quarta-feira, 2 de abril de 2025

O “novo Paulo Sousa” formado no Benfica e infeliz no Sporting. Quem se lembra de Bruno Caires?

Bruno Caires disputou 51 jogos pelo Benfica e dois pelo Sporting
Jogava como médio mais recuado, mas destacava-se pela qualidade técnica e de passe, o que, associado à farta cabeleira e a um percurso formativo feito no Benfica, cedo lhe valeu comparações a Paulo Sousa.
 
Desde tenra idade ligado às águias – depois de ter começado a jogar futebol no Amora – e chamado às seleções jovens nacionais, somou 52 internacionalizações desde os sub-15 à seleção B. De quinas ao peito venceu os Jogos Olímpicos da Juventude Europeia (sub-15) em 1991 e o Campeonato da Europa de sub-18 em 1994, tendo ainda marcado presença no Europeu de sub-16 em 1992, no Mundial de sub-20 em 1995 e no Torneio de Toulon e nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996.
 
Em 1995-96, depois de meio ano de empréstimo ao Belenenses na transição para o futebol sénior, ganhou espaço no plantel do Benfica, tendo contribuído para a conquista da Taça de Portugal. “Toda a minha juventude na formação do Benfica foi fantástica. E pela seleção nacional fui campeão europeu sub-18, 3.º classificado no Mundial sub-20 e 4.º no Europeu sub-16. Essa geração lutou pelos primeiros lugares em todas as competições. E estar numa equipa como o Benfica e vencer a Taça de Portugal foi ótimo", confessou o antigo centrocampista, que teve um grande desempenho e fez uma assistência na conquista do Jamor, frente ao Sporting, naquela que para muitos foi a melhor exibição da sua carreira. "Não. Foi uma de muitas. Tinha 20 aninhos e ficou na retina das pessoas, devido ao mediatismo do jogo. O favorito era o Sporting, mas fizemos um grande jogo", recordou ao Diário de Notícias em julho de 2017.
 
 
Nessa altura, intensificaram-se as tais comparações com Paulo Sousa. “Era normal, jogávamos na mesma posição. O Paulo Sousa era um dos melhores a nível mundial e ser comparado a ele era sinal de que estava a fazer um bom trabalho”, disse.
 
 
Após duas boas temporadas de águia ao peito, nas quais amealhou um total de 51 encontros e dois golos, rumou ao Celta de Vigo nos derradeiros meses de 1997, num negócio que rendeu 3,5 milhões de euros aos encarnados.
 
 
Na Galiza, contudo, teve um revés, quando sofreu uma lesão gravíssima, uma rutura de ligamentos cruzados no joelho direito. "São sempre situações difíceis. Afetou a minha maneira de jogar, porque precisava de jogar muito para estar a um bom nível. Entretanto, o futebol evoluiu e hoje um jogador não precisa de estar sempre a jogar para estar num bom nível", lamentou, admitindo que "não foi por isso" que não foi mais além na carreira.
 
Depois de apenas 26 encontros em três anos ao serviço do Celta e de um empréstimo ao Tenerife na segunda metade de 1999-00, voltou a Portugal pela porta do Sporting, no verão de 2000, com o intuito de jogar para recuperar o nível de outrora, numa altura em que os verde e brancos haviam perdido Vidigal e Duscher, tinham Delfim lesionado e não podiam contar com Paulo Bento, por castigo, para as provas europeias. Ainda assim, foi contratado sem o aval do treinador Augusto Inácio.
 
“As oportunidades não surgiram e não me consegui mostrar”, lembrou o antigo médio, que esteve vinculado ao emblema de Alvalade durante quatro anos, mas apenas por duas vezes jogou pela equipa principal dos leões, tendo alinhado em 42 partidas pelos bês verde e brancos, na antiga II Divisão B – pelo meio, representou ainda o Maia e o Sporting da Covilhã por empréstimo.
 
Apesar de não ter sido feliz de leão ao peito, diz que ficou “a gostar do Sporting, uma grande casa”, pela qual tem muito “carinho”. Ainda assim, é pelo Benfica que o coração bate mais forte. “Foram muitos anos lá, é normal. O meu pai [Eurico Caires] também jogou no Benfica [durante a formação e em 1971-72 enquanto sénior] e parte da minha família é benfiquista”, confessou.
 
Depois de uma temporada ao serviço do Louletano, em 2004-05, encerrou a carreira, com apenas 29 anos de idade. “Só tenho de louvar fazer aquilo de que gostava. Os meus pais sempre me apoiaram e nunca fizeram qualquer tipo de pressão. Não me arrependo de nada. O treinador pode decidir a meu favor ou de um colega, é normal. Só tenho a agradecer a quem confiou em mim”, afirmou, em jeito de balanço.
 
Após pendurar as botas dedicou-se ao futebol jovem, tendo já desempenhado as funções de coordenador da formação do Amora e do Arrentela.



 





  

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