Muito se
fala no número de equipas que devem atuar na nossa I Liga. Haverá um
alargamento de dezasseis para dezoito clubes, e até há quem defenda ainda que
se deveria estender a vinte, como nos principais campeonatos europeus.
A fórmula do
sucesso e da competitividade, não se restringe, como é óbvio, ao número de
emblemas no primeiro escalão. Questões financeiras, sociais e geográficas
desses países são impossíveis de replicar no nosso país, pobre, pequeno e na periferia
europeia, em que apenas três clubes têm um número significativo de adeptos.
O Ranking da
UEFA acaba por nos iludir. As boas prestações de algumas das nossas equipas têm
excedido as expetativas e, juntas, conseguiram colocar Portugal em 4º lugar,
mas isso não significa que tenhamos o quarto melhor campeonato. Temos, aliás,
um campeonato oligarca, em que há um fosso enorme das equipas que dão pontos ao
nosso país para as restantes.
O FC Porto,
antes desta dececionante temporada, fora do normal, tinha perdido apenas uma
vez nos últimos três campeonatos. O Benfica leva, para já, uma derrota em cada
época, contando apenas com esta e a última. Até o Sporting, no ano do seu
renascimento, apenas perdeu para dragões e águias.
Mérito dos
grandes? Também. Mas essencialmente muito demérito da segunda (e terceira)
linha de clubes, que já não consegue fazer dos seus campos as chamadas «deslocações
tradicionalmente complicadas».
Nas últimas
cinco temporadas, apenas tivemos três equipas diferentes na fase de grupos da
Liga dos Campeões: FC Porto, Benfica e Braga. Muito abaixo de Espanha (oito),
Alemanha (sete), França (sete), Inglaterra (seis) e Itália (seis), e ainda com
um registo inferior a Roménia, Rússia e Turquia (todas com quatro). Estamos
empatados com Bélgica e Holanda no 9º lugar.
Temos uma
oligarquia implantada no nosso campeonato, e que mesmo tendo constantemente
duas vagas diretas para a fase de grupos da Champions e ainda outra para o Play-Off, temos sido superados por ligas
com menor número de vagas.
A
competitividade é pouca, e isso deve-se a uma fraca segunda linha de clubes,
como o Paços de Ferreira – que foi goleado por duas vezes contra o Zenit esta
época -, e como outras que nunca conseguiram passar da fase de grupos da Liga
Europa, e acabam por ser superadas por modestas formações de campeonatos que
muitos consideram inferiores ao nosso.
Essa segunda
linha do futebol português, que constitui o núcleo duro de candidatos às
competições europeias, necessita de ser fortalecida. Para tal, a solução pode
passar pela redução e não pelo alargamento da I Liga. Doze seria o número
ideal.
Para um país
de reduzidos recursos e dimensões geográficas, poder concentrar num menor
número de equipas os melhores jogadores e treinadores fortaleceria esses tais
emblemas secundários. O talento, em vez de distribuído por dezasseis ou dezoito
clubes, estaria em doze.
Temos
demasiados clubes há muito tempo na I Liga, completamente estáveis, mas sem
causar grandes sobressaltos no primeiro terço da classificação. Quase sempre
também são os mesmos a lutar pela despromoção. É preciso reequilibrar as
contas.
Esta ideia
das doze equipas seguiria o modelo da extinta III Divisão: Duas voltas e
posteriormente, dois Play-Offs, um
para apurar campeão e a composição da zona europeia (entre os seis primeiros),
e outro para decidir quem se mantém no primeiro escalão (entre os seis
últimos).
Este Play-Off visiva também combater o
precário número de espetadores do nosso campeonato. É verdade que existem
dificuldades financeiras na população, mas é igualmente verdade que as massas
aderem aos jogos importantes. Esta segunda fase possibilitaria que os três
grandes se voltassem a defrontar, em casa e fora, sem que os clássicos saíssem banalizados,
já que todos, pelo reduzido número de equipas nesse Play-Off, teriam um caráter decisivo.
Poder
enfrentar durante mais dez jornadas apenas as melhores equipas da Liga
permitiria, ao futebolista, estar presente, semana sim, semana sim, em
confrontos intensos e tornar-se mais competitivo.
A fórmula
aqui sugerida tem semelhanças com a que tem sido praticada na Bélgica, nos
últimos anos, e curiosamente, aí têm emergido recentemente futebolistas muito
competitivos e de grande qualidade recentemente.
12??
ResponderEliminarPor mim era um campeonato só para voçês os tres estarolas... e outro para as restantes 13 equipas, onde houvesse equidade e tratamento imparcial por parte dos homens de amarelo e da comunicação social...
DEFENDE O CLUBE DA TUA TERRA!
Como pode considerar a Belgica como um caso de sucesso? Portugal com a sua dimensao consegue com este modelo de 16 equipas os melhores resultados nas competicoes europeias dos paises de pequena dimensao chegando mesmo a ultrapassar clubes dos grandes campeonatos.
ResponderEliminarA grande questao de Portugal é que 95 % dos adeptos de futebol sao de 3 clubes portanto um campeonato com 8,10,12,14 a 2 ou 4 voltas nao vai fazer com que os restantes clubes passem a ser competitivos.
A proposta não é 12 clubes a 4 voltas, mas sim 12 clubes a 2 voltas e mais um play-off, entre os seis primeiros (e também entre os seis últimos).
EliminarA Bélgica tem sido um caso de sucesso em termos de competitividade interna e exportação de jogadores. Se Portugal aliar o talento dos jogadores dos grandes a uma maior competitividade interna, creio que ainda pode melhorar o seu futebol.