terça-feira, 17 de junho de 2025

O “Ruço” que queria ser médico e “era o único jogador à Benfica” no… Sporting. Quem se lembra de Artur Correia?

Artur Correia passou seis anos no Benfica e três no Sporting
Defesa direito lisboeta conhecido pela alcunha de “Ruço” devido ao visual, mas também pelo seu estilo impetuoso, começou a praticar futebol nas camadas jovens do Futebol Benfica, o popular “Fofó”, como avançado, mas ao fim de um ano já estava a jogar nos juniores do Benfica como médio, tendo vencido o título nacional da categoria em 1967-68 ao lado de Humberto Coelho, Vítor Martins e Nené.
 
Quando transitou para sénior, colocou os estudos à frente da bola e mudou-se para a Académica para ter a possibilidade de estudar medicina em Coimbra. Se na primeira época pouco jogou, entre 1969 e 1971 afirmou-se de tal maneira na equipa principal da briosa, já como lateral direito, que teve de deixar de lado o sonho de ser médico. Em 1969-70 contribuiu para a caminhada dos estudantes até aos quartos de final da Taça das Taças e na temporada seguinte para a obtenção de um honroso 5.º lugar na I Divisão.
 
Bastante cobiçado, recusou convites de Sporting, FC Porto e Belenenses, mas não resistiu a uma proposta de Borges Coutinho para regressar ao Benfica, tendo vivido os melhores anos da carreira de águia ao peito, entre 1971 e 1977.
 
Nesse período amealhou um total de 160 jogos e dois golos pelos encarnados, tendo conquistado seis campeonatos (1971-72, 1972-73, 1974-75, 1975-76 e 1976-77) e uma Taça de Portugal (1971-72). Com naturalidade chegou também à seleção nacional A, tendo somado a primeira de 34 internacionalizações – depois de quatro pelos sub-21 – numa vitória em Chipre em maio de 1972 (1-0).
 
 
No decorrer da época 1976-77 sofreu uma pleurisia que pôs em risco a sua carreira. Embora tivesse conseguido recuperar, os dirigentes do Benfica hesitaram em lhe renovar o contrato, o que o levou a aceitar a proposta de João Rocha para se transferir para o Sporting no verão de 1977. “Nunca pensei jogar naquela equipa, mas o Benfica mandou-me embora. Na prática, foi assim. Durante seis anos estive sempre a ganhar o mesmo: 34 contos por mês. Em 1974, o presidente Borges Coutinho prometeu-me 500 contos e uma festa de homenagem quando renovasse o contrato, em 1977. Ora em 1977 fomos campeões, com o Mortimore, e o [diretor desportivo] Romão Martins ofereceu-me uma festa de homenagem de 200 contos e 27 contos de ordenado. Onde é que já se viu passar de 34 para 27 contos? Como é possível baixar de ordenado? Ameacei com a saída e disseram-me que, como eu era benfiquista, nunca sairia. Mas estavam a empurrar-me para fora do meu clube e saí. O João Rocha apanhou-me descontente e fui parar ao outro lado da Segunda Circular”, lembrou.
 
Com todas as faculdades intactas, foi titular indiscutível em Alvalade durante as três temporadas que passou de leão ao peito, tendo atuado em 83 jogos e conquistado uma Taça de Portugal (1977-78) e um campeonato (1979-80). Pelo meio teve curtas experiências nos Estados Unidos, ao serviço dos        New England Tea Men, pelos quais atuou em meados de 1979 e no início de 1980.
 
 
Em setembro de 1980, quando se preparava para a quarta época no Sporting, sofreu um acidente cardiovascular que lhe colocou em risco de vida e pôs logo ali termo à carreira de futebolista, quando tinha 30 anos.
 
A 3 de junho de 1981, Sporting e Benfica juntaram-se para se defrontar num jogo de homenagem, no Estádio José Alvalade. Nessa ocasião, Toni definiu-o numa frase: “No Sporting, era o único jogador à Benfica.” Também o próprio Artur Correia tinha uma frase que o caracterizava: “Comigo, ou passava a bola ou passava o homem… os dois, não.”
 
 
Após pendurar as botas aventurou-se como treinador no comando técnico do Sesimbra e do Centro Desportivo Universitário de Lisboa (CDUL), tendo trabalhado ainda durante 18 anos, a recibos verdes, no departamento de Desporto da Câmara Municipal de Lisboa.
 
Viria a morrer em julho de 2016, aos 66 anos, vítima de um AVC. 


 



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