quinta-feira, 12 de setembro de 2024

O canhoto que se afirmou tarde mas ganhou quase tudo. Quem se lembra de Nuno Valente?

Nuno Valente disputou 85 jogos pelo FC Porto entre 2002 e 2005
Quando recordamos o FC Porto de José Mourinho, falamos da magia de Deco, dos golaços de Maniche, da classe de Ricardo Carvalho, do equilíbrio dado por Costinha, do grande momento de forma de Vítor Baía, da liderança de Jorge Costa, dos golos decisivos de Derlei ou das cavalgadas de Paulo Ferreira pelo corredor direito, mas quase nunca é mencionado um titular indiscutível dessa equipa, Nuno Valente. O mesmo acontece quando recordamos os anos dourados de Luiz Felipe Scolari à frente da seleção nacional.
 
Mas a verdade é que este lateral esquerdo dispensado pelo Sporting era uma pedra inamovível do onze portista que venceu bicampeonato, Taça UEFA, Liga dos Campeões, uma Taça de Portugal e uma Supertaça entre as épocas 2002-03 e 2003-04 e nas caminhadas da equipa das quinas até à final do Euro 2004 e às meias-finais do Mundial 2006.
 
Formado no Sporting – chamavam-lhe o Cambodja, pela forma destemida como se fazia à bola –, passou por um empréstimo ao Portimonense antes de atuar pela primeira vez pela equipa principal dos leões em 1994-95, temporada marcada pela conquista da Taça de Portugal. Contudo, nunca se conseguiu afirmar em Alvalade, tendo ainda passado por um empréstimo ao Marítimo antes de se despedir dos verde e brancos em 1999, ao fim de 43 jogos (e um golo) distribuídos por quatro temporadas.
 
 
Seguiram-se três bons anos na União de Leiria, contribuindo para honrosas classificações como o quinto lugar obtido em 2000-01. Na época seguinte as coisas estavam a correr ainda melhor, sob a orientação de José Mourinho. Para se ter a noção, à 18.ª jornada o emblema da cidade do Lis ocupava o terceiro lugar, a quatro pontos do líder Sporting, mas acabou o campeonato na 7.ª posição.
 
O sucesso leiriense levou o treinador para o FC Porto em janeiro de 2002, mas na primeira oportunidade que teve levou consigo alguns dos seus ex-jogadores, como Derlei, Tiago e, claro, Nuno Valente, que à beira dos 28 anos reentrou num plantel de um dos grandes do futebol português, numa transferência que rendeu 550 mil euros os cofres da União.
 
Habitual titular no onze azul e branco desde o primeiro jogo, ganhando a corrida a Mário Silva, só saiu da equipa devido a lesão, contribuindo ativamente para um dos períodos mais gloriosos da história dos dragões, tendo atuado nas finais de Sevilha e Gelsenkirchen, que valeram as conquistas da Taça UEFA em 2002-03 e da Liga dos Campeões em 2003-04.
 
Pelo meio estreou-se pela seleção nacional pela mão de Agostinho Oliveira em setembro de 2002 e cimentou um lugar entre os eleitos de Luiz Felipe Scolari, acabando por destronar Rui Jorge após o encontro de abertura do Campeonato da Europa realizado em Portugal.
 
 
A época 2004-05 ficou marcada por uma debandada para os lados do Dragão, com as saídas de Mourinho, Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Pedro Mendes e Deco logo no verão de 2004 e de Costinha, Maniche, Carlos Alberto e Derlei em janeiro de 2005. Também houve três treinadores (Del Neri, Victor Fernández e Couceiro) e contratações que prometiam repor qualidade, mas que se revelaram falhadas (Postiga, Diego, Luís Fabiano, etc.). Nuno Valente até começou a temporada como titular, mas sofreu uma lesão pela seleção nacional em setembro de 2004, falhou o jogo da Taça Intercontinental e só voltou a jogar futebol em fevereiro do ano seguinte, antes de se lesionar novamente no início de abril.
 
Os problemas físicos levaram Pinto da Costa a fazer-lhe um ultimato: continuar a ir à seleção ou permanecer no FC Porto. Nuno Valente não quis escolher e foi colocado no mercado e a treinar com a equipa B, mas acabou por encontrar uma solução bastante simpática, jogar pelo Everton na Premier League. Uma primeira época relativamente positiva permitiu-lhe continuar na equipa das quinas e ir ao Mundial da Alemanha (2006), mas as lesões e o facto de estar na curva descendente da carreira foram-no afastando das opções do treinador David Moyes.
 
Em 2009 pendurou as botas, aos 35 anos, mas continuou em Goodison Park como olheiro. Entretanto integrou a equipa técnica de Paulo Sérgio no Sporting em 2010-11 e ficou mais alguns anos em Alvalade, a trabalhar no departamento de scouting.






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