Vitória e União de Leiria vão medir forças na Liga 3 |
Dois históricos que já viveram
melhores dias, Vitória
de Setúbal e União
de Leiria coincidiram em 15 temporadas na I
Liga, todas a partir de 1979-80. Desde então os dois emblemas chegaram a
finais da Taça
de Portugal, participaram nas competições europeias e sentiram na pele
descidas administrativas de duas divisões de uma assentada.
Ao longo desse percurso, sadinos
tiveram nos seus quadros jogadores que já tinham pertencido aos leirienses
e vice-versa. Vale por isso a pena conferir o nosso onze ideal de futebolistas
que passaram pelos dois clubes, distribuídos por um sistema que está muito na
moda, o 3x4x3.
Padrão (guarda-redes)
Padrão |
Guarda-redes nascido em Angola
e com passagem pela formação do Sporting,
passou por Riopele
e Beira-Mar antes de ingressar na União
de Leiria em 1979-80, na primeira participação de sempre dos leirienses
na I
Divisão.
Impotente para evitar a
despromoção, com 39 golos sofridos em 25 jogos, Padrão permaneceu na cidade do
Lis durante mais um ano, tendo contribuído para o regresso ao primeiro
escalão.
Após uma passagem pelo Belenenses,
este guarda-redes reforçou o Vitória
de Setúbal em 1982-83. Nessa primeira época no Bonfim
até foi maioritariamente titular, mas nas duas que se seguiram viveu na sombra
de Jorge
Martins.
Renato (defesa central)
Renato |
Defesa central não muito alto
(1,78 m) que despontou no Salgueiros,
passou sem sucesso pelo Sporting,
que em janeiro de 1999 o transferiu para o Vitória
de Setúbal.
Ao serviço dos sadinos
Renato não foi além de um jogo no campeonato,
mas marca presença neste onze ideal pela sua bem-sucedida passagem de nove anos
da União
de Leiria, que coincidiu também com o período dourado da história do clube,
nomeadamente os dois apuramentos europeus e a caminhada até à final da Taça
de Portugal.
Entre 1999 e 2008 atuou em 249
partidas pelos leirienses
e marcou seis golos, num percurso apenas interrompida por uma fugaz passagem
pelo Leixões
em 2003-04.
Hugo Alcântara (defesa central)
Hugo Alcântara |
Se Renato não era um central
muito alto, o brasileiro Hugo Alcântara era uma autêntica viga (1,90 m). Contratado
pelo Vitória
de Setúbal no verão de 2001, numa altura em que Jorge
Jesus era o treinador dos sadinos,
foi titularíssimo no eixo da defesa setubalense
ao longo de quatro temporadas, tendo formado dupla com Hugo Costa e depois com
Auri. Em 2002-03 mostrou-se impotente para evitar a despromoção à II
Liga, mas na época seguinte ajudou os vitorianos
a regressar ao primeiro
escalão e em 2004-05 conquistou a Taça
de Portugal.
Após levar o troféu transferiu-se
para a Académica,
tendo ainda passado por Legia Varsóvia, Belenenses
e pelos romenos do Cluj
antes de regressar a Portugal pela porta da União
de Leiria em 2011-12. Ao serviço dos leirienses,
porém, não foi além de cinco jogos numa campanha que culminou na descida de
divisão.
Ricardo Silva (defesa central)
Ricardo Silva |
Defesa central formado no Boavista,
mas que se viu obrigado a procurar afirmar-se noutras paragens, reforçou a União
de Leiria em 1998-99, depois e na época anterior ter feito a estreia na I
Liga com a camisola do Marítimo.
Na cidade do Lis afirmou-se no primeiro
escalão às ordens de Mário Reis, ao ponto de ter dado o salto para o FC
Porto após 31 jogos e dois golos pelos leirienses.
Após três anos nas Antas,
passagens por Vitória
de Guimarães, Boavista,
Beira-Mar e pelos russos do Shinnik e uma chamada à seleção nacional AA (ainda
que sem a desejada estreia) em novembro de 2002, Ricardo Silva ingressou no Vitória
de Setúbal em janeiro de 2010, quando já tinha 34 anos.
Em cerca de três anos à
beira-Sado marcou presença em 80 encontros e apontou quatro golos, ajudando os vitorianos
a alcançar sempre a permanência entre 2010 e 2013.
Éder (lateral direito)
Éder Bonfim |
Lateral direito brasileiro que
chegou a Portugal em 2002 pela porta do Benfica,
foi emprestado pelo Grêmio Anápolis ao Vitória
de Setúbal em 2004-05. Na única temporada que passou no Bonfim
foi dono e senhor do lado direito da defesa e conquistou a Taça
de Portugal.
Após levantar o troféu
transferiu-se para a União
de Leiria, clube que representou entre 2005 e 2008, tendo vestido a
camisola dos leirienses
em 86 partidas e apontado quatro golos. Se em 2006-07 contribuiu para o
apuramento para as competições europeias, na época seguinte mostrou-se
impotente para evitar a despromoção.
Cícero (lateral esquerdo)
Cícero |
Lateral esquerdo brasileiro que
entrou no futebol português pela porta do Lusitano
Évora em 1976-77, passou ainda pelo Portimonense
antes de reforçar a União
de Leiria em 1979-80, tendo participado em 23 jogos e marcado um golo ao
Varzim naquela que foi a primeira participação dos leirienses
no primeiro
escalão.
Após não conseguir impedir a
descida da equipa da cidade do Lis à II Divisão, transferiu-se para o Vitória
de Setúbal na companhia de Garcez e Jorge
Jesus. Se na primeira época no Bonfim
não foi além de nove partidas, na segunda ganhou o seu espaço, ao ponto de ter
sido utilizado em 22 partidas. Depois transferiu-se para o Oliveira do Douro.
Fernando Tomé (médio)
Fernando Tomé |
Médio nascido no Porto, mas que
respira Setúbal por todos os poros, fez toda a formação no Vitória,
tendo transitado para a equipa principal em 1965-66, em pleno período áureo dos
sadinos,
com presenças consecutivas nas competições europeias e em finais da Taça
de Portugal. Na
segunda época de sénior conseguiu mesmo erguer o troféu no Jamor após 144
minutos de uma intensa batalha frente à Académica, na véspera de comemorar o
20.º aniversário.
Em 1970, quando já era
internacional AA por Portugal, transferiu-se para o Sporting,
que lhe permitiu sagrar-se campeão nacional.
Seis anos depois regressou ao Bonfim,
mas em 1978 transferiu-se para a União
de Leiria. Apesar de já ter 31 anos aquando da mudança, ainda foi a tempo
de fazer história na cidade do Lis, tendo contribuído para as duas primeiras
subidas dos leirienses
à I
Divisão, a segunda das quais com o bónus da conquista do título nacional da II Divisão, e integrado a primeira equipa do clube a jogar no patamar
maior do futebol português.
Em Leiria iniciou também a
carreira de treinador, tendo comandado a formação da cidade do Lis durante
alguns meses em 1979-80, 1981-82 e 1982-83. Mais tarde orientou também a equipa
principal do Vitória,
em 1985-86.
Toñito (médio)
Toñito |
Médio ofensivo de 20 anos descoberto
por Manuel
Fernandes na equipa B do Tenerife, teve algumas dificuldades em impor-se
durante a primeira época no Vitória
de Setúbal, 1997-98, tendo atuado em 22 jogos em todas as condições, mas
apenas 12 na condição de titular, tendo apontado dois golos. Na temporada
seguinte deu nas vistas pela garra, polivalência e velocidade e assumiu-se como
titular indiscutível e marcou cinco golos, um dos quais numa vitória sobre o Benfica
no Bonfim
em maio de 1999. No total, efetuou 47 partidas e faturou por sete vezes com a
camisola sadina.
Depois, transferiu-se de forma
polémica para o Sporting,
pois o Tenerife reclamava ser detentor dos direitos desportivos do futebolista
e vendeu-os aos leões,
enquanto o Vitória
estava a negociar com o FC
Porto por entender que tinha direito de opção sobre o jogador e que este
tinha assinado por quatro anos. Na altura, o presidente sadino
José Sousa e Silva estimou em “mais de um milhão de contos [cerca de cinco
milhões de euros]” os prejuízos decorrentes da perda do médio. O processo
arrastou-se pelos tribunais nos anos seguintes, mas o jogador mostrou-se grato
ao clube, em declarações
proferidas ao Record em setembro de
2014: “O Vitória
de Setúbal foi muito importante para a minha carreira e nunca me esqueço do
clube.”
A mesma sorte não teve quando
passou pela União
de Leiria em 2007-08, numa altura em que já era trintão. Em 32 partidas (16
a titular), não foi além de um golo… ao Sporting,
mostrando-se impotente para evitar a despromoção.
Sougou (extremo direito)
Sougou |
Extremo senegalês dotado de
grande velocidade, entrou no futebol português pela porta da União
de Leiria no verão de 2004, tendo disputado apenas oito jogos (dois a
titular) na primeira temporada em Portugal.
No entanto, as qualidades
exibidas levaram a que o Vitória
de Setúbal tivesse avançado para a sua contratação, tendo atuado num total
de 35 encontros (24 a titular) numa campanha em que os sadinos
fizeram um campeonato
tranquilo, atingiram (pelo segundo ano consecutivo) a final da Taça
de Portugal e participaram na Taça
UEFA.
Após essa época no Bonfim
voltou a Leiria para amealhar 50 partidas (43 a titular) e oito golos entre
2006 e 2008. Se na temporada de regresso à cidade do Lis contribuiu para o
apuramento para a Taça
UEFA, na que se seguiu mostrou-se impotente para evitar a despromoção,
apesar de se ter tornado internacional AA pelo Senegal nesse ano.
“A União
de Leiria é uma equipa muito especial para mim, porque foi aí que assinei o
meu primeiro contrato em Portugal”, afirmou, quando já era jogador da Académica,
clube para o qual se transferiu após a descida de divisão. “Respeito muito
aquele clube e aquela terra (Leiria), onde tenho bons amigos e onde estou
ligado sentimentalmente, porque casei lá. Sempre que posso, volto lá nos meus
tempos livres”, reconheceu na altura.
Bruno Ribeiro (extremo esquerdo)
Bruno Ribeiro |
Médio/extremo setubalense formado
no Vitória,
transitou definitivamente para a equipa principal em 1994-95, apesar de ter
sido convocado para um jogo na época anterior.
Após 46 jogos e três golos entre
1994 e 1997, com uma descida à II
Liga e uma promoção à I
Liga pelo meio, deu o salto para o Leeds United, clube que lhe deu a
possibilidade de se tornar um dos primeiros portugueses a jogar na Premier
League.
Após três anos e meio em Inglaterra,
regressou a Portugal pela porta da União
de Leiria em dezembro de 2000, apenas a tempo de participar em nove
encontros (seis a titular) numa campanha em que os leirienses
alcançaram o quinto lugar no campeonato,
ficando uma posição acima do Benfica.
Após passagens por Beira-Mar e
Santa Clara, voltou ao Bonfim
no verão de 2003, tendo contribuído para a promoção à I
Liga nessa época de regresso. Em 2004-05 conquistou a Taça
de Portugal, tendo voltado a atingir a final no ano seguinte, e em 2007-08
venceu a Taça
da Liga. Nesta segunda passagem pelos sadinos,
que durou até 2010, amealhou 162 partidas e oito golos.
Após encerrar a carreira de
jogador, iniciou a de treinador, tendo dirigido a equipa principal do Vitória
entre março de 2011 e fevereiro de 2012 e entre janeiro e maio de 2005. Em
2010-11 também comando a equipa de juvenis e em 2018-19 a de juniores.
Bruno Moraes (ponta de lança)
Bruno Moraes |
Avançado brasileiro lançado na
equipa principal do FC
Porto quando tinha apenas 19 anos, foi emprestado ao Vitória
de Setúbal em 2004-05, quando já tinha no palmarés um título nacional e uma
Liga
dos Campeões.
Maioritariamente suplente de Meyong,
disputou 28 jogos (18 a titular) e apontou nove golos nessa época que ficou
marcada por um campeonato
tranquilo e sobretudo pela conquista da Taça
de Portugal.
Entretanto voltou ao FC
Porto, sagrou-se mais uma vez campeão, mas não conseguiu afirmar-se, pelo
que em 2008-09 regressou ao Bonfim
por empréstimo. Nessa segunda passagem por Setúbal não foi além de cinco
encontros (três a titular), numa altura em que já sentia na pele alguns
problemas físicos.
Entretanto terminou a sua ligação
aos dragões,
tendo sido contratado pela União
de Leiria em 2011-12. Apesar da má época dos leirienses,
que foram despromovidos à II
Liga e vivenciaram bastantes problemas financeiros, Bruno Moraes construiu
um interessante registo de sete golos em 21 partidas.
Jorge Jesus (treinador)
Jorge Jesus |
Neste onze ideal não
podia faltar um treinador. E que treinador! Curiosamente, já como jogador tinha
representado os dois clubes, tendo vestido a camisola da União
de Leiria na primeira presença do clube na I
Divisão, em 1979-80, e a do Vitória
de Setúbal nas três temporadas seguintes.
Como treinador, orientou primeiro
os sadinos,
entre outubro de 2000 e janeiro de 2002. Quando chegou ao Bonfim
para suceder a Rui Águas, o Vitória
era 7.º classificado na II
Liga, tendo ainda perdido os dois primeiros jogos no campeonato. No
entanto, a partir daí a equipa desatou a ganhar e conseguiu a promoção à I
Liga nos minutos finais da última jornada, numa receção à Naval. “Queria dedicar
esta vitória a esta massa associativa. Esta cidade tem uma paixão pelo futebol
que, tirando Benfica,
Sporting
e FC
Porto, mais ninguém tem. Ninguém consegue arrastar tanta gente atrás como o
Vitória
arrastou aqui hoje, 30 mil pessoas, todos eles vitorianos.
Esta subida à I
Liga vai inteiramente para os sócios e simpatizantes”, afirmou Jorge
Jesus após o encontro decisivo.
Na época seguinte até nem começou
mal, tendo amealhado três vitórias nas primeiras cinco jornadas. No entanto,
depois não conseguiu evitar uma queda a pique que atirou a equipa para o 17.º
lugar e acabou por não resistir aos maus resultados, tendo sido substituído por
Luís Campos.
Três anos e meio depois, em
outubro de 2005, assinou pela União
de Leiria. Jesus herdou a equipa de José Gomes na zona de despromoção, com
apenas dois pontos em cinco jornadas, e até começou com uma derrota, mas nos 28
jogos seguintes somou 45 pontos e guiou os leirienses
até ao 7.º lugar no final do campeonato.
Na época anterior, a equipa da cidade do Lis não tinha ido além de 38 pontos em
34 jornadas.
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