O avançado português que fazia tudo bem mas não era goleador. Quem se lembra de Hélder Postiga?
Postiga apontou 27 golos em 71 internacionalizações
Hélder Postiga surgiu na equipa
principal do FC
Porto um ano após a saída de Mário Jardel e era a antítese perfeita do
brasileiro. Enquanto Super Mário só sabia marcar golos, o avançado nascido em
Vila do Conde fazia quase tudo bem no último terço, mas era perdulário na
finalização.
Na melhor época da carreira, em
2002-03, apontou 19 golos ao serviço dos dragões
de José
Mourinho. Necessitou de 46 jogos em todas as competições, tendo vencido as
três em que participou: campeonato, Taça
UEFA e Taça
de Portugal. A partir daí só superou a dezena de golos em três temporadas:
11 pelo FC
Porto em 2006-07, 12 pelo Sporting
em 2010-11 e 14 pelo Saragoça
em 2012-13. Antes, na época de estreia pelos azuis
e brancos (2001-02), havia faturado 13. Nunca lutou pelo título de melhor
marcador de um campeonato, mas o seu espírito laborioso aliado a uma qualidade
técnica razoável que lhe permitia associar-se bem com os companheiros de ataque
garantiram-lhe a sobrevivência num patamar elevado.
Mesmo depois de uma má temporada
no Tottenham,
na qual marcou apenas dois golos, Luiz
Felipe Scolari manteve a confiança nele e chamou-o para o Euro 2004. No
único encontro em que foi utilizado, diante de Inglaterra
nos quartos de final, marcou o golo que atirou o jogo para prolongamento e
ainda faturou no desempate por grandes penalidades, enganando David James
através de um penálti à Panenka. “Depois do jogo, o Scolari
disse-me que era a última vez que o fazia, caso contrário não voltava a
representar a Seleção
Nacional. Mas é daqueles momentos que nos marcam. Se fosse um penálti
normal, não estávamos a falar disso hoje. Sempre me disseram que eu gostava de
fazer as coisas mais difíceis”, afirmou à TVI em junho de 2021.
Foi ainda chamado ao Mundial 2006
após uma época em que apontou apenas dois golos (entre FC
Porto e os franceses do Saint-Étienne),
ao Euro 2008 depois de uma temporada na qual havia faturado apenas por quatro
vezes (entre FC
Porto e Panathinaikos) e ao Mundial 2014 quando não tinha qualquer golo
para amostra e poucos jogos realizados nos cinco meses anteriores. Pelo meio,
justificou a convocatória ao Euro 2012 depois de nove golos pelo Saragoça
e correspondeu com um golo na vitória
sobre a Dinamarca na fase de grupos.
Acabou por fazer uma carreira com
um sabor agridoce. Depois de ter despontado nas camadas jovens do Varzim,
de ter brilhado na equipa B do FC
Porto e nas seleções jovens, ao ponto de ter vencido o Torneio de Toulon em
2001, obteve números bastante razoáveis nas primeiras épocas de sénior, mas não
lhes conseguiu dar continuidade. Porém, é injusto rotular de promessa adiada um
jogador que esteve em três Europeus e em dois Mundiais e quatro dos cinco
campeonatos mais importantes do velho continente.
Terminou a carreira no final de
2016, aos 34 anos, e desde 2020 que é dirigente da Federação Portuguesa de
Futebol.
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