terça-feira, 19 de março de 2024

“Se tivesse comprado um anão para o Benfica já teria crescido”. Recorde as melhores pérolas de Toni

Toni comandou o Benfica pela última vez em 2001-02 
Toni é daquelas personalidades futebolísticas que geram simpatia até entre os adeptos rivais do clube ao qual está mais associado, neste caso o Benfica. É bonacheirão, simpático, genuíno e até mesmo divertido. Afinal, só uma pessoa com um coração muito grande é que, mesmo com o estatuto de campeão nacional como treinador, passa para adjunto de Eriksson. Mas quando se irrita… fujam!
 
Vou contar a minha experiência pessoal. Estava a estagiar na secção de futebol internacional do jornal A Bola em meados de 2014 quando o meu editor nesse dia me pediu para telefonar a Toni, para perceber se ainda estava nos iranianos do Tractor e colocar-lhe umas questões sobre um qualquer assunto que não me vem à memória. Assim o fiz. Do outro lado, apanhei um Toni que não estava nos seus dias, irritado, que disse que já não estava no Irão há várias semanas e que durante o telefonema soltou uma série de impropérios. Os meus colegas ficaram surpreendidos, porque o Toni com que sempre lidaram era exatamente o tal tipo bonacheirão, simpático, genuíno e divertido, mas para mim passou a ser alguém a evitar a partir daquele dia.
 
Cinco anos depois, já no Diário de Notícias, pediram-me para falar com dois antigos jogadores marcantes do Benfica para fazer uma antevisão da temporada 2019-20. A minha primeira escolha foi António Simões. Depois de provavelmente José Augusto e Veloso não terem atendido o telefone, lá voltei a tentar a sorte com Toni e, dessa feita, correu melhor. Já foi um Toni à imagem daquele que vemos quase diariamente no Canal 11.
 
Mas o momento mais conhecido de irritação de Toni foi a célebre conferência de imprensa no Irão. Perante a insistência de um jornalista em fazer perguntas incómodas sobre um jogador que não apreciava, o treinador português ficou furioso: “E no segundo golo o número seis faz isto, o guarda-redes faz isto, e é o Hosseini que lá está, caralho? É o Hosseini que lá está? É o Hosseini? É o Hosseini, caralho?”
 
Na mesma sala, um jornalista mais jovem ria da cena, mas não foi perdoado por Toni: “É pá, e tu smile… por que é que estás-te a rir? Estás-te a rir de quê, pá? Que idade é que tens para estar aqui, caralho? A esta hora é para estares a dormir, pá!”
 
 
Nem este incidente fez com que o carismático nativo da ideia de Mogofores, no concelho de Anadia, deixasse de ser visto como uma pessoa amável no Irão. Tanto assim foi que este jornalista mais jovem madrugou para estar às 6:00 no aeroporto para se despedir de Toni quando o português foi demitido do Tractor.
 
No fundo, saiu do Irão quase da mesma forma como saiu de França em março de 1995, quando foi despedido do Bordéus, mas elogiado pela maneira de ser. “É pá, gajo porreiro já sou em Portugal, isso aqui não me serve de nada”, desabafou na altura.
 
Muito antes de ir para o Irão e antes até de ir para França, sucedeu a Tomislav Ivic no comando técnico do Benfica em outubro de 1992. Meses depois, o croata sugeriu, numa entrevista polémica, que os jogadores benfiquistas estavam maiores, numa suposta alegação de doping. Toni não gostou e mostrou-se irritado: “Só falta… sabe o que é? Já disse esta frase: se tivesse comprado um anão para o Benfica, este ano, já tinha crescido. Só falta isto na entrevista dessa merda desse gajo.”
 
 
 

Do Instituto Salesiano ao topo

Toni chegou ao Benfica no início da época 1968-69 oriundo da Académica, quando tinha 21 anos, depois de ter dado os primeiros passos no futebol ao serviço do Instituto Salesiano e mais tarde no Anadia.
 
No plantel do clube da Luz ficou até 1980-81, tendo conquistado oito campeonatos (1968-69, 1970-71 a 1972-73, 1974-75 a 1976-77 e 1980-81) e cinco Taças de Portugal (1968-69, 1969-70, 1971-72, 1979-80 e 1980-81) nesse período. Pelo meio, em 1977, teve uma curta passagem pelos norte-americanos dos Las Vegas Quicksilvers.
 
Em 1972 foi eleito futebolista português do ano para o CNID e no ano seguinte ajudou as águias conquistar o título nacional sem qualquer derrota, algo inédito na altura em Portugal.
 
Foi também enquanto jogador do Benfica que somou as suas 32 internacionalizações, entre outubro de 1969 e março de 1978.
 
Após encerrar a carreira continuou ligado ao clube, integrando várias equipas técnicas. Em 1987-88 tornou-se pela primeira vez treinador principal, continuando no cargo na época seguinte. Depois voltou para adjunto de Sven-Göran Eriksson e Tomislav Ivic antes de se tornar novamente o homem do leme entre outubro de 1992 e julho de 1994 e entre dezembro de 2000 e dezembro de 2001.
 
 







  

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