Dez jogadores que ficaram na história da equipa B do Benfica |
Fundado a 28 de fevereiro de 1904
por antigos alunos da Casa
Pia na Farmácia Franco, em Belém, o Sport Lisboa fundiu-se com o Sport
Clube de Benfica a 4 de setembro de 1908 para constituir o Sport
Lisboa e Benfica, que possui ininterruptamente equipa B desde 2012-13,
depois de já ter tido uma formação secundária entre 1999-00 e 2005-06.
Se o primeiro Benfica
B competiu na II Divisão B (entre 1999-00 e 2001-02 e posteriormente em
2005-06) e na III Divisão (entre 2002-03 e 2004-05), a segunda vida dos bês encarnados
tem sido vivida exclusivamente na II
Liga.
O quarto lugar, alcançado em
2016-17 com Hélder Cristóvão no comando técnico e em 2018-19 a meias entre Bruno
Lage e Renato Paiva, foi a melhor classificação obtida pelas águias
no segundo
escalão.
10. Hélder Costa (72 jogos)
Extremo nascido em Luanda, mas internacional português pelas seleções
jovens, ingressou os benjamins do Benfica
em 2004-05 e transitou para a equipa B em 2012-13, quando ainda tinha idade de
júnior.
Em duas épocas e meia nos bês encarnados
amealhou 72 jogos (61 a titular) e 15 golos na II
Liga.
Pelo meio, atuou 13 minutos pela equipa principal num jogo frente ao Gil
Vicente na Taça
da Liga em 2013-14, o que fez dele um vencedor do troféu nessa temporada. “Lembro-me
bem. Joguei 15 minutos num jogo da Taça
da Liga e acabámos por vencer a prova, por isso foi ótimo. Tive uma
oportunidade de golo, mas o meu pé direito não era muito bom. É por isso que
trabalhámos da forma que trabalhámos durante anos, para termos essa
oportunidade. Felizmente tive a minha oportunidade e agradeço aos adeptos e ao
treinador por terem acreditado em mim”, recordou em novembro de 2018, em
entrevista ao site do Wolverhampton.
Em janeiro de 2015 saltou diretamente para a I
Liga Espanhola, tendo sido emprestado ao Deportivo
da Corunha.
“Estive no Benfica
durante 12 anos e fiz muitos amigos como o Cav [Ivan Cavaleiro], que ainda está
comigo. O Benfica
fez-me crescer como homem e como jogador, por isso devo-lhes tudo. Têm uma
academia muito forte, costumávamos viver no complexo de treinos e estudávamos
lá, por isso tínhamos todas as condições para ter sucesso. Não joguei tantas
vezes quanto gostaria, mas foi bom para crescer”, lembrou, nostálgico.
9. Zé Gomes (78 jogos)
Campeão da Europa de sub-17 e melhor jogador do torneio em 2016 e
vencedor do título europeu de sub-19 dois anos depois, ingressou nos iniciados
do Benfica
em 2012-13, proveniente da Academia Vitalaise da Guiné-Bissau,
o país onde nasceu.
Em agosto de 2016, quando tinha apenas 17 anos e quatro meses, estreou-se
pela equipa B. Um mês depois, fez a estreia pela equipa principal e chegou a
ser o jogador mais jovem de sempre a ser utilizado pelas águias
na Liga
dos Campeões (aos 17 anos, cinco meses e 20 dias), mas essa aposta não teve
continuidade.
Em 2019-20 esteve cedido ao Portimonense
e aos polacos do Lechia Gdansk, mas na época seguinte voltou aos bês encarnados
para atuar em oito jogos (todos como suplente utilizado) no segundo
escalão antes de se transferir para os búlgaros do Cherno More em fevereiro
de 2021.
“Comecei na formação do Sporting,
mas não deu certo e fui levado para o Benfica.
Treinei com os seniores, até recebi uma oferta do Barcelona,
mas o Benfica
recusou e disse-me que eu me ia impor. Esperei pelo meu momento, mas só entrava
em jogo por cinco minutos e não tive as chances que queria. Jogar apenas pela
segunda equipa do Benfica
não era o que queria. No ano passado joguei emprestado na Polónia e lá queriam
que eu voltasse para o Lechia Gdansk, mas esse não era o projeto que eu queria,
nem a equipa B do Benfica.
Não queria ficar em Lisboa e quando surgiu a oportunidade de vir a Varna,
decidi aproveitar o novo desafio. Aconteceu muito rapidamente, em apenas dois
ou três dias. O treinador [Ilian Iliev] falou com o meu empresário, depois
falou ele comigo. Gostei das ideias deles e das opiniões sobre futebol, bem
como sobre o projeto do clube e disse que sim", vincou em declarações ao
portal Gong em março de 2021.
8. Heriberto Tavares (78 jogos)
Extremo internacional jovem português com raízes cabo-verdianas,
mas nascido na Amadora, começou a jogar no futebol no Estrela
da Amadora antes de passar quase uma década nas camadas jovens do Sporting,
tendo ainda representado os juniores do Belenenses
durante uma temporada antes de entrar no Benfica
pela porta da equipa B no verão de 2016.
Em duas temporadas ao serviço dos bês encarnados
totalizou 78 encontros (71 a titular) e 25 golos na II
Liga, registo que faz dele o melhor marcador de sempre do conjunto
secundário das águias
na competição e que ajudou o Benfica
B a alcançar o quarto lugar no campeonato em 2016-17.
Sem espaço na equipa principal, foi cedido a Moreirense
e Boavista
antes de se transferir para os franceses do Brest no verão de 2020, numa
transação que rendeu 1,2 milhões de euros aos cofres benfiquistas.
“Chegou ao fim a minha ligação a esta grande instituição de onde eu levo grandes
recordações destes quatro anos, dois jogando pela equipa B e outros dois
emprestado. Anos de muita resiliência e aprendizagem a nível profissional e
pessoal. Um grande obrigado”, escreveu nas redes sociais, na hora da despedida.
7. João Carvalho (80 jogos)
João Carvalho |
Médio ofensivo natural de Castanheira de Pêra, ingressou nos infantis do Benfica
em 2009-10 e transitou para a equipa B em 2014-15, já com o estatuto de
internacional jovem português, mas quando ainda era apenas júnior de primeiro
ano.
Entre janeiro de 2015 e janeiro de 2017 amealhou 75 encontros (60 a
titular) e nove golos pelo Benfica
B na II
Liga, tendo ajudado os bês encarnados
a alcançarem um honroso quarto lugar em 2016-17.
No final de janeiro de 2017 foi emprestado ao Vitória
de Setúbal e em 2017-18 integrou a equipa principal das águias,
às ordens de Rui Vitória, mas foi aos bês disputar cinco jogos (todos como
titular) no segundo
escalão.
No verão de 2018 transferiu-se para os ingleses do Nottingham Forest por
15 milhões de euros. “Foram 14 anos magníficos de águia
ao peito, durante os quais conquistámos muitas coisas juntos! Faltou-nos o tão
ansiado penta, que era merecido por todos nós. Agradeço a todas as pessoas que
estiveram envolvidas no meu percurso, porque, sem dúvida alguma, ajudaram-me a
concretizar um dos meus sonhos: jogar pela equipa principal. Espero que possam
ajudar da mesma forma muitos mais e melhores! Obrigado pelo carinho de todos,
são incríveis! Que seja um até já. Fico a torcer para que este ano seja o
primeiro do penta. Muito obrigado por tudo! Estarás sempre no meu coração, Benfica”,
escreveu nas redes sociais, na hora da despedida.
6. João Teixeira (80 jogos)
Em 2012-13, já com o estatuto de internacional jovem português, dividiu a
época entre os juniores e a equipa B, pela qual disputou dois jogos (um a
titular) na II
Liga.
Nas duas temporadas e meia que se seguiram amealhou mais 78 partidas (44
a titular) e seis golos pelos bês encarnados
no segundo
escalão. Pelo meio, foi utilizado em dois jogos da equipa principal.
Em janeiro de 2016 foi emprestado ao Vitória
de Guimarães, iniciando um ciclo de quatro cedências em cerca de dois anos.
Wolverhampton, Nottingham Forest e Vitória
de Setúbal foram os outros clubes que representou antes de terminar a
ligação às águias
e assinar pelo Desp.
Chaves a título definitivo.
Em maio de 2020, o antigo treinador benfiquista
Rui Vitória assumiu à BTV que João
Teixeira era um jogador que esperava que se impusesse na equipa principal. “Quando
vi os jogos da equipa B, na análise para escolher os jogadores, pensava que ele
ia ser o primeiro a integrar-se na equipa principal porque parecia que
deslizava em campo, uma facilidade em tocar, uma dinâmica no jogo, e depois… Ainda
não estava formatado para aquilo, baralhava um bocadinho. Era um jogador que eu
pensava que ia chegar lá acima porque tinha muita qualidade, mas não chegou”,
afirmou o técnico.
Um mês antes, o próprio centrocampista admitiu culpas no cartório por não
ter conseguido afirmar-se de águia
ao peito. “Fui um bocado mimado e aziado. Era esse o meu problema. Acho que se
continuasse com a maturidade que tinha nessa altura, hoje também não conseguia
singrar no Benfica.
Isso teve a ver muito com a minha atitude, maturidade. Se calhar com um pouco
mais de cabeça teria conseguido”, confessou, em entrevista ao jornal A Bola.
5. Diogo Gonçalves (85 jogos)
Diogo Gonçalves |
Extremo (posteriormente convertido em lateral) nascido em Almodôvar e que
começou a jogar futebol no clube da terra natal, o Clube
Desportivo Almodôvar, passou ainda pelos algarvios do Ferreiras
antes de dar o salto para os infantis do Benfica
em 2008.
Em 2014-15, quando ainda era júnior de primeiro ano, disputou os
primeiros dez de 85 jogos (71 a titular) pelo Benfica
B na II
Liga até 2018, num percurso no qual apontou 15 golos e contribuiu para a
obtenção do honroso quarto lugar em 2016-17. Pelo meio, participou em 13
partidas pela equipa principal em 2017-18, quando Rui Vitória estava no comando
técnico.
No verão de 2018 foi emprestado aos ingleses do Nottingham Forest e um
ano depois ao Famalicão,
mas em 2020 regressou a casa para se fixar na equipa principal, apesar das
constantes lesões que o têm fustigado.
4. Bruno Varela (85 jogos)
Bruno Varela |
Disputou o mesmo número de jogos de Diogo Gonçalves, mas amealhou mais
1333 minutos em campo – 7486 contra 6153.
Guarda-redes nascido em Lisboa, mas com raízes cabo-verdianas,
começou a jogar no Ponte Frielas, mas depressa captou a antiga glória benfiquista
Nené, que o levou para a Luz. “Num torneio em que o Benfica
entrou, o Bruno jogou contra o Benfica
e fez uma grande exibição. Foi fazer testes e ficou”, recordou ao DN
o tio do guardião, Domingos Semedo, que fez carreira no futebol em divisões
secundárias. “O Nené foi buscá-lo e disse que o Varela
seria o futuro guarda-redes do Benfica”,
adiantou João Sequeira, presidente da União Desportiva Ponte Frielas.
Inicialmente, Varela
ia para o Seixal de transportes públicos, mas depois foi viver para o centro de
estágios, o que agradou à família. "Foi bom, pois viajar todos os
dias era perigoso. Sabíamos que ficava bem entregue. Continuou a estudar e fez
o 12.º ano, apesar das ausências forçadas para representar as seleções",
contou Domingos Semedo, que relembrou que nem tudo foram rosas para Bruninho,
como é tratado no seio familiar: "Ele teve alturas difíceis, em que estava
tapado por José Costa e José Sá. Não jogava muito, mas sempre que jogava
mostrava serviço. Agarrou a titularidade no primeiro ano de juvenil e nunca
mais a largou. Conseguiu conquistar o seu espaço."
Nesta fase, Varela
conheceu aquele que viria a tornar-se um dos seus melhores amigos no futebol,
Pedro Rebocho, com quem partilhou casa, juntamente com Hélder Costa.
"Conheci-o quando eu tinha 13 ou 14 anos. Ele é um ano mais velho, mas fez
um torneio connosco nessa altura e só passámos a jogar com regularidade na
mesma equipa nos juniores e nos bês. Era e é uma pessoa extremamente humilde,
com vontade de ser o que é hoje e um rapaz brincalhão. Cinco estrelas",
descreveu o lateral esquerdo, que recorda a alcunha de Eddie Murphy
implementada pelo treinador Bruno
Lage e os penteados extravagantes do ex-companheiro.
Em 2012-13, quando ainda era júnior, mas já internacional português pelas
seleções jovens, transitou para a equipa B, pela qual totalizou 85 jogos e 106
golos sofridos na II
Liga até ao final da temporada 2014-15.
Pelo meio, foi convocado várias vezes à equipa principal e escolheu um...
penteado aberrante. “Corria o ano de 2012 e o Bruno estava na equipa B do Benfica.
Chegou um dia ao treino com um corte de cabelo tipo pele vermelha. Com cristas
e tudo! Perguntei-lhe o que era aquilo. Se achava que a imagem que apresentava
se coadunava com a de um profissional do Benfica.
Se pensava algum dia jogar na equipa principal do Glorioso.
Porque, disse-lhe eu, com aquele corte, ninguém o iria levar a sério! Com um ar
surpreso e pensativo, não me respondeu! 'Amanhã quero-te cá com um corte de
cabelo à homem e que não faça rir as pessoas e principalmente os teus colegas'.
'Sim, senhor Carraça', respondeu ele. E assim foi! No dia seguinte, lá chegou
com o cabelo rapado e com um sorriso nos lábios: 'Assim está bem?' Como
resposta, fiz-lhe uma festa na face e dei-lhe uma forte e amiga palmada nas
costas”, contou o antigo diretor de futebol do Benfica,
António Carraça.
No verão de 2015 foi emprestado aos espanhóis do Valladolid, mas a
aventura não correu bem e um ano depois transferiu-se para o Vitória
de Setúbal a título definitivo.
Após uma época de bom nível no Bonfim,
que incluiu uma chamada à seleção nacional AA, Bruno
Varela foi resgatado pelo Benfica,
tendo sido o habitual titular na baliza das águias
em 2017-18. “Foi com particular satisfação que vi chegar ao topo da pirâmide
mais um jovem jogador português nascido e criado na escola de formação do Sport
Lisboa e Benfica. Desde 2006, quando chegou do Ponte de Frielas, alto e
magrinho, sempre mostrou e assumiu o que queria ser quando fosse grande”,
afirmou António Carraça na altura, num artigo redigido para o Record.
Contudo, perdeu espaço com a chegada de Vlachodimos e, depois de um ano e
meio na sombra de Onana no Ajax,
foi transferido para o Vitória
de Guimarães no verão de 2020.
3. Ferro (90 jogos)
Ferro |
Defesa central natural de Oliveira de Azeméis, passou pelas camadas
jovens de Oliveirense,
Estarreja e Taboeira antes de ingressar nos iniciados do Benfica
em 2011-12. Quatro épocas depois, numa altura em que ainda era júnior, mas já
era internacional jovem português, transitou para a equipa B.
Entre janeiro de 2016 e fevereiro de 2019 amealhou 90 partidas (87 a
titular) e cinco golos na II
Liga, tendo contribuído para a obtenção do quarto lugar em 2016-17 e
2018-19.
Depois de mais de três anos no Benfica
B, deu finalmente o salto para o plantel principal e foi determinante para a
conquista do título nacional de 2018-19, às ordens de Bruno
Lage.
Após quase um ano e meio como titular indiscutível ao lado de Rúben Dias
no eixo defensivo encarnado
e uma chamada à seleção nacional A, perdeu espaço na equipa após as chegadas ao
comando técnico de Nélson Veríssimo e posteriormente Jorge
Jesus, tendo sido emprestado aos espanhóis do Valência
e depois aos croatas do Hajduk Split.
2. Lindelof (96 jogos)
Lindelof |
Defesa central sueco recrutado por pouco mais de três milhões de euros ao
Vasteras, clube do seu país pelo qual já tinha disputado cerca de 50 encontros
pela equipa principal, ingressou no Benfica
em 2012-13, quando ainda era júnior.
Entre setembro de 2012 e dezembro de 2015 totalizou 96 partidas (93 a
titular) e dois golos pelos bês encarnados
na II
Liga. Pelo meio sagrou-se campeão europeu de sub-21, tendo batido os
ex-companheiros de equipa Bernardo
Silva e Ivan Cavaleiro na final disputada em Praga.
Depois fixou-se na equipa principal, pela qual em 2013-14 tinha disputado
dois jogos que lhe valeram a conquista do título nacional e da Taça
de Portugal, e perfilou-se como uma peça importante na conquista dos dois
últimos títulos do tetracampeonato (2015-16 e 2016-17), tendo ainda vencido
mais uma Taça
de Portugal (2016-17), uma Taça
da Liga (2015-16) e uma Supertaça
Cândido de Oliveira (2016).
No verão de 2017 transferiu-se para o Manchester
United, tendo rendido 35 milhões de euros aos cofres das águias.
1. Kalaica (100 jogos)
Kalaica |
Defesa central internacional jovem pela Croácia, chegou ao Benfica
no verão de 2016, proveniente do Dínamo Zagreb.
Embora ainda fosse júnior, começou a jogar desde logo na equipa B dos encarnados,
pela qual amealhou 97 encontros (94 a titular) e três golos entre 2016 e 2022,
tendo contribuído para a obtenção do quarto lugar em 2016-17 e 2018-19.
Paralelamente, disputou um jogo pela equipa principal, logo com um golo
marcado ao Boavista
no Estádio do Bessa, em maio de 2017. A participação nessa partida valeu-lhe a
conquista do título nacional nessa temporada.
No verão de 2022 transferiu-se para o NK Lokomotiva, do seu país.
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