Falar de Bas
Dost é falar de golos. Das finalizações irrepreensíveis ao primeiro poste,
da forma como faz valer o 1,96 m para cabecear certeiro, da serenidade com que
bate as grandes penalidades e do denominador comum a todos estes tipos de concretizações:
a arte com que coloca a bola fora do alcança dos guarda-redes.
Os
números falam por si e, na história recente do Sporting, só fazem lembrar os de
Mário Jardel. Foram 93 golos em 127 jogos, numa média de um golo a cada 108
minutos. Se contabilizarmos apenas as partidas na I Liga, o registo ainda é
mais impressionante: foram 76 em 84 jogos, o que se traduz em um golo a cada 91
minutos.
E a cadência goleadora do avançado
holandês de leão ao peito não foi maior porque decidiu voltar atrás após
rescindir unilateralmente com o clube no verão do ano passado, na sequência da
invasão à Academia a 15 de maio de 2018, pois cumpriu uma última temporada
irregular. Chegou tarde à pré-época, esteve várias vezes lesionado e acusou
falta de confiança em determinados momentos, nomeadamente na fase final.
Esse menor fulgor exibido em 2019,
associado a um salário pornográfico para a realidade do clube e do futebol
português, fizeram com que os responsáveis verde e brancos o quisessem transferir
para outras paragens. Depois de algum impasse durante o defeso, o goleador
holandês saiu para o Eintracht Frankfurt, voltando assim à Alemanha, onde
já tinha passado com algum sucesso pelo Wolfsburgo entre 2012 e 2016,
precisamente antes de rumar a Alvalade.
Apesar da preocupante curva
descendente que vinha a exibir a nível de performances,
os sportinguistas nunca perderam a esperança que Bas
Dost voltasse a ser o Bas
Dost que os tinha habituado com golos em catadupa. As finalizações de grande
nível na final da Taça de Portugal, diante do FC Porto, e no Troféu Cinco Violinos,
frente ao Valência, mostraram que o gigante ponta de lança (1,96 m) não tinha
desaprendido. Talvez fosse uma questão de confiança nele, por parte dele próprio
e de quem o rodeia.
O treinador
Marcel Keizer nunca o admitiu publicamente, mas os relatos que foram
surgiram eram de que o técnico leonino preferia um avançado com outro perfil, como
Luiz Phellype, também possante e, ainda que muito menos incisivo na zona de finalização,
com mais qualidade a jogar de costas para a baliza e para participar em
combinações à entrada da área.
No entanto, poderá
colocar-se outro problema na equipa do Sporting. Até à contratação do
brasileiro, quando Bas
Dost estava ausente os leões viam-se obrigados a utilizar na frente de
ataque um jogador radicalmente diferente, caso de Fredy Montero, muito mais móvel,
mas a léguas do poderio no jogo aéreo e do killer
instinct do holandês.
Ou seja, eram obrigados a alterar radicalmente o seu modelo de jogo no processo
ofensivo ou a continuar a cruzar constantemente bolas para a área como se Bas
Dost lá estivesse. Com o recrutamento de Luiz Phellype, essa questão ficou
atenuada, mas agora o conjunto de Alvalade volta a ver-se com apenas um
avançado mais possante e alternativas radicalmente diferentes: Vietto e Diaby.
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