sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Hoje faz anos o gigante central que somou 242 jogos na I Liga. Quem se lembra de Idalécio?

Idalécio representou o Sp. Braga entre 1996 e 2002
Um gigante de 1,96 m e que calçava o 47 nascido em Alcochete, mas que se fez homem e futebolista no Algarve, tendo integrado a equipa do Farense que disputou a Taça UEFA em 1995-96 e um bom Sp. Braga na era pré-António Salvador, quarto classificado da I Liga em 1996-97 e 2000-01 e finalista da Taça de Portugal em 1997-98. No primeiro escalão do futebol português, patamar em que representou ainda Nacional e Rio Ave, somou 242 jogos entre 1995 e 2006.
 
Depois de ter passado os primeiros anos de vida no Montijo, onde começou a jogar futebol no Atlético do Montijo e no Desportivo do Montijo, mudou-se com a mãe e o irmão para Loulé, quando os pais se separaram. Praticou basquetebol, ténis, natação e atletismo, mas acabou por se decidir pelo futebol. Fez os derradeiros anos de formação no Louletano e chegou a ser chamado à seleção nacional de sub-18. Quando subiu a sénior foi ganhar rodagem para o Almancilense, então na III Divisão Nacional, e depois regressou ao emblema de Loulé, pelo qual jogou na II Liga entre 1992 e 1994. Mas desengane-se quem pensa que se afirmou rapidamente.
 
“Tive uma concorrência muito grande a nível de centrais. Tinha o Pagani, que deu muito ao Louletano, era uma grande referência, e o João Carlos, que hoje em dia é treinador no Brasil. Era uma dupla brasileira fortíssima. Também tinha o Marco que tinha vindo do Farense emprestado ao Louletano nesse ano. Houve jogos onde joguei como defesa esquerdo, não tinha tanta liberdade ofensiva, mas foi aí que tive mais oportunidades de jogar. Procurei agarrar o lugar, embora não fosse a minha posição. Mas acabámos por descer”, recordou à Tribuna Expresso em janeiro de 2021.
 
Na temporada seguinte, na II Divisão B e com Manuel Balela no comando técnico, agarrou um lugar no onze do Louletano, fosse no centro ou no lado esquerdo da defesa. Paralelamente, “o Farense leva uma razia tremenda nesse ano, com rescisões, de salários em atraso e o mister Paco Fortes vira-se para alguns jovens próximos”. E Idalécio era um deles. “Tive a ajuda e a intervenção do falecido empresário Manuel Barbosa e do meu pai. Quando eu começo a ir à seleção, o meu pai deve ter pensado que se calhar até tinha jeito para a coisa. E tenta chegar ao contacto com o senhor Manuel Barbosa, um agente de renome na altura. Assinei contrato com ele e ele tirou-me do Louletano, pagou 15 mil contos ao clube, ficou dono do meu passe e colocou-me no Farense por empréstimo de uma época”, contou.
 
 
Em Faro teve uma “época muito difícil, sempre com salários em atraso, com muitas dificuldades”, mas com Paco Fortes a segurar o barco: “Ele era uma pessoa bastante exigente, rigorosa nos aspetos especialmente defensivos, mas sempre com uma equipa muito aguerrida, ele transmitia aquela raça catalã.” No início dessa temporada de 1995-96 competiu na Taça UEFA, tendo atuado nos dois jogos frente aos franceses do Lyon.
 
Com sete meses de salário em atraso, mas a jogar com regularidade, recebeu uma proposta do Sp. Braga no verão de 1996 e rumou ao emblema arsenalista, que viria a representar durante seis anos. Logo na estreia marcou num empate diante do seu clube do coração, o Benfica, no Estádio da Luz.
 
 
Depois do quarto lugar com Manuel Cajuda em 1996-97, foi um dos esteios da equipa comandada por Alberto Pazos que atingiu a final da Taça de Portugal na época seguinte, mas ficou fora dos 18 inscritos na ficha de jogo no Jamor. Seguiram-se Vítor Oliveira e Carlos Manuel no comando técnico, mas foi com o regressado Cajuda que os bracarenses reentraram nos eixos, com novo quarto lugar em 2000-01 – à frente do Benfica.
 
 
Deixou os minhotos em 2002, mas continuou na I Liga ao serviço do recém-promovido Nacional, então orientado por José Peseiro. Mas na Madeira, tal como em Braga e em Faro, voltou a vivenciar o drama dos salários em atraso.
 
 
Após uma época nos alvinegros ofereceu-se para regressar ao Sp. Braga, já com António Salvador na presidência, mas não foi correspondido. Depois enviou uma mensagem a Carlos Brito, então treinador do Rio Ave, e acabou por reforçar os vila-condenses, na altura também recém-promovidos à I Liga.
 
Depois de duas boas temporadas com Carlos Brito – em 2004-05 foi totalista no campeonato, tendo cumprido os 3060 minutos –, nas quais o Rio Ave ficou às portas do apuramento para a Taça UEFA, a saída do treinador para o Boavista e a chegada de António Sousa não fizeram bem à equipa, assim como as mexidas no plantel, e os vila-condenses foram despromovidos à II Liga em 2006. O último jogo de Idalécio no primeiro escalão foi a 23 de abril desse ano, numa derrota em Barcelos diante do Gil Vicente. Tinha 32 anos.
 
 
Seguiram-se passagens por Trofense e Gondomar na II Liga antes de regressar ao Algarve para vestir novamente as camisolas de Louletano e Farense, desta feita na III Divisão Nacional, e subiu à II Divisão B pelos dois clubes, mas nenhum o convidou para continuar na equipa. O último clube que representou foi o Quarteirense, em 2010-11, nos distritais algarvios, despedindo-se da carreira de futebolista com uma promoção à III Divisão Nacional.
 
Após pendurar as botas foi viver para Londres, onde tem trabalhado no ramo da restauração e hotelaria.
 
 
  
 




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