A data é impossível de esquecer:
26 de janeiro de 2005. No dia em que completei 13 anos de vida Benfica e
Sporting defrontaram-se no Estádio da Luz para um jogo eletrizante a contar
para a Taça de Portugal.
Já via futebol há cerca de cinco
anos e estava habituado a dérbis que não correspondiam às expetativas, com
poucos golos e oportunidades, mal jogados e muito táticos. Na véspera dos jogos
recordava-se o 7-1
e o 3-6, mas o que depois se via quase sempre era 1-0 ou 2-1. O mesmo se
aplicava quando o FC Porto estava metido ao barulho.
No entanto, naquele dia do meu
13.º aniversário tudo foi diferente. Ainda não estava bem sentado no sofá em
frente à televisão quando Geovanni inaugurava o marcador para o Benfica, logo
aos três minutos, batendo Tiago – titular na Taça de Portugal, mas suplente de
Ricardo no campeonato.
Tendo em conta o que estava
habituado, até julgava tratar-se de um golo decisivo, porém, este dérbi estava mesmo
destinado a ser diferente. E tanto assim foi que, com dois grandes golos, o Sporting
deu a volta, primeiro por Hugo Viana (15’) – que nesse jogo tentou marcar de
canto direto a todo o custo – e depois por Liedson (17’).
Teria o Sporting de José
Peseiro conquistado uma vantagem difícil de anular? Nada disso! Passados
cinco minutos, Geovanni repôs a igualdade, voltando a aproveitar as sobras de
um livre direto.
A partir daí sim, o jogo acabou
por se tornar parecido aos dérbis a que estava habituado, mais tático e menos
bem jogado em termos técnicos. Não que aqui e ali não surgissem oportunidades,
mas o encontro parecia totalmente diferente daquilo a que se assistiu nos
primeiros 22 minutos.
Foi preciso esperar pela segunda
parte do prolongamento para vermos mais golos – e que golos! A dada altura, o lateral
moçambicano Paíto rouba bola a Carlitos ainda no meio-campo do Sporting e
desata a correr pelo corredor esquerdo, passando em velocidade por João Pereira
e com
um humilhante túnel por Luisão antes de disparar para o fundo das redes.
“Marcou a minha carreira, sem dúvida. Acaba por ser o meu cartão-de-visita.
Quando se fala em Paíto, associa-se a Luisão. E sempre que as pessoas em
Moçambique falam de Luisão, falam de mim. Todos me recordam desse golo ao
Benfica, mas gostava de ser recordado por ter conquistado dois ou três
campeonatos no Sporting, não por um lance”, confessou após terminar a carreira.
Aos 110 minutos e depois de uma
obra de arte daquelas, poucos se atreveriam a prever que o vencedor fosse outro
que não o conjunto leonino. Contudo, o
Benfica respondeu também com um golaço, da autoria do capitão Simão, que encheu
o pé de fora da área e bateu um Tiago que pareceu mal posicionado.
Com o 3-3 no final do prolongamento,
seguiu-se o desempate por grandes penalidades. Petit, Manuel Fernandes, Dos
Santos, Nuno Gomes, Simão, Carlitos e Alcides não falharam para o Benfica de Giovanni
Trapattoni nem Rochemback, Tello, Liedson, Polga, Sá Pinto e João
Moutinho para o Sporting, mas Miguel Garcia acertou na trave e entregou o
apuramento aos encarnados.
Curiosamente, o vilão dessa noite
haveria de ser o herói de uma outra mais importante meses depois, ao apontar o
golo que qualificou os leões para a final da Taça UEFA.
Sem comentários:
Enviar um comentário