O Benfica venceu hoje o Sporting no Estádio da Luz por 1-0, com um golo de Javi García, num jogo a contar para a Liga ZON Sagres.
Eis a constituição das equipas:
Benfica
O Benfica aparece neste encontro motivado, não só porque se trata de um “derby” mas porque a meio da semana foi a Old Trafford empatar, garantindo assim o apuramento aos Oitavos-de-final da Liga dos Campeões.
No onze encarnado, Luisão sempre não pode jogar devido a lesão e o seu substituto é Jardel e na frente de ataque jogará Cardozo em detrimento de Rodrigo.
Sporting
O Sporting vai procurar no Estádio da Luz a 8ª vitória consecutiva para a Liga ZON Sagres e a primeira no recinto do seu maior rival desde 2006.
Face à equipa que jogou frente ao Sp. Braga no último fim-de-semana, a inclusão de Daniel Carriço com “pivot” defensivo do meio-campo é a única novidade, relegando André Santos para o banco de suplentes.
O jogo começou muito equilibrado, com o Sporting a tentar impedir um inicio forte do Benfica, recorrendo a faltas quando necessário e logo no primeiro minuto o árbitro João Capela quis impor ordem no jogo ao mostrar um cartão amarelo a Elias.
O que é certo é que até foram os leões que começaram melhor, com um cabeceamento de Wolfswinkel a passar perto do alvo, logo aos 5’.
Assim que o jogo assentou os encarnados não tardaram a responder, e na sequência de um canto marcado na esquerda, Gaitán livre de marcação fora da área atirou de primeira ao poste no primeiro grande momento de grande emoção neste “derby”.
Dois minutos depois, a formação de Domingos Paciência respondeu e num lance “made in Netherlands”, Wolfswinkel amorteceu de cabeça para um remate de pé direito de Schaars mas a bola sai ao lado, muito perto da baliza de Artur.
Aos 24’, Matías lesionou-se a fazer um curto na sua grande área, e teve de ser substituído por Carrillo que até entrou bem no jogo.
À passagem da meia hora, foi Onyewu a rematar com perigo, com um corte de Gaitán a desviar a bola que levava selo de golo.
O Sporting nesta altura chegava ao ataque acima de tudo por lançamentos longos, Capel estava a perder o duelo com Maxi Pereira, e Carrillo ainda tinha entrado há muito pouco tempo, já o Benfica privilegiava acima de tudo o ataque contínuo e o contra-ataque, onde conseguiam superiorizar-se aos leões.
Perto do intervalo, na sequência de um canto cobrado por Aimar, Javi García surge ao primeiro poste e cabeceou para o fundo das redes, fazendo desta forma o 1-0.
Ao interregno, apesar do equilíbrio, é um resultado que não se desajustava de todo, o Benfica estava a conseguir chegar com mais soluções perto da área do Sporting, embora fosse a formação leonina a mais rematadora na primeira parte.
Na segunda metade, a equipa de Domingos Paciência como lhe competia tentou empatar o jogo e logo a abrir, na marcação de um livre directo descaído para a esquerda junto à grande área das águias, Elias atirou ao lado num lance muito perigoso.
No entanto, o Benfica não quis passar os últimos 45 minutos a defender e foi em busca do mesmo resultado dos últimos três derbies na Luz (2-0), e um exemplo forte foi um remate de Cardozo para defesa de Rui Patrício após tirar do caminho os centrais do Sporting.
Perto da hora de jogo, a formação leonina criou uma das suas maiores oportunidades para marcar, um cruzamento de Carrillo foi enviado directamente para a cabeça de Elias que levou a bola para a direcção certa, mas Artur estava entre os postes para responder com uma grande defesa.
Quando a partida estava equilibrada, Cardozo leva o segundo amarelo devido a protestos (já o primeiro tinha sido pela mesma razão) e é expulso, o que obriga Jorge Jesus a retirar uma das suas melhores unidades até então, Aimar, para colocar Rodrigo, que a partir daí foi o homem mais adiantado da equipa.
Logo a seguir, Wolfswinkel recuperou uma bola que foi dada como perdida por todo o sector defensivo dos vice-campeões nacionais (e aqui fez lembrar Liedson), atirou para defesa de Artur e na recarga Elias atirou para fora.
A jogar com mais um, Domingos percebeu que Carriço já não acrescentava nada (mesmo em igualdade numérica já não trazia grande utilidade em relação ao seu substituto) e colocou André Santos, privilegiando a circulação de bola e tendo agora um homem mais recuado no meio-campo que fosse mais forte na construção, mas contra dez os jogadores do Benfica jogaram mais perto da sua grande área, e como o médio português não é nenhum Iniesta ou Xavi a descobrir espaços, foram variadíssimas as vezes em que os futebolistas mais recuados dos leões tiveram que jogar para o lado ou até mesmo para trás, visto ser praticamente impossível furar a defensiva encarnada e a solução usada foi quase sempre o lançamento longo para Wolfswinkel que merecia mais apoio, pois tabelava bem, segurava bem a bola, mexia-se à procura de espaços, mas era preciso mais alguém na grande área para poder dar sequência ao chamado “chuveirinho”.
O apoio ao ponta-de-lança holandês chegou quando o técnico sportinguista retirou Insúa e colocou Bojinov em campo, mas estava difícil criar oportunidades a substituição revelou-se inconsequente, apesar de não ter nada a apontar ao búlgaro.
Até ao final do jogo, apesar do sufoco que o Sporting estava a causar, até foi o Benfica quem esteve mais perto do golo, primeiro com uma tentativa de canto directo de Gaitán à trave e já nos descontos Rodrigo isola-se mas Rui Patrício faz a mancha e impede o tento do espanhol.
O árbitro João Capela apitou para o final do encontro, e os encarnados acabam por vencer a partida. Se é justo? Bem, o Benfica marcou, o Sporting não o fez. É verdade que a produtividade ofensiva das equipas (mesmo em igualdade numérica) foi bastante semelhante, talvez o empate fosse o resultado que melhor se ajustasse, mas há que dar mérito a quem faz golos e não os sofre.
Analisando as equipas, posso mesmo começar pelo juiz da partida que creio que acusou a sua inexperiência em clássicos. Muitas vezes qualquer pormenor faz a diferença, e um cartão amarelo por jogo perigoso logo no primeiro minuto e expulsar um jogador por acumulação sem este ter feito uma única falta são aspectos que não contribuem para a beleza do espectáculo. Creio que não beneficiou nem prejudicou ninguém, quis ter o controlo do jogo, avisar desde cedo que os atletas não deveriam tomar um caminho demasiado agressivo, mas revelou um excesso de autoridade. Talvez da próxima lhe corra melhor, afinal foi a primeira vez em encontros de tal importância.
O Benfica foi a formação que mais vezes assumiu o jogo, apresentou mais soluções, atacou pelos flancos, pelo meio e até em contra-ataque, defendeu bem em inferioridade numérica e mesmo nesta situação até criou algumas oportunidades.
Jorge Jesus esteve bem, tanto na escolha do onze, organizar a equipa e nas substituições.
Artur foi mais uma vez gigante, Maxi Pereira venceu a maior parte dos duelos com Capel e até deu para atacar com qualidade, Jardel foi um digno substituto de Luisão, ninguém lhe pode apontar algo neste jogo, Garay foi sólido como de costume e Emerson foi o menos brilhante da defensiva encarnada, sendo variadíssimas vezes ultrapassado por Carrillo que deu imenso que fazer.
Javi Garcia é o homem do jogo, aquele que resolveu a partida e será ele a estar nas capas dos jornais amanhã. Witsel e Aimar fizeram ambos grandes exibições, o primeiro importantíssimo na construção de jogo e também a recuperar e a segurar a bola, e o segundo a dinamizar o ataque encarnado, aquele que pegava no esférico e fazia a sua equipa avançar no terreno.
Bruno César passou algo discreto, e o próprio Gaitán não terá feito um dos seus melhores jogos de águia ao peito, apesar de ter sido extremamente importante nas transições ofensivas mais rápidas da equipa. Já Cardozo, exceptuando um grande lance no começo da segunda parte em que tirou dois defesas do Sporting do caminho e rematou para defesa de Rui Patrício, pouco incomodou Onyewu e Polga.
Rodrigo teve uma boa oportunidade para ampliar a vantagem e Rúben Amorim ajudou a fechar o lado direito. Nolito não teve muito tempo para fazer algo.
Quando ao Sporting, apesar de um “derby” ser um jogo de 50% de hipóteses para cada lado, face ao “factor casa” do Benfica e até ao peso histórico de confrontos entre ambos, era o menos favorito para o jogo, e desde cedo esteve bem a retirar a iniciativa de tomar conta da partida por parte do seu rival.
A equipa não foi muito forte a construir jogo, parecia partida entre os defesas (e Daniel Carriço) e o resto do meio-campo e ataque, e com Maxi Pereira a ganhar a maioria dos duelos a Capel e sem Carrillo até determinada fase, as soluções foram os lançamentos longos e bolas paradas, mas mesmo com menos argumentos, foram várias as jogadas de perigo.
Percebo a intenção de Domingos Paciência em colocar Carriço em campo, é um jogador que defende melhor, tem maior capacidade de desarme, mas é fraco a sair a jogar, tem uma qualidade de passe muito fraca para uma equipa como o Sporting, e certamente que em próximas oportunidades não será alvo de aposta. Também aponto o dedo ao treinador por estar a ver Maxi neutralizar Capel, e já com Carrillo em campo não optar por trocar-lhes de flanco (algo que só aconteceu no clímax do “chuveirinho”), poderia ser outra solução, até porque proporcionaria diagonais de ambos, uma solução que a equipa não desfrutou durante a partida. De resto, pouco há a apontar, quando há duas grandes equipas em campo, não há só demérito de quem não marca, há mérito de quem defende e evita que o resultado fosse outro.
Rui Patrício quando foi chamado a intervir esteve muito bem, fez pelo menos duas grandes defesas e até esteve forte nos cruzamentos.
João Pereira não se safou mal perante Gaitán e Bruno César, Onyewu falhou na antecipação a Javi García no golo e mais tarde numa recepção que iria originar no tal único lance de perigo de Cardozo, não há nada a apontar a Polga e o próprio Insúa também não se safou mal perante os extremos do Benfica.
Daniel Carriço para mim foi o “patinho feio” dos leões, não trouxe assim tanta consistência defensiva e como homem responsável pela primeira fase de construção foi péssimo. Schaars e sobretudo Elias fizeram boas exibições, o brasileiro esteve em algumas das principais oportunidades de golo e correu imenso a pressionar os centrais e também Artur quando estes tinham a bola.
Matías não teve grandes oportunidades de se mostrar, Carrillo para mim foi das melhores unidades da sua equipa, mas tem imenso que evoluir, Capel face à inspirada exibição de Maxi teve de procurar outras vias de contribuir para o jogo ofensivo da equipa e esteve sempre inconformado, e Wolfswinkel não marcou, mas para mim fez o jogo em que trabalhou mais desde que chegou a Alvalade. Tabelou, mexeu-se, lutou imenso, fez lembrar Liedson, mas infelizmente para ele não conseguiu marcar, e já passou algum tempo desde que fez o seu último tento de bola corrida…
Com esta vitória, o Benfica ascende à liderança provisória da Liga ZON Sagres, já que só amanhã é que o FC Porto joga. Aqui fica a classificação após o clássico: