quinta-feira, 13 de março de 2025

O promissor defesa que pertenceu ao Chelsea e não vingou no Benfica. Quem se lembra de Alcides?

Alcides disputou 34 jogos pelo Benfica entre 2004 e 2006
Polivalente defesa capaz de atuar como central, lateral direito e até esquerdo embora fosse destro, era alto (1,92 m), leve e rápido, características que fizeram dele, em tempos, um jogador bastante promissor. Formado no Vitória da Bahia, clube pelo qual se estreou no Brasileirão aos 17 anos, foi titularíssimo na caminhada vitoriosa do Brasil rumo ao título mundial de sub-20 em 2003, tendo atuado os 90 minutos em todos os sete encontros do torneio, ao lado de futuros internacionais A como Dani Alves, Adriano e Fernandinho.
 
No segundo semestre de 2003 esteve cedido pelos baianos ao Schalke 04, da Alemanha, mas Jupp Heynckes não deu muitas hipóteses ao jovem defesa, que depois de meio ano de escassa utilização foi cedido ao Santos, clube pelo qual se sagrou campeão brasileiro em 2004 apesar de não ser propriamente um habitual titular.
 
Entretanto, num negócio com contornos algos estranhos, o Chelsea adquiriu os direitos desportivos do jogador e cedeu-o ao Benfica durante cinco anos, reservando o direito de chamar Alcides para Stamford Bridge caso se confirmasse todo o seu potencial futebolístico.
 
A 25 de abril de 2004, quando já tinha acertada a transferência para a Luz, sofreu uma rotura dos ligamentos anterior e cruzado do joelho direito devido a uma entrada duríssima de Têti durante um Santos-Botafogo.
 
“O Benfica para mim é amor. Tenho um respeito gigante pelo clube. O Benfica foi uma mãe que me adotou, criou-me e depois soltou-me para o mundo do futebol. Eu era do Chelsea, fui emprestado ao Santos e sofri uma lesão gravíssima no joelho. Rasguei ligamentos, menisco, rótula, cartilagem, rebentei tudo. Isso foi em 2004. Eu fiz os primeiros três meses de recuperação no Brasil. Quando ainda estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, recebi a visita do presidente Luís Filipe Vieira, do meu empresário Giuliano Bertolucci e de um assessor do presidente – não me recordo do nome. Tinham um contrato de quatro anos para mim, quando eu estava lesionado e arrasado devido à lesão. Nem sabia se podia voltar a jogar e o Benfica faz isso comigo. ‘Temos uma ótima notícia para si, Alcides. Quando recuperar, o Benfica está à sua espera.’ A partir daí tive o objetivo de respeitar e dar o máximo pelo Benfica, como se fosse um filho a defender a mãe ou o pai”, recordou ao Maisfutebol em março de 2021.
 
Foi operado a 12 de maio, recuperou já sob a supervisão do departamento médico dos encarnados e viu pela primeira vez o seu nome numa convocatória do treinador Giovanni Trapattoni no final de novembro, embora só tivesse ido a jogo pela primeira vez em meados de dezembro.  
 
 
“Passei meses a correr à volta do relvado, depois comecei a fazer 15/20 minutos nos treinos. O Trapattoni foi um paizão. Via-me a correr, a correr, a correr e um dia virou-se e disse: ‘Luisão, que cosa fare com esse atleta daí? Só corre, corre.’ O Luisão lá disse que eu era o Alcides, pertencia ao Chelsea e ao mesmo empresário dele, o Bertolucci, e estava a voltar aos relvados. O Luisão tinha muita moral no grupo e deu-me força, mesmo para eu jogar. Até que um dia o mister chegou ao Rodolfo [Moura, fisioterapeuta] e perguntou se me podia colocar no treino da equipa. E assim comecei a jogar, devagarinho”, contou.
 
Mesmo tapado por Luisão e Ricardo Rocha ainda foi a tempo de disputar onze jogos (oito como titular, incluindo a final da Taça de Portugal perdida para o Vitória de Setúbal) até ao final da temporada 2004-05, marcada pela conquista do título nacional que escapava há onze anos.
 
Na época seguinte teve mais oportunidades, às ordens de Ronald Koeman, tendo sido titular em jogos marcantes da Liga dos Campeões como o triunfo sobre o Manchester United na Luz que carimbou o apuramento para os oitavos de final (2-1), as vitórias sobre o Liverpool em Lisboa (1-0) e Anfield (2-0) e o clássico com o FC Porto decidido com um golo de livre de Laurent Robert (1-0). No entanto, problemas físicos impediram-no de atuar em mais de 18 encontros em 2005-06. “Acho que atuei mais vezes como lateral do que como central, tive de levar com o Cristiano Ronaldo e o Wayne Rooney na Liga dos Campeões”, lembrou.
 
 
Para quem Alcides verdadeiramente não contou foi para Fernando Santos, treinador do Benfica em 2006-07, um homem “muito sério, muito exigente, naquele jeitão carrancudo”, mas um “excelente” técnico.
 
 
Depois de ter disputado apenas cinco jogos na primeira metade da época, o Chelsea resgatou-o para o emprestar ao PSV Eindhoven, onde o defesa reencontrou Koeman. “Ele é um grande reforço para a defesa e ele pode jogar em várias posições na defesa. Ele é alto, muito magro e extremamente rápido”, afirmou o técnico neerlandês aquando da contratação.
 
Em ano e meio nos Países Baixos amealhou um total de 40 encontros, a esmagadora maioria (31) em 2007-08, e sagrou-se bicampeão.
 
 
Embora muito utilizado pelo PSV, cortou finalmente o cordão umbilical pelo Chelsea, clube pelo qual nunca jogou, para se transferir para os ucranianos do Dnipro em agosto de 2008, iniciando aí a curva descendente da carreira, numa fase em que tinha apenas 23 anos.
 
Depois de quatro anos de escassa utilização, “frio” e “solidão” na Ucrânia regressou ao Brasil para representar clubes como Náutico, Ferroviária, Atlético Paranaense, Criciúma e Matonense e… acumular vários problemas dos relvados, tendo sido sequestrado por 18 vezes e detido, em agosto de 2012, por porte ilegal de arma, “precisamente por andar cheio de medo” no próprio país.
 
Viria a pendurar as botas em 2017, aos 32 anos, para se dedicar à sua fazenda e à família. 



 
 




Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...