sexta-feira, 13 de junho de 2025

O defesa portuense bicampeão europeu que só jogou no Benfica. Quem se lembra de Ângelo Martins?

Ângelo Martins disputou 280 jogos pelo Benfica entre 1952 e 1965
Defesa nascido no Porto que habitualmente atuava sobre o lado esquerdo do setor mais recuado, desde tenra idade que assumiu a preferência clubística pelo Benfica numa cidade onde a tendência era, naturalmente, ser adepto do FC Porto. Por isso, dizia ser simpatizante do clube local que também vestia de vermelho, o Salgueiros.
 
Filho de um sapateiro, mostrou cedo ter jeito para jogar futebol, tendo começando por representar o Académico do Porto quando tinha 15 anos. Aos 16 chegou a ser irradiado, por ter assinado por dois clubes, após ter sido enganado por um dirigente portista, e permaneceu afastado do desporto-rei até aos 20, quando a cumprir serviço militar em Santarém foi observado por um olheiro do Benfica num jogo entre militares. Após apelos para instâncias superiores, a irradiação foi revogada e Ângelo assinou pelos encarnados.
 
Foi precisamente de águia ao peito que fez toda a sua carreira como futebolista sénior, ao longo de 13 temporadas, entre 1952 e 1965, tendo amealhado 280 jogos e quatro golos. Durante esse período conquistou duas Taças dos Campeões Europeus (1960-61 e 1961-62), tendo atuado em ambas as finais, e ainda sete campeonatos (1954-55, 1956-57, 1959-60, 1960-61, 1962-63, 1963-64 e 1964-65) e cinco Taças de Portugal (1952-53, 1954-55, 1956-57, 1961-62 e 1963-64).
 
Durante o seu percurso na Luz esteve cerca de um ano suspenso, entre março de 1959 e março de 1960, por ter sido considerado o culpado de uma confusão que se gerou durante um dérbi com o Sporting em Alvalade, na jornada anterior à do Caso Calabote. Recebeu ordem de expulsão por parte do árbitro Reinado Silva devido a uma falta sobre Travassos que não tinha sido ele a cometer e quando saiu do relvado teve de passar por um mar de gente, tendo sido agredido por adeptos rivais. Gerou-se uma confusão que meteu outros jogadores do Benfica e a polícia ao barulho. “Fui mais vítima do que agressor e, qual não foi o meu espanto, quando soube que apanhara um ano de suspensão. Culparam-me de tudo o que aconteceu, quando nem sequer merecia ser expulso porque estava longe do Travassos. A falta foi do Alfredo. Uma vergonha, mas o Benfica também não mexeu os cordelinhos e acomodou-se”, recordou anos mais tarde.
 
 
Foi ainda 20 vezes internacional A por Portugal, sem ter participado em qualquer fase final. Já tinha terminado a carreira aquando do Mundial 1966.
 
Após pendurar as botas integrou a estrutura do Benfica, nomeadamente como treinador nas camadas jovens durante as décadas de 1970 e 1980. Pelas suas mãos passaram Artur Correia, Chalana, Humberto Coelho, João Alves, Jordão, Nené, Shéu ou Vítor Martins, entre outros.
 
Viria a falecer a 11 de outubro de 2020, aos 90 anos. “A coisa mais bela que pode existir no desporto é ser do Benfica”, havia dito a 28 de fevereiro desse ano, num encontro de benfiquistas no dia de aniversário do clube.
 


 
 



 

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