quinta-feira, 9 de agosto de 2018

A minha primeira memória de… um jogo da I Liga ao vivo

Jardel e Ricardo Rocha foram protagonistas no 2-2 de Alvalade

Já perdi a conta ao número de jogos da I Liga que assisti ao vivo, mas jamais me esquecerei do primeiro. Ainda me recordo mais ou menos daquele sábado, 2 de março de 2002, em que o meu pai me levou ao velhinho Estádio José Alvalade para assistir a um Sporting – Sp. Braga, tinha eu 10 anos. O meu pai bem quis esperar por um horário mais apetecível, como um sábado ou um domingo às 16.00, mas as transmissões televisivas já aí insistiam em empurrar os encontros dos três grandes para a noite – nesta caso, para as 20.00.

Lembro-me vagamente de termos ficado instalados na curva sul do antigo anfiteatro leonino, perto da estação de metro do Campo Grande, e de ter comido um cachorro ainda antes do jogo iniciar.


Chegámos cedo ao estádio, para não perder pitada do que envolve um jogo de I Liga. Na altura, estávamos mais habituados a acompanhar os campeonatos distritais e a antiga III Divisão, e a diferença de ambiente entre o vazio Estádio Alfredo da Silva – casa do Grupo Desportivo Fabril, ex-CUF e Quimigal - e um repleto Estádio de Alvalade – levava cerca de 40 mil pessoas naquela noite – era colossal.

O Sporting liderava o campeonato com mais um ponto do que o Boavista, mas a festa começou a fazer-se no estádio ainda antes do apito inicial. O rival Benfica sofreu uma derrota caseira por 0-2 ante o União de Leiria nas horas que antecederam o encontro de Alvalade.

Talvez inspirados pela surpreendente notícia, os jogadores do Sporting não perderam tempo e marcaram dois golos nos primeiros seis minutos, ambos por Mário Jardel, aquela incomparável máquina goleadora. Infelizmente para mim, os verde e brancos atacavam para o lado norte durante a primeira parte, pelo que tive alguma dificuldade em visionar e perceber os lances.


Tinha uma vaga ideia de um dos golos ter sido de penálti, e eis que as crónicas e as fichas de jogo online assim o confirmam: foi o 1-0, aos cinco minutos. “Grande penalidade convertida por Mário Jardel, que soma o 29º golo do campeonato. Isto depois de ter considerado mão na bola de Artur Jorge (que vê o cartão amarelo), ao tentar cortar um cabeceamento de Beto”, pode ler-se no minuto a minuto do Record.

Quanto ao segundo golo, até julgava ter sido apontado de cabeça, mas o Record voltou a elucidar-me - infelizmente, não encontrei vídeos no Youtube referentes a este encontro. “Rápido contra-ataque dos leões, com João Pinto a isolar-se pela esquerda e a colocar a bola no meio, onde surge Jardel, sem qualquer marcação, a aumentar a contagem. Os bracarenses ficam a reclamar um fora-de-jogo posicional do brasileiro, aquando da arrancada de João Pinto”, descreve o diário desportivo na sua edição online.

Aparentando o Sporting estar em dia sim, já me passava uma goleada pela cabeça, o que seria a cereja no topo do bolo para quem se estreava na I Liga a assistir a jogos ao vivo. Nada mais errado. Houve mais golos, é verdade, mas para o Sp. Braga, que chegou ao empate ainda na primeira parte – pelo menos isso, porque se fosse apenas no segundo tempo lá eu teria de os ver ao longe.

Passados todos estes anos, ainda tenho presente o lance do 2-1: um cabeceamento certeiro do central Ricardo Rocha – já comprometido com o Benfica para a época seguinte – na sequência de um canto, aos 12 minutos. “Pontapé de canto no flanco esquerdo do ataque bracarense, com Ricardo Rocha a surgir no coração da área, sem qualquer oposição, a cabecear para o fundo das redes de Tiago”, confirma o Record.
Mais uma disputa de bola entre Jardel e Ricardo Rocha

Da jogada do 2-2, confesso, já não me recordava. “Livre direto em zona frontal marcado por Barroso, em força, Tiago defende para a frente e Barata, mais rápido que toda a gente, efetua a recarga com êxito, restabelecendo o empate”, narra o Record.

Depois de quatro golos nos primeiros 45 minutos, esperava que a segunda parte também fosse produtiva, mas o resultado terminou mesmo empatado a dois. As várias crónicas puxam pela minha memória, recordando que foi um encontro em que o Sporting se queixou do desempenho da equipa de arbitragem. Lembro-me também que o Sp. Braga, que tinha vencido o jogo da primeira volta por 2-1 – na única derrota doméstica dos leões nessa época com Jardel em campo -, estava desfalcado de Quim, suspenso devido a doping, pelo que teve de ir ao mercado recrutar Pedro Roma por empréstimo da Académica – ainda assim, o dono da baliza neste jogo foi um guarda-redes chamado Marco.

Ao apito final do árbitro bracarense Augusto Duarte, seguiu-se uma viagem de metro, barco e autocarro até casa, no Barreiro.

No dia seguinte, o Boavista tinha via verde para consumar a ultrapassagem e saltar para a liderança do campeonato, mas não foi além de um nulo caseiro diante do Vitória de Guimarães.















E para o caro leitor, qual foi o primeiro jogo da I Liga ao vivo de que tem memória? E quais foram os melhores e mais marcantes jogos de sempre da prova?

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