Mário Jardel apontou três golos aos dinamarqueses |
Antes de mais, proponho um
desafio ao caro leitor: escreva corretamente Midtjylland sem utilizar cábulas.
O clube dinamarquês é daqueles que tem um nome impronunciável e nem o facto de
ter entrado no meu glossário em 2001 faz com que me atreva a escrevê-lo sem
utilizar o copy/paste.
O emblema nórdico, fundado em
1999, participou pela primeira vez no campeonato do seu país em 2000-01 e
alcançou logo nessa época o apuramento para a Taça
UEFA. Após ter afastado os norte-irlandeses do Glentoran na ronda de
qualificação, apanhou pela frente um Sporting
que não ganhava fora para as competições europeias há nove anos e que não
conseguiam eliminar uma eliminatória uefeira desde 1996.
Olhando para os jogadores que defrontaram
os leões
na segunda quinzena de setembro de 2001, constato que nenhum atingiu um nível
propriamente muito elevado. O guarda-redes Peter Skov-Jensen e o ponta de lança
Morten Skoubo ainda chegaram à seleção da Dinamarca, enquanto o avançado ganês Razak
Pimpong conseguiu jogar no Mundial 2006. Nada mais do que isso.
Já o Sporting,
que tinha entrado em falso no campeonato, desde a contratação do goleador Mário
Jardel que começava a trilhar o caminho que o haveria de levar à conquista do título
nacional. No ataque, o brasileiro coincidia no ataque com outro reforço, o
romeno Marius Niculae, compatriota do treinador Laszlo Bölöni e cujos golos o
mantinham no onze titular. No apoio a esta dupla tinha lugar cativo o criativo
João Vieira Pinto.
No primeiro jogo entre as duas
equipas, na Dinamarca, o Sporting
venceu por 3-0, com três golos de cabeça apontados já no decorrer da segunda
parte. O primeiro foi da autoria do central irlandês Phil Babb, na resposta a
um cruzamento de Sá
Pinto a partir da direita (50’). O mesmo Sá
Pinto executou o canto, desta vez a partir do flanco esquerdo, que
proporcionou a assistência para o segundo golo, marcado por Beto (63’). E já ao
cair do pano, um cruzamento fantástico de Luís
Filipe encontrou Jardel no coração da área, tendo o brasileiro colocado a
bola fora do alcance do guarda-redes dinamarquês (90’).
“O Sporting
voltou a saber o que é vencer num estádio europeu depois de nove anos de jejum.
A vítima foi o Midtjylland, uma equipa com muita vontade, mas inofensiva que
desperdiçou na primeira parte a oportunidade de incomodar os leões
e que acabou por perder frente a um Sporting
que venceu com três golos de cabeça que, em princípio, deixam resolvida a
eliminatória. Bölöni exagerou na quarta-feira quando considerou que os
dinamarqueses eram favoritos, porque na realidade só aguentaram cinquenta
minutos, os mesmos que demorou Sá
Pinto a demostrar que a qualidade técnica do Sporting
está muito acima das aspirações de uma equipa que não teve a melhor estreia
possível na elite do futebol europeu”, escreveu o Maisfutebol.
Na segunda-mão, no velhinho Estádio
José de Alvalade, Bölöni promoveu uma autêntica revolução no onze leonino, retirando
Nélson, Beto, Rui Jorge, Paulo Bento, Sá
Pinto, Rui Bento, João Pinto e Niculae e fazendo entrar Tiago, César
Prates, André Cruz, Hugo, Diogo, Luís
Filipe, Tello e Pedro Barbosa.
O apuramento do Sporting
nunca esteve em perigo. Nada disso. Mas os verde
e brancos sofreram para vencer o jogo depois de terem estado a vencer por
2-0. Aos quatro minutos, um daqueles lances geniais tão típicos de Pedro
Barbosa e a passividade da defesa do Midtjylland permitiram a Jardel inaugurar
o marcador. À beira do intervalo, Tello assistiu involuntariamente o goleador
brasileiro para o 2-0.
No entanto, Lindkvist reduziu aos
54’, aproveitando as sobras de uma bola bombeada para a área, e dois minutos
depois a defesa sportinguista
estendeu uma passadeira aproveitada por Skoubo, que fez o 2-2. Porém, já nos
minutos finais Skriver desviou para a própria baliza uma bola cruzada por Ricardo
Quaresma (85’).
“Uma versão light do Sporting
recebeu e venceu os dinamarqueses do Midtjylland. Missão cumprida, pode dizer-se,
face aos pontos UEFA conseguidos e à eliminatória que foi ultrapassada, algo
que os leões
não conseguiam, nesta prova, desde 1996. Mas a noite vivida ontem em Alvalade
não foi de alegria nas bancadas. Antes pelo contrário. Os adeptos sportinguistas
não gostaram da exibição e trataram de assobiar veementemente a equipa. Alguns
jogadores – César Prates, André Cruz e Rodrigo Tello – chegaram mesmo a ser
alvo de uma ‘atenção’ especial, que ainda prejudicou mais as suas prestações.
Laszlo Bölöni aproveitou a circunstância de ter a passagem à ronda seguinte
garantida para rodar o plantel. Percebe-se, aceita-se e até se compreende que
alguns dos escolhidos de ontem não tivessem o ritmo mais conveniente nas
pernas. Mas o técnico romeno não precisava mesmo de baralhar as cartas mais do
que elas já estavam, por natureza. Especialmente na defesa, Bölöni foi de
equívoco em equívoco até ao susto final, ou seja, aos dois golos que a sua
equipa sofreu, de rajada, na abertura da segunda parte. Colocar Quiroga como defesa-esquerdo
e André Cruz como central do lado direito não lembrava ao diabo nem podia dar
bom resultado”, resumiu o Record.
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