Agressões, saudações nazis e promessas de suicídio. Quem se lembra de Paolo di Canio?
Di Canio marcou 52 golos em 141 jogos pelo West Ham
É comum a presença do chamado “enfant
terrible” na alta roda do futebol, como Éric
Cantona, Mario
Balotelli, Zlatan
Ibrahimovic ou os nossos Sérgio
Conceição, Carlos Martins e Maniche.
No fundo, jogadores sem papas na língua, temperamentais e algo conflituosos.
Mas Paolo di Canio não era apenas mais um a enquadrar-se nessa categoria, estava
numa dimensão diferente.
Em 2005, quando representava a Lazio,
fez a saudação nazi na direção dos adeptos da rival AS
Roma, um gesto que na altura lhe custou uma pesada multa por parte da
federação italiana. E num dos braços tem inscrita a palavra latim Dux, que
em italiano significa Duce, nome pelo qual o ditador fascista Benito
Mussolini era conhecido, e chegou a ser despedido pela cadeia de televisão Sky
Sport Italia, onde desempenhava funções de comentador de futebol, por ter
exibido a tatuagem quando estava em direto.
Além da ideologia de extrema
direita, tinha os tais sintomas de enfant terrible. Em setembro de 1998,
numa receção do seu Sheffield Wednesday ao Arsenal
em Hillsborough, empurrou Patrick Vieira e foi agarrado pelos colegas para não
saltar para cima de Martin Keown como um buldogue enraivecido. Quando viu o
cartão vermelho, empurrou também o árbitro, que deu uns passos para trás antes
de se estatelar no relvado. O avançado italiano foi suspenso por onze jogos e
saiu em janeiro para o West
Ham, mas não se mostrou arrependido e até gozou com o juiz da partida: “Deu
três ou quatro passos antes de cair, até parecia que queria ganhar um penálti.”
O que é certo é que Di Canio
assinou pelos hammers
e tornou-se num ídolo do clube, guiando-os a um honroso 5.º lugar em 1998-99 ao
lado de jogadores como Frank Lampard ou Rio Ferdinand. Chegou a parecer um
homem novo quando agarrou a bola com as mãos e abdicou de marcar um golo por o
guarda-redes do Everton
se encontrar caído devido a lesão, um gesto que lhe valeu o prémio Fair Play da
FIFA em 2001.
No entanto, continuou a ser
temperamental. Um dia, por exemplo, fartou-se de cair na área sem que o árbitro
assinalasse penálti e pediu a substituição. O treinador não lhe fez a vontade e
Di Canio sentou-se junto à linha de meio-campo de braços cruzados. “Não jogo
mais”, repetia.
Os adeptos, porém, adoravam as
loucuras deste italiano que nunca chegou a internacional A e tinha piranhas em
casa. “O homem que vai lá a casa tratar das piranhas já me disse que, se não
renovar com o West
Ham, me mata os bichos”, contou. Noutra ocasião, foi o próprio Di
Canio a elevar a fasquia “Quero que saibam que o West
Ham vai ganhar um título qualquer antes de me ir embora. Caso contrário, eu
mato-me”, prometeu. Contudo, os londrinos
nada ganharam. Pelo contrário, até foram
despromovidos ao Championship em 2003. Mas o atacante transalpino, que no
dia de Natal de 2001 recusou uma proposta do Manchester
United, continua bem vivo.
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