Adil e Constantino, dois dos pilares da equipa, acreditam na manutenção
2011/12 foi uma temporada de sonho no futsal do Grupo Desportivo Fabril, emblema histórico do Barreiro. Pela primeira vez na sua história, a equipa sénior da modalidade chegou ao principal escalão português onde, esta época, batalha efusivamente para se manter. Depois de duas subidas de divisão consecutivas, os fabrilistas têm ocupado praticamente desde o início do campeonato os quatro lugares de acesso ao Play-Out, uma espécie de liguilha para apurar quem consegue sobreviver na 1ª divisão.
Adil Ahmed está no clube desde 2008 e é atualmente o capitão
de equipa, o que para si “é um orgulho e uma honra”. No entanto, é também uma
“responsabilidade acrescida”, já que é preciso defender, de forma mais
acentuada, os princípios do coletivo e da história da coletividade.
O ala de 29 anos
acredita na manutenção: “é para isso que trabalhamos durante a semana, temos a
noção que será muito complicado e que temos que jogar sempre nos limites para
conseguir o objetivo”. “Temos um bom grupo, um bom espirito de equipa e
entreajuda e já provámos isso durante estes anos”, argumenta.
As principais diferenças que aponta entre as divisões inferiores
e o Nacional de Futsal são o ritmo de jogo muito mais elevado e uma maior
qualidade técnica e tática de todas as formações.
Adil participou no trajeto de duas subidas de divisão,
seguidas, que levou o clube do terceiro ao primeiro escalão do futsal português
em apenas um biénio e aponta a direção do Fabril como a principal responsável
pelo feito. Naná, o treinador, e sua equipa técnica também são referenciados:
“Ele é um treinador de pormenores, acredita muito neles e treinamo-los como a
maior parte das equipas não trabalha”. O capitão fabrilista não se fica por
aqui nos elogios: “atrevo-me a dizer que se não fosse ele, nunca iria jogar na
1ª divisão e subir duas vezes consecutivas”.
Conta ainda que a escolha pelo futsal, em detrimento do futebol
11, envolveu uma mentira aos pais quando era mais novo. Depois de um ano em que
chumbou na escola, os progenitores retiraram-no do futebol mas, às escondidas,
começou a treinar numa equipa da modalidade, até então, denominada como futebol
de salão. Quando a meio da época já tinha boas notas, sentiu legitimidade para
lhes contar a verdade sem que estes se chateassem.
Já o percurso de Bruno Constantino, um dos jogadores em
maior foco no emblema barreirense, é diferente. Até começou por praticar futebol
salão e, até na mesma equipa que Adil, mas fazia-o em simultâneo com o futebol
11 até chegar aos juniores, quando se decidiu pelos relvados. Curiosamente, os
seus primeiros quatro anos como séniores (1999/00 a 2002/03) foram no Grupo
Desportivo Fabril, por isso, representou o clube em duas modalidades. Para si,
a vontade de representar os fabrilistas é sempre a mesma, mas reconhece que o
futsal, neste momento, dá mais visibilidade e contacto com o público, devido às
transmissões televisivas. Como principais diferenças entre dois desportos que
se jogam com a bola nos pés, refere que “no futebol 11 a agressividade existia
com mais frequência e que no Futsal tal não acontece pois é muito mais tático”.
A retirada dos relvados fez-se pela mesma porta que a de
entrada, na coletividade do Lavradio, na época 2007/08, após passagens pelo
Alcochetense, Portosantense e Farense. Depois, seguiu-se o regresso aos
pavilhões, estando às ordens de Naná, desde o início da presente temporada.
Tal como o seu capitão de equipa, também Bruno Constantino
acredita na permanência no principal escalão: “confio plenamente no trabalho
que está a ser desenvolvido pela equipa técnica e direção”. “Este grupo de
trabalho merece este prémio pois, diariamente, treina com empenho, dedicação e
muita vontade de atingir este objetivo”, acrescenta, fazendo também referência
à campanha dos fabrilistas na Taça de Portugal.
Ambos os atletas elegem Divanei (Sporting) como o melhor
jogador do campeonato que disputam, ainda que Constantino mencione Joel
Queirós, Cardinal e César Paulo. Em termos mundiais, Adil escolhe Falcão e o
antigo futebolista aponta Ricardinho como o grande nome da atualidade.
Sobre que colega seu preveem um futuro mais risonho na
modalidade, ambos falam de João Neves, também conhecido como Joãozinho. Ainda
assim, falam com alguma mágoa de, em Portugal, os jogadores trintões serem
considerados “velhos”, quando deveriam ser valorizados pela sua experiência. “A
nossa equipa tem uma média de idades a rondar os 32/33 anos”, adianta Adil.
Quanto às expetativas que ambos têm para as suas carreiras,
de forma individual, o capitão fabrilista espera “melhorar de ano para ano”,
admitindo que gosta de “ter sempre os pés assentes no chão e nunca pensar a
longo prazo”. Tornar-se profissional seria o
concretizar de um sonho mas, com a sua idade, já não pensa nisso.
Constantino, de 31 anos, ala ou pivot de posição, tem como principal objetivo “permanecer com saúde
para continuar a praticar esta modalidade”. “E se possível prosseguir neste
clube, pois foi aqui onde mais tempo passei como federado”, acrescenta. Neste
aspeto, também para si a idade é um problema: “como tenho a minha profissão
talvez não abdicasse do trabalho, neste momento tenho 31 anos e, dificilmente,
mais oportunidades vão aparecer”.
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