sábado, 21 de outubro de 2023

Onze ideal de jogadores que passaram por Leixões e Vitória FC

Leixões e Vitória vão defrontar-se para a Taça de Portugal
Dois históricos que já viveram melhores dias, Leixões e Vitória de Setúbal coincidiram em 22 temporadas na I Liga, entre 1936-37 e 2009-10. Nesse período os leixonenses conquistaram a Taça de Portugal (1960-61) que tem no museu, ao passo que os sadinos conquistaram as suas três Taças de Portugal (1964-65, 1966-67 e 2004-05) e a edição inaugural da Taça da Liga (2007-08). Paralelamente, ambos participaram nas competições europeias, com quatro presenças dos Bebés do Mar e 15 dos homens do Bonfim.
 
Ao longo desse percurso, matosinhenses tiveram nos seus quadros jogadores que já tinham pertencido aos setubalenses e vice-versa.
 
Vale por isso a pena conferir o nosso onze ideal de futebolistas que passaram pelos dois clubes, distribuídos em campo num 4x3x3.
 

Diego (guarda-redes)

Diego
Guarda-redes brasileiro que no seu país representou clubes importantes como Atlético Paranaense e Fluminense, e que inclusivamente foi eleito o melhor guarda-redes do Brasileirão em 2002, entrou no futebol português pela porta do Leixões no verão de 2009.
Na única temporada que passou no emblema de Matosinhos atuou em 27 encontros e sofreu 44 golos, mostrando-se impotente para impedir a despromoção à II Liga.
Após a descida de divisão mudou-se para o Bonfim, onde virou ídolo. Entre 2010 e 2012 este especialista na defesa de grandes penalidades somou 64 jogos e encaixou 92 golos na baliza do Vitória, o que não é um registo brilhante, mas na memória dos adeptos sadinos permanecem as intervenções espetaculares que evitaram que esse número de golos sofridos fosse muito maior.
Depois dessas duas temporadas saiu para os azeris do Gabala, mas teria voltado a Setúbal em 2014 caso a lista de Júlio Adrião tivesse vencido as eleições do clube nesse ano, o que não aconteceu. Regressaria no ano seguinte, mas tanto em 2015-16 como em 2016-17 não somou um único minuto em campo.
Após essas duas épocas em branco, pendurou as luvas, mas radicou-se à beira-Sado. Iniciou um projeto de uma escola de guarda-redes, mas acabou por voltar ao Vitória para assumir as funções de treinado de guarda-redes em 2018-19, começando pela equipa de sub-23 e passando pouco depois para o plantel principal, onde se manteve até ao final da temporada 2020-21.
 
 
 

Pedro Pinto (defesa central)

Pedro Pinto
Defesa central nascido em Vila Nova de Gaia, ingressou nos iniciados do Leixões em 2008-09 e transitou para o plantel principal em 2012-13, quando ainda era júnior de segundo ano, embora só sete viesse estreado pelos seniores na época seguinte.
Entre 2013 e 2016 foi-se afirmando progressivamente como titular no eixo defensivo, tendo nesse período amealhado 101 jogos em todas as provas.
Valorizado, deu o salto para o Vitória de Setúbal no verão de 2016. Depois de uma primeira época na qual só atuou em dez encontros, por estar na sombra de centrais como Frederico Venâncio, Fábio Cardoso e Vasco Fernandes (já lá vamos…), ganhou espaço na temporada seguinte após a saída dos dois primeiros, tendo participado em 31 jogos em todas as competições e apontado um golo ao Benfica na Taça da Liga, na caminhada até à final dessa prova.
Em 2018-19 não chegou a ser utilizado pela equipa principal, tendo apenas atuado pelos sub-23 antes de ser emprestado ao Arouca na segunda metade da época.
No verão de 2019 terminou o contrato que o vinculava aos sadinos e regressou ao Estádio do Mar para disputar mais 46 partidas e marcar dois golos entre 2019 e 2021.
 
 
 

João Meira (defesa central)

João Meira
Não é propriamente um ídolo em Setúbal nem em Matosinhos, mas tendo em conta que disputou mais jogos em ambos os clubes do que Renato – um pelo Vitória e 14 pelo Leixões – e que tive de adaptar ao lado esquerdo da defesa, João Meira foi a minha escolha.
Defesa central nascido em Setúbal, fez quase toda a formação no Cova da Piedade, mas concluiu-a no Vitória ao lado de Zequinha, Ricardo Batista, Miguel Besugo, entre outros.
Enquanto sénior representou Cova da Piedade, Mafra, Atlético, Belenenses e os norte-americanos do Chicago Fire, os noruegueses do Valerenga e os romenos do Concordia Chiajna antes de ingressar nos sadinos em 2019-20. Nessa temporada participou em dez jogos em todas as competições e ajudou os setubalenses a alcançarem, dentro de campo, uma permanência que acabou por ser invalidada na secretaria.
Na época que se seguiu ainda começou a trabalhar com o plantel vitoriano, mas acabou por regressar ao Cova da Piedade. “Infelizmente é impossível arriscar a minha carreira no contexto atual do Vitória. Parto de consciência completamente tranquila de que tudo fiz dentro das minhas possibilidades pelo Vitória (gostava de ter feito muito mais). A falta de informação ou a tal ‘luz ao fundo do túnel’ teima em não aparecer e terei que prosseguir com a minha vida em outro lugar. Aqui fica o meu adeus com um grande grito de revolta, sem saber como foi possível tudo isto acontecer”, escreveu nas redes sociais aquando da saída do Bonfim.
Após viver mais uma descida de divisão administrativa, desta feita nos piedenses, vestiu a camisola do Leixões entre 2021 e 2023, tendo somado 27 jogos pelos matosinhenses em duas temporadas em que competiu na II Liga.
Nos últimos dias foi anunciado novo diretor desportivo do Leixões.
 
 
 

Manuel José (lateral direito)

Manuel José
Manuel José foi, durante quase toda a carreira, um extremo, tendo derivado para uma posição mais interior do meio-campo já na reta final do seu percurso enquanto futebolista profissional. Mas quando passou pelo Vitória de Setúbal chegou a desempenhar o papel de lateral direito, perfilando-se mesmo como a principal alternativa para a posição que era habitualmente ocupada pelo brasileiro Éder.
Internacional jovem e formado no FC Porto, esteve emprestado pelos dragões a União de LamasAcadémica e Vitória de Guimarães antes de ser cedido ao Vitória de Setúbal em janeiro de 2004. Na primeira meia época no Bonfim atuou em 13 jogos e marcou quatro golos na II Liga, tendo apontado o golo da vitória no terreno da Naval que valeu a promoção à I Liga. Na temporada seguinte afirmou-se em definitivo no primeiro escalão, tendo atuado em 35 encontros e faturado por cinco vezes – entre essa meia dezena de golos está contabilizado aquele que, a meias com o defesa benfiquista Ricardo Rocha, deu o empate aos sadinos na final da Taça de Portugal, prova que os setubalenses acabaram mesmo por conquistar.
Entretanto passou por Boavista e Cluj e, sobretudo, pelo Paços de Ferreira durante sete anos bastante positivos.
No verão de 2016 terminou a ligação aos pacenses e assinou pelo Leixões. Depois de onze jogos e um golo na primeira metade da temporada, mudou-se para o Gondomar.
 
 
 

Vasco Fernandes (lateral esquerdo)

Vasco Fernandes
Vasco Fernandes é conceptualmente conhecido como defesa central, mas durante a carreira atuou por várias vezes como lateral, tanto à direita como à esquerda. Curiosamente, até foi no Leixões e no Vitória de Setúbal que jogou mais vezes encostado ao flanco canhoto, apesar de ser destro.
Nascido em Olhão, fez toda a formação e o início do seu percurso como sénior no Olhanense, tendo por essa altura somado as primeiras de 24 internacionalizações pelas seleções jovens de Portugal.
Depois de uma passagem pelos espanhóis do Salamanca, representou Leixões em 2008-09, época na qual disputou 16 jogos na I Liga, todos na condição de titular, tendo contribuído para brilhante 6.º lugar no campeonato, a melhor classificação dos matosinhenses no primeiro escalão desde o início da década de 1960.
Depois de vestir as camisolas dos espanhóis de Celta de Vigo e Elche, dos gregos do Platanias Chania e do Aris e dos romenos do Pandurii, assinou pelo Vitória de Setúbal no verão de 2016.
Em três temporadas no Bonfim, as duas últimas na condição de capitão de equipa, amealhou um total de 102 jogos e cinco golos em todas as competições, tendo ajudado os sadinos a atingir a final da Taça da Liga em 2017-18. “Vitória é um clube enorme, que me catapultou para um nível superior a nível nacional e por isso tenho de estar eternamente grato”, afirmou aquando da despedida do clube, em agosto de 2019, quando se transferiu para os turcos do Umraniyespor.
 
 
 

Tueba (médio defensivo)

Tueba
Médio defensivo internacional pelo antigo Zaire, atual República Democrática do Congo, supostamente viria para Portugal para reforçar o Sporting, mas acabou por assinar pelo Benfica, clube pelo qual foi campeão nacional, vencedor de uma Taça de Portugal e vice-campeão europeu.
Sem espaço no plantel benfiquista, passou a época 1988-89 emprestado ao Vitória de Setúbal, tendo atuado em 30 jogos em todas as competições e marcado um golo ao Portimonense, contribuindo para um honroso 5.º lugar na I Divisão. “Adorei jogar em Setúbal com o Edmundo, o Rui Jordão, o Cadete…”, afirmou ao Maisfutebol em fevereiro de 2015. “Uma grande época. Diverti-me muito”, disse ao Jornal i um mês antes.
Seguiram-se aventuras no Tirsense, no Farense e no Gil Vicente antes de vestir a camisola do Leixões em 1993-94, tendo atuado em 27 partidas numa campanha que culminou na despromoção da II Liga à II Divisão B.
 
 

Wágner Canotilho (médio defensivo)

Wágner Canotilho
Médio defensivo natural de São Paulo, entrou para o futebol português pela porta do Leixões nos derradeiros meses de 1963.
Em quatro anos em Matosinhos amealhou pelo menos 102 jogos e 20 golos em todas as competições, tendo contribuído para o apuramento para a Taça das Cidades com Feiras em 1964.
Depois de uma passagem pela Portuguesa em 1968, regressou a Portugal no final desse ano para assinar pelo Vitória, tendo ficado tão ligado a Setúbal que por lá continuou após pendurar as botas, tendo exercido funções de treinador adjunto nos sadinos. Ao longo de três épocas de grande nível, somou pelo menos 101 encontros e 18 remates certeiros. Mesmo sendo um centrocampista de responsabilidades defensivas, marcava golos em quantidade, incluindo um nos 5-0 ao FC Porto em 1969-70 e outro de penálti em Anfield numa eliminatória em que os setubalenses eliminaram o Liverpool graças à regra dos golos fora.
Deixou o emblema sadino em 1971, com o Sporting como destino, mas voltou em 1975 para as três últimas temporadas da carreira, tendo somado pelo menos mais 59 partidas e quatro golos pelos vitorianos.
 
 
 

Quinito (médio centro)

Quinito
Médio internacional jovem português que concluiu a formação e iniciou o percurso como sénior no FC Porto, foi duas vezes campeão nacional, mas como nunca se impôs como titular nos azuis e brancos acabou por procurar a sorte noutras paragens, tendo passado Boavista e Académica antes de ingressar no Leixões no verão de 1988.
Na única temporada que passou no emblema de Matosinhos atuou em 35 jogos oficiais e marcou um golo, mostrando-se impotente para impedir a despromoção à II Divisão.
Após a descida de divisão mudou-se para o Vitória de Setúbal, clube pelo qual disputou 27 encontros e um golo em partidas oficiais, ajudando a equipa a alcançar um honroso 6.º lugar na I Divisão.
 
 

Jorge Gonçalves (extremo direito)

Jorge Gonçalves
Extremo direito que jogou ao lado de Bruno Vale e Hélder Postiga nas camadas jovens do FC Porto, concluiu a formação no Leixões, tendo feito a estreia pela equipa principal quando ainda era júnior de primeiro ano e tinha apenas 17 anos de idade.
Quando transitou para o futebol sénior foi emprestado ao Avanca e ao Pedras Rubras antes de se fixar na equipa principal dos matosinhenses entre 2004 e 2008, período no qual totalizou 127 partidas e 23 golos em todas as competições, tendo contribuído para a promoção à I Liga em 2006-07.
No verão de 2008 deu o salto para o Racing Santander, equipa que lhe permitiu jogar no campeonato espanhol e na então denominada Taça UEFA. Seguiram-se passagens por Vitória de Guimarães e Olhanense antes de vestir a camisola do Vitória de Setúbal em 2011-12, época em que atuou em 26 encontros e apontou dois remates certeiros em todas as provas.
 
 
 

André Claro (extremo esquerdo)

André Claro
Não é uma figura histórica nem de Vitória de Setúbal nem de Leixões, e talvez alguns até preferissem ver neste onze ideal Makukula, mas a verdade é que tanto num clube como noutro André Claro teve uma média que ronda os 0,3 golos por jogo, o que é um registo invejável.
Para termos uma noção, os 18 golos em 58 jogos que marcou pelos sadinos entre agosto de 2015 e janeiro de 2017 dão uma média de 0,31 golos por jogo, o que é uma marca superior aos registos de Edinho (0,3), Cádiz (0,29), Bruno Moraes (0,24), Zequinha (0,26), Rui Miguel (0,24) Cláudio Pitbull (0,23), só para citar alguns avançados que passaram pelos vitorianos no século XXI. Pelo meio, ainda pediu a então namorada em casamento em pleno relvado do Bonfim. Antes desse ano e meio à beira-Sado, este atacante natural de Vila Nova de Gaia havia feito quase toda a formação no FC Porto e representado os seniores de Famalicão e Arouca.
Depois de sair do Vitória teve passagens não muito bem-sucedidas por Estoril, Boavista e Académica, mas conseguiu reencontrar-se com os golos no Leixões em 2019-20, tendo apontado sete remates certeiros em 21 encontros ao longo dessa época.
 
 
 

Aparício (ponta de lança)

Aparício
Avançado natural de Paul, no concelho da Covilhã, emigrou muito para França quando ainda era um adolescente e foi em solo gaulês que iniciou o seu trajeto enquanto futebolista sénior e que o Vitória de Setúbal o descobriu.
Entre 1984 e 1990 amealhou pelo menos 152 encontros e 52 golos ao serviço dos sadinos. Se em 1985-86 – curiosamente, uma época em que jogou muito pouco – se mostrou impotente para impedir a despromoção à II Divisão, na temporada seguinte contribuiu para a subida à I Divisão e em 1987-88 explodiu apesar da concorrência de Rui Maside, Vítor Madeira, Manuel Fernandes e Rui Jordão, tendo apontado 16 remates certeiros só no campeonato.
Os bons desempenhos levaram-lhe à seleção nacional, tendo atuado num jogo frente a Malta, em dezembro de 1987, referente à fase de qualificação para o Euro 1988.
Agora já não, que o Vitória anda arredado dos grandes palcos, mas nas vésperas de cada encontro entre os setubalenses e o FC Porto era muito solicitado pelos jornalistas para recordar o último triunfo dos vitorianos sobre os dragões, uma vez que foi dele o golo com que os sadinos bateram os azuis e brancos nas Antas a 7 de maio de 1989.
“Nos anos 80 tínhamos uma grande equipa e vou explicar-lhe porquê: tínhamos grandes treinadores que chegavam ali e criavam um verdadeiro grupo, solidário, amigo. Havia uma coisa que ninguém podia beliscar, o Vitória Futebol Clube. E quem não estivesse bem ia embora. Foi isso que nos permitiu fazer grandes jogos e conseguir grandes vitórias”, recordou ao Maisfutebol em setembro de 2018. “Tínhamos uma grande equipa de futebol e de amigos. Tínhamos um capitão fantástico, o Roçadas. O baixinho era lixado. Ia para cima deles. Se via que algum jogador não estava a dar tudo num treino ou num jogo, ia para cima dele, que ficava tudo em sentido. Um capitão fantástico”, acrescentou.
No verão de 1990 mudou-se para o Sp. Braga, tendo ainda passado por Nacional e Montijo antes de representar o Leixões em 1993-94, uma época na qual não foi além de sete jogos e um golo na II Liga, numa altura em que já tinha 35 anos, mostrando-se impotente para impedir a despromoção à II Divisão B.
Após encerrar a carreira foi treinador dos juniores e administrador da SAD do Vitória durante os mandatos de Fernando Oliveira.
 
 
 

Carlos Carvalhal (treinador)

Carlos Carvalhal
Antigo defesa natural de Braga e que chegou a representar o FC Porto, concluiu a carreira de futebol e iniciou a de treinador no Sp. Espinho, tendo ainda orientado Freamunde, Vizela e Desp. Aves antes de se comprometer com o Leixões no início da época 2001-02, marcada por uma maravilhosa caminhada até à final da Taça de Portugal (que valeu o apuramento para a Taça UEFA), ainda que tenha sido falhado o objetivo de subir à II Liga.
No início da temporada seguinte deixou o comando técnico do emblema de Matosinhos depois de entender que o presidente do clube tentou interferir no seu trabalho. “Quando estava no Leixões, na 3.ª divisão, chegámos à final da Taça de Portugal, mas na época seguinte o presidente disse-me: 'Vais jogar com este e com aquele jogador'. Eu respondi-lhe: 'Não. Vou jogar com a equipa que eu preparei'. Então ele disse-me: 'Faz o que quiseres, mas se perderes já sabes o que vai acontecer'. No fim do jogo, que nós ganhámos, em frente aos jogadores, dei ao presidente a braçadeira e disse: 'Agora temos um novo treinador. Você quer ser treinador, então eu saio. E saí, claro. Se o presidente quer escolher os que jogam, não posso continuar. Essas decisões são do treinador”, contou, numa entrevista à BBC rádio em outubro de 2018.
Após deixar o Leixões, a primeira equipa que orientou foi o Vitória de Setúbal, tendo promovido os sadinos à I Liga e eliminado o Sporting na Taça de Portugal em 2003-04.
Depois de passagens por Belenenses, Sp. Braga e Beira-Mar, regressou ao Vitória em 2007-08 para conquistar a Taça da Liga e guiar os setubalenses a um honroso 6.º lugar na I Liga, a melhor classificação dos vitorianos no século XXI.














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