segunda-feira, 1 de junho de 2020

Os 11 jogadores com mais jogos pelo Ginásio de Alcobaça na I Divisão

A equipa que jogou pelo Ginásio de Alcobaça na I Divisão em 1982-83
Fundado a 1 de junho de 1946, o Ginásio Clube de Alcobaça resultou da fusão do Alcobaça Futebol Clube (fundado em 1918) e do Clube Desportivo Comércio e Indústria de Alcobaça (1932) e conheceu o ponto alto da sua história em 1982, quando subiu à I Divisão e chegou às meias-finais da Taça de Portugal.

Nesse ano, o Ginásio venceu ao sprint uma corrida renhida com a Académica de Coimbra – na altura com a designação de Académico – pelo primeiro lugar da II Divisão – Zona Centro, terminando o campeonato com os mesmos 46 pontos dos estudantes, numa luta que se estendeu à secretária, devido a um jogo entre a briosa e o Guarda que teve de ser repetido.


Numa primeira instância os estudantes até beneficiaram da decisão da Federação Portuguesa de Futebol, mas os alcobacenses venceram o recurso que lhes permitiu uma presença inédita entre a elite do futebol nacional. Pelo meio, houve um protesto da decisão inicial que interrompeu a clássica de ciclismo Porto-Lisboa. “Em protesto com a decisão federativa os nossos adeptos decidiram cortar a Estrada Nacional e interromper a corrida. Ficou o pelotão ali parado em frente ao Mosteiro de Alcobaça. Lembro-me de o falecido Rui Tovar, em reportagem para a RTP, de microfone na mão, espantado com aquilo. Coisa inédita: uma corrida de ciclismo ser interrompida por causa do futebol. Apesar da confusão, explicámos com calma os motivos do nosso protesto aos ciclistas, eles perceberam e até ficaram do nosso lado quando ouviram a história”, recordou ao Maisfutebol o guarda-redes Horácio Luís.

Paralelamente, os ginasistas tiveram um percurso brilhante na Taça de Portugal, tendo eliminado os mais conceituados Atlético, Farense e Rio Ave na caminhada até às meias-finais, etapa em que os azuis foram eliminados com uma derrota tangencial diante do Sporting em Alvalade (1-2).

Em 1982-83, na única época na I Divisão, o Ginásio de Alcobaça concluiu o campeonato na 16.ª e última posição, com 15 pontos – na altura em que a vitória valia dois pontos -, fruto de quatro vitórias, sete empates e 19 derrotas, tendo marcado 20 golos e sofrido 56.

Três anos depois, o emblema do distrito de Leiria desceu da II à III Divisão. E desde 1997 que tem alternado entre o último patamar nacionais e os campeonatos distritais.

Nessa única presença, 20 futebolistas representaram o clube no patamar maior do futebol português. Vale por isso a pena recordar os 11 que o fizeram por mais vezes.


11. José Romão (22 jogos)

José Romão
Começamos por um dos nomes mais sonantes, ainda que mais pelo percurso de treinador do que de jogador. Extremo natural de Beja, chegou a Alcobaça no verão de 1981 para jogar na II Divisão, já depois de ter representado o Vitória de Guimarães no primeiro escalão, além de ter passado por Desp. Beja, Fafe, Penafiel e Riopele.
Na época de estreia efetuou 27 jogos (26 a titular) e marcou sete golos na campanha que culminou na promoção à elite do futebol português, tendo ainda participado na caminhada até às meias-finais da Taça de Portugal. Na temporada seguinte, na I Divisão, disputou 22 encontros (19 a titular), não tendo faturado uma única vez.
Depois mudou-se para o Vizela, clube pelo qual encerrou a carreira de jogador e iniciou a de treinador em 1984.


10. Domingos (22 jogos)

Domingos
Disputou 22 jogos tal como José Romão, mas amealhou mais 333 minutos em campo – 1864 contra 1531. Guarda-redes nascido em Angola, radicou-se no início da década de 1970 na região Oeste, tendo passado por Nazarenos, e Caldas antes de chegar pela primeira vez ao Ginásio de Alcobaça em 1979-80.
Depois dessa época mudou-se para o Rio Ave, mas voltou em 1981-82 para contribuir para subida de divisão e para a caminhada até às meias-finais da Taça de Portugal. Na temporada seguinte disputou 22 jogos (21 a titular) e sofreu 38 golos.
Haveria de ficar mais um ano no clube, rumando depois aos alentejanos de O Elvas, pelos quais voltaria a jogar na I Divisão.


9. Modas (24 jogos)

Modas
Mais um alentejano, este natural de Évora, e que formou com José Romão, de Beja, o corredor direito dos azuis. Ao Ginásio de Alcobaça chegou em 1981-82, depois de uma década ao serviço do Juventude Évora.
Logo nessa temporada contribuiu para a subida à I Divisão e para a caminhada até às meias-finais da Taça de Portugal. Na época seguinte, entre a elite do futebol português, participou em 24 partidas (22 a titular).
Haveria de continuar no clube alcobacense por mais um ano, voltando depois ao seu Alentejo para representar Lusitano Évora, Juventude Évora, Atlético Reguengos, Sp. Viana do Alentejo e Mourão.


8. Russo (25 jogos)

Russo
Central brasileiro que no país dele tinha representado clubes como Vasco, Criciúma, Vitória e Bahia, chegou a Portugal e ao Ginásio Alcobaça no verão de 1982, afirmando-se logo como um titular indiscutível na equipa da região Oeste.
Nessa temporada na I Divisão disputou 25 jogos (24 a titular), mas na época seguinte manteve-se no clube apesar da despromoção à II Divisão.
Depois disso voltou ao primeiro escalão do futebol português para vestir as camisolas de Vizela e Marítimo.


7. Nelito (25 jogos)

Nelito
Disputou 25 jogos tal como Russo, mas esteve em campo mais 49 minutos – 2226 contra 2177. Avançado nascido em Angola, surgiu na equipa principal do Belenenses em 1976-77 e, entretanto, passou por Gil Vicente, O Elvas e Cova da Piedade antes de reforçar o Ginásio de Alcobaça em 1981-82, quando os azuis atuavam na II Divisão.
Logo nessa época contribuiu com 10 golos para a subida de divisão e ainda brilhou na Taça de Portugal ao marcar um golo ao Juventude Évora que deu o apuramento para os quartos de final e faturou em Alvalade nas meia-final frente ao Sporting.
Na temporada seguinte, disputou 25 jogos e somou seis remates certeiros que fazem dele o melhor marcador de sempre dos ginasistas na I Divisão. Rio Ave, Benfica (dois), Amora e Sp. Espinho (dois) foram as vítimas de Nelito.
Apesar da despromoção, continuou no patamar maior do futebol português ao serviço do Salgueiros e depois com a camisola do Vizela.


6. João Cabral (26 jogos)

João Cabral
Avançado cabo-verdiano, chegou ao Ginásio Alcobaça no verão de 1981, proveniente do Cartaxo, e foi importante para a subida à I Divisão (ao marcar 10 golos) e para a caminhada até às meias-finais da Taça de Portugal.
Entre a elite do futebol português manteve o papel titular nos azuis, tendo disputado 26 jogos (22 a titular) e somado quatro remates certeiros, um dos quais em Alvalade frente ao Sporting. Os outros foram apontados a Boavista, Estoril e FC Porto.
A boa campanha valeu-lhe a continuidade na I Divisão ao serviço do Vitória de Setúbal, ainda que a experiência no Bonfim não tivesse corrido propriamente bem.



5. Alfredo (26 jogos)

Alfredo
Disputou 26 jogos tal como João Cabral, mas amealhou mais 152 minutos – 2340 contra 2188. Lateral esquerdo com uma vasta experiência de I Divisão, adquirida ao serviço de Vitória de Guimarães e Belenenses, representou o Ginásio de Alcobaça apenas na época em que a equipa da região Oeste militou no primeiro escalão, em 1982-83.
Nessa temporada disputou 26 jogos e cumpriu os 90 minutos em todos. Curiosamente, os quatro encontros que falhou foram os últimos, diante de Benfica, Vitória de Guimarães, Marítimo e FC Porto.
Depois prosseguiu a carreira no Desp. Chaves, clube pelo qual voltaria a jogar na I Divisão.


4. Jorge Oliveira (27 jogos)

Jorge Oliveira
Médio ofensivo internacional sub-20 por Portugal, esteve no Campeonato do Mundo da categoria em 1979, quando representava o Sanjoanense. Entretanto passou pelo Salgueiros e estreou-se na I Divisão ao serviço do Ginásio de Alcobaça em 1982-83.
Nessa época não foi propriamente um titular indiscutível, mas foi quase sempre utilizando, tendo disputado 27 jogos, 19 dos quais como peça do onze inicial.
Após a despromoção mudou-se para a Académica – na altura sob a designação de Académico -, na II Divisão, voltando ao primeiro escalão em 1984-85 ao serviço do Salgueiros.


3. Lelo (28 jogos)

Lelo
Mais um alentejano (de Évora), mas que ao contrário de José Romão e de Modas atuava no corredor central, mais precisamente no meio-campo. Depois de ter feito parte do período áureo do Juventude Évora, que esteve perto de subir à I Divisão no final da década de 1970 e no início dos anos 1980, reforçou o Ginásio de Alcobaça no ano em que os azuis militaram no primeiro escalão, em 1982-83.
Nessa temporada disputou 28 jogos (27 a titular) e marcou um golo, ao Portimonense. Apesar da despromoção, continuou no clube por mais um ano, voltando depois ao Juventude Évora para ajudar os eborenses a ascender à II Divisão em 1985.


2. Cavungi (29 jogos)

Cavungi
O nome mais mediático desta lista, uma vez que era proveniente do Benfica, clube pelo qual conquistou dois campeonatos e uma Taça de Portugal. Extremo angolano, reforçou o Ginásio de Alcobaça em 1982-83, quando a equipa da região Oeste se preparava para se estrear na I Divisão.
Nessa época Cavungi disputou 29 jogos (25 a titular) e marcou três golos, todos em casa, no empate com o Portimonense e nas vitórias sobre Amora e Estoril, mas ainda assim insuficientes para evitar a despromoção.
Haveria de continuar no clube por mais um ano, mas depois prosseguiu a carreira em clubes como Leixões, Cova da Piedade, Almancilense e Estrela de Vendas Novas.


1. Varela (29 jogos)

Varela
Mais um alentejano, este natural de Ponte de Sôr e defesa central de posição. Depois de várias épocas na União de Tomar, clube que o formou, chegou ao Ginásio de Alcobaça no verão de 1980 para jogar na II Divisão.
Na segunda época nos ginasistas, em 1981-82, contribuiu para a inédita promoção à I Divisão e para a caminhada até às meias-finais da Taça de Portugal.
No primeiro escalão disputou 29 jogos tal como Cavungi, mas amealhou mais 500 minutos em campo – 2608 contra 2108 -, o que faz de Varela o jogador mais utilizado pelo emblema alcobacense entre a elite do futebol português.
A boa época valeu-lhe o salto para o FC Porto, mas não chegou a estrear-se oficialmente pelos dragões, tendo depois prosseguido a carreira em clubes como Varzim, Paredes, Felgueiras, Farense e Guarda.

















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