O defesa portuense bicampeão europeu que só jogou no Benfica. Quem se lembra de Ângelo Martins?
Ângelo Martins disputou 280 jogos pelo Benfica entre 1952 e 1965
Defesa nascido no Porto que
habitualmente atuava sobre o lado esquerdo do setor mais recuado, desde tenra
idade que assumiu a preferência clubística pelo Benfica
numa cidade onde a tendência era, naturalmente, ser adepto do FC
Porto. Por isso, dizia ser simpatizante do clube local que também vestia de
vermelho, o Salgueiros.
Filho de um sapateiro, mostrou cedo
ter jeito para jogar futebol, tendo começando por representar o Académico
do Porto quando tinha 15 anos. Aos 16 chegou a ser irradiado, por ter assinado
por dois clubes, após ter sido enganado por um dirigente portista,
e permaneceu afastado do desporto-rei até aos 20, quando a cumprir serviço
militar em Santarém foi observado por um olheiro do Benfica
num jogo entre militares. Após apelos para instâncias superiores, a irradiação
foi revogada e Ângelo assinou pelos encarnados. Foi precisamente de águia ao
peito que fez toda a sua carreira como futebolista sénior, ao longo de 13
temporadas, entre 1952 e 1965, tendo amealhado 280 jogos e quatro golos. Durante
esse período conquistou duas Taças
dos Campeões Europeus (1960-61
e 1961-62),
tendo atuado em ambas as finais, e ainda sete campeonatos (1954-55, 1956-57,
1959-60, 1960-61, 1962-63, 1963-64 e 1964-65) e cinco Taças
de Portugal (1952-53, 1954-55, 1956-57, 1961-62 e 1963-64). Durante o seu percurso na Luz
esteve cerca de um ano suspenso, entre março de 1959 e março de 1960, por ter
sido considerado o culpado de uma confusão que se gerou durante um dérbi com o Sporting
em Alvalade,
na jornada anterior à do Caso
Calabote. Recebeu ordem de expulsão por parte do árbitro Reinado Silva
devido a uma falta sobre Travassos que não tinha sido ele a cometer e quando
saiu do relvado teve de passar por um mar de gente, tendo sido agredido por
adeptos rivais. Gerou-se uma confusão que meteu outros jogadores do Benfica
e a polícia ao barulho. “Fui mais vítima do que agressor e, qual não foi o meu
espanto, quando soube que apanhara um ano de suspensão. Culparam-me de tudo o
que aconteceu, quando nem sequer merecia ser expulso porque estava longe do
Travassos. A falta foi do Alfredo. Uma vergonha, mas o Benfica
também não mexeu os cordelinhos e acomodou-se”, recordou anos mais tarde.
Foi ainda 20 vezes internacional
A por Portugal,
sem ter participado em qualquer fase final. Já tinha terminado a carreira
aquando do Mundial 1966. Após pendurar as botas integrou a
estrutura do Benfica,
nomeadamente como treinador nas camadas jovens durante as décadas de 1970 e
1980. Pelas suas mãos passaram Artur Correia, Chalana,
Humberto Coelho, João
Alves, Jordão,
Nené, Shéu ou Vítor
Martins, entre outros. Viria a falecer a 11 de outubro
de 2020, aos 90 anos. “A coisa mais bela que pode existir no desporto é ser do Benfica”,
havia dito a 28 de fevereiro desse ano, num encontro de benfiquistas no dia de
aniversário do clube.
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