Edinho e Mateus são reforços sonantes do Torreense para 2021-22 |
Depois de ter estado a um pequeno
passo de subir à II
Liga na época passada, o Torreense,
que em 2021-22 será orientado por Daúto Faquirá, tem estado em destaque no
mercado de transferências pela qualidade e pelo mediatismo das suas
contratações. Por muito que quem esteja atento às divisões inferiores seja
conhecedora da competência de jogadores como Diego Raposo e Mário Mendonça
(ambos ex-Beira-Mar), João
Lameira (ex-Real
SC), Pedro Marques (ex-Paços
de Ferreira), Yuran (ex-Estrela
da Amadora), Guilherme Morais (ex-Leça),
João Cardoso (ex-Sp.
Covilhã), Midana Sambú (ex-Valadares Gaia) e Frédéric Maciel (ex-Lusitânia
Lourosa), as aquisições mais mediáticas são as do internacional português Edinho
e do internacional angolano
Mateus.
Ainda que o centenário
emblema de Torres Vedras contabilize apenas seis presenças na I
Divisão (a última em 1991-92) e cinco na II
Liga (a derradeira em 1997-98), já teve nas suas fileiras sete futebolistas que atingiram a seleção principal de Portugal e cinco que
representaram os Palancas
Negras.
Do herói do Sporting na Taça das Taças ao guardião mundialista
Comecemos pela história mais
antiga, a dos jogadores que passaram pelo Torreense
e que antes ou depois da passagem pelo Campo
Manuel Marques chegaram à seleção principal de Portugal.
Félix Antunes |
Esta história iniciou-se em 1954-55, quando o defesa central Félix Antunes reforçou o Torreense, na altura para jogar na II Divisão Nacional, depois de dois campeonatos, duas Taças de Portugal e uma Taça Latina conquistadas ao serviço do Benfica e 15 internacionalizações pela seleção principal entre 1949 e 1953.
Na única temporada que passou no emblema do Oeste, após uma saída conturbada das águias, contribuiu para a primeira promoção de sempre do clube à I Divisão.
Morais |
Em 1956, o defesa direito Morais
chegou a Torres
Vedras, tendo dado nas vistas pelos 18 golos em 41 jogos na I
Divisão ao longo de duas temporadas.
Valorizado, deu o salto para o Sporting,
onde se notabilizou. Além de ter conquistado dois campeonatos e uma Taça
de Portugal, marcou o golo de canto direto que deu o único troféu europeu
ao futebol dos leões, a Taça das Taças 1963-64.
Mais tarde, entre junho de 1966 e
1967 somou dez internacionalizações pela seleção portuguesa, tendo marcado
presença no Campeonato do Mundo de 1966, em Inglaterra.
Mais ou menos esta altura, o
médio Mário Campos jogou nos
juniores do Torreense
em 1964-65, mas saiu para a Académica
antes de se estrear pela equipa principal e acabou por disputar um jogo
particular ao serviço da seleção nacional, frente a Inglaterra, em dezembro de
1969.
Pedro Espinha |
Cerca de duas épocas depois, em 1985-86, surgiu no Campo Manuel Marques o guarda-redes Pedro Espinha, formado no Belenenses mas proveniente do Cova da Piedade, que rapidamente se tornou o titular indiscutível da baliza do Torreense numa época que culminou com a obtenção do 10.º lugar na II Divisão - Zona Centro.
Entretanto passou por Académica, Sacavenense, novamente pelo Belenenses e pelo Salgueiros antes de ingressar no verão de 1997 no clube que lhe haveria de catapultar para a seleção nacional AA, o Vitória de Guimarães. Entre 1999 e 2000 aproveitou os problemas físicos de Vítor Baía para somar seis internacionalizações, tendo marcado presença no Euro 2000.
Filipe Ramos |
Em
setembro de 1987, estreou-se pela equipa principal do Torreense
o médio Filipe (hoje mais conhecido
por Filipe Ramos), um produto da formação do clube.
Em 1989, depois de duas épocas ao
serviço da equipa
de Torres Vedras na II Divisão Nacional e sobretudo após a conquista do
título mundial de sub-20 em Riade, transferiu-se para o Sporting.
Tal como já tinha acontecido com
Morais, o emblema
de Alvalade catapultou este centrocampista para a seleção nacional AA,
tendo Filipe participado em três jogos de caráter particular ao longo do ano de
1992, diante de Itália, República da Irlanda e Bulgária.
Dito |
Em 1994-95, o Torreense
teve pela primeira vez no plantel um jogador que já tinha representado a
seleção nacional, o malogrado central Dito,
que quando chegou ao clube, aos 32 anos, já levava 17 internacionalizações e um
golo, num trajeto que durou entre 1981 e 1987.
Na única temporada que passou no Campo
Manuel Marques participou em 20 encontros na II
Liga e marcou um golo ao Felgueiras, mostrando-se impotente para impedir a
despromoção à II Divisão B.
Nélson |
Quem chegou a cruzar-se com Dito
no plantel foi o guarda-redes Nélson,
que, tal como Morais e Filipe, destacou-se no Torreense
antes de dar o salto para o Sporting
e chegar à seleção nacional. Com toda a formação feita no emblema
de Torres Vedras, o guardião transitou para a equipa principal em 1994-95 e
na temporada seguinte conquistou a titularidade, tendo em 1997 reforçado o emblema
de Alvalade.
“Entrei no clube aos 10 anos e
saí para o Sporting
com 21. O Torreense
era a referência na nossa região e qualquer miúdo ambicionava jogar aqui. Por
isso, o clube conseguia recrutar os melhores jovens jogadores da zona oeste.
Até os nossos pais estavam descansados porque, depois dos treinos e jogos,
iam-nos levar a casa. Fazíamos sempre equipas muito competitivas e mesmo nos
jogos com os grandes de Lisboa, tínhamos grandes prestações. A nossa região
sempre teve muito talento e o Torreense
foi sabendo aproveitar”, afirmou ao portal Curiosidades
Sobre o Torreense em novembro de 2020.
Embora tivesse começado a
aventura nos leões como suplente do belga Filip De Wilde, de Tiago e do
dinamarquês Peter Schmeichel, assumiu a titularidade na baliza leonina
a meio da época 2001-02, que culminou na conquista do título nacional. Em 2002
acabou mesmo por viver um ano de sonho, uma vez que também somou três
internacionalizações – as únicas que teve, frente a Finlândia, China e Escócia
– e foi convocado para o Campeonato do Mundo da Coreia do Sul e do Japão.
“Ir ao Campeonato do Mundo é o
expoente máximo na carreira de um atleta e eu tive essa felicidade. É uma
experiência difícil de explicar de tão boa que é, o ambiente, a organização, o
nível competitivo, tudo o que gira à volta da competição é pensada ao pormenor,
os jogadores são o centro do Mundo naquela altura. O convívio entre todos na
Seleção era ótimo. Ainda por cima estando muito longe de Portugal, estávamos na
Coreia do Sul, fez com que fossemos o apoio uns dos outros, éramos como uma
família. No que aos guarda-redes diz respeito, eu, o Ricardo e Vítor Baía
tínhamos e temos uma excelente relação ainda hoje, respeitávamos muito o
trabalho uns dos outros sabendo que todos lutávamos pelo seu lugar na equipa.
Ser o único atleta formado no Torreense
a conseguir este feito é um grande orgulho e, ao mesmo tempo, uma boa
responsabilidade”, acrescentou.
Também em 1994-95 estreou-se pela
equipa principal do Torreense
o central Zé António, que se manteve
vinculado ao clube até 2000 e chegou a ser convocado por Luiz Felipe Scolari
para o jogo frente ao Azerbaijão e à Polónia em outubro de 2006, a contar para
a qualificação para o Euro 2008. No entanto, não almejou a desejada estreia,
numa altura em que atuava nos alemães do Borussia Mönchengladbach.
Paulo Torres |
Por fim, o último jogador antes
de Edinho
a vestir as camisolas da seleção nacional AA e do Torreense
foi o antigo lateral esquerdo Paulo
Torres. Jogador bastante promissor,
campeão mundial de sub-20 em 1991, acabou por fazer um trajeto semelhante ao de
Dito e de Edinho,
uma vez que chegou ao Campo
Manuel Marques numa fase adiantada da carreira, já depois de ter somado
duas internacionalizações, ambos em 1992, diante de Países Baixos e Estados
Unidos.
Na única temporada que passou
como futebolista em Torres
Vedras disputou 26 jogos na II Divisão B e marcou um golo ao Académico
Viseu, numa fase da carreira em que já tinha 28, 29 anos.
Mais tarde, como treinador,
dirigiu o Torreense
entre 2009 e 2011 e em 2012-13.
Golos de Vata em Torres Vedras? Nem com a mão…
Se houve sete jogadores que
jogaram por Torreense
e Portugal, houve cinco que representaram o emblema
de Torres Vedras e a seleção principal de Angola.
Fua |
O primeiro foi o avançado Fua, em 1991-92, uma temporada que
marcou o regresso do Torreense
à I
Divisão. Habitual suplente de Dragolov e Rosário, disputou 24 jogos em
todas as competições, mas apenas 14 na condição de titular, tendo apontado três
golos. O primeiro deles abriu caminho a um histórico 5-0 ao Portimonense,
o único encontro de sempre da Taça
de Portugal a terminar com diferença de cinco golos após ir a
prolongamento. Os restantes foram apontados diante de Marítimo e Estoril
no campeonato.
Já depois de ter passado por Torres
Vedras, representou Angola
na estreia dos Palancas
Negras na Taça das Nações Africanas, em 1996, numa altura em que
representava a União
de Leiria.
Vata |
Na temporada seguinte, surgiu no Campo
Manuel Marques aquele que terá sido provavelmente o autor do golo mais
polémico da história da Taça/Liga
dos Campeões Europeus, o ponta de lança Vata.
Cerca de dois anos após ter
marcado com a mão, ao Marselha, o golo que colocou o Benfica na final da Champions
de 1990, o avançado angolano
natural de Damba reforçou o Torreense,
então na II
Liga. Contudo, em 22 jogos (oito a titular) com a camisola grená, não
conseguiu utilizar qualquer parte do corpo para fazer a bola entrar numa
baliza.
Em termos de seleção
angolana, amealhou 65 internacionalizações.
Nelo |
O senhor que se seguiu foi o
lateral esquerdo Nelo, formado no Sporting
ao lado de jogadores como Caneira, Beto, Dani e Boa Morte e que em 1997-98
representou o Torreense
na II
Liga, tendo disputado um total de 28 jogos (26 a titular) em todas as
competições, numa época em que a formação
de Torres Vedras desceu à II Divisão B.
Entretanto continuou a jogar nas
divisões inferiores do futebol português, mas ainda assim captou o interesse da
seleção
angolana e dos principais clubes do Girabola,
uma vez que veio a vestir as camisolas do 1º
de Agosto e Petro
de Luanda.
Seul |
Melhores recordações deixou um
avançado com nome de capital da Coreia do Sul, Seul. Após ter representado Comércio
e Indústria, Juventude
Évora, Imortal
e Olhanense,
reforçou o Torreense
no verão de 2000 e desatou a marcar golos. Em duas épocas no Campo
Manuel Marques, atuou em 69 partidas na II Divisão B e somou duas dezenas
de remates certeiros.
Paralelamente, foi uma vez
internacional AA por Angola.
Rúben Gouveia |
Por último, mas nem por isso
menos importante, um internacional angolano
nascido em Lisboa, mas descendente de angolanos,
o médio ofensivo Rúben Gouveia. Formado
em parte no Sporting
ao lado de Cristiano
Ronaldo e Semedo,
passou por clubes como Desp.
Beja, Sintrense,
Peniche,
Real
SC e Atlético
Reguengos antes de assinar pelo Torreense
no verão de 2011. Em apenas quatro meses no Campo
Manuel Marques disputou 18 jogos e marcou seis golos, incluindo um na
vitória sobre o Rio
Ave em Vila do Conde para a Taça
de Portugal. Em janeiro de 2012 acabou por se transferir para o Recreativo
do Libolo.
Entretanto fixou-se em Angola
ao longo de seis anos, foi campeão do Girabola
e representou por sete vezes os Palancas
Negras.
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