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Vitorianos marcam presença massiva em todos os campos |
Mais um ano, mais um murro no
estômago. Mais um ano em que os adeptos do
Vitória
de Setúbal vão ter de olhar para o copo como estando meio cheio, mesmo
quando está muito mais perto de estar vazio.
Depois da despromoção
administrativa ao
Campeonato
de Portugal em 2020 e dos jogos à porta fechada na Liga 3 em 2021-22, a
falta de licenciamento para participar num campeonato nacional na época que
agora se inicia é mais uma pesada derrota jurídica. São desaires atrás de
desaires nas secretarias e nos tribunais, mas a culpa é sempre apontada a
supostos fulanos nos órgãos de poder com supostos interesses particulares ao serviço
de outros clubes. Vão mudando as pessoas, mas a estrutura
vitoriana
não consegue deixar de projetar uma imagem de que é rudimentar.
Se esta narrativa “manhosa”
continuar, já estou a imaginar justificar-se uma derrota com o Quintajense por
decisões de um árbitro que trabalha na Autoeuropa ou na Coca-Cola ou com o
Barreirense
B porque os
alvirrubros
têm muito peso na Associação de Futebol de Setúbal.
A participação na II Distrital
será, desportivamente, a página mais negra na gloriosa história centenária do
Vitória.
Qualquer coletividade do distrito que consiga arranjar um campo de futebol 11 e
menos de duas dezenas de tipos para jogar à bola pode inscrever-se e assim
defrontar um emblema com três
Taças
de Portugal, uma
Taça
da Liga e 72 presenças na
I
Divisão.
Para termos a noção, aqui há uns
tempos, incentivei um amigo que se destaca nas nossas peladinhas de fim de
semana a participar nas captações dos seniores do CRI. Se ele tivesse seguido a
minha sugestão, iria defrontar o
Vitória.
Mas, parecendo que não, nem tudo
é mau. Também há oportunidades. Uma delas é ganhar a Taça da Associação de
Futebol de Setúbal e conseguir o apuramento para a
Taça
de Portugal. Ah, esqueçam! O
Vitória
não vai participar…
Mais a sério, a participação num
campeonato distrital não envolve grandes exigências no plano das infraestruturas,
pelo que é uma ótima oportunidade para levar a cabo intervenções no Bonfim. Se
é para ir jogar em Vale de Cobro, na
Bela
Vista, no Vale da Rosa, na Várzea, no campo do
Comércio
e Indústria ou mesmo num
Bonfim
com obras profundas, é agora. Aproximar o terreno de jogo das bancadas, reforçar
o conforto dos adeptos (sobretudo os das bancadas descobertas) e rentabilizar
melhor cada metro quadrado do complexo do Bonfim é urgente. O problema foi o
que levou o
Vitória
até esta situação: dinheiro (ou a falta dele).
Outra oportunidade, bem mais
realista a curto prazo, é aproveitar o facto de só se jogar no distrito, em
localidades relativamente próximas de Setúbal, para lançar uma operação de
charme por esses campos fora. O
Vitória
continua a ser o maior clube do distrito, a grande bandeira futebolística da
região, e tem potenciais adeptos em todos os amantes de futebol na Península de
Setúbal. Escreve estas linhas quem cresceu no
Barreiro
e começou a simpatizar pelos
sadinos
ainda em tenra idade justamente por identificar o
Vitória
como o expoente máximo da sua região em termos desportivos e associativos.
É necessário ir à Quinta do Anjo,
a Lagameças, à Quinta do Conde, a Alhos Vedros, ao Samouco e a todas os outros
destinos de domingo à tarde desprovido da atitude de desdenho exibida por
alguns adeptos em relação aos “quintalinhos” do
Campeonato
de Portugal. Os campos e as condições são os melhores que cada clube e cada
comunidade local conseguiram arranjar, muitas vezes em prejuízo pessoal de
dirigentes voluntários em prol da oferta da prática desportiva.
São nesses campos, muitos deles
sem bancadas, só com uma casa de banho e com as marcas do futebol de 7 a
amarelo porque não há outro relvado, que se vão formando jogadores que podem
chegar ao
Vitória.
Recorde-se que atletas como Marco Tábuas (Marítimo Rosarense), Mário Loja,
José
Semedo, Zé Pedro, Nandinho, Rúben Vezo e Sandro (
Os
Pelezinhos), Carlos Manuel (
Sesimbra),
Mamede (Torino Torranense), Sérgio Jorge (
Águas
de Moura),
Hélio
(Brejos de Azeitão), Kiko (Alcacerense),
Miguel
Lourenço e Rodrigo Pereira (Quinta do Conde), Ricardo Horta (Corroios),
Manú (“
O
Sindicato”),
Edinho
e Mano (
Almada),
André
Pedrosa e Lourenço Henriques (
Fabril),
João Meira (
Cova
da Piedade), Marcos Raposo e João Marouca (Monte de Caparica), Daniel
Carvalho (Playhouse) e Tiago Neto (
São
Domingos), só para citar exemplos mais recentes, despontaram em clubes da região,
alguns deles da própria cidade de Setúbal.
Mais do que adversários de
ocasião (nunca rivais ou inimigos), estes clubes devem ser vistos como
potenciais parceiros e os seus associados como potenciais simpatizantes do
Vitória.
Importa, por isso, deixar a toxicidade à porta dos campos, e apostar tudo no convívio,
no
fair play e na simpatia, para que a demonstração de grandeza possa
ser tanto em termos quantitativos como qualitativos. Chega de postura
arruaceira e de queixumes. Alargar a base de apoio para lá de Setúbal e Palmela
é uma das grandes oportunidades da participação do
Vitória
na II Distrital. No fundo, será simplesmente honrar o emblema: os três castelos
simbolizam a região e ilustram os castelos e fortalezas de Sesimbra, Palmela e
Setúbal.
Paulo Martins é a escolha
óbvia para treinador
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Paulo Martins está nos quadros do Vitória desde 2020 |
Pelo segundo ano consecutivo, a
paciência dos adeptos
sadinos
está a ser posta à prova pela forma tardia como o treinador e o plantel são
anunciados. Estamos a 5 de agosto e… nada. Nem um elemento da equipa técnica
nem um jogador se conhece.
A aposta mais óbvia para o homem
do leme seria claramente Paulo Martins, adjunto na época passada e treinador da
equipa B nas três anteriores. Subiu os bês vitorianos da II à Distrital em 2020-21
e 2022-23, aceitando voltar ao segundo escalão do distrito quando se decidiu passar
a equipa B do clube para a SAD. Antes já havia subido o
Águas
de Moura em 2019-20. Como adjunto também ficou associado a uma subida de
divisão, à Liga 3, embora a mesma não tenha ficado consumada
administrativamente.
Pelo sucesso na II Distrital, pelo
conhecimento que tem do campeonato e dos jogadores e por ser um homem da casa, é
difícil encontrar alguém melhor apetrechado para este desafio do que o antigo
central. Já na temporada passada não teria ficado chocado se tivesse sido ele o
escolhido em vez de Zé Pedro. Apesar de ser irmão do diretor desportivo Carlos
André, seria uma escolha completamente insuspeita, tal a competência
demonstrada.
E, por ter aceitado voltar à II
Distrital quando a equipa B mudou da SAD por o clube e virar adjunto quando já
tinha um trajeto como treinador principal, seria uma retribuição mais do que
justa. Mas esta demora no anúncio não é bom sinal: ou porque não será Paulo
Martins ou porque estão a procurar fora e a receber negas antes de avançar para
Paulo Martins.
Precisamos de alguém responsável e que cumpra a comandar o VFC.
ResponderEliminarFORÇA VITÓRIA