O lateral que fez 135 jogos pelo Benfica e foi titular na final da Champions em 1990. Quem se lembra de José Carlos?
José Carlos foi uma vez internacional A por Portugal
Hoje é comentador na Sport TV
e dirigente do Sindicado dos Jogadores, mas em tempos foi uma promessa e até
uma certeza do Benfica,
tendo disputado 135 jogos de águia
ao peito, incluindo a final da Taça
dos Campeões Europeus em 1989-90, perdida para o AC
Milan em Viena. Porém, o mesmo Sven-Göran Eriksson que apostou nele nessa
época retirou-lhe confiança após uma derrota em Barcelona
em abril de 1992.
Após ter começado a jogar futebol
no Domingos Sávio, do bairro dos Salesianos, ingressou no clube
da Luz através de Vítor Martins, que andava a observar jovens jogadores.
Quando subiu a sénior, em 1985, esteve dois anos sem jogar, no tempo de John
Mortimore, e passou outros dois emprestado ao Portimonense,
ajudando os algarvios
a atingir as meias-finais da Taça
de Portugal em 1987-88. Com o regresso de Eriksson ganhou
espaço no plantel, tendo convencido o sueco após um estágio de pré-época nos
Países Baixos. Ainda no primeiro terço do campeonato, aproveitou um mau jogo de
Fonseca nas Antas para agarrar a titularidade no lado direito da defesa. “Ele [Eriksson] foi muito
importante no que eu fiz no Benfica.
No fundo, eu fui uma aposta dele. O Veloso começou a jogar à esquerda e eu à
direita. Nesse ano [1989-90] estive em praticamente todos os jogos. Fui
correspondendo, de alguma forma, ao que ele me pedia”, contou à Tribuna
Expresso em janeiro de 2017. A final da Taça
dos Campeões Europeus foi, por isso, uma prova de fogo. Até porque do outro
lado estava o AC
Milan dos neerlandeses Rijkaard, Gullit e Van Basten. “Fiquei nervoso,
claro. Aquilo mexeu com todos. Um ou outro tinham estado na outra final, em
Estugarda, contra o PSV,
mas, para a maior parte de nós, era uma novidade. Para mim então, que na época
anterior estava a jogar para não descer com o Portimonense…
Aconteceu tudo muito depressa. Tenho ideia que estávamos todos muito nervosos e
que, depois, o jogo até acabou por não ser grande coisa. Havia muito respeito da
nossa parte, da deles também. (…) Eram todos muito altos. Tenho essa ideia de
estarmos todos no túnel, de olhar para eles e todos me parecerem enormes”,
recordou o lateral, dispensado do Benfica
em meados de 1993, acabando por rumar ao Estrela
da Amadora em sentido contrário de Abel Xavier, que ingressou na Luz. Para trás ficaram as conquistas
de um campeonato (1990-91), uma Supertaça
(1989) e duas Taças
de Portugal (1986-87 e 1992-93), assim como a única internacionalização A
que tem no currículo, num particular diante da Alemanha
no Estádio
da Luz em agosto de 1990 – antes, havia somado cinco internacionalizações
pelos sub-18 e quatro pelos sub-21. Depois de um ano positivo na
Reboleira, que se traduziu num 7.º lugar na I
Divisão e na caminhada até às meias-finais da Taça
de Portugal, mudou-se para o Vitória
de Guimarães no verão de 1994 e por lá se manteve durante cinco temporadas.
“Tinha tudo acertado com o Marítimo,
mas o Quinito
gostava de mim. Falou com o Pimenta
Machado, ele telefonou-me, ofereceram-me melhores condições e também não
tinha muita vontade de ir para o Marítimo,
porque era casado e já tinha filhos. Tinha que ir para a ilha. Quando apareceu
o Vitória
não hesitei”, lembrou o lateral, que ao serviço do emblema
vimaranense se qualificou quatro vezes para a Taça
UEFA, tendo inclusivamente contribuído para a obtenção de um brilhante 3.º
lugar em 1997-98.
Durante os 153 encontros em que
atuou pelos minhotos,
jogou ao lado de nomes como Samuel
Quina, N’Dinga, Pedro Barbosa, Pedro Martins, Zahovic,
Quim Berto, Vítor
Paneira, Capucho, Fredrik Söderström, Fernando Meira, Neno e Pedro
Espinha, entre outros. “O clube cresceu imenso e acho que teve ali tudo para
dar o passo e ser aquilo que eles queriam: o quarto grande. O que o Braga
hoje é, o Vitória
poderia tê-lo sido na altura. Não o foi porque o presidente [Pimenta
Machado] que lá estava, na altura, não conduzia as coisas da melhor forma.
Se o tivesse feito, o Vitória
tinha todas as condições para o conseguir”, vincou. Na última temporada na I
Liga, em 1999-00, regressou a Lisboa para vestir a camisola do Belenenses.
Seguiram-se três anos no Atlético,
os últimos da carreira.
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