terça-feira, 3 de junho de 2025

O recordista do Paços de Ferreira que não teve sucesso nas Antas. Quem se lembra de Rafael?

Rafael jogou por Paços, FC Porto e Vitória SC em Portugal
Médio ofensivo/avançado natural de Porto Alegre que se iniciou nas camadas jovens do Grêmio e com passagem pelo futebol de praia, vertente na qual se sagrou campeão do mundo pelo Brasil, detém ainda hoje o recorde de jogador com mais golos pelo Paços de Ferreira numa época na I Liga: 17 em 2000-01.
 
Curiosamente, até começou relativamente tarde no futebol de 11, em 1998, ano em que comemorou o 24.º aniversário, quando ingressou no Ypiranga. De lá saiu para a Mata Real em janeiro de 2000, por indicação de Henrique Calisto, após treinar à experiência no Gil Vicente, mas não teve propriamente impacto imediato. Limitado devido a alguns problemas físicos, atuou em 13 jogos e marcou um golo na segunda metade da época 1999-00, marcada pela conquista do título de campeão da II Liga e consequente promoção ao primeiro escalão.
 
Às ordens de José Mota apareceu revigorado em 2000-01, com os tais 17 golos em 31 jogos no campeonato – apenas o portista Pena (22) e o benfiquista Pierre van Hooijdonk (19) fizeram melhor nessa temporada. Sem se deixar intimidar pelo ambiente na hora de atirar à baliza, bisou numa vitória na Luz sobre o Benfica (3-2) e também num triunfo em Alvalade sobre o Sporting (3-1).
 
 
“O José Mota montou uma grande equipa, com jogadores muito trabalhadores, que gostavam de estar juntos, as famílias conviviam muito bem e deu tudo certo. Jogávamos mesmo muito bem à bola. Íamos jogar às Antas ou à Luz da mesma forma que jogávamos em casa. O Mota conseguia tirar isso dos jogadores e tínhamos uma grande equipa”, recordou Rafael ao Maisfutebol em abril de 2022, sobre uma época em que os pacenses alcançaram um honroso 9.º lugar na I Liga.
 
A veia goleadora, aliada a uma grande mobilidade e rapidez, captou o interesse dos principais emblemas nacionais e de alguns clubes estrangeiros, como o Atlético Madrid e o Celta de Vigo. Teve um pé no Boavista, mas acabou por assinar por quatro anos pelo FC Porto durante o verão de 2001.  Para trás ficou o Paços. “Dei tudo pelo Paços de Ferreira. Vai estar sempre no meu coração. O Paços de Ferreira foi o clube que me lançou em Portugal e deu-me condições para mostrar o meu futebol na I Liga”, afirmou, aquando da despedida.
 
Nas Antas, porém, não foi tão feliz. Tapado por jogadores como Deco ou Alenichev, não foi além de um golo em 11 jogos de dragão ao peito, numa temporada em que foi orientado por Octávio Machado e depois José Mourinho e na qual venceu a Supertaça Cândido de Oliveira. “As pessoas têm uma ideia errada, acham que não consegui jogar muito e tal, mas a verdade é que estive num clube muito grande, um clube de ponta, ao lado de grandes jogadores. Para a minha posição, por exemplo, havia Deco e Alenichev. É verdade que o clube não ganhou o campeonato, então não era um ambiente em si não estava propício. Mas não me arrependo, foi muito bom, até porque ainda peguei a metade da época com Mourinho. Fui convocado para todos os jogos da Liga dos Campeões, viajei por toda a Europa, conheci muitos lugares, muitos estádios”, lembrou, sem boas recordações de Octávio: “Houve uma altura em que fomos jogar a Glasgow, um jogo da Liga dos Campeões contra o Celtic, estávamos ali a aquecer e a conversar, normal. Então ele entrou no campo e andava no meio dos jogadores, a escutar as conversas. Isto antes de um jogo da Liga dos Campeões. Não queríamos acreditar. Por isso aquela equipa não podia dar certo. Não tinha como dar certo.”
 
 
Embora agradado com os métodos de Mourinho, lesionou-se ainda na primeira parte de uma receção ao Gil Vicente, na qual foi titular, e ficou afastado dos relvados até ao final da temporada 2001-02. Depois chegaram outros atacantes, como Derlei e Jankauskas, e Rafael acabou dispensado.
 
A solução encontrada foi uma transferência para o Vitória de Guimarães, clube que representou entre 2002 e 2005, tendo contribuído para a obtenção do quarto lugar em 2002-03 e para o apuramento para a Taça UEFA em 2005. “Eu tenho dois amores, o Vitória é um clube que te marca. É um clube fantástico, gigante, tem uma cultura peculiar de toda a gente torcer pelo clube, ali ninguém é dos grandes, e eu achava isso muito bonito. Não é possível não sentir o clube e não sentir a cidade com aquele ambiente. Em Guimarães rapidamente me tornei um vimaranense, entrei de cabeça no projeto do clube e tornei-me um adepto dentro do relvado”, contou.
 
 
Depois de cinco anos e meio em Portugal, regressou ao Brasil, onde terminou a carreira em 2011, aos 37 anos.






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