sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Onze ideal de jogadores que passaram por Vitória FC e União de Leiria

Vitória e União de Leiria vão medir forças na Liga 3
Dois históricos que já viveram melhores dias, Vitória de Setúbal e União de Leiria coincidiram em 15 temporadas na I Liga, todas a partir de 1979-80. Desde então os dois emblemas chegaram a finais da Taça de Portugal, participaram nas competições europeias e sentiram na pele descidas administrativas de duas divisões de uma assentada.
 
Ao longo desse percurso, sadinos tiveram nos seus quadros jogadores que já tinham pertencido aos leirienses e vice-versa. Vale por isso a pena conferir o nosso onze ideal de futebolistas que passaram pelos dois clubes, distribuídos por um sistema que está muito na moda, o 3x4x3.
 

Padrão (guarda-redes)

Padrão
Guarda-redes nascido em Angola e com passagem pela formação do Sporting, passou por Riopele e Beira-Mar antes de ingressar na União de Leiria em 1979-80, na primeira participação de sempre dos leirienses na I Divisão.
Impotente para evitar a despromoção, com 39 golos sofridos em 25 jogos, Padrão permaneceu na cidade do Lis durante mais um ano, tendo contribuído para o regresso ao primeiro escalão.
Após uma passagem pelo Belenenses, este guarda-redes reforçou o Vitória de Setúbal em 1982-83. Nessa primeira época no Bonfim até foi maioritariamente titular, mas nas duas que se seguiram viveu na sombra de Jorge Martins.
 
 

Renato (defesa central)

Renato
Defesa central não muito alto (1,78 m) que despontou no Salgueiros, passou sem sucesso pelo Sporting, que em janeiro de 1999 o transferiu para o Vitória de Setúbal.
Ao serviço dos sadinos Renato não foi além de um jogo no campeonato, mas marca presença neste onze ideal pela sua bem-sucedida passagem de nove anos da União de Leiria, que coincidiu também com o período dourado da história do clube, nomeadamente os dois apuramentos europeus e a caminhada até à final da Taça de Portugal.
Entre 1999 e 2008 atuou em 249 partidas pelos leirienses e marcou seis golos, num percurso apenas interrompida por uma fugaz passagem pelo Leixões em 2003-04.
 
 
 

Hugo Alcântara (defesa central)

Hugo Alcântara
Se Renato não era um central muito alto, o brasileiro Hugo Alcântara era uma autêntica viga (1,90 m). Contratado pelo Vitória de Setúbal no verão de 2001, numa altura em que Jorge Jesus era o treinador dos sadinos, foi titularíssimo no eixo da defesa setubalense ao longo de quatro temporadas, tendo formado dupla com Hugo Costa e depois com Auri. Em 2002-03 mostrou-se impotente para evitar a despromoção à II Liga, mas na época seguinte ajudou os vitorianos a regressar ao primeiro escalão e em 2004-05 conquistou a Taça de Portugal.
Após levar o troféu transferiu-se para a Académica, tendo ainda passado por Legia Varsóvia, Belenenses e pelos romenos do Cluj antes de regressar a Portugal pela porta da União de Leiria em 2011-12. Ao serviço dos leirienses, porém, não foi além de cinco jogos numa campanha que culminou na descida de divisão.
 
 
 

Ricardo Silva (defesa central)

Ricardo Silva
Defesa central formado no Boavista, mas que se viu obrigado a procurar afirmar-se noutras paragens, reforçou a União de Leiria em 1998-99, depois e na época anterior ter feito a estreia na I Liga com a camisola do Marítimo.
Na cidade do Lis afirmou-se no primeiro escalão às ordens de Mário Reis, ao ponto de ter dado o salto para o FC Porto após 31 jogos e dois golos pelos leirienses.
Após três anos nas Antas, passagens por Vitória de Guimarães, Boavista, Beira-Mar e pelos russos do Shinnik e uma chamada à seleção nacional AA (ainda que sem a desejada estreia) em novembro de 2002, Ricardo Silva ingressou no Vitória de Setúbal em janeiro de 2010, quando já tinha 34 anos.
Em cerca de três anos à beira-Sado marcou presença em 80 encontros e apontou quatro golos, ajudando os vitorianos a alcançar sempre a permanência entre 2010 e 2013.
 
 
 

Éder (lateral direito)

Éder Bonfim
Lateral direito brasileiro que chegou a Portugal em 2002 pela porta do Benfica, foi emprestado pelo Grêmio Anápolis ao Vitória de Setúbal em 2004-05. Na única temporada que passou no Bonfim foi dono e senhor do lado direito da defesa e conquistou a Taça de Portugal.
Após levantar o troféu transferiu-se para a União de Leiria, clube que representou entre 2005 e 2008, tendo vestido a camisola dos leirienses em 86 partidas e apontado quatro golos. Se em 2006-07 contribuiu para o apuramento para as competições europeias, na época seguinte mostrou-se impotente para evitar a despromoção.
 
 
 

Cícero (lateral esquerdo)

Cícero
Lateral esquerdo brasileiro que entrou no futebol português pela porta do Lusitano Évora em 1976-77, passou ainda pelo Portimonense antes de reforçar a União de Leiria em 1979-80, tendo participado em 23 jogos e marcado um golo ao Varzim naquela que foi a primeira participação dos leirienses no primeiro escalão.
Após não conseguir impedir a descida da equipa da cidade do Lis à II Divisão, transferiu-se para o Vitória de Setúbal na companhia de Garcez e Jorge Jesus. Se na primeira época no Bonfim não foi além de nove partidas, na segunda ganhou o seu espaço, ao ponto de ter sido utilizado em 22 partidas. Depois transferiu-se para o Oliveira do Douro.
 
 


Fernando Tomé (médio)

Fernando Tomé
Médio nascido no Porto, mas que respira Setúbal por todos os poros, fez toda a formação no Vitória, tendo transitado para a equipa principal em 1965-66, em pleno período áureo dos sadinos, com presenças consecutivas nas competições europeias e em finais da Taça de Portugal. Na segunda época de sénior conseguiu mesmo erguer o troféu no Jamor após 144 minutos de uma intensa batalha frente à Académica, na véspera de comemorar o 20.º aniversário.
Em 1970, quando já era internacional AA por Portugal, transferiu-se para o Sporting, que lhe permitiu sagrar-se campeão nacional.
Seis anos depois regressou ao Bonfim, mas em 1978 transferiu-se para a União de Leiria. Apesar de já ter 31 anos aquando da mudança, ainda foi a tempo de fazer história na cidade do Lis, tendo contribuído para as duas primeiras subidas dos leirienses à I Divisão, a segunda das quais com o bónus da conquista do título nacional da II Divisão, e integrado a primeira equipa do clube a jogar no patamar maior do futebol português.
Em Leiria iniciou também a carreira de treinador, tendo comandado a formação da cidade do Lis durante alguns meses em 1979-80, 1981-82 e 1982-83. Mais tarde orientou também a equipa principal do Vitória, em 1985-86.
 
 
 

Toñito (médio)

Toñito
Médio ofensivo de 20 anos descoberto por Manuel Fernandes na equipa B do Tenerife, teve algumas dificuldades em impor-se durante a primeira época no Vitória de Setúbal, 1997-98, tendo atuado em 22 jogos em todas as condições, mas apenas 12 na condição de titular, tendo apontado dois golos. Na temporada seguinte deu nas vistas pela garra, polivalência e velocidade e assumiu-se como titular indiscutível e marcou cinco golos, um dos quais numa vitória sobre o Benfica no Bonfim em maio de 1999. No total, efetuou 47 partidas e faturou por sete vezes com a camisola sadina.
Depois, transferiu-se de forma polémica para o Sporting, pois o Tenerife reclamava ser detentor dos direitos desportivos do futebolista e vendeu-os aos leões, enquanto o Vitória estava a negociar com o FC Porto por entender que tinha direito de opção sobre o jogador e que este tinha assinado por quatro anos. Na altura, o presidente sadino José Sousa e Silva estimou em “mais de um milhão de contos [cerca de cinco milhões de euros]” os prejuízos decorrentes da perda do médio. O processo arrastou-se pelos tribunais nos anos seguintes, mas o jogador mostrou-se grato ao clube, em declarações proferidas ao Record em setembro de 2014: “O Vitória de Setúbal foi muito importante para a minha carreira e nunca me esqueço do clube.”
A mesma sorte não teve quando passou pela União de Leiria em 2007-08, numa altura em que já era trintão. Em 32 partidas (16 a titular), não foi além de um golo… ao Sporting, mostrando-se impotente para evitar a despromoção.
 
 
 

Sougou (extremo direito)

Sougou
Extremo senegalês dotado de grande velocidade, entrou no futebol português pela porta da União de Leiria no verão de 2004, tendo disputado apenas oito jogos (dois a titular) na primeira temporada em Portugal.
No entanto, as qualidades exibidas levaram a que o Vitória de Setúbal tivesse avançado para a sua contratação, tendo atuado num total de 35 encontros (24 a titular) numa campanha em que os sadinos fizeram um campeonato tranquilo, atingiram (pelo segundo ano consecutivo) a final da Taça de Portugal e participaram na Taça UEFA.
Após essa época no Bonfim voltou a Leiria para amealhar 50 partidas (43 a titular) e oito golos entre 2006 e 2008. Se na temporada de regresso à cidade do Lis contribuiu para o apuramento para a Taça UEFA, na que se seguiu mostrou-se impotente para evitar a despromoção, apesar de se ter tornado internacional AA pelo Senegal nesse ano.
“A União de Leiria é uma equipa muito especial para mim, porque foi aí que assinei o meu primeiro contrato em Portugal”, afirmou, quando já era jogador da Académica, clube para o qual se transferiu após a descida de divisão. “Respeito muito aquele clube e aquela terra (Leiria), onde tenho bons amigos e onde estou ligado sentimentalmente, porque casei lá. Sempre que posso, volto lá nos meus tempos livres”, reconheceu na altura.
 
 
 

Bruno Ribeiro (extremo esquerdo)

Bruno Ribeiro
Médio/extremo setubalense formado no Vitória, transitou definitivamente para a equipa principal em 1994-95, apesar de ter sido convocado para um jogo na época anterior.
Após 46 jogos e três golos entre 1994 e 1997, com uma descida à II Liga e uma promoção à I Liga pelo meio, deu o salto para o Leeds United, clube que lhe deu a possibilidade de se tornar um dos primeiros portugueses a jogar na Premier League.
Após três anos e meio em Inglaterra, regressou a Portugal pela porta da União de Leiria em dezembro de 2000, apenas a tempo de participar em nove encontros (seis a titular) numa campanha em que os leirienses alcançaram o quinto lugar no campeonato, ficando uma posição acima do Benfica.
Após passagens por Beira-Mar e Santa Clara, voltou ao Bonfim no verão de 2003, tendo contribuído para a promoção à I Liga nessa época de regresso. Em 2004-05 conquistou a Taça de Portugal, tendo voltado a atingir a final no ano seguinte, e em 2007-08 venceu a Taça da Liga. Nesta segunda passagem pelos sadinos, que durou até 2010, amealhou 162 partidas e oito golos.
Após encerrar a carreira de jogador, iniciou a de treinador, tendo dirigido a equipa principal do Vitória entre março de 2011 e fevereiro de 2012 e entre janeiro e maio de 2005. Em 2010-11 também comando a equipa de juvenis e em 2018-19 a de juniores.
 
 
 

Bruno Moraes (ponta de lança)

Bruno Moraes
Avançado brasileiro lançado na equipa principal do FC Porto quando tinha apenas 19 anos, foi emprestado ao Vitória de Setúbal em 2004-05, quando já tinha no palmarés um título nacional e uma Liga dos Campeões.
Maioritariamente suplente de Meyong, disputou 28 jogos (18 a titular) e apontou nove golos nessa época que ficou marcada por um campeonato tranquilo e sobretudo pela conquista da Taça de Portugal.
Entretanto voltou ao FC Porto, sagrou-se mais uma vez campeão, mas não conseguiu afirmar-se, pelo que em 2008-09 regressou ao Bonfim por empréstimo. Nessa segunda passagem por Setúbal não foi além de cinco encontros (três a titular), numa altura em que já sentia na pele alguns problemas físicos.
Entretanto terminou a sua ligação aos dragões, tendo sido contratado pela União de Leiria em 2011-12. Apesar da má época dos leirienses, que foram despromovidos à II Liga e vivenciaram bastantes problemas financeiros, Bruno Moraes construiu um interessante registo de sete golos em 21 partidas.
 
  
 

Jorge Jesus (treinador)

Jorge Jesus
Neste onze ideal não podia faltar um treinador. E que treinador!  Curiosamente, já como jogador tinha representado os dois clubes, tendo vestido a camisola da União de Leiria na primeira presença do clube na I Divisão, em 1979-80, e a do Vitória de Setúbal nas três temporadas seguintes.
Como treinador, orientou primeiro os sadinos, entre outubro de 2000 e janeiro de 2002. Quando chegou ao Bonfim para suceder a Rui Águas, o Vitória era 7.º classificado na II Liga, tendo ainda perdido os dois primeiros jogos no campeonato. No entanto, a partir daí a equipa desatou a ganhar e conseguiu a promoção à I Liga nos minutos finais da última jornada, numa receção à Naval. “Queria dedicar esta vitória a esta massa associativa. Esta cidade tem uma paixão pelo futebol que, tirando Benfica, Sporting e FC Porto, mais ninguém tem. Ninguém consegue arrastar tanta gente atrás como o Vitória arrastou aqui hoje, 30 mil pessoas, todos eles vitorianos. Esta subida à I Liga vai inteiramente para os sócios e simpatizantes”, afirmou Jorge Jesus após o encontro decisivo.
Na época seguinte até nem começou mal, tendo amealhado três vitórias nas primeiras cinco jornadas. No entanto, depois não conseguiu evitar uma queda a pique que atirou a equipa para o 17.º lugar e acabou por não resistir aos maus resultados, tendo sido substituído por Luís Campos.
Três anos e meio depois, em outubro de 2005, assinou pela União de Leiria. Jesus herdou a equipa de José Gomes na zona de despromoção, com apenas dois pontos em cinco jornadas, e até começou com uma derrota, mas nos 28 jogos seguintes somou 45 pontos e guiou os leirienses até ao 7.º lugar no final do campeonato. Na época anterior, a equipa da cidade do Lis não tinha ido além de 38 pontos em 34 jornadas.
 













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