sexta-feira, 12 de junho de 2020

A minha primeira memória de... um jogo entre Sporting e Paços de Ferreira

Sá Pinto remata perante a oposição do médio pacense Glauber
Como muitas outras no que concernem a futebol, a minha primeira memória de um jogo entre Sporting e Paços de Ferreira remonta à temporada 2000-01, a primeira época futebolística que acompanhei de fio a pavio. Curiosamente, os dois clubes tinham o estatuto de campeões em título da I e da II Liga, respetivamente.

No campeonato, os leões sentiram bastantes dificuldades para acompanhar a pedalada de Boavista e FC Porto e passaram grande parte das jornadas na terceira posição. Os pacenses, apesar do estatuto de recém-promovido, fizeram uma época tranquila, a meio da tabela, sob o comando de José Mota. O eterno guarda-redes Pedro, o igualmente eterno central Adalberto, o médio brasileiro Beto – que cinco épocas depois reforçaria o Benfica -, o também médio brasileiro Glauber – que na temporada seguinte daria o salto para o Boavista -, o médio ofensivo/avançado e grande estrela da equipa Rafael – que na época a seguir se transferiu para o FC Porto - e o extremo sempre muito irrequieto Zé Manel eram algumas das figuras dos castores.

Na primeira volta, na 15.ª ronda, houve empate a zero na Mata Real a 17 de dezembro de 2000, mas não me recordo de nada desse jogo. O que me recordo bem foi do encontro da segunda volta, em Alvalade, a 11 de maio de 2001, a contar para a 32.ª jornada.

À entrada para essa ronda, a antepenúltima do campeonato, o Sporting de Manuel Fernandes já não tinha hipóteses matemáticas em chegar ao título e só um milagre permitiria alcançar o FC Porto no segundo lugar, mas o último degrau do pódio ainda estava em perigo, com o Sp. Braga à espreita. O Paços seguia tranquilamente em 9.º lugar, com uma regularidade impressionante. Nesta altura, os pacenses participavam pela quarta vez na I Liga e tinham como melhor classificação de sempre a 10.ª posição, alcançada em 1992-93.


Ainda assim, nada fazia prever o que se passou nessa noite de sexta-feira. Recordo-me de ter acompanhado o jogo através da rádio e de a dada altura ouvir que a equipa de José Mota vencia por 0-3. Pensei que fosse gozo, mas era mesmo verdade. Aos 22 minutos, já era esse o resultado. Cortesia de Leonardo, que inaugurou o marcador aos 10' na resposta de um cruzamento do lado direito por Paulito, e de Rafael, que aproveitou uma escorregadela de André Cruz para fazer o segundo (12') e um cruzamento atrasado de Leonardo para escandalizar Alvalade (22').

Entretanto, Rafael foi expulso ainda antes do intervalo, mas o melhor que o Sporting conseguiu fazer contra dez foi marcar um único golo, apontado à passagem da hora de jogo pelo avançado croata Robert Spehar. Até ao apito final, Glauber também viu o cartão vermelho e deixou os nortenhos reduzidos a nove (82').

“Terão sido os 22 minutos mais amarelos da história recente do futebol do Sporting: a cor das camisolas do Paços de Ferreira, também preferida do espalhafatoso árbitro de serviço, espraiou-se pelo tapete verde e tomou conta de um adversário tolhido e sobranceiro, incapaz de reagir com o profissionalismo e o savoir faire que a diferença de orçamentos exigiria e justificaria. Quando Manuel Fernandes alterou a constituição da equipa, o resultado de 0-3 era já praticamente irrecuperável, sabendo-se que ninguém conseguiu marcar esta temporada mais de dois golos aos marceneiros, confortavelmente instalados a meio da classificação. Nem se pode dizer que eles não avisaram, pois a primeira jogada do jogo podia logo ter dado golo”, podia ler-se na crónica do Record, que não poupou nas críticas ao juiz Luís Miranda (AF Lisboa), então na reta final da carreira.


Na época seguinte, o reencontro entre as duas equipas não podia ser mais desequilibrado. O Sporting goleou por 6-0 na Mata Real, sendo que ao intervalo já ganhava por quatro e estabeleceu o resultado final à passagem da hora de jogo. Beto (22'), Sá Pinto (30'), Jardel (43' e 44') e Niculae (53' e 60') fizeram os golos da formação então orientada por Laszlo Bölöni, em franca recuperação no campeonato depois de um arranque em falso. Do outro lado, estava um Paços de Ferreira ainda comandado por José Mota que atravessava dificuldades na tabela classificativa, ao ponto de ocupar um dos lugares da zona de despromoção.






































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