segunda-feira, 28 de outubro de 2024

O médio das tranças que o FC Porto raptou. Quem se lembra de Kiki?

Kiki disputou 55 jogos pelo FC Porto entre 1989 e 1992
Médio raçudo e com qualidade técnica natural da cidade da Praia, capital de Cabo Verde, surgiu na equipa principal do Vitória de Guimarães em 1982, numa altura em que o treinador dos minhotos era José Maria Pedroto, após ter jogado por Académica da Praia, São Vicente, Sporting Clube da Praia e pela seleção do seu país, pela qual se estreou aos 17 anos.
 
Pouco utilizado, rumou ao Desportivo de Chaves em 1984, tendo ajudado o emblema flaviense a viver um período glorioso: subida à I Divisão em 1984-85, sexto lugar no primeiro escalão em 1985-86 e quinto lugar e consequente apuramento para a Taça UEFA em 1986-87. “O treinador era o Raul Águas e jogávamos um futebol lindo, de bola no pé e pelo campo inteiro. Chaves é uma cidade de gente boa e ainda há poucos anos lá fui a uma homenagem”, recordou ao Maisfutebol em março de 2013.
 
Seguiu-se o regresso ao Minho, mas para representar o Sp. Braga entre 1987 e 1989. No conjunto arsenalista foi orientado por Manuel José, que o quis levar para o Sporting. Mas os bracarenses não deixaram: “Nas férias espalhei a notícia por Cabo Verde, pensei que ia ser leão e, à última da hora, tudo fracassou. Passei uma vergonha das grandes.”
 
No entanto, os outros grandes estavam atentos. O Benfica parecia estar bem posicionado, mas o FC Porto antecipou-se, numa altura em que o Sp. Braga ainda queria a renovação de contrato com o médio. “Estava a chegar a casa, lá para as 22:30, entro na minha garagem e estava tudo escuro. Normal. Quando abro a porta, aparece-me um senhor já de alguma idade à frente, a poucos metros. Apanhei o maior susto da minha vida. Eu reconheci o homem e percebi que era o Domingos Pereira, funcionário do FC Porto. Disse-me que o presidente estava à espera. Tínhamos de ir a correr para o Porto”, contou, tendo sido recebido nas Antas por Pinto da Costa, Reinaldo Teles e Pôncio Monteiro: “Que simpatia, todos eles. Em cinco minutos ficou decidido: ia para o FC Porto e a minha vida ia mudar completamente.”
 
No dia seguinte, foi a casa de Pinto da Costa e recebeu uma mala cheia de notas, “como nos filmes de gangsters”. “Eu nem contei o que lá estava. Saí de casa dele e fui logo depositar o dinheiro em três sítios diferentes”, prosseguiu.
 
Numa fase de desmantelamento da equipa que tinha sido campeã europeia em 1987, Kiki ganhou duas vezes o campeonato nacional (1989-90 e 1991-92) e venceu uma Taça de Portugal (1990-91) entre 1989 e 1992, tendo trabalhado às ordens de Artur Jorge e Carlos Alberto Silva.
 
 
Depois de uma fase em que vinha a perder espaço no plantel portista, regressou ao Sp. Braga em 1992-93 e despediu-se dos relvados ao serviço do Paços de Ferreira em 1993-94. 



 
 




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