Sousa Cintra foi presidente do Sporting entre 1989 e 1995
Empresário algarvio bem-sucedido,
Sousa Cintra tornou-se uma das personagens mais excêntricas e divertidas do
futebol português quando passou pela presidência do Sporting,
entre 1989 e 1995.
No verão de 1991, ia ao volante
do seu automóvel enquanto dava uma entrevista telefónica à TSF sobre as
iminentes transferências de Oceano e Carlos Xavier para a Real
Sociedad. Mas, a meio da conversa, o tema dominante passou a ser outro, uma
infelicidade do então líder leonino:
“Que caraças! Agora parti aqui o vidro do meu carro. É pá, que grande porra.
Estava a beber uma água… É preciso ser estúpido, pá. Uma daquelas águas de
deitar fora, então não é que eu acabei a garrafa de água, ia a falar consigo ao
telefone, pá, então não é que eu…? Inacreditável. Como é que é possível eu
fazer uma coisa destas? Pensei que tinha o vidro aberto… Não me magoei, mas
parti o vidro do meu lado, pá. Como é possível uma coisa destas? A janela
estava fechada e o vidro foi à vida.”
Juskowiak somou 31 golos em 87 jogos pelo Sporting
“Juskowiak... a vantagem de ter
duas pernas!”. A frase ficou como uma das pérolas do jornalista Gabriel Alves,
mas ilustra bem o que era o antigo avançado do Sporting,
um atacante com facilidade de remate com os dois pés e que ficou conhecido
pelos golos bonitos que apontava.
Contratado em meados de 1992 ao
Lech Poznan por indicação de Bobby Robson, com o qual tinha treinado à
experiência no PSV,
aguçou as expetativas dos sportinguistas
nos Jogos Olímpicos desse ano, em Barcelona, com sete remates certeiros em seis
jogos ao serviço da seleção
polaca, finalista vencida desse torneio, numa altura em que ainda não se
tinha estreado oficialmente de leão ao peito.
Jorge Cadete somou 33 internacionalizações e cinco golos
“There's only one Jorge Cadete,
he puts the ball in the netty, He's Portuguese and he scores with ease, walking
in Cadete wonderland”. Era com este cântico que os adeptos do Celtic,
clube escocês com profundas raízes católicas, enalteciam outro JC, um português
que ressuscitou para os golos em Glasgow e que fez o milagre de se tornar o
primeiro jogador luso a sagrar-se melhor marcador num campeonato estrangeiro.
Mas Jorge Paulo Cadete Santos
Reis, nascido a 27 de agosto de 1968 em Pemba, Moçambique, foi muito mais do
que um avançado que teve sucesso no campeonato escocês. Formado no Sporting,
tornou-se em 1992-93 no primeiro jogador da cantera leonina
a vencer a Bola de Prata, o troféu atribuído pelo jornal A Bola ao
melhor marcador da I
Liga. 18 golos lhe bastaram nessa época. Curiosamente, na temporada
anterior até havia faturado mais (25), mas foi superado pelo nigeriano
Ricky, do Boavista (30).
Nascido em Bamaco, em 1946, o antigo avançado maliano Salif Keita tornou-se um ícone do futebol de África e em França, a que chegou após uma atribulada saída do Mali, cujo Governo recusava a sua saída, e do Real Bamako, para se juntar ao Saint-Étienne.
Conseguiu três títulos seguidos de campeão de França nos les verts, com 71 golos marcados nas últimas temporadas naquele emblema, 42 só na época 1970/71, após ter recebido o primeiro prémio de Futebolista Africano do Ano, em 1970.
Mudou-se para o Marselha em 1972, mas o clube queria naturalizá-lo francês, o que recusou, saindo para o Valência, em Espanha, país em que enfrentou racismo por parte dos jornais desportivos.
A 'pérola negra do Mali', como ficou mais tarde conhecido, marcou também o emblema che e deixou o clube em 1976, para o Sporting, jogando em Lisboa ao lado de Jordão e Manuel Fernandes, entre outros, ganhando uma Taça de Portugal e apontando 33 golos em três anos.
Foi finalista vencido da Taça das Nações Africanas de 1972, presidiu à Federação Maliana de Futebol, esteve envolvido com o governo do seu país e foi votado um dos melhores africanos do último meio século pela Confederação Africana de Futebol.
O talento para o futebol passou também para os sobrinhos, com Seydou Keita parte da equipa do FC Barcelona que venceu tudo com Pep Guardiola, Mohamed Sissoko a jogar no Valência, Liverpool ou Juventus, e Sidi Yaya Keita no Lens.