quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Agressões, saudações nazis e promessas de suicídio. Quem se lembra de Paolo di Canio?

Di Canio marcou 52 golos em 141 jogos pelo West Ham
É comum a presença do chamado “enfant terrible” na alta roda do futebol, como Éric Cantona, Mario Balotelli, Zlatan Ibrahimovic ou os nossos Sérgio Conceição, Carlos Martins e Maniche. No fundo, jogadores sem papas na língua, temperamentais e algo conflituosos. Mas Paolo di Canio não era apenas mais um a enquadrar-se nessa categoria, estava numa dimensão diferente.
 
Em 2005, quando representava a Lazio, fez a saudação nazi na direção dos adeptos da rival AS Roma, um gesto que na altura lhe custou uma pesada multa por parte da federação italiana. E num dos braços tem inscrita a palavra latim Dux, que em italiano significa Duce, nome pelo qual o ditador fascista Benito Mussolini era conhecido, e chegou a ser despedido pela cadeia de televisão Sky Sport Italia, onde desempenhava funções de comentador de futebol, por ter exibido a tatuagem quando estava em direto.
 
 
Além da ideologia de extrema direita, tinha os tais sintomas de enfant terrible. Em setembro de 1998, numa receção do seu Sheffield Wednesday ao Arsenal em Hillsborough, empurrou Patrick Vieira e foi agarrado pelos colegas para não saltar para cima de Martin Keown como um buldogue enraivecido. Quando viu o cartão vermelho, empurrou também o árbitro, que deu uns passos para trás antes de se estatelar no relvado. O avançado italiano foi suspenso por onze jogos e saiu em janeiro para o West Ham, mas não se mostrou arrependido e até gozou com o juiz da partida: “Deu três ou quatro passos antes de cair, até parecia que queria ganhar um penálti.”
 
 
 
O que é certo é que Di Canio assinou pelos hammers e tornou-se num ídolo do clube, guiando-os a um honroso 5.º lugar em 1998-99 ao lado de jogadores como Frank Lampard ou Rio Ferdinand. Chegou a parecer um homem novo quando agarrou a bola com as mãos e abdicou de marcar um golo por o guarda-redes do Everton se encontrar caído devido a lesão, um gesto que lhe valeu o prémio Fair Play da FIFA em 2001.
 
 
 
No entanto, continuou a ser temperamental. Um dia, por exemplo, fartou-se de cair na área sem que o árbitro assinalasse penálti e pediu a substituição. O treinador não lhe fez a vontade e Di Canio sentou-se junto à linha de meio-campo de braços cruzados. “Não jogo mais”, repetia.
 
 
Os adeptos, porém, adoravam as loucuras deste italiano que nunca chegou a internacional A e tinha piranhas em casa. “O homem que vai lá a casa tratar das piranhas já me disse que, se não renovar com o West Ham, me mata os bichos”, contou.
 
Noutra ocasião, foi o próprio Di Canio a elevar a fasquia “Quero que saibam que o West Ham vai ganhar um título qualquer antes de me ir embora. Caso contrário, eu mato-me”, prometeu. Contudo, os londrinos nada ganharam. Pelo contrário, até foram despromovidos ao Championship em 2003. Mas o atacante transalpino, que no dia de Natal de 2001 recusou uma proposta do Manchester United, continua bem vivo.
 
 



 
 

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