Cruzeiro e Atlético-MG dividem corações em Belo Horizonte |
O Estádio Independência e o
Mineirão têm sido os palcos privilegiados dos palcos entre o galo alvinegro e a raposa azul. O primeiro marcou o reforço da
rivalidade na década de 1950, o segundo recebeu públicos superiores a 100 mil
espetadores entre o final dos anos 1960 e o início dos de 1980.
Vale a pena recordar os grandes
clássicos entre os dois times. Veja aqui a nossa seleção de dez mais marcantes,
por ordem cronológica.
27 de novembro de 1927 – Campeonato
Mineiro
Num campeonato atribulado, que
foi interrompido devido às preparações para o Campeonato Brasileiro de Seleções
Estádios e em que houve equipas que não tiveram condições para terminar a
prova, foi aplicada a maior goleada de sempre dos clássicos mineiros já nos
derradeiros jogos.
Num encontro disputado em duas
partes de 40 minutos, Getúlio, Mário de Castro (dois), Said (três) e Jair
(três) marcaram para o Atlético
Mineiro, enquanto Ninão bisou para o Palestra Itália, designação que o Cruzeiro
teve até 1942.
Com este resultado, os atleticanos
garantiram a conquista do título, o terceiro estadual para o Galo,
depois de 1915 e 1926, interrompendo dez anos consecutivos de domínio do
América Mineiro.
Ainda assim, há jornalistas e
historiadores que tenham colocado em causa o jogo, alegando não existir nenhuma
prova material de que o encontro tivesse ocorrido.
9 de outubro de 1977 – Campeonato
Mineiro (3.º jogo da final)
Mais equilíbrio era impossível no
Campeonato Mineiro de 1977. O Atlético
venceu a primeira fase com um ponto de vantagem sobre o rival, mas o Cruzeiro
retribuiu o favor na segunda fase, levando a uma final entre os dois clubes.
No primeiro jogo da decisão, o galo
venceu por 1-0, mas a raposa
ganhou o segundo jogo por 3-2, com hat
trick do uruguaio Hebert Revétria e atirou a atribuição do troféu para o
terceiro encontro.
Num Mineirão a rebentar pelas
costuras, com 122.544 pessoas nas bancadas – segunda maior assistência do
clássico, a seguir a um encontro de 1969 que teve 123.351 -, o Atlético
colocou-se em vantagem aos 35 minutos por Reinaldo. Porém, Revétria voltou a
mostrar faro pelo golo, empatando aos 70’ e adiando a decisão para
prolongamento. No tempo extra, Cruzeiro
foi mais forte e marcou por duas vezes, por Lívio Damião (97’) e Joãozinho
(104’), garantindo a conquista do 22.º título mineiro por parte dos cruzeirenses.
21 de novembro de 1999 – Campeonato
Brasileiro (2.ª mão dos quartos de final)
Uma eliminatória memorável, numa
altura em que o campeonato brasileiro ainda se decidia no formato mata-mata. Na primeira mão, o Atlético
tinha vencido por 4-2, com bis tanto de Guilherme como de Marques, enquanto
Paulo Isidoro e Müller marcaram para o Cruzeiro.
No segundo jogo, o Cruzeiro
entrou com tudo e esteve por duas vezes em vantagem. Ricardinho inaugurou o
marcador aos 34’, mas Guilherme empatou aos 38’. Müller recolocou a raposa
em vantagem no jogo e mais perto de empatar a eliminatória no começo da segunda
parte (47’), mas Adriano Gerlin igualou o encontro a um quarto de hora do fim
(75’). Ainda faltava algum tempo e os cruzeirenses,
então orientados por Levir Culpi, necessitavam de marcar dois golos para
empatar a eliminatória, mas foi Guilherme quem voltou a marcar (80’), com o
peito, aproveitando um cruzamento de Bruno na execução de um livre lateral pela
direita e uma saída em falso do guarda-redes André.
Nesse ano, o Atlético,
que contava com Belletti e Caçapa na equipa, só foi travado na final, pelo
Corinthians.
29 de abril de 2007 – Campeonato
Mineiro (1.ª mão da final)
O Atlético
apresentou-se na final há sete anos sem ganhar o título estadual, mas goleou o
rival por 4-0 com uma exibição de gala e coloco praticamente uma mão no troféu
logo após o primeiro jogo.
Já depois da expulsão do central
Gladstone (37 minutos), que meses depois seria emprestado ao Sporting, o galo
adiantou-se no início do segundo tempo, por Éder Luís (46’), que meses depois
haveria de vestir a camisola do Benfica. Porém, foi preciso esperar pelos
últimos dez minutos para ver os restantes três golos atleticanos:
Danilinho (82’), Marcinho (90+1’, de grande penalidade) e Vanderlei (88’), sendo
que este último ocorreu numa altura em que o guarda-redes cruzeirense
Fábio estava de costas para o lance.
No segundo encontro, o Cruzeiro
venceu por 2-0, resultado insuficiente para evitar o 39.º título mineiro do
rival.
16 de setembro de 2007 – Campeonato
Brasileiro (26.ª jornada)
2007 foi definitivamente um
grande ano para o clássico mineiro. Depois de ter perdido a final do Mineirão,
o Cruzeiro
venceu o jogo da primeira volta do Brasileirão por 4-2 e o do segundo turno por
4-3 num encontro impróprio para cardíacos.
Em pleno Mineirão, dois golos de
Roni (11’ e 25’, de penálti) colocaram a raposa
na frente. Porém, o Atlético
operou uma reviravolta fantástica, primeiro reduzindo por Gerson (30’) e depois
empatando (37’) e dando a volta (57’, de grande penalidade) por Marinho. A
perder por 3-2, o Cruzeiro
lança em campo o menino Guilherme, de apenas 18 anos, que em menos de 20
minutos faz dois golos (61’ e 77’). e devolve a vantagem à sua equipa.
Absolutamente incrível!
O jogo ficou ainda marcado pela
expulsão de Coelho, por agressão a Kerlon, num momento em que este justificava
a alcunha de foquinha ao dar toques
na bola com a cabeça.
27 de abril de 2008 – Campeonato
Mineiro (1.ª mão da final)
O Cruzeiro
esteve mais de uma dezena de jogos sem perder com o rival entre 2007 e 2009,
naquele que foi um dos maiores períodos de invencibilidades nos clássicos. Um
dos principais destaques dessa fase hegemónica foi a goleada na primeira-mão da
final do Mineirão de 2008.
Depois de ter sido derrotado por
0-4 no ano anterior, a raposa
começou a construir uma vitória folgada ainda na primeira parte, com golos de
Charles (12 minutos), do antigo defesa sportinguista Marcos na própria baliza
(19’) e de Ramires (38’), que um ano depois rumaria ao Benfica. Guilherme
(67’), que já na época anterior tinha faturado ao galo,
e Thiago Heleno (78’) completaram a manita.
No segundo jogo o Cruzeiro
voltou a vencer, desta feita por 1-0, e confirmou a conquista do 34.º título
estadual da sua história.
26 de abril de 2009 – Campeonato
Mineiro (1.ª mão da final)
Na tal série de mais de uma
dezena de jogos sem perder com o rival entre 2007 e 2009, o Cruzeiro
voltou a aplicar uma goleada por 5-0 na primeira-mão final do Mineirão em 2009,
repetindo o resultado do ano anterior.
Kléber, o Gladiador, abriu
caminho para a vitória confortável ainda na primeira parte, logo aos 39
minutos. Leonardo Silva, zagueiro que anos depois viria a
tornar-se uma figura no Atlético
Mineiro, bisou no início da segunda parte (55’ e 62’). Quem bisou logo a
seguir foi outro defesa, Jonathan, que faturou por duas vezes na reta final do
encontro (79’ e 86’), numa altura em que o galo
já atuava com menos um homem devido à expulsão de Leandro Almeida.
Na segunda-mão, registou-se uma
igualdade a um golo, o que permitiu ao Cruzeiro
conquistar o 35.º título e reaproximar-se mais do rival, que na altura
contabilizava 40.
24 de outubro de 2010 – Campeonato
Brasileiro (31.ª jornada)
Mais um clássico recheado de
golos, desta vez no Brasileirão e com o triunfo a sorrir ao Atlético
Mineiro. A vitória alvinegra começou a ser construída pelo avançado Obina,
que no espaço de 23 minutos fez um hat
trick e colocou o galo
a vencer por 0-3 (7’, 23’ e 30’) no Parque do Sabiá, em Uberlândia, enquanto
decorriam as obras de remodelação do Mineirão a pensar no Mundial 2014.
Gilberto reduziu para o Cruzeiro
ainda antes do intervalo (36’), Réver voltou a dar uma vantagem de três golos a
meio do segundo tempo (66’), antes de Thiago Ribeiro bisar no espaço de dois
minutos (76’ e 78’) e relançar o jogo.
O resultado prejudicou o Cruzeiro
na luta pelo título, com o Fluminense a aproveitar para ultrapassar a raposa
nessa jornada, e permitiu que o Atlético
saísse da zona de despromoção.
4 de dezembro de 2011 – Campeonato
Brasileiro (38.ª jornada)
À entrada para a última jornada,
o Cruzeiro
necessitava de ganhar ao rival para não depender de terceiros para garantir a
permanência, enquanto o Atlético
Mineiro não podia alcançar mais do que uma vaga na Copa Sul-Americana do
ano seguinte.
Porém, nesse dia o improvável
aconteceu na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas: a aflita raposa
não só ganhou como goleou o galo
e evitou a despromoção à Série B. “Foi o jogo mais tenso da minha vida. O Cruzeiro,
que nunca caiu, jogaria num estádio acanhado e lotado. Passámos a semana toda
concentrados em São Paulo. Se acontecesse o pior, não sei o que aconteceria connosco,
pois a Arena do Jacaré é pequena, os vestiários são apertados, a torcida fica
bem perto. Então era uma tensão muito grande. Jogámos sem nossos dois
principais jogadores, que eram o Fábio (guarda-redes) e o Montillo (médio
ofensivo). Mal dormimos de madrugada. Mas creio que fomos bem conduzidos pelo
Wagner Mancini, que nos ajudou bastante e têm uma parcela significativa nessa
vitória. Ele soube nos colocar para cima, mesmo em situação em baixa”, recordou
em 2017 o antigo médio cruzeirense
Leandro Guerreiro, em
entrevista ao Superesportes.
O antigo médio benfiquista Roger,
que substituiu Montillo nesse jogo, inaugurou o marcador aos 9 minutos. Leandro
Guerreiro (28’), Anselmo Ramón (33’) e Fabrício (45’) ampliaram a vantagem e
colocaram o resultado em 4-0 ao intervalo. Wellington Paulista fez o quinto
ainda antes da hora de jogo (57’), Réver marcou o golo de honra dos alvinegros
pouco depois (61’) e Everton fez o 6-1 final aos 90’, já depois de Wellington
Paulista e Werley terem sido expulsos.
A partir de então, os cruzeirenses
passaram a sinalizar o seis com as mãos para provocar o rival. E a direção do Cruzeiro
escolheu Roger como sócio 61 mil do clube em 2014.
27 de novembro de 2014 – Copa
do Brasil (2.ª mão da final)
Foi preciso esperar até 2014 para
ver os dois rivais mineiros discutirem entre eles um título mineiro, neste caso
a Copa do Brasil, naquela que foi a segunda final decidida entre equipas da
mesma cidade, depois de Flamengo e Vasco da Gama em 2006.
No primeiro jogo, na Arena
Independência, o Atlético
venceu por 2-0, com golos de Luan e Dátolo.
Porém, estava tudo em aberto para
a segunda-mão, disputada no Mineirão. Embora contasse com o apoio do seu
público, o Cruzeiro
voltou a sair derrotado, desta vez com um golo de Diego Tardelli no final da
primeira parte (45+2’). Foi a primeira Copa do Brasil de sempre para o Atlético
Mineiro.
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