Fundado a 2 de junho de 1923, Sporting
Clube da Covilhã nasceu da fusão de vários grupos do concelho que se
organizavam para jogar futebol desde o início da década de 1920, numa altura em
que o Sporting
Clube de Portugal vivia uma fase pujante de criação de filiais.
Os leões da serra, criado a
partir da união de grupos como Montes Hermínios, Victoria Luso Sporting, União
Desportiva da Covilhã, Estrela Football Club e Grupo Desportivo Escola Industrial,
tornaram-se na oitava filial dos leões de Lisboa.
Com pouco mais de duas décadas de
existência, os serranos ascenderam à I Divisão em 1948, iniciando aí o período
áureo da sua história, tendo permanecido nove anos seguidos – e 13 em 14, até
1962 - no primeiro escalão. Nessa fase os verde e brancos também atingiram a
final da Taça
de Portugal em 1956-57, tendo perdido no jogo decisivo frente ao Benfica.
Depois de uma longa travessia no
deserto, o Sp. Covilhã regressou à I Divisão no final da década de 1980,
primeiro em 1985-86 e depois em 1987-88, mas foi rapidamente despromovido em
ambas as épocas, carregando a lanterna-vermelha nas duas.
Em 15 presenças, 139 futebolistas
representaram os leões da serra no patamar maior do futebol português. Vale por
isso a pena recordar os 10 que o fizeram por mais vezes.
10. Livramento (122 jogos)
Livramento |
Extremo esquerdo que representou
o Sp. Covilhã durante as décadas de 1940 e 1950, foi decisivo para a conquista
do título nacional da II Divisão em 1947-48 ao marcar um golo ao Barreirense
na fase final.
Depois permaneceu no clube por
mais cinco temporadas, todas no primeiro escalão, tendo disputado 122 jogos e
marcou 47 golos nesse período. As melhores épocas foram as de 1948-49 e
1950-51, quando apontou 14 e 12 golos, respetivamente.
Paralelamente, participou na
caminhada até às meias-finais da Taça
de Portugal em 1948-49. Na prova rainha também brilhou em 1952-53, ao
apontar os cinco golos dos serranos ao Atlético (4-1) numa partida de desempate
dos oitavos de final.
9. Fernando Cabrita (124 jogos)
Fernando Cabrita |
Mais conhecido pelo seu percurso
como treinador, nomeadamente por ter levado o Benfica
ao título nacional em 1967-68 e a seleção nacional às meias-finais do Euro
1984, Fernando Cabrita foi também um jogador de eleição.
Depois de ter despontado no
Esperança de Lagos, de ter brilhado no Olhanense,
de se ter estreado pela seleção nacional e de ter experimentado o futebol
francês, onde representou o Angers, chegou ao Sp. Covilhã em 1953 para meia
dúzia de anos com a camisola dos serranos.
Avançado que na altura começava a
jogar em terrenos mais recuados, inclusivamente a defesa central, disputou em
25 jogos e marcou um golo ao Atlético na época de estreia, tendo mesmo voltado
às opções da seleção nacional em novembro de 1953, para participar num amigável
frente à África do Sul e num encontro de qualificação para o Mundial 1954
diante da Áustria. Devido a essas duas internacionalizações, tornou-se no
primeiro jogador dos leões da serra a vestir a camisola da seleção nacional.
Em 1954-55 esteve nas 26 partidas
no campeonato e apontou dois golos, num empate em casa com o Sporting
(2-2) e num triunfo no terreno no Vitória
de Guimarães (3-2). Nessa época iniciou simultaneamente o seu trajeto de
treinador, tendo comandado o Unhais da Serra nos campeonatos distritais da AF
Castelo Branco.
Na temporada seguinte foi uma peça importante
para a obtenção da melhor classificação de sempre dos serranos na I Divisão, o
quinto lugar, tendo atuado em 25 jogos, o que valeu a chamada à seleção
nacional B, tendo defrontado Áustria em dezembro de 1955 e Sarre em junho de
1956.
Já 1956-57 foi uma época agridoce,
uma vez que ajudou os serranos a chegar à final da Taça
de Portugal e somou duas internacionalizações pela seleção nacional AA,
frente a Irlanda do Norte e Brasil, e uma pela seleção B, diante de França, chegando
a acumular as funções de jogador e de treinador, mas, por outro lado, desceu de
divisão, tendo sido totalista no campeonato (26 jornadas) e apontado dois
golos, ambos ao Sporting.
Manteve-se no clube na II
Divisão, foi campeão nacional do segundo escalão e voltou à elite do futebol
nacional em 1958-59, tendo disputado 22 jogos e apontado um golo, à CUF.
Depois rumou ao Portimonense.
Viria a falecer em setembro de
2014, aos 91 anos.
8. João Tomé (128 jogos)
João Tomé |
Atacante natural de Setúbal, começou
a carreira no Sporting Barrosinha, de Alcácer do Sul. Seguiu-se União Argentino
Setúbal, Lusitânia Coimbra e Académico do Porto, tendo chegado ao Sp. Covilhã
no verão de 1948.
Na altura, protagonizou uma das
transferências mais caras na altura, saindo do emblema portuense para os
serrados por 130 contos. “Eu estava a jogar no Académico do Porto e o Sporting
Clube da Covilhã interessou-se na minha contratação, pois estava a fazer uma
época muito positiva. Conseguimos chegar a acordo e fui a transferência mais
cara nessa época”, contou ao portal História
do Sporting Clube da Covilhã em 2012.
Em sete anos com a camisola verde
e branca na I Divisão disputou 128 jogos e apontou 44 golos, tendo formado uma
grande dupla com o avançado francês André Simonyi. A época mais produtiva em
termos individuais foi a de 1949-50, quando somou 13 remates certeiros, entre
os quais um ao FC
Porto, dois ao Benfica
e um ao Sporting.
Na temporada anterior ajudou os covilhanenses a atingir as meias-finais da Taça
de Portugal.
Em 1955 voltou ao Sporting
Barrosinha e depois passou pelo Moura antes de encerrar a carreira no Mineiro
Aljustrelense em 1959, já como jogador-treinador.
“Ainda hoje tenho curiosidade em
acompanhar o atual Sporting Clube da Covilhã. Vejo todos os fins-de-semana os
resultados, a classificação, e sempre que são transmitidos jogos assisto na
televisão”, afirmou em 2012.
O seu filho, Fernando
Tomé, notabilizou-se ao serviço de Vitória
de Setúbal e Sporting
e jogou duas vezes pela seleção nacional.
7. Zé Rita (129 jogos)
Zé Rita |
Guarda-redes algarvio,
chegou ao Sp. Covilhã no verão de 1955 depois de ter iniciado a carreira no Olhanense
e de três anos no Sporting
em que praticamente não jogou, devido à feroz concorrência dos mais conceituados
Carlos Gomes e Azevedo.
Porém, logo na primeira época nos
leões da serra não só foi totalista no campeonato, cumprindo os 90 minutos em
cada um dos 26 jogos, como contribuiu para a obtenção da melhor classificação
de sempre da história do clube, o quinto lugar. Nessa campanha sofreu 44 golos.
Na temporada seguinte foi
importante na caminhada até à final da Taça
de Portugal, mas no campeonato as coisas não correram bem, uma vez que só
atuou em oito partidas (sofrendo 20 golos) e os serranos foram despromovidos.
Mas Zé Rita iria manter-se no
clube, ajudando-o a conquistar o título nacional da II Divisão e
consequentemente a voltar à elite do futebol português. Em mais quatro épocas
nos covilhanenses no primeiro escalão participou em 95 encontros e sofreu 189
golos.
Depois deu o salto para o Benfica,
então campeão europeu.
6. Bento Couceiro (141 jogos)
Bento Couceiro |
Natural de Tentúgal, concelho de
Montemor-o-Velho, iniciou a carreira no Sporting,
mas pouco jogou na equipa principal, tendo sido emprestado ao Luso do Barreiro
antes de chegar ao Sp. Covilhã no verão de 1954, também por empréstimo dos lisboetas.
Defesa esquerdo de posição, impôs-se
com naturalidade nos leões da serra, tendo disputado 23 jogos e marcado dois
golos (ao Belenenses
e ao FC
Porto) na época de estreia. Na temporada seguinte foi totalista no
campeonato, cumprindo os 26 jogos e os 2340 minutos, ajudando os covilhanenses
a obterem a melhor classificação de sempre da sua história, o quinto lugar.
Em 1956-57 voltou ao Sporting,
mas na época seguinte regressou aos serranos para conquistar o título nacional
da II Divisão e contribuir para nova promoção à elite do futebol português.
Seguiram-se mais quatro anos no
Sp. Covilhã no primeiro escalão, tendo disputado 93 jogos e marcado três golos
nesse período: ao Lusitano Évora em março de 1959 e em fevereiro de 1961 e ao FC
Porto em abril de 1960. Em 1961-62 não conseguiu evitar a despromoção, mas
manteve-se no clube por mais dois anos, sem o conseguir recolocar na I Divisão.
Durante o tempo em que representou
os serranos foi chamado aos treinos da seleção nacional, mas não chegou a
estrear-se de quinas ao peito.
Haveria de se mudar em 1964 para
o Gouveia, o último clube que conheceu na carreira. Depois estabeleceu-se em
Gouveia, onde trabalhou nas áreas do comércio e da restauração.
Viria a falecer a 27 de outubro
de 2013, aos 82 anos, vítima de doença prolongada.
5. António José (150 jogos)
António José |
Guarda-redes proveniente dos
Leões de Santarém e natura da capital ribatejana, reforçou o Sp. Covilhã em
1948-49, na temporada de estreia dos serranos na I Divisão.
Importante para a consolidação do
clube no patamar maior do futebol português, disputou 150 jogos e sofreu 307 golos
ao longo de sete temporadas, entre 1948 e 1955 – em 1955-56 integrou o plantel,
mas não participou em qualquer encontro, por culpa da feroz concorrência de Zé
Rita.
Esteve por isso na caminhada dos
covilhanenses até às meias-finais da Taça
de Portugal em 1948-49 e na obtenção de três honrosos sextos lugares em
épocas consecutivas (1949-50, 1950-51 e 1951-52).
No verão de 1956 rumou ao Belenenses,
onde viria a encerrar a carreira.
4. Amílcar Cavém (157 jogos)
Amílcar Cavém |
Defesa/médio algarvio
irmão mais velho da glória benfiquista Domiciano Cavém, jogou em clubes como O
Celeiro, Serpa e Lusitano
VRSA antes de chegar ao Sp. Covilhã no verão de 1952, marcando presença nos
momentos mais altos da história do emblema serrano.
Ao longo de 11 anos nos
covilhanense disputou 127 jogos e marcou sete golos: ao Lusitano Évora em
fevereiro de 1953, à Académica em setembro de 1954, ao Benfica
em outubro de 1954, em outubro de 1958 e em fevereiro de 1962, ao Sporting
em dezembro de 1954 e ao FC
Porto em abril de 1955.
Durante esse período esteve na
obtenção do quinto lugar em 1955-56, na caminhada até à final da Taça
de Portugal e na despromoção na época seguinte, na conquista do título
nacional da II Divisão em 1957-58 e na descida de divisão em 1962.
Depois voltou ao Lusitano
VRSA para finalizar a carreira em 1964.
“Se pelas fileiras do Sp. Covilhã
têm passado atletas de categoria futebolística e que nas pugnas põem, acima de
tudo, o amor que sentem pela camisola que envergam, um deles foi, sem dúvida,
Cavém 1.º”, escreveu o Diário de Lisboa
em junho de 1964 a propósito do jogo de homenagem e despedida entre os serranos
e um misto do Benfica.
3. Hélder Toledo (171 jogos)
Hélder Toledo |
Mais um algarvio
nesta lista, tal como Fernando Cabrita, Zé Rita e Amílcar Cavém. Defesa direito
que marcou o primeiro golo de sempre do Lusitano
VRSA na I Divisão, em 1947, trocou a formação
de Vila Real de Santo António pelo Sp. Covilhã quatro anos depois.
Em 11 anos nos leões da serra,
esteve nos momentos mais marcantes da história do clube. Disputou 171 jogos de
verde e branco no primeiro escalão, contribuindo para a obtenção do quinto
lugar em 1955-56, para a caminhada até à final da Taça
de Portugal na época seguinte e para a conquista do título nacional da II
Divisão. Por outro lado, esteve nas despromoções de 1957 e 1962.
Após a segunda descida de divisão
desentendeu-se com o clube e após algum tempo inativo optou por encerrar a
carreira.
“Hélder tinha um magnífico poder
de elevação, aliado a um bom poder de recuperação, proporcionando agarrar o seu
lugar, chegando a ser um dos melhores defesas direitos do país”, podia ler-se numa
pequena biografia no Livro da História do
Sporting da Covilhã, num recorte recuperado pelo blogue Antigas Glórias do
Futebol Algarvio e Alentejano.
2. Pedro Martín (189 jogos)
Pedro Martín |
Médio espanhol nascido em Madrid,
mas com praticamente toda a carreira feita em Portugal, chegou ao Sp. Covilhã
no verão de 1949, proveniente do Viseu e Benfica, e ficou na serra da Estrela
durante uma dúzia de anos.
Nesse período disputou 189 jogos e
apontou 27 golos no campeonato, tendo feito para nos momentos mais gloriosos da
história do clube como a obtenção do quinto lugar em 1955-56, a caminhada até à
final da Taça
de Portugal na época seguinte e a conquista do título nacional da II
Divisão em 1957-58. Por outro lado, esteve na despromoção em 1957 e desde então
que perdeu espaço na equipa.
“Martin jogou em varias posições,
desde extremo direito a médio, e até jogou a guarda-redes, sendo considerado
por muita gente como um dos melhores dez jogadores de sempre do Sp. Covilhã. Era
um futebolista de classe, pequeno grande jogador de recorte fino e cerebral,
merecendo saliência o facto de em toda a sua carreira não ter sofrido qualquer
castigo”, pode ler-se no portal História
do Sporting Clube da Covilhã.
Em 1961 deixou o clube e terá
pendurado as botas.
1. Carlos Ferreira (194 jogos)
Carlos Ferreira |
Extremo veloz e habilidoso,
começou a praticar futebol no Belenenses,
mas surgiu na equipa principal do Sp. Covilhã em 1947-48, época que culminou na
primeira promoção dos serranos à I Divisão.
Seguiram-se nove anos
consecutivos no primeiro escalão, período em que disputou 194 jogos e apontou
36 golos no campeonato, contribuindo para alguns dos momentos mais altos da
história do clube, como a obtenção do quinto lugar em 1955-56 e a caminhada até
à final da Taça
de Portugal na temporada seguinte, despedindo-se dos leões da serra em 1958
após a conquista do título nacional da II Divisão. Por outro lado, também
esteve na despromoção em 1957.
Mais de seis décadas após ter
deixado o clube, o recorde de mais jogos pelo Sp. Covilhã está para durar.
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