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Rui Correia joga no Paços de Ferreira desde o verão de 2017 |
Formado no histórico Seixal, começou o trajeto
no futebol sénior no Zambujalense (concelho de Sesimbra) e rapidamente deu o
salto para um emblema de maior nome na Margem Sul, o Amora. Mas conheci-o no
Fabril, na III divisão, em agosto de 2012. Logo
no primeiro jogo, num amigável de pré-época com o Vitória de Setúbal, me impressionou. Central veloz, ágil,
elegante e forte no jogo aéreo. Seria apenas uma boa exibição de alguém que se
tinha preparado bem nas férias ou era mesmo craque?
Ao longo da temporada, fui
verificando que se tratava mesmo da segunda opção. Fazia dupla com outro
central de valor para aquele nível, Marinheiro, que entretanto deu o salto
para o Atlético e hoje está no Benfica e Castelo Branco, mas sempre preferi Rui Correia. Considerava-o o mais talentoso e completo.
Curioso, perguntei a alguns
sesimbrenses o que pensavam dele, pois tinha representado o Sesimbra nos dois
anos anteriores. Surpreenderam-me. Disseram-me que não era muito bem visto
porque lá era o filho do treinador, Manuel Correia, que também tinha sido central,
destacando-se no Chaves no princípio da década de 1990.
O Fabril desceu de divisão mas eu
sabia que o Rui ia subir, restava saber para qual. Foi para a II Liga, onde teve
o Portimonense como trampolim para o primeiro escalão. Foi titular do início ao fim
da época, tendo inclusivamente apontado três golos.
Depois surgiu o Nacional, uma
equipa de meio da tabela da Liga, onde o mediatismo é obviamente maior. Nem
preciso de seguir a campanha dos insulares, basta acompanhar o trajeto dos
grandes para ficar a par das suas exibições. Depois de um início de temporada em
que foi alternando a titularidade, está agora de pedra e cal no onze de Manuel
Machado.
Vejo coisas dele que já via no Fabril.
Continua a mostrar aquela agilidade, capaz de fazer cortes difíceis como se
fosse um polvo a estender o tentáculo e a roubar a bola ao adversário. Continua
a ter um bom posicionamento, parecendo ter o feeling
de onde vai cair o esférico para conseguir uma interceção preciosa. Lembram-se
desta, frente ao Sporting, na 1.ª mão das meias-finais da Taça de Portugal?
Mas ao observar o seu desempenho
nesse e noutros encontros, como diante do FC Porto, no sábado, constato que
ainda não está totalmente adaptado ao ritmo da Liga. É algo que, não duvido, a
experiência lhe trará. Tem mostrado as características que no início do texto lhe
apontei, mas esses jogos que ainda lhe faltam ao mais alto nível não permitem
que as exibe durante 90 minutos. É necessária concentração total. Ainda é batido muitas vezes no seu raio de
ação, especialmente no jogo aéreo [ver golo de Tobias Figueiredo, no vídeo
abaixo]. As exigências são outras, é verdade, mas nada que mais minutos nas
pernas e anos de Liga não resolvam.
Também ainda não o vi a mostrar
outra das suas qualidades: sair a jogar. Não sei se por indicação do treinador ou
por falta de confiança, assim que o vejo com a bola nos pés, despacha-a imediatamente
com pontapé para a frente ou passe longo. Quando perder este medo de
comprometer e tiver oportunidade, irá revelar essa sua potencialidade, típica
de um central moderno, que os clubes grandes gostam de ter nas suas fileiras.
Se já é titular no Nacional, aos 24 anos, então quando estiver mais adaptado às exigências de Liga e se sentir mais
confiante, poderá dar mais um salto, continuando uma ascensão que tem estado a
ser… meteórica.