança, no entanto, com o passar do tempo, foi querendo gerir o esforço, foi guardando a bola e perdeu algum entusiasmo.
Já o Rio Ave, também foi fazendo pela vida, e mesmo sem o seu habitual marcador de golos, mesmo sem criar grandes situações de golo evidente, foi atacando e chegando perto da baliza de Rui Patrício, que mostrou-se muito nervoso durante esta parte do jogo, precipitando-se muitas vezes, quer em pontapear logo a bola, quer nas saídas fora da grande área (numa delas pontapeou contra um jogador do Rio Ave e se não fosse a felicidade do ressalto os vila-condenses podiam ter reduzido), quer nas saídas nos cruzamentos e até nos pontapés de baliza em que pontapeou mal a bola algumas vezes.
Estava a precisar de uma grande defesa este jovem guarda-redes português.
Ao intervalo, 0-2, um resultado que parece tranquilo para qualquer equipa, mas que na prática, revela-se algo enganador, porque é sempre um resultado que está sob suspeita. Se o Rio Ave reduzir o resultado, pode a qualquer momento empatá-lo, e o melhor é o Sporting tentar outro golo.
Em Zurique, os leões chegaram também a esse resultado muito cedo no jogo e ganharam, no entanto, adormeceram cedo no jogo, e se não fosse a falta de pontaria dos suíços (três bolas enviadas ao ferro), as coisas podiam ter sido diferentes, por isso, é preciso muito cuidado, e já se sabe, a melhor defesa é o ataque.
Na segunda parte, a minha teoria confirmou-se, o Sporting entrou relaxado, a ter posse de bola mas não muito longe da sua baliza, como de um treino se tratasse, sem ter olhos para a baliza contrária e não demorou muito a sofrer golo, logo aos 49’, por intermédio de Christian, a passe de Yazalde, num lance em que Rui Patrício ficou muito mal na fotografia.
O Sporting nem assim acordou, continuou relaxado, a fazer o mesmo tipo de jogo, e o empate viria a surgir aos 63’, desta vez por Yazalde, assistido por Christian.
Neste momento, o jogo tornou-se dividido, ao contrário do que previa os verde-e-brancos não baixaram os braços, foram à procura da vitória, no entanto, o Rio Ave também a procurou, e nesta fase, qualquer equipa podia ter chegado ao 3-2, mas acabou por ser o Sporting a marcar. Canto de Capel direito à cabeça de Onyewu, que se impôs nas alturas e enviou a bola para dentro da baliza de Paulo Santos.
A partir daí, e embora as alterações que Domingos fez não indicassem nesse caminho, o Sporting não relaxou, tentou manter a vantagem e até mesmo ampliá-la, e acabou por conseguir ganhar o jogo, sendo que a expulsão de Jean Sony acabou por facilitar a tarefa dos leões.
Analisando as equipas, creio que o Rio Ave mostrou alguns argumentos e que mais tarde ou mais cedo vai sair da situação que ocupa. Tal como na época passada, a equipa começou mal mas melhorou gradualmente ao longo da temporada, ameaçando mesmo chegar a um lugar europeu, e creio que este ano, talvez não chegue tão longe, mas certamente sairá desta posição desconfortável. A dupla Christian/Yazalde mostrou argumentos, e creio que com João Tomás formar-se-á um trio na frente de ataque que vai fazer a vida negra às defesas contrárias.
Há que destacar a crença da equipa, que apesar da classificação que ocupa, acreditou que podia alcançar um bom resultado mesmo quando estava a perder por dois golos de diferença, e chegou mesmo ameaçar ganhar o jogo.
Há muito trabalho pela frente para Carlos Brito mas os resultados vão surgir.
Quanto ao Sporting, entrou com o seu melhor «onze», dentro dos jogadores que estão disponíveis, no entanto, Rui Patrício mostrou-se demasiado nervoso, após as criticas que foi alvo nos últimos jogos, e esteve bastante inseguro e pouco concentrado, tendo culpas no primeiro golo e acumulando algumas falhas, só colmatadas por uma grande defesa na parte final do desafio.
A defesa tem muito a melhorar, sobretudo na estratégia da Defesa em Linha que parece que os jogadores ainda não assimilaram. É preciso também maior agressividade na abordagem dos lances, ao invés de tanta passividade.
No que concerne ao jogo ofensivo da equipa, quando se marca três golos há pouco a apontar, na minha opinião Capel foi o melhor jogador em campo, e se depois do jogo com o Zurique lhe apontei algumas criticas como agarrar-se demasiado à bola em vez de ir para o flanco e procurar os cruzamentos que tão bem faz, neste jogo só tenho de o elogiar, foi um jogador de colectivo, provando isso logo ao terceiro minuto quando assistiu Wolfswinkel no 0-2. Marcou ainda o canto do 2-3. Elias esteve muito bem também, tem bom toque de bola, é útil para a manutenção de posse de bola e na construção de jogo ofensiva, creio que com tempo tornar-se-á num jogador fundamental no Sporting. Wolfswinkel marcou pelo terceiro jogo consecutivo e mostra porque o contrataram, ainda que estranhe as suas movimentações, já que em determinadas fases do jogo descai sobre o flanco direito e procura cruzamentos, quando ele é que deveria estar na área. É bom mostrar-se um jogador solidário, capaz de entrar no jogo ofensivo da equipa, não ficando parado lá à frente, no entanto, não sei se por iniciativa individual ou por ordem do técnico, estes posicionamentos não favorecem a equipa, embora ele não estivesse mal sempre que teve a bola no flanco.
Carrillo mostra ser melhor que Djaló, no entanto, assim que Jeffren recuperar, deve perder o lugar, até porque aguardo com bastante ansiedade ver Capel e Jeffren a ocupar simultaneamente as alas.
Schaars está a agarrar o lugar e a mostrar cada vez mais a sua utilidade.
No entanto, fico algo insatisfeito pela atitude da equipa assim que fica a ganhar por 2-0. Creio que uma equipa que toda a gente vê que está pouco entrosada (o treinador e o jogador usam esse argumento para desculpar os resultados e retirar pressão) não pode dedicar-se exclusivamente a guardar a bola quando o resultado é tão suspeito, sobretudo quando não se guarda a bola longe da sua grande área. Basicamente, é estar-se a pôr a jeito para ataques venenosos dos adversários.
É preciso procurar ampliar a vantagem, fazer o adversário desistir de disputar o jogo, é preciso ser-se demolidor, até porque um resultado mais confortável daria mais confiança à equipa.
Aqui critico Domingos, até porque as substituições falam por si, retiraram-se os extremos para serem colocados jogadores menos móveis para fechar no meio-campo.
Assim é difícil conseguir resultados e exibições como as do Benfica, por exemplo, que mostra-se muito forte a jogar em ataque rápido e em contra-ataque, situações em que o Sporting não conseguiu na recta final do jogo criar boas oportunidades.
Com esta vitória, o Sporting volta a depender apenas de si próprio para vencer o campeonato, (embora não seja esse o objectivo de Domingos Paciência) e na sexta-feira há clássico FC Porto – Benfica.