Numa das equipas do
Brasil que mais privilegia a relação com a bola, o Athletico Paranaense, há sempre valorização dos jogadores mesmo que os
resultados não cheguem para andar pelos lugares cimeiros do
campeonato. O treinador Tiago Nunes gosta de ver a sua equipa a
chegar ao ataque através de um futebol apoiado que se inicia nos pés
do guarda-redes e passa por todos os setores, estimulando a técnica
individual de cada um.
Um dos atletas que tem
saído mais valorizado por esta ideia de jogo é o zagueiro
[central] Léo Pereira, de apenas 23 anos. Internacional brasileiro
pelas camadas jovens, há muito que era uma promessa da formação do
Furacão, mas só no ano passado conseguiu afirmar-se, depois de ter
estado emprestado a Guaratinguetá, Náutico e aos norte-americanos
do Orlando City.
Impôs-se já com Tiago
Nunes como homem do leme e foi um dos esteios da equipa que venceu a
Copa Sul-Americana, mostrando-se como peixe na água no estilo
tecnicista do emblema de Curitiba. Bastante seguro e confortável com
a bola nos pés, sai muito bem a jogar, chegando a entrar no
meio-campo ofensivo com a bola dominada, à procura de criar
desequilíbrios, e a jogar diretamente para os avançados. E como no
processo ofensivo do Athletico Paranaense os centrais abrem bastante
e os laterais estão projetados no ataque, chega a confundir-se como
um lateral pela forma como aparece no lado esquerdo a dar uma linha
de passe ou mesmo a cruzar.
No fundo, exibindo as
qualidades futebolísticas necessárias para integrar equipas
grandes, que na sua larga maioria têm na posse de bola e no domínio
territorial algumas das diretrizes da filosofia de jogo. Porém, Léo
Pereira tem uma característica muito interessante, que é juntar
essas competências ao facto de ser canhoto, o que em tese é uma
vantagem para ocupar a vaga de central do lado esquerdo tanto num
sistema de quatro defesas como de três centrais. Curiosamente, um
dos que clubes que se tem mostrado interessado na sua contratação,
o FC Porto, tem quatro destros nas principais soluções para o
eixo defensivo na época que está a terminar: Éder Militão,
Felipe, Pepe
e Mbemba. E como o primeiro vai rumar ao Real Madrid e o segundo
poderá mudar de ares este verão, os dragões terão mesmo de ir ao
mercado para colmatar essas saídas.
Os azuis e brancos não
estão sozinhos na corrida, pois os franceses do Lyon, os italianos
do Inter de Milão e os alemães do Wolfsburgo também estão
atentos, mas esse interesse não se esgota pela qualidade do jogador
com a bola nos pés. A forma como impõe o seu 1,86 m nas duas áreas,
a asserto posicional e a rapidez de reação são outras das
características bem visíveis no zagueiro.
Com contrato até 2022,
existe a expetativa por parte do clube em encaixar cerca de seis
milhões de euros com o jogador. Se a qualidade futebolística dele é
inquestionável, resta saber como se adaptará a outro país e se
integrará noutra equipa.
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